Revista Alma_Naq 3

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Distribuição Gratuita

ano 1 - nº 3

Parque do Tabuleiro:

A Natureza como Patrimônio

Ecologia:

Astronomia:

Saúde:

Construindo com arquitetura responsável

Equinócio da Primavera

Reiki, restabelecendo o equilíbrio enegético

artes, ciências e filosofia para uma vida mais saudável


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O Pico do Tabuleiro, com seus mais de 1.200 mts de altura, localiza-se em Caldas da Imperatriz. Com a sua imponĂŞncia, empresta o nome para o Parque.


foto: arquivo Çarakura

Editorial

Segundo análises da Ciência, o nosso planeta começou a se formar há aproximadamente 4 bilhões de anos. Vida e meio ambiente, em suas várias manifestações, foram se transformando e foram transformados nesse tempo todo até chegarmos ao cenário atual. Nós e o nosso planeta, somos resultado de todas essas interações que a vida sofreu e que se utilizou em sua ânsia para existir. Hoje sabemos que Vida, é todo um processo que reune várias formas de seres em elos dinámicos de interação e interdependência. Sabemos? Ainda não muito. O ser humano nos últimos 50 anos, em sua idealização de progresso e no seu modo de viver, vem abalando o equilíbrio natural do planeta e esgotando e degradando seus recursos naturais, destruindo assim os elos e alterando os ciclos da vida que também nos foi dada. Algumas pessoas já perceberam isso e já buscam viver dentro de um equilíbrio dinâmico harmônico com a natureza, procurando produzir o mínimo impacto ambiental na maneira em que moram, se alimentam, se divertem e se locomovem, utilizando uma aplicação progressiva de novas tecnologias e resgatando antigos saberes que possam oferecer uma prática de bem viver respeitando o futuro das novas gerações. Já perceberam que, além da evolução biológica, há também uma evolução de consciência, que há o fato de ser cada vez mais consciente de si mesmo, do mundo em que se vive e de seus atos e relacionamentos com um Plano Maior de Existência. Conscientemente ou não, estamos todos juntos escrevendo diariamente o nosso futuro, pessoal, planetário e civilizatório.

Concepção e coordenação: Reinaldo Caruso Jornalista responsável: Ricardo Cassarini - SC 02517 JP Arte, diagramação e produção gráfica: Noite Solar Colaboram nesta edição: Textos: Flora Neves, Márcio Mortari, Karoline Fendel, Karina Signori, Neno Brazil, Fernando Angeoletto, Márcia de Almeida. Fotos: Neno Brazil, Zé Paiva, Flora Neves, Fernando Angeoletto, Juliana Saldanha. Contato: alma_naq@yahoo.com.br fone 48 - 9146.7840 Impressão: Elbert Indústria Gráfica - fone 48 - 3241.1421 Publicação da R. Caruso Editora - Cnpj: 59.203.125/0001-61

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por Karina Signori

ReCiclar é LEGAL! Os Ciclos precisam se conectar para a Vida continuar sua Evolução! Repensar o consumo, Recusar produtos que causem impactos, Reutilizar ao máximo e com criatividade, e Reciclar, é claro, com Respeito e Responsabilidade.

Separar os resíduos em casa, na escola e no trabalho não tem contra-indicação e traz satisfação, pois gera atiVIDAde e renda, promove inclusão social, economiza os bens naturais da nossa amada mãe Terra, diminui o volume de “lixo” destinado aos aterros, já que o rejeito – o que não tem jeito - corresponde a menos de 15% de tudo que é jogado fora... Além disso, segundo diversas Leis, entre elas a Política Estadual de Resíduos Sólidos de Santa Catarina - Lei 13.557/2005 e a Política Nacional de Resíduos Sólidos - Lei 12.305/2010, recentemente sancionada após 19 anos no Congresso - a responsabilidade quanto ao gerenciamento dos resíduos é de toda a sociedade! Então, compete à municipalidade efetuar a coleta diferenciada e à cada cidadão destinar adequadamente seus próprios resíduos: Os resíduos recicláveis, secos e limpos, devem ser destinados para a coleta seletiva ou catadores da região. Os resíduos orgânicos, que correspondem a 50% do lixo domiciliar coletado nas grandes cidades, podem ser reaproveitados ou utilizados para alimentar a Terra, trazendo saúde e vitalidade para toda família... A compostagem é uma prática milenar e eficiente...Experimente! O óleo usado pode ser transformado em combustível ou sabão, existem vários postos de coleta na cidade.

Tod o o cuidado com lâmpadas fluorescentes e compactas, pilhas e baterias, pois são resíduos perigosos, também devem ser entregues nos postos de coleta. Maiores informações no www.comcap.org.br Utilizar a inteligência e tecnologia humana para reaproveitar materiais e evitar desperdícios é necessário e urgente! Depende de cada um e de todos nós! Vamos construindo a história... Um bom futuro no presente! Saudações, Recicleide *

www.recicleide.com.br Enviada de Reciclópolis com a missão de Defender a Vida no Planeta! Há 11 anos, com EcoArte, alegria e informação, divulga e motiva a efetiva ação de simples práticas individuais que podem melhorar a realidade, promovendo saúde, solidariedade e cidadania.

