Informativo socioambiental - ADEQUAÇÃO VIÁRIA 4ª Edição

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Guaíba, abril de 2012 - Edição número 4 Publicação produzida pela Prefeitura Municipal de Guaíba, e Celulose Riograndense através da Associação Amigos do Meio Ambiente (AMA)

Foto Clay Teixeira

Obras viárias garantem desenvolvimento de Guaíba Renovação de ruas e avenidas no entorno da CMPC traz qualidade de vida para a população e deixa cidade pronta para os novos investimentos


EDITORIAL

Um novo modo de fazer

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município de Guaíba e a própria cidade de Guaíba se abraçam ao lago homônimo, por muitos e muitos anos classificado de rio. O Lago Guaíba e Guaíba se integram na paisagem, invejável paisagem, que talvez não se apercebam aqueles que, no ritmo das rotinas sempre aceleradas, não param para olhar para frente, para frente ao longe, para trás, para os lados, para cima. Sim, Guaíba tem céu. Guaíba tem águas que circulam em seus arroios e deságuam no lago, qual sistema circulatório, veias e coração. Guaíba tem um traçado urbano. Guaíba tem muita História escrita na sua geografia. Muita História que ainda precisa ser contada e recontada aos seus filhos e afilhados, e imortalizada em porta-vozes imortais, as publicações; em especial, livros.

Cuidar do campo e da cidade, tarefa não muito simples e, por isso mesmo, não tão fácil, não pode ser atribuição tão somente do poder público municipal. Ele, o poder público municipal, tem o poder/dever de organizar para que o sistema todo

Foto Clay Teixeira

“Cuidar do campo e da cidade, tarefa não muito simples, não pode ser atribuição tão somente do poder público municipal” funcione. Mas não é único responsável pelo funcionamento do sistema que, como sistema, precisa que todas as partes integrantes funcionem harmonicamente, cada uma no seu contexto e na sua função. Do Prefeito ao último recém-nascido. Dos poderes constituídos de todas as esferas ao ensino regulamentar e à educação permanente. Reeducação contínua para a vida e para a vivência em sociedade. Solidariedade interpessoal e interinstitucional. Solidariedade para o sim e para o não:

há que se buscar o melhor para o conjunto, o que, às vezes, implica em ceder. Desponta como fundamental nesse processo a comunicação, a capacidade de comunicação, a criação de canais de comunicação na sua ampla gama de possibilidades. É através dela, da comunicação, com propostas e compromissos eticamente embasados, que se constroem, através do diálogo e do esclarecimento, elementos de convencimento e de consolidação de projetos que apontem para o bem comum.

EXPEDIENTE: Produção editorial e gráfica: Kraskin Comunicação e Editorial Sul, Edição: Charles Soveral (Mtb 5.736), Textos: Charles Soveral e Guilherme Bica, Fotos: AMA, Charles Soveral, Gulherme Bica e Clay Teixeira, Planejamento gráfico: Vinícius Kraskin, Revisão: Press Revisão, Tiragem: 10 mil exemplares. Colaboradores desta Edição: Débora Oliveira Pires - Graduanda em Design de Produto, Eduardo Raguse Quadros - Engenheiro Ambiental, Karina Guterres Velloso - Graduanda em Biologia, Maiane Papke Costa - Graduanda em Biologia, Naieth Baggio da Silva - Graduanda em Biologia, Paola Otanha Reyes Spiering - Historiadora, Solange Zilio Klein - Bióloga, Ricardo: ???????????????, Túlio Antônio Amorin Carvalho - Engenheiro Agrônomo.

