Revista Amazônia Viva ed. 41 / janeiro de 2015

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VIDA EM COMUNIDADE

aprendizagem

O cacique Neto Tembé participou das atividades do Troca de Saberes e vai levar o conhecimento adquirido para seu povo. Visitantes também aprenderam o ofício de populações tradicionais, como a produção da farinha de mandioca.

disso, criei o meu graffiti baseado em elementos da região”, explica. Para o integrante do coletivo Miasombra, Milton Aires, o primeiro dia no Troca de Saberes foi fundamental para sua experiência. “Somos todos iguais aqui. Também foi um sentimento de reencontro comigo mesmo. Essa é a grande troca: se sentir livre”, comenta.

INTERAÇÃO

Ao desenvolver trabalhos em comunidades ribeirinhas, com arte, poesia e literatura, a Biblioteca Itinerante Infantil Barca das Letras vivenciou pelo segundo ano consecutivo o encontro cultural do Troca de Saberes. Comandada pelo educador Jonas Banhos, o palhaço Ribeirinho, o foco principal era brincar de ler com as crianças presentes: indígenas Tembé, os filhos dos participantes do evento e as crianças moradoras vizinhas do Sítio, para incentivar o prazer da leitura. Ele conta que o trabalho desenvolvido é uma troca constante, onde ambas as partes sempre saem ganhando. “Eu trago os ele52 • REVISTA AMAZÔNIA VIVA •

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mentos e as crianças montam a biblioteca, fazem desenhos, se vestem de palhaços, fazem o varal da poesia, tudo no tempo deles, com carinho. Eles só querem ser ouvidos. É um trabalho de gentileza e crescimento juntos”, afirma Jonas. O educador destaca ainda a importância desse tipo de trabalho com as crianças para despertar nelas o verdadeiro sentido da infância. “Hoje em dia, em meio a tecnologia, parece que as crianças esqueceram o valor dessa interação com outras culturas, de experimentar os vários sentires e saberes, entrar em contato com novas pessoas e experiências. É fundamental que elas passem por isso nesse período”, diz. O filho do diretor teatral Jhonny Russel, Matheus, de seis anos, foi uma das crianças que participou da Barca das Letras. Ele ressalta a importância do filho participar do evento e de como essa experiência pode influenciar no seu futuro. “Fico muito feliz que ele tenha esses momentos, porque eu não tive isso quando era criança. Ele sempre me acompanha nesse tipo de projeto como o Troca de Saberes, pois é uma for-

“Uma moça se emocionou dizendo que nunca tinha visto um índio de perto. Essa é a troca mais valiosa que nós podemos ter: a de sentimentos.” Neto Tembé cacique

ma dele entrar em contato com novas culturas, conhecer outros tipos de vivências. Tenho certeza que isso ajudará a trazer uma bagagem cultural muito grande, fazendo dele um cidadão melhor”, conclui.


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