*Karina Signori ecoarteira e permacultora


Dona Rosa embarca, toma assento e em pouco tempo encanta comissários e a tripulação, tamanha é sua simpatia e tão doce o seu semblante. É a primeira vez que viaja de avião. “Sempre olhava pra cima e dizia que aos 60 anos eu ia viajar naquilo”, conta ela que, aos 53, estava realizando o sonho de voar. O rumo é Brasília.

A farinha de Dona Rosa e o Berbigão de Seu Aristides Na capital federal, dona Rosa Nascimento, produtora artesanal de farinha de mandioca do litoral catarinense, foi encontrar centenas de produtores como ela, trocar experiências, estabelecer contatos comerciais. Protagonista da gastronomia tal qual um chef de cozinha, dona Rosa é expressão da máxima “Comer é um ato agrícola”, um dos pensamentos essenciais do Movimento Slow Food. Brasília sediou, de 19 a 22 de março de 2010, o II Terra Madre Brasil. É o maior evento realizado no país pelo Slow Food, concebido para aproximar e tecer relações diretas entre os agricultores, os chefs de cozinha e todos os elos envolvidos no ato (e no hábito) de comer. A grande Florianópolis teve participação variada no evento, com membros de Convivium, representante de produto da Arca do Gosto, chefs e o coletivo da Revolução dos Baldinhos, além da equipe técnica do Cepagro. Em termos gastronômicos, podemos dizer que a presença de Floripa teve o sabor de berbigão com farinha – e todas as suas variações. O Sr. Aristides, um dos fundadores da RESEX (Reserva Extrativista) do Pirajubaé, esteve lá para dar o recado sobre o seu ambiente de coleta explorado por 25 famílias e ameaçado pela expansão urbana. O molusco berbigão, ao lado de outras 20 matérias-primas genuinamente brasileiras, integra a Arca do Gosto do Slow Food, beneficiando-se de ações que atentam ao risco de sua extinção.

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Fotos: acima, Dona Rosa encontrando-se com a chef Tereza Corção, do Instituto Maniva.

por Fernando Angeoletto texto e fotos

Seu Aristides e o chef Ubiratan Farias durante degustação de berbigão e em baixo, Dona Rosa e Seu Aristídes na roda de debates.


No Terra Madre, duas deliciosas versões do molusco foram preparadas pelo chef Ubiratan Farias, do restaurante Villa Açor (São José), durante a degustação de produtos do bioma Mata Atlântica. Dona Rosa e sua colega Inácia, que mantém engenhos artesanais de farinha em Três Barras (Palhoça, SC), participaram de mesas-redondas e compartilharam algumas de suas preciosidades, como os bijus e a bijajica. Foi também a oportunidade de dona Rosa conhecer pessoalmente a chef Tereza Corção, do Instituto Maniva. Apesar de nunca terem se encontrado, elas tinham relação a partir do Convivium do Slow Food Engenho de Farinha. Parte da farinha de Rosa, numa relação comercial solidária e direta, é vendida ao restaurante de Tereza, que fica no Rio de Janeiro. O Terra Madre deste ano teve uma importante aliada ambiental, através de outra contribuição da região de Florianópolis. Harmonizando o ciclo que começa na produção limpa e justa dos alimentos, passando pela consciência dos processos por quem transforma a matériaprima, a reciclagem de 100% dos resíduos orgânicos do evento trouxe a marca da sustentabilidade ao Movimento Slow Food. O trabalho ocorreu graças ao coletivo da Revolução dos Baldinhos (Lene, Karol e Maicon), que deram oficinas e organizaram a compostagem das sobras geradas na cozinha, onde foram preparados almoço e jantar para 500 pessoas durante 4 dias. Não há como desconsiderar o volume de sobras e a energia desperdiçada em toda a cadeia gastronômica. O italiano Carlo Petrini, fundador do Movimento Slow Food internacional, sabe disso muito bem: “o Mundo faz comida para 12 bilhões, embora sejamos 7 bilhões. Devemos acabar com o desperdício”, lembrou ele durante entrevista coletiva concedida no Terra Madre. Por este motivo, Petrini enalteceu as ações de reciclagem da Revolução dos Baldinhos, durante sua fala no encerramento do evento. Após conhecer o processo de compostagem, ele afirmou que pretende levar o coletivo de Florianópolis para disseminar a técnica no encontro mundial do Slow Food na Itália.

Petrini, cuja imersão no mundo gastronômico iniciou com a prática do jornalismo, é “uma das 50 pessoas que podem salvar o Mundo”, de acordo com lista divulgada pelo jornal britânico The Guardian em 2008. Por trás do controle do ritmo de vida e da ecogastronomia aperfeiçoada, a filosofia posta em marcha por Petrini e o Slow Food prega que alimentos provenientes de exploração humana ou empreitadas que arruínem culturas e o meioambiente devem ser sistematicamente rejeitados. “É uma revolução doce e tranqüila”, explica ele durante a entrevista, enquanto desfia ideias sobre fortalecimento das economias e gastronomias locais, soberania alimentar, direito de plantar, colher e comer. São essas as ferramentas para contornar os obstáculos da atual crise do consumismo insustentável, uma “crise entrópica, que não traz em si suas próprias condições de superação, mas sim a perda de sentidos”, segundo Petrini. Ele conclama a darmos um basta ao colonialismo gastronômico, e agirmos como co-produtores dos alimentos, buscando aproximação com os agricultores e a ciência dos processos. “Quem semeia utopia colhe realidade”, prega Petrini em expressão de sua austera anarquia, conduzindo a fraternidade do Terra Madre em sua constante missão de mudar as malfadadas regras do consumismo em nível mundial.