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Ao que tudo indica, pois fortes são os indicativos, este vem sendo o caminho pelo qual Guaíba optou. As parcerias que vêm sendo construídas entre o poder público, a iniciativa privada e organização não governamental são o demonstrativo mais contundente de que os resultados podem ser não somente potencializados, mas de efetivos e sólidos resultados, de ampla repercussão e satisfação social pelo viés organizativo, de planejamento, de mediação, pelo caráter socioambiental de que estão imbuídos. As parcerias construídas entre a Prefeitura Municipal de Guaíba, a CMPC – Celulose Riograndense e a AMA já estão apresentando resultados perceptíveis e mensuráveis, na verdade, caminho profícuo para a construção de soluções urbanísticas, viárias, paisagísticas, ambientais, educacionais e culturais, entre outras, de cunho socioambiental. E, pelo que se pode perceber, é apenas o início de um novo modo de fazer. Claudio Dilda Ex-Presidente da Fepam Ex-Secretário de Estado do Meio Ambiente

Fale com a AMA

Para entrar em contato com a Associação Amigos do Meio Ambiente é só ligar para: (51) 3055.5018 Rua 7 de Setembro, 199, sala 112, Galeria Panorâmica, Centro CEP: 92500-000 amaguaiba@amaguaiba.org www.amaguaiba.org


PLANEJAMENTO

Plano municipal projeta Guaíba para o desenvolvimento Amplos espaços para instalação de empresas de todos os portes e política de atração de investimentos favorecem crescimento da cidade

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Foto Divulgação

melhor alternativa de investimentos para empresas de pequeno até grande porte em toda a Região Metropolitana de Porto Alegre. Esta é a definição que o arquiteto, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e consultor especial de projetos Benamy Turkienicz dá para a cidade de Guaíba. Turkienicz está elaborando uma análise que servirá de base para o Plano de Infraestrutura Estratégica (PIES), que vem sendo montado pela Prefeitura Municipal de Guaíba. Segundo ele, o trabalho começou há dois anos a partir de uma avaliação populacional da cidade e suas tendências de crescimento demográfico e econômico. O professor da UFRGS explica que, nas últimas décadas, houve todo um movimento de investimentos pesados no eixo norte da Região Metropolitana, beneficiando cidades como Canoas, São Leopoldo e Novo Hamburgo. Ele conta que, com o passar do tempo e o volume de investimentos, esta área começou a ficar saturada em muitos aspectos, limitando seu crescimento, o que abriu oportunidade para municípios como Guaíba que ficam do outro lado e que estão estrategicamente localizados junto a outros recursos viários com ligações para a Região Sul do Estado e países vizinhos. “Guaíba tem espaço físico para receber empresas de qualquer porte, terrenos ainda com valores muito competitivos, está no entroncamento rodoviário que une as rodovias 116, 290 e 386 para todas as direções do E'stado e ainda oferece a possibilidade de novos caminhos para distribuir produtos e serviços”, assinala ele.

Benamy Turkienicz está elaborando uma análise que servirá de base para o Plano de Infraestrutura Estratégica de Guaíba

Entre os novos caminhos, Turkienicz aponta pelo menos dois que poderiam revolucionar a cidade e a região: um porto-base para a navegação fluvial de cargas e pessoas, além de um aeroporto no município vizinho de Eldorado do Sul. “No caso do aeroporto, tendo em vista que em Porto Alegre não há mais espaço para uma obra deste porte que é exigida pela evolução econômica do Estado, fica bem clara para todos a grande quantidade de oportunidade de negócios que se abre”, garante o professor da UFRGS. Sobre recursos humanos capacitados, um aspecto que geralmente acompanha as decisões empresariais junto às questões de infraestrutura, Turkienicz explica que, além de parte da população local ter condições de capacitação, existe toda uma quantidade de pessoas prontas para o trabalho localizadas em Porto Alegre, que, pela ligação fluvial entre as duas cidades, estão distantes

não mais do que 15 minutos na travessia de barco. “Com novos terminais e barcas entre Porto Alegre e Guaíba, é possível fazer o trajeto em 12 minutos. É muito menos tempo que gasta um trabalhador cruzando da Zona Norte para a Zona Sul da Capital”, assinala. O PIES em desenvolvimento na Secretaria Municipal de Planejamento, coordenado por Reginaldo Lacerda, diretor de Habitação, será a base desta nova proposta para a cidade de Guaíba, que, segundo o professor da UFRGS, irá inverter uma lógica que prevaleceu até hoje na Região Metropolitana de Porto Alegre. “Até agora a maioria das pessoas vive em Guaíba e vai trabalhar em Porto Alegre. Se nosso projeto vingar, vamos ter uma imensa quantidade de pessoas morando em Porto Alegre e trabalhando em Guaíba, porque aqui estarão as oportunidades de trabalho e emprego e, claro, de qualidade de vida também”, conclui ele.