"Fernando Angeoletto é jornalista, assessor de comunicação do Cepagro (www.cepagro.org.br) e sócio-fundador da Caminhos do Sertão Cicloturismo (caminhosdosertao.com.br). Esteve em Torino de 21 a 25/10, participando da cobertura do Terra Madre e Salone del Gusto 2010, eventos de abrangência mundial do Movimento Slow Food”

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Equinócio de Primavera A palavra equinócio vem do Latim, aequus (igual) e nox (noite), e significa "noites iguais", ocasiões em que o dia e a noite duram o mesmo tempo.

Exatamente às 00h09 do dia 23 de setembro, um interessante evento astronômico voltou a ocorrer no ano. Trata-se do equinócio, um dos dois momentos anuais em que o Sol cruza o plano do equador celeste, a linha imaginária do equador projetada na abóbada do céu. O momento tem significado especial, pois também marcou o início da primavera no hemisfério sul e início do outono no hemisfério Norte. Além de setembro, o equinócio acontece também em 20 de março, quando inicia o outono no hemisfério Sul e a primavera no hemisfério Norte. Cruzamento Equatorial Visto da Terra, o Sol aparenta se deslocar do leste para o oeste, sobre uma linha imaginária denominada eclíptica, vista no gráfico do topo da página como uma linha vermelha. Se imaginarmos a linha do equador da Terra (linha

Equinócio de Primavera 22/set

Como se formam as Estações:

Trópico de Câncer

20/junho Solstício de Inverno

Sol 22/dez Solstício de Verão

Trópico de Capricórnio

20/março Equinócio de Outono

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azul) projetada na abóbada celeste, veremos que durante o solstício de inverno o Sol se posiciona exatamente 23.5 graus ao Sul dessa linha, enquanto no solstício de verão o astro aparentaria estar 23.5 graus ao Norte. Nos equinócios, entretanto, o Sol é visto exatamente sobre ela, como mostra a figura. A linha amarela mostra a posição do Sol alguns meses antes e depois de setembro. Observe que antes do equinócio de setembro o Sol não ultrapassa a linha do equador celeste (linha azul). Esse cruzamento só ocorre durante os equinócios de março e setembro. A partir do equinócio de setembro, à medida que os meses passam o Sol se põe mais tarde. Enquanto às 18h00 de julho o Sol já está quase se pondo, neste mesmo horário, em novembro, o astro-rei ainda brilha bem acima do horizonte. Esse é o principal motivo para a adoção do Horário de Verão, que este ano terá início em 17 de outubro.

Equador

Durante sua translação ao redor do Sol, a Terra passa por quatro momentos bem definidos e que marcam o início das estações do ano. Os solstícios marcam o início do verão e do inverno enquanto os equinócios marcam a primavera e o outono. A Terra não gira sobre seu eixo no mesmo plano da translação e sim com uma inclinação acentuada de 23.5 graus. Essa inclinação é diretamente responsável pelas diferentes estações do ano, pois faz com que os raios de Sol atinjam o planeta de forma diferente em cada uma das estações, alterando significativamente o clima.

Fonte: Apolo11 http://www.apolo11.com/spacenews.php?posic=dat_20100923-091316.inc


O movimento do nosso planeta em torno do sol dura um ano e a sua principal conseqüência é a mudança das estações. As plantas e os outros seres vivos adaptaram-se a essas mudanças. No caso das plantas, elas não crescem com a mesma velocidade em todos as estações. Durante as épocas desfavoráveis elas limitam ou cessam o seu crescimento. Este processo recebe o nome de dormência, é o período em que dizem que as plantas dormem. Assim, elas conseguem sobreviver a baixas temperaturas ou quando há escassez de água, por exemplo. Após passado o período crítico, quando a temperatura torna-se mais amena, a água torna-se mais abundante ou outro fator limitante para sua sobrevivência volta a tornar-se disponível, as plantas voltam a crescer e a se desenvolver. Essa dormência pode ocorrer tanto nas plantas adultas quanto nas sementes. A primavera é a estação mais florida do ano, é onde a maior parte das plantas aproveitam para exibir suas floradas, atraindo animais para sua polinização e gerando as sementes que espalharão novas plantas pela natureza. Mas como elas sabem que chegou essa estação? Não é somente porque a temperatura se tornou mais quente. Se assim fosse, em muitos anos, estas plantas floresceriam durante os dias quentes de outono, e no entanto seriam prejudicadas ou destruídas durante as baixas temperaturas e geadas que viriam depois no inverno. Elas não florescem antes da hora devido a mecanismos hormonais que inibem o florescimento e também faz com que as sementes não germinem em condições desfavoráveis. Mas, sinais específicos vindos do ambiente também são muito importantes para que elas saiam do estado de dormência. Estes sinais podem ser a temperatura, por exemplo, como ocorre com os bulbos de tulipas, jacintos e narcisos que florescem após terem sido expostos a baixas temperaturas. Outro sinal necessário para algumas sementes é a desidratação, ou seja, ficarem secas, isto indica para elas que já saíram de dentro de um suculento fruto, por exemplo, e que já estão no ambiente. Ou ainda, muitas plantas orientam-se pelo fotoperíodo, ou seja, a duração do dia e da noite. fonte: wiki

Fotos: R.Caruso

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texto: Márcio Mortari

Ecossistema: equilíbrio dinâmico e auto-regulação. A humanidade vive um momento da “cultura dos contrastes”, onde a cada dia que passa, são revelados fatos que inquestionavelmente apontam para a necessidade de serem promovidas transformações culturais que considerem a importância das questões ambientais como essenciais para a sanidade e vitalidade dos ecossistemas. Mas afinal,o que representa um ecossistema? O termo ecossistema foi utilizado originariamente em 1935 pelo ecólogo britânico Arthur Tansley, todavia, atualmente, existem diversas definições sobre o tema. Com o aprofundado estudo da Vida é possível encontrar uma ciência que é a base das relações no planeta Terra: a ecologia. A palavra deriva do grego oikos, com o sentido de “casa”, e logos,que significa “estudo”. Assim, o estudo do “ambiente da casa” inclui todos os organismos contidos nela, todos os elementos como água, ar, fogo, terra/minerais, além de todos os processos funcionais e fenômenos naturais que a tornam habitável. Já o enfoque sistêmico pode ser definido como sendo um plano que possui diversos elementos que se inter-relacionam, onde cada elemento é interdependente do outro para existir e que todos os elementos juntos formam um todo que executa funções distintas, surgindo aí uma breve definição de ecossistema, onde a diversidade biológica e os ciclos biogeoquímicos possuem relações em redes de conexões ecológicas.

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Dependendo da abordagem, é possível considerar uma Bacia Hidrográfica, ou seja toda a área de captação de água de um rio, como um grande ecossistema, todavia uma pequena poça de água desse rio também pode ser considerado um ecossistema, pois pode conter microorganismos unicelulares como bactérias, protozoários, algas e fungos que interagem e se auto-regulam. Conforme a escala de relações ecológicas, em nível microscópico ou macroscópico, teremos ecossistemas distintos, com funções e estruturas

diferenciadas, mas que são interdependentes e atuam em conjunto, formando a unidade ecossistêmica que é chamada de biosfera, a qual por sua vez interage com a litosfera, com a atmosfera, com a ionosfera e com o sistema solar, este com a Via Láctea e com outras galáxias, buscando constantemente sua auto-regulação, ou, em outras palavras, sua homeostase dinâmica. Assim, o Planeta pode ser interpretado como uma comunidade entrelaçada de plantas, animais e microorganismos co-evoluindo em diversos ambientes, garantindo o fluxo energético dos ecossistemas, surgindo assim, conforme Lovelock e colaboradores (1979), a “Teoria de Gaia”, onde se considera que o Planeta é um organismo vivo que depende do conjunto de formas de vida para manter o seu equilíbrio dinâmico, ou seja cada organismo e cada população fazem parte de um todo orgânico. Todo este fluxo de energia começa com a energia solar (proveniente da fusão nuclear dos átomos de Hidrogênio transformando em Hélio) que percorre cerca de 8 minutos na velocidade da luz para chegar até a superfície terrestre, onde é captada pelas algas nos oceanos e pelos vegetais terrestres, considerados produtores primários, e transformada em energia química (glicose), com a presença de água e gás carbônico, no processo de fotossíntese, percorrendo toda a teia alimentar, passando pelos consumidores primários, secundários e terciários até completar o ciclo por intermédio dos organismos decompositores que reciclam os elementos químicos e moléculas retornando ao solo elementos essenciais à vida.