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INFRAESTRUTURA

Obras preparam a cidade Guaíba transformou-se, nos últimos meses, num imenso canteiro de obras. Boa parte de seus bairros está envolvida em algum dos quatro projetos que devem mudar a realidade econômica e social da cidade. Entre saneamento básico, drenagem, implantação de gasoduto e ampliação da malha viária, mais de R$ 193 milhões serão investidos. Um valor histórico para obras deste tipo no município. Confira alguns detalhes sobre cada um dos quatro projetos em andamento.

Adequação Viária Projeto desenvolvido em parceria com a Celulose Riograndense (CMPC), a ampliação da malha viária deve renovar 12 quilômetros de vias no entorno e na Zona Sul da cidade. Além disso, colocará à disposição da população sete quilômetros de ciclovias, calçamento adaptado a cadeirantes e o alargamento de ruas, como a Adão Foques, com a construção de canteiros centrais. A obra é uma Parceria Público-Privada (PPP) e está orçada em cerca de R$ 40 milhões. Está sendo construída com vistas ao projeto de ampliação de produção da CMPC, que deve mais do que dobrar a movimentação de pessoas e veículos na região.

Tratamento de esgoto Coordenadas pela CORSAN, mediante concessão da Prefeitura Municipal, as obras de saneamento básico envolvem três bairros da cidade: Engenho, Centro e Alvorada. As redes de tratamento instaladas devem levar esgoto tratado a 25% dos domicílios de Guaíba. O custo total desse projeto é de R$ 56 milhões. E a previsão de término é para dezembro de 2013. Inserida também no contexto do saneamento básico municipal, a construção da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) na Estrada do Colono, área afastada do perímetro urbano, tem o valor de R$ 19 milhões.

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Gasoduto Uma parceria da Prefeitura Municipal de Guaíba com a empresa Sulgás está permitindo que a cidade tenha o seu próprio gasoduto, um importante fator estratégico para o setor industrial, que depende deste combustível para reduzir os custos de produção. Empresas como a Melita, o Hospital da Unimed, além de postos de combustíveis e da própria CMPC, serão abastecidas pelo gasoduto. A tubulação subterrânea cruzará a cidade, num trajeto que inicia na Estrada do Conde, passa pela Avenida João Pessoa (a Beira) e termina somente nas imediações da CMPC. Na obra, serão empregados R$ 20 milhões.


para receber investimentos Macrodrenagem irá conter inundações

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Zona Sul de Guaíba acompanha a construção da obra que deve solucionar os problemas envolvendo alagamentos na região. Sistematicamente atingidos por enchentes há muitos anos, os bairros Florida, Neiva, Vila Elza, Vila Jardim e Vila Iolanda foram contemplados com a obra de Macrodrenagem. Galerias com 2,5 metros de altura por 3 metros de largura estão sendo instaladas nas principais vias da região, para que a água das chuvas seja escoada de forma ordenada e segura. Mais de 15 mil moradores serão beneficiados, o que representa 18% da população guaibense. Orçado em cerca de R$ 12 milhões, o projeto é uma parceria entre Prefeitura Municipal, Caixa Econômica Federal e Ministério das Cidades. A obra foi iniciada em agosto de 2010 e, apesar de ainda não terminada, já contribuiu para amenizar em algumas vias o efeito das chuvas mais recentes. Mas o pleno funcionamento da drenagem somente será percebido claramente pela população quando toda a rede de coletas (bocas de lobo e suas conexões) estiver instalada e pronta para interligar as galerias. Outro bairro contemplado com uma obra de drenagem urbana, a Nova Guaíba recebeu investimentos da ordem de R$ 4,5 milhões. – São obras importantíssimas. Porque, ao fim e ao cabo, tratam também da saúde da população e estes investimentos, apesar de estarem sob a terra, resgatam uma dívida do município com o saneamento básico – assinala Reginaldo Lacerda, diretor municipal de Habitação.

População tem rotina alterada em diversos pontos de Guaíba. Transtornos serão compensados com uma boa infraestrutura tanto nas ruas como sob elas, onde estarão as novas tubulações de água, esgoto e gás 5


MOBILIDADE URBANA

Cidade ganha novo perfil viário Pedestres e veículos, incluindo bicicletas, circularam de forma mais organizada e eficiente. Conjunto de obras atende ao crescimento da cidade

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o conjunto de obras em desenvolvimento no município de Guaíba neste ano, um delas se destaca: a Adequação do Sistema Viário no entorno da Celulose Riograndense. Orçada em R$ 40 milhões, a obra irá melhorar a infraestrutura, rede de esgoto, telefonia, pavimentação, acessibilidade universal, iluminação e tráfego de automóveis na região, trazendo novos elementos arquitetônicos de lazer e modernidade, como a ciclovia, por exemplo. Varner Araújo, engenheiro e coordenador geral das obras viárias, explica que todos os passos dados na elaboração e na implantação do projeto são respostas às demandas da própria população local. “A Prefeitura consultou a comunidade e nos passou as demandas deles: falta de água, alagamentos, problemas que se somavam de longa data. A partir daí foi feito o projeto, sempre em parceria com o poder público e a população”, enfatiza. Entre as áreas mais carentes, a rede de esgoto e o abastecimento de água receberam atenção especial. Segundo Araújo, a conclusão das obras irá resolver, com a transferência das redes para a calçada, boa parte desses problemas. “A água tratada, já havia, mas com deficiência no abastecimento, o que deve ser sanado com a implantação das duas redes, uma de cada lado das ruas, abaixo dos passeios. As redes finas de água estarão juntas do alinhamento predial. Então, os terrenos baldios e as construções novas, quando forem edificadas, não precisarão abrir a rua para chamar água, a água vai estar bem perto”, projeta. “É uma nova cara para a cidade. Estamos falando de um novo desenho que envolveu decisão política do município e vontade da iniciativa privada”, destaca Reginaldo Lacerda, diretor de Habitação

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Mais larga e com modernos recursos urbanos, como calçada ecológica e iluminação econômica. Assim está projetada a área das obras viárias


da Secretaria Municipal do Planejamento e um dos responsáveis, por parte do município, pela transformação urbanística prevista para esta parte de Guaíba. Lacerda observa que a obra se encaixa em um contexto de planejamento que passa a ser uma nova diretriz na cidade. “Tudo está sendo feito, pensando no hoje e no amanhã para que nos antecipemos às demandas futuras de crescimento populacional e de atividades comerciais e industriais na cidade”, completa. O engenheiro Varner, da CMPC, destaca que uma característica fundamental das obras é a sintonia com valores de caráter ecológico e sustentável. Calçadas com blocos de tijolos permeáveis, acessos a cadeirantes em todas as esquinas e próximos às faixas de segurança, instalação de lâmpadas com alta durabilidade, além do cuidado e do transplante de árvores protegidas por lei são algumas das iniciativas que revestem o projeto de uma roupagem amplamente sustentável. “Um viés fundamental da adequação viária é a responsabilidade ecológica e ambiental”, reforça.

Foto Clay Teixeira

Novo conceito urbanístico para as vias públicas

As obras têm previsão de término para até 18 meses depois de iniciadas. Mas o prazo pode ser adiantado, segundo o engenheiro da CMPC. “Temos um acordo para concluirmos a obra em 18 meses. Mas há um acordo de cavalheiros para tentar antecipar isso”, completa Araújo. Dos 193 trabalhadores que integram as obras de adequação viária, 96 residem em Guaíba, o que representa 56% do efetivo total.

Já para o diretor de Habitação, outro aspecto inovador é que todo o processo está sendo participativo com o debate comunitário e a participação da Associação Amigos do Meio Ambiente (AMA/Guaíba). “Toda a mudança exige que a população participe. A comunidade de Guaíba está discutindo cada aspecto desta obra e influenciando no desenho original do projeto para deixar exatamente como a cidade quer e precisa”, finaliza.