Uma comparação prática do potencial de reciclagem da matéria orgânica é que quanto mais diversidade um ecossistema possui mais reprodução de formas de Vida ele terá, ou seja, em uma monocultura (cultura agrícola baseada em um único vegetal em grandes extensões de terra) existe uma determinada taxa de reprodução muito baixa, principalmente para a vida do solo, já em policultivos diversificados (como em cultivos ecológicos em agroflorestas, também chamados de Sistemas Agroflorestais-SAFs), a taxa de reprodução de organismos é gradativamente maior com o passar do tempo, fortalecendo e fertilizando esse ecossistema. A natureza manifesta inúmeras possibilidades de combinações de elementos que se relacionam para formarem ecossistemas distintos ao redor do Planeta, desse modo, de uma forma geral, é possível encontrar no Brasil seis ecossistemas diferenciados pela sua forma, função e localização geográfica: Amazônia, Cerrado, Caatinga, Floresta Atlântica, Pantanal e Pampa. Mesmo com toda a degradação, desmatamento, especulação imobiliária, monoculturas, pastagens intensivas, exploração do petróleo/outros minerais e da energia nuclear, o conjunto dos ecossistemas brasileiros abriga um índice de biodiversidade que já é considerado o maior do Planeta, influenciando na autoregulação dos processos vitais e fenômenos naturais. Dentro desse contexto, a proteção e o equilíbrio dinâmico dos ecossistemas contribui na regulação climática, na disponibilização de recursos hídricos sem contaminantes, no encontro de espécies para reprodução, na formação de corredores ecológicos, no controle de erosão, na formação de solos férteis, na ciclagem de nutrientes, na polinização das flores e no controle biológico, além da produção de matérias-primas e de alimentos saudáveis. Para uma outra interpretação do conceito de ecossistema é possível citar uma metáfora com o próprio corpo humano, onde as bilhões de células formam uma rede e se autoregulam, promovendo a vitalidade de cada pessoa e formando os tecidos e órgãos. Assim, o equilíbrio dinâmico do corpo é o resultado da interação de todas as células, as quais são alimentadas com a energia vinda dos alimentos e

do ambiente, proporcionando o movimento e a circulação do fluxo vital, os quais são manifestados na interação com as dimensões espiritual e mental. Seguindo essa vertente, surge a abordagem da “ecologia profunda” (conforme Arane Naess), a qual se apresenta como uma visão holística de inter-relações integradas, com uma postura ética de respeito e cuidado com todas as formas de vida, onde o questionamento das coisas do cotidiano são entendidos sob a ótica ecológica e espiritual de evolução dos ecossistemas. O ilustre físico Fritjof Capra revolucionou a concepção de ecossistemas e traz em suas pesquisas a necessidade de serem inseridas as dimensões social e cultural no entendimento da “Teia da Vida” e das “Redes Vivas”, reforçando que a humanidade pode aprender e se reeducar a conviver de uma forma mais sustentável com o Planeta quando passar a observar e interagir com princípios ecológicos acima dos princípios antropocêntricos, financeiros e industriais. Diversas experiências integradas podem ser citadas como sendo motivadoras da sustentabilidade, como a Permacultura por exemplo, onde o cuidado com o Planeta, com as pessoas e com o compartilhamento de excedentes, fortalecem a busca pela melhoria da qualidade de vida e das relações humanas. Por fim, de uma forma lúcida e sensata Capra relaciona a ecologia com a sustentabilidade: “São estes alguns dos princípios da ecologia - interdependência, reciclagem, parceria, flexibilidade, diversidade e, como conseqüência de todos estes, sustentabilidade... a sobrevivência da humanidade dependerá de nossa alfabetização ecológica, da nossa capacidade para entender esses princípios da ecologia e viver em conformidade com eles.” Para saber mais: www.fritjofcapra.net

Márcio Mortari é biólogo contato: reciclabs@yahoo.com.br


Parque do Tabuleiro

Textos e fotos: Flora

Neves

Maior Unidade de Conservação de proteção integral de Santa Catarina e reserva da biosfera da Mata Atlântica, o Parque do Tabuleiro possui uma das maiores biodiversidades do mundo. Um pedacinho do paraíso na Terra para melhor se conhecer, amar e proteger.

Nos anos 50, os botânicos Padre Raulino Reitz e Roberto Miguel Klein iniciaram diversos estudos sobre a Mata Atlântica em Santa Catari-na. Durante a pesquisa evidenciaram a importância do território que hoje abriga o Parque Estadual da Serra do Tabuleiro para a conservação da natureza e para a manutenção da vida. Mas, foi somente em novembro de 1975 que Reitz conseguiu criar a tão sonhada Unidade de Conservação. Atualmente fazem parte do Parque do Tabuleiro áreas dos municípios de Palhoça, Santo Amaro da Imperatriz, Águas Mornas, São Bonifácio, São Martinho, Imaruí, Paulo Lopes e Florianópolis. Além das ilhas Siriú, Cardoso, Coral, Andrade, Largo e os arquipélagos das Três Irmãs e Moleques do Sul, totalizando uma área de 84.130 hectares, que corresponde a cerca de 1% do território do Estado. Uma das características que revelam a singularidade desta unidade de conservação é o fato de o Parque Estadual da Serra do Tabuleiro proteger cinco dos seis ecossistemas existentes no Estado.

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Nas áreas de planície encontram-se as Restingas e Manguezais, nas serras a Floresta Pluvial da Encosta Atlântica, Floresta de Araucária e os Campos de Altitude. Estes ecossistemas são pertencentes ao Bioma Mata Atlântica, um dos biomas mais ameaçados e de mais biodiversidade do mundo. Além disso, o Parque funciona como regulador climático de toda região, é fonte de água e vida para mais de um milhão de habitantes, possui a segunda melhor água termal do mundo, abriga espécies únicas da fauna e da flora, possui potenciais ecoturísticos imensuráveis e, ainda assim, a falta de fiscalização, especulações imobiliárias, criação de gado e irregularidades fundiárias são os principais problemas que caracterizam a realidade do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, mesmo após 35 anos de criação. Frente a esse quadro percebe-se a necessidade, não apenas de que seja divulgada a importância dessas áreas naturais protegidas, mas também que as comunidades tradicionais cobrem do órgão gestor mais atuação e contribuam para a sua conservação.