Conheça as principais melhorias

Duplicação da Av. Castelo Branco Duplicação da Rua Adão Foques n Implantação e duplicação da Rota Alternativa n Implantação e duplicação da Via Coletora Sul n Implantação da Via Estrutural Norte n Adequação viária de ruas adjacentes n n

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MOBILIDADE URBANA

População aprova melhorias Comunidade entende que obras representam avanços na qualidade de vida

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s obras de adequação viária da Zona Sul de Guaíba envolvem valores sociais e financeiros de inegável importância. Há, por exemplo, o investimento de R$ 40 milhões e a parceria entre Governo Federal, Prefeitura Municipal e Celulose Riograndense (iniciativa privada). Mas a maior conquista será promovida em favor da comunidade que habita os bairros daquela região. Entre benefícios que conjugam a melhoria do tráfego de automóveis, a segurança dos pedestres e a ampliação do serviço de transporte público, a certeza da valorização da qualidade de vida dos guaibenses é reforçada pela opinião de moradores e comerciantes. É o caso de Marco Avila, 54 anos, proprietário de uma loja de materiais de construção na Rua Adão Foques. Há um ano e oito meses à frente do negócio, ele avalia a estrutura atual da via e projeta com esperança e expectativa o produto final da obra. “A estrutura de iluminação já é razoável. O passeio público é que era horrível. Ainda está complicado. Mas com o projeto que nós vimos, a tendência é que fique muito bom”, afirma. Figura recorrente nas reuniões promovidas para a discussão do projeto e membro do Conselho do Plano Diretor de Guaíba, Avila destaca a construção dos sete quilômetros de ciclovia como uma das conquistas principais: – A ciclovia foi uma vitória nossa, pela qual, inclusive, eu lutei muito nas reuniões. Tinha gente que estava argumentando que nós vamos perder estrada. Mas tem muitas pessoas que usam bicicleta hoje em dia. Nós levantamos a bandeira da ciclovia, batemos o pé e não abrimos mão. É uma tendência do mundo todo – comemora. Na mesma Adão Foques, a alguns metros da loja de Avila, o ajudante de obras Da-

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“Com o projeto que nós e vimos, a tendência é qu ia fique muito bom. A ciclov la foi uma vitória nossa, pe qual, inclusive, eu lutei muito nas reuniões” Marco Avila, 54 anos, comerciante

“Toda obra grande como essa traz algum transtorno no começo. Mas vale a pena, porque muita coisa melhora quando ela é acabada”

Marilu Farias, 61 anos, dona de casa

“Uma obra dessas sempre traz um retorno interessante. Acho que todos vamos ficar bem satisfeitos com o resultado” anos, Daniel de Souza, 40 or trabalhad

niel de Souza trabalha diariamente na colocação de galerias para a Macrodrenagem – outra obra que beneficia a região. Morador do bairro Vila Iolanda há mais de 40 anos, Souza acredita que a adequação viária trará mais segurança e conforto às pessoas que transitam no bairro. “Uma obra dessas sempre traz um retorno interessante. Acho que todos vamos ficar bem satisfeitos com o resultado.”

Laranjeiras na rota dos ônibus Incluído no projeto, o Parque das Laranjeiras passará a integrar a rota de boa parte das linhas de ônibus da cidade. Mudança festejada por Marilu Farias, 61 anos, e suas duas filhas, que hoje são obrigadas a caminhar diariamente até a Avenida Castelo Branco para se deslocar até o Centro ou quando precisam ir para a cidade de Porto Alegre.