Os Parques têm como objetivo a preservação de áreas naturais de grande importância ecológica. E suas terras são de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares existentes dentro dos seus limites no momento da sua criação deveriam ser desapropriadas e indenizadas. Não foi o que aconteceu com o Parque do Tabuleiro que, segundo Alair de Souza, chefe da unidade de gestão do Parque, até o ano de 2009 teve apenas 17% de suas terras indenizadas. “A criação de áreas protegidas é a forma mais eficiente para garantir a conservação da natureza”, afirma o diretor do departamento de florestas da secretaria de biodiversidade e florestas do Ministério do Meio Ambiente, João de Deus Medeiros. Porém, em Santa Catarina, além das políticas públicas não darem o devido valor às áreas naturais protegidas como oportunidade ao desenvolvimento econômico sustentável das regiões, incentivam ainda a anulação e diminuição das mesmas. Como aconteceu em março de 2009, quando desanexaram algumas áreas do Parque, como a Vargem do Braço, em Águas Mornas, local de onde vem a água que abastece mais de 1 milhão de pessoas da Grande Florianópolis. Esta área perdeu a proteção integral, como alerta o promotor do Parque, José Eduardo Cardoso: “Arrancaram o coração do Parque”. Fica aí a reflexão: Sem a proteção dos mananciais de água, qual garantia futura de qualidade de vida que uma população pode ter?

Para que esta percepção de desrespeito ao Parque seja modificada, é preciso que exista conscientização ambiental! No momento que as pessoas entenderem e conhecerem as funções e relações que existem entre seres humanos e natureza, então veremos comunidades valorizando e defendendo os recursos naturais e suas Unidades de Conservação. Cabe também aos gestores, fazer com que essas Unidades proporcionem fonte de renda às c o m u n i d a d e s , l e va n d o a o v e rd a d e i ro desenvolvimento econômico ecologicamente sustentável, local e regional. Um exemplo disso no Parque é a permissão para que se realizem atividades de pesquisas científicas e ecoturismo, desde que, regulamentado e autorizado pelo órgão gestor, no caso, a Fatma, Fundação Estadual do Meio Ambiente. As pesquisas científicas realizadas no território do Parque mostram a importância da conservação dos ambientes para manter a complexa rede de conexões entre as espécies, preservando a biodiversidade e assim mantendo a qualidade de vida das populações humanas. O trabalho dos pesquisadores também busca a conscientização das populações de entorno, de modo que a importância do equilíbrio biológico como um todo seja percebida por essas comunidades vizinhas, para que elas também se sintam parte desses ambientes.


Ecossistemas do Parque do Tabuleiro fonte: http://parquedotabuleiro.blogspot.com

Foto: Zé Paiva - Arquivo FATMA

Foto: Zé Paiva - Arquivo FATMA

Foto: Zé Paiva - Arquivo FATMA

Foto: www.conifers.org

Foto: Zé Paiva - Arquivo FATMA

O Ecossistema de Restinga é considerado um mosaico de ambientes pois apresenta diversificadas paisagens, como dunas, praias, banhados, vegetação herbácea, arbustiva e arbórea, sendo a Restinga do Parque uma das mais desenvolvidas do Sul do Brasil. O Ecossistema de Restinga se desenvolve nas planícies costeiras, formadas pelo avanço e recuo do mar, que ao longo de milhares de anos depositou sedimentos marinhos. . Este complexo ecossistema apresenta espécies da flora como: Araçá, Tucum, Jerivá, Mangue-Formiga, Gabiroba, Samambaia, Erva-Balieira, Orquídeas e Bromélias. A fauna é representada por: Jacaré-do-Papo-Amarelo, Lontra, Cachorro-do-Mato, Gatodo-Mato-Pequeno, Furão, Tamanduá-Mirim, Capivara, entre outros. O Ecossistema de Manguezal se desenvolve onde há o encontro das águas doce e salgada, este local é chamado de estuário O manguezal do Rio Cubatão (protegido pelo Parque) é o limite sul de distribuição da espécie Rizophora mangle (Mangue-vermelho), no Continente Americano. Os manguezais são considerados berçários marinhos, pois diversas espécies de peixes e crustáceos utilizam este ambiente em alguma etapa do seu ciclo de vida, seja para reprodução, alimentação, descanso ou para ter seus filhotes. Muitas espécies de aves encontram nos manguezais importante fonte de alimento e área de descanso. Encontramos neste ecossistema espécies da fauna como: Jacaré-doPapo-Amarelo, Lontra, Mão-Pelada, Caranguejos e diversas espécies de peixes. A Floresta de Encosta Atlântica é uma exuberante formação vegetal, densa, alta e sombreada, que se desenvolve ao longo das encostas das serras voltadas para a costa Atlântica brasileira. A Mata Atlântica é conhecida mundialmente por sua rica biodiversidade de fauna e flora e grande numero de endemismo. Como espécies nativas da fauna podemos citar o quati , o bugio-ruivo, macaco-prego, cutia, ouriço-cacheiro, porco-do-mato-queixada, porco-do-mato-cateto, puma, jaguatirica, macuco, jacutinga, saíra-sete-cores , anta, veado-mateiro, tucanodo-bico-verde. Originalmente esse ecossistema se distribuía desde o Rio Grande do Norte até o nordeste do Rio Grande do Sul quase que exclusivamente nas encostas dos morros. A Floresta de Araucária, também chamada de Floresta Ombrófila Mista, é um ecossistema do Bioma Mata Atlântica, característico da Região Sul do Brasil e de algumas áreas da Região Sudeste. Sua fisionomia natural é caracterizada pelo predomínio da Araucaria angustifolia, popularmente conhecida como Pinheiro-Brasileiro. No entanto, em seu sub-bosque existem inúmeras outras espécies vegetais, muitas das quais igualmente ameaçadas de extinção, como a Canela-Sassafrás, Canela-Preta, Imbuia e Xaxim, Canela-Amarela, Tanheiros, Canela-Burra, Erva-Mate, Peroba entre outras.Há também uma extensa lista de espécies da fauna ameaçadas pela redução de seu habitat natural. Animais como Gralha-Azul, Macuco, Inhambu, Jacutinga, Jacu, Curicaca, Araponga, Lontra, Bugio, Onça-Parda, Jaguatirica, Mão-Pelada, Quati, Veados e outros. Os Campos de Altitude se encontram nas partes mais elevadas das serras, acima de 1000 metros, onde a altitude limita o crescimento de muitas espécies e o solo não suporta vegetação de grande porte, predominando neste ecossistema espécies herbáceas. Por estarem isolados, estes campos não mantém grande fluxo gênico, ou seja, podem apresentar endemismos (espécies que só existam neste ambiente), espécies raras e ameaçadas de extinção. É possível encontrar neste ecossistema uma variada composição de gramíneas e densos agrupamentos de fungos (Sphagnun), além de espécies arbustivas. A fauna dos Campos de Altitude é composta por Veado-Mateiro, Pica-Pau-do-Campo, Puma, Cutia, diversas aves entre outros.