ENTREVISTA

Prefeito de Guaíba analisa obras na cidade Em seu quarto ano como responsável pelo Executivo do município de Guaíba, o prefeito Henrique Tavares faz aqui uma análise do andamento das obras em sua gestão Socioambiental – Prefeito, faça um breve relato sobre esta grande quantidade de investimentos simultâneos na cidade de Guaíba. Com certeza, Guaíba nunca recebeu tantos investimentos. São Cerca de R$ 150 milhões que estão sendo aplicados para uma maior qualidade de vida da nossa população. Como saúde pública se faz com prevenção, estamos investindo muito em Saneamento Básico. São R$ 17 milhões somente em duas obras de macrodrenagem pluvial, que buscam resolver os problemas de alagamentos históricos em duas regiões distintas da cidade: uma na Zona Sul e outra na Nova Guaíba. São 20 mil moradores beneficiados. Em parceria com a Corsan, e num investimento inicial de R$ 56 milhões, está em processo de conclusão a Estação de Tratamento de Esgoto. A ETE terá capacidade de tratar o esgoto de até 120 mil unidades habitacionais, cerca de 200% a mais do que Guaíba necessita hoje. Paralelamente à obra, estão sendo implantadas redes coletoras de esgoto. Estamos trazendo o gás natural para melhorar a infraestrutura das indústrias da região e atrair novos investimentos. Além do segmento industrial, o gás natural também pode ser utilizado em estabelecimentos comerciais, veículos (GNV) e residências. Esta obra é uma parceria com a Sulgás, que constrói uma rede de 20 quilômetros de extensão de gasodutos. Neste projeto, são mais R$ 21 milhões em investimentos. Socioambiental – Mas há também obras e investimentos no setor viário e de mobilidade urbana? Sim. Neste sentido, estamos redefinindo

Prefeito Henrique Tavares

as possibilidades de transporte e mobilidade. Depois de 40 anos, a Travessia Fluvial foi retomada. Desenvolvemos todas as ações para que a iniciativa se concretizasse. Segura e moderna, a travessia Guaíba-Porto Alegre com catamarãs reduz para cerca de 20 minutos a viagem. Para se adequar a demandas futuras na área da Celulose Riograndense (CMPC), estamos investindo, através desta parceria com a iniciativa privada, outros R$ 40 milhões na expansão da malha viária. Além disso, temos desde 2009 mais de 40 ruas e avenidas recuperadas e pavimentadas, sendo 90% com recursos próprios do município. No Distrito Industrial, estamos dando infraestrutura que nos abre a possibilidade de instalação de diversas empresas, gerando mais emprego e renda. Socioambiental – Como foi o início desse processo de atração de investimentos?

Logo no começo do governo, em 2009, criamos a Diretoria de Projetos, fundamental na captação de recursos. A partir de então, iniciamos a implantação de um planejamento estratégico, que contempla também um plano de desenvolvimento sustentável, elencando as principais necessidades de nossa cidade. Temos consciência que se o município não estivesse com as contas em dia, não honrasse com a contrapartida técnica e financeira dos compromissos assumidos e não elaborasse os projetos necessários, nada disso estaria acontecendo. Socioambiental - Como a prefeitura se prepara para receber e gerenciar essa série de obras e investimentos? Visando estabelecer diretrizes, de médio e longo prazos, para investimento em infraestruturas de apoio ao desenvolvimento econômico e socioambiental do município, contratamos a Fundação da Universidade Federal do RS, que elaborou o Plano de Infraestrutura Estratégica - PIES de Guaíba. Também escalamos secretários e diretores para uma gestão articulada destas diversas ações e contratos. Socioambiental - Como você vê a cidade de Guaíba em cinco ou dez anos? Estamos em processo final do Plano de Infraestrutura Estratégica, que já está estabelecendo um olhar clínico sobre os problemas e necessidades de Guaíba, diagnosticando, sistematizando e propondo planos de ação integrados e integradores, para um planejamento mais potente. Tal plano projeta um desenvolvimento sustentável não só para 5 ou 10 anos, mas sim, na primeira fase, para o ano 2025.

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Exemplo

Experiência europeia a serviço de Guaíba No final dos anos 90 e na primeira década do novo milênio a capital portuguesa, Lisboa, sofreu um grande impacto de ideias arquitetônicas e urbanísticas que trouxeram um novo perfil à cidade, especialmente na revitalização da zona portuária, conhecida lá como “Docas”. Um das grandes responsáveis por esta transformação da capital portuguesa foi Maria Teresa Craveiro Pereira, arquiteta e urbanista, que há mais de uma década presta serviços para importantes cidades brasileiras, como Salvador, Recife, São Paulo e Rio de Janeiro. Associada à Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Maria Teresa Craveiro Pereira já está oferecendo ideias à cidade de Guaíba, onde esteve no mês de março. “A cidade tem potencial para desenvolvimento e tem que se unir para encontrar as melhores soluções”, afirma ela. A arquiteta ressalta ainda que o conjunto de obras em curso no município de Guaíba, associado a outras iniciativas como o acesso à cidade pelo barco catamarã apontam para uma nova realidade. “Quem sabe a cidade não se beneficia do turismo. Imagine bons restaurantes aqui e o catamarã funcionando em horários noturnos. Tudo isso com lojas na beira do lago. Seria um sucesso”, provoca ela.