Terra Indígena Morro dos Cavalos Em 2008 o Ministério da Justiça, declarou de posse permanente dos grupos indígenas Guarani Mbyá e Nhandéva a Terra Indígena Morro dos Cavalos, Palhoça, com área aproximada de 2 mil hectares. Desde 1975 estudos antropológicos de pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina apontam a existência de famílias indígenas morando na região do Morro dos Cavalos, inserida dentro do Parque do Tabuleiro. E é importante salientar o conhecimento e

a preocupação que essas comunidades indígenas têm com o meio ambiente e, que a contribuição para a preservação é um fator altamente positivo para o Parque. Registros Culturais Dentro dos limites do PEST pode-se observar diversos registros deixados por povos que, há milhares de anos, habitaram o litoral de Santa Catarina. São encontrados sítios arqueológicos como sambaquis, cavernas, oficinas líticas e gravuras rupestres. A presença destes resquícios reafirma ainda mais a importância da conservação desta área.

Centro de Visitantes do Parque Em 2002, foi inaugurado em Palhoça, o Centro de Visitantes do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro. O local possui uma trilha interpretativa de cerca de 1 km, na qual os visitantes são acompanhados por monitores ambientais, que dão informações sobre o Parque, a Mata Atlântica, a fauna e a flora desses ecossistemas, além de contarem um pouco da sua história. Desde a criação do CV, a Caipora, Cooperativa para Conservação da Natureza, esteve à frente de seu funcionamento. O Centro de Visitantes está localizado na Baixada do Maciambu, município de Palhoça, BR 101 (km 238) aproximadamente 40km de Florianópolis. Está aberto de quarta a domingo, das 9h às 16h e a entrada é gratuita. As visitas de grupos organizados devem ser agendadas com antecedência pelo telefone (48) 3286-2624. Com a mesma intenção do CV, foi criado em 2008, em Imaruí, o Centro Temático das Águas (CT) e mais tarde o Centro Temático da Terra, em São Bonifácio. O objetivo principal para criação era divulgar a importância do Parque, disseminar a educação ambiental e mostrar a relevância dos recursos hídricos, ponto forte da região de Imaruí e dos ricos solos na região de São Bonifácio. O Parque é administrado pela Fundação do Meio Ambiente (Fatma), órgão ligado a Secretária de Desenvolvimento Econômico e Sustentável do Estado de Santa Catarina.

Flora Neves é jornalista E-mail: florarte_beija_flor@yahoo.com.br www.ecoflora.blogspot.com

Para mais informaçoes: http://www.fatma.sc.gov.br/

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Não, eu não estou falando de políticos tampouco de piratas ou gangsteres, pois a palavra bando é mais empregada para definir uma quadrilha de ladrões do que para um grupo de músicos, escoteiros ou conservacionistas, talvez um bando de artistas ainda vá lá.

O bando misto: Saíra-sete-cores Tangara seledon e fêmea do Saí.

Encontro com um bando misto

texto e fotos: Neno Brazil

Polvinho sobre a telha...