As “Docas” mudaram Lisboa

SOCIOAMBIENTAL

Salvando árvores, renovando a vida

As espécies transplantadas, que, juntas, pesam 16 toneladas, devem viver entre 20 e 30 anos

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o mês de dezembro de 2011, em meio ao maquinário que move as obras de adequação viária da Zona Sul, cinco árvores receberam atenção especial, foram retiradas com cautela do local onde se encontravam e transplantadas a um lar mais seguro. A operação, realizada em parceria entre profissionais da Secretaria do Meio Ambiente de Guaíba e da Celulose Riograndense (CMPC), resultou na preservação de quatro figueiras e um butiazeiro. “Tudo o que foi feito faz parte do planejamento da obra de adequação viária. Não houve transplante que não tivesse a ver com a obra. Elas só saíram porque corriam algum tipo de risco”, esclarece Mateus Koester, 31 anos, Engenheiro Florestal da Prefeitura. Mateus explica que a figueira e o butiazeiro são espécies consideradas

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‘imunes ao corte’, daí a inclusão desses transplantes no projeto de adequação viária elaborado ainda no ano de 2008. “São árvores imunes ao corte. Ele é proibido em todo o Estado. O projeto original é de 2008, portanto, desde lá já constava essa operação”, relembra. O sistema de transplante envolve algumas etapas. Num primeiro momento, realiza-se o licenciamento, a partir de avaliações detalhadas sobre o local onde estão plantadas as árvores e o provável destino de cada uma. Depois disso, o processo requer ainda mais atenção e pressa. A técnica da poda consiste em cavar fundo e erguê-las com um guindaste para preservar o máximo de raízes possíveis, evitando fraturas em seu tronco, como relata Mateus: “Faz o corte das raízes mais profundas, para evitar as fraturas. Por baixo, como


se retirasse um bolo da forma, para proteger a parte rasteira dela e não comprometer o tronco”, ele conta e complementa: “Se retira, coloca no caminhão e leva pra replantar. Esse intervalo de tempo, quanto mais curto, melhor. Depois se faz o acompanhamento, principalmente nas primeiras semanas, para fazer a rega da árvore e ela vingar”. Figueiras preservadas Das cinco árvores, três foram levadas a uma área que pertence ao município de Guaíba, próxima ao Arroio Passo Fundo. Já o butiazeiro e uma das figueiras, encontram-se numa região entre os bairros Ermo e Alegria. “Foram transplantadas três figueiras em um terreno da prefeitura junto ao Arroio Passo Fundo, local considerado ideal, sobretudo por se tratar de uma APP (Área de Preservação Permanente). A quarta figueira e o butiazeiro foram levados a uma área de praça projetada, localizada entre as ruas Evaristo Lopes e Avenida Castelo Branco”, in-

forma Francisco Caporal, 41 anos, Biólogo e Analista Ambiental da CMPC. A estimativa é de que as cinco árvores tenham em média de 20 a 30 anos. A mais pesada delas, uma das figueiras, obrigou o guindaste a erguer 16 toneladas, medida potencializada pelos torrões carregados nas raízes. Nada que se compare à certeza de que a beleza da paisagem urbana de Guaíba foi preservada, como confirma Francisco: – Trata-se de espécies de extrema beleza visual. Geram frutos para a fauna, sobretudo aves e insetos como vespas e abelhas, que são os agentes polinizadores. As figueiras são árvores que podem atingir grandes dimensões, portanto, próprias para ocupar áreas abertas como praças, parques e jardins. O butiazeiro é uma planta interessante para a área urbana, pois é de lento crescimento, não emite raízes laterais que possam danificar canos de água e esgoto e não atingem grandes alturas, não pondo em risco a fiação elétrica de alta tensão.

Preocupação com meio ambiente originou uma operação especial de transplante em meio às obras para assegurar que figueiras e um butiazeiro ganhassem uma sobrevida 11


SOCIOAMBIENTAL

Respeitando o meio ambiente Projeto de obras viárias mantém a preservação ambiental e o direito dos cidadãos de se locomoverem com rapidez e segurança Fotos Clay Teixeira

Calçada ecológica O novo passeio público será construído com tijolos de concreto, conhecidos como “bloco holandês”. Ao belo efeito visual, soma-se um fator ecológico: a água da chuva não fica empoçada porque cada bloco é encaixado e dispensa o uso de argamassa.

Iluminação eficiente São 350 postes com lâmpadas de grande durabilidade e coloração amarelada a serem instalados na região. Além da maior vida útil, elas enquadram-se no programa de iluminação pública eficiente e econômica incentivado pelo Governo Federal.

A obra conta com calçamento e Iluminação sustentáveis

Acesso a cadeirantes Todas as esquinas e os canteiros das vias adequadas serão rebaixados para permitir a acessibilidade universal. Além disso, as faixas de segurança foram projetadas para coincidirem com o trajeto dos cadeirantes.

Transplante de árvores Seria muito mais fácil colocar abaixo e matar as árvores que estavam no caminho. Mas, em vez disso, técnicos e ambientalistas se uniram para preservar, transplantando quatro figueiras e um butiazeiro.

ligação estará disponível no próprio passeio.

Rede de esgoto As redes locais de esgoto e de abastecimento de água estão sendo transferidas do subsolo das ruas para debaixo das calçadas. A cidade se prepara para o abastecimento de água para futuras edificações, cuja

Ciclovia Serão sete quilômetros entre as ruas Adão Foques, Coletora Sul, Rota Alternativa e parte da Avenida São Geraldo, além do trecho situado na Castelo Branco.

AMA é a voz da população nos projetos Ilaine Zimmermann explica o papel do órgão na sociedade e os conceitos que norteiam o trabalho socioambiental

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Associação Amigos do Meio Ambiente (AMA) trabalha na mediação das relações entre o poder público, iniciativa privada e a população. Para tanto, a área de alcance da entidade não se restringe apenas às preocupações com a preservação da flora e da fauna, mas insere-se também no campo das ciências sociais. É o que explica a socióloga Ilaine Zimmermann, mestre em Educação pela UFRGS e consultora da Associação. “A AMA atua na interlocução entre a comunidade local, setor público e privado, abrindo um espaço de comunicação. Esse espaço é fundamental para o maior envolvimento entre as partes no senti-

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do de avançar na discussão dos rumos das políticas públicas e da resolução de conflitos socioambientais.” Consultora no trabalho socioambiental desenvolvido pela AMA nas obras de Macrodrenagem e de Adequação Viária, Ilaine contextualiza a entidade na teia de relações que projetos deste porte engendram. “O papel da AMA junto a essas obras na comunidade de Guaíba é de mediar as relações entre as partes interessadas, no sentido de estabelecer canais de diálogo que possam auxiliar na resolução de problemas e conflitos”, conceitua. Conforme Ilaine, a partir das visitas e

dos dados coletados pelos agentes da AMA, é possível avaliar o nível de percepção desses moradores, estabelecer perfis entre os domicílios e, a partir desses resultados, aperfeiçoar as ações socioambientais futuras. “Realizamos um diagnóstico socioambiental da população diretamente atingida pela obra de Macrodrenagem, com o objetivo de caracterizar o perfil desses moradores. A análise dos resultados obtidos nas entrevistas realizadas na comunidade servirá como subsídio para as futuras ações da AMA nas localidades”, projeta. Entre as atividades da AMA no trabalho socioambiental da Macrodrenagem, por exemplo, destacam-se peças teatrais, plantões de atendimento à população, visitas domiciliares, oficinas de resíduos. “Essas ações realizam um plano de atuações que possibilitam conhecer a realidade local”, avalia Ilaine.


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