O polvilho subindo. foto Rooney Rech

No nosso caso trata-se de um bando de aves, que apesar da imediata relação com a leveza e a liberdade desses seres alados trata-se de um verdadeiro saque, uma associação para forrageio intensivo dos recursos da mata com a segurança do bando. Encontrei pela primeira vez com um bando desses no começo do nosso inverno austral. Fomos à casa do avô do nosso amigo Luiz na localidade de Vila Hoffman (município de São Pedro de Alcântara, SC - Brasil) uma comunidade próxima a açoriana ilha de Santa Catarina, mas de colonização germânica. Lá chegando, um café colonial na casa da Vó, e depois o Vô de 79 anos nos recebeu fazendo farinha e nos serviu da cachaça que fabrica ali também num engenho do início do séc. XX, feito a mão, de madeira com uma engenharia do séc. XIX. É bonito de ver aquelas engrenagens funcionando à água. O pai e o tio dele, um deles nascido na Alemanha, construíram um açude e canalizaram na pá e na picareta, parte da água do rio para uma roda d'água que move o engenho de farinha e cachaça e também uma outra que traciona uma máquina artesanal de transformar troncos em tábuas, postes e palanques de cerca . A água move os dentes de madeira que moem a cana-de-açúcar para fazer cachaça, ralam a mandioca para fazer farinha e movem a pá de madeira que mexe a mandioca ralada sobre o cobre quente e a transforma em farinha. Esta “paellera” de cobre imensa sobre um forno torra a massa da mandioca e a torrefação faz subir um pó, que se chama polvilho (acho que em algumas línguas), mas que não é aproveitado, apenas tudo se cobre de branco como se pode ver nas fotos do Rooney que arriscou entupir sua lente de pó focando as teias cheias de farinha. Eu me afastei um pouco do engenho aonde o Ben filmava a roda d'água e sentei na beira do mato por onde passava o canalzinho que ia para a roda. Esperava rever umas aves coloridas que tinha visto de relance antes, ali próximas da água. A massa da mandioca torrando num forno de latão. Foto Rooney Rech


Apesar da luz não ser muito boa (estava nublado) preparei a câmera com a lente 400 mm, fiz uma foto do telhado branco de farinha. Sentei numa pedrinha atrás de uns arbustos para esperar as aves, mal me acomodei percebi um bando chegando por entre as árvores vindo na minha direção. Eram uns cinco ou seis pássaros coloridos no núcleo do bando com pios e outras aves acompanhando perifericamente o deslocamento do grupo pelas galerias da mata. Estes cinco ou seis pássaros, eu não os contei, pois fiquei tão perplexo que não sabia para qual olhar, vieram todos para o arbusto imediatamente à minha frente e ficaram a 60 cm da ponta da minha lente (que só começa a focar a partir de 3,50metros). Por puro reflexo ainda tentei focar, mas baixei a câmera e fiquei apenas olhando as Saíra-militar, Saíra-setecores, Saí-azul e sua fêmea verdinha e eu acho que vi uma Saíra-lagarta também....Todas me olhando fixamente parecendo curiosas com a minha estupefação e alegria frente a elas. O tempo parou por uns segundos e de repente todas voaram como se numa coreografia criada pelo vento por entre as árvores da floresta. Fiquei atônito por uns instantes e saí correndo também para o lado do açude, atrás delas, tentando fotografá-las. Encontrei um pequeno e irrequieto passarinho que ficou bem no foco e foi o melhor registro que fiz do bando misto naquele dia, era o Pula-pula que depois, descobri em pesquisas “googleanas”, funciona como uma espécie de catalisador para o fenômeno do bando misto. Existem diversos tipos de formações desses bandos mistos, variando conforme a época do ano, ou a presença de alguma espécie migratória, ou o tipo de mata ou alteração no meio ambiente, ou estação reprodutiva, mudam os pássaros associados conforme essas variáveis. Não há consenso sobre o que move os pássaros de espécies diferentes a cooperar formando tais bandos.

Saí-azul Dacnis cayana, membro do bando.

Saíra-militar Tangara cyanocephala.

Saíra-sete-cores Tangara seledon .

Também não sei, mas sei que bonito de ver é.

Neno Brazil. entre outras coisas, é passarazzi. passarazzi.blogspot.com

Pula-pula Balasileurus culicivorus é o centro do bando.


textos: Reinaldo Caruso e site Çarakura fotos: Juliana Saldanha e arquivo Çarakura

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Instituto Çarakura Desenvolver o aprimoramento das habilidades humanas, associadas à recuperação e proteção dos ambientes naturais tendo por objetivo a experimentação de sistemas sustentáveis que permitam uma relação harmônica dos seres humanos com a natureza. Essa é a Meta do Instituto Çarakura Na década de setenta, Percy Ney Silva, o “Ney”, tinha uma dúvida. Fazer um curso de regência musical no exterior ou um curso de agronomia em Florianópolis. Optou pela “arte de plantar alimentos”, como ele mesmo diz e juntando suas economias com o dinheiro da venda de uma moto comprou 15 hectares de terra no Canto do Moreira, distrito de Ratones, para onde se mudou em 79. A primeira necessidade que sentiu foi de acumular água para gerar um ambiente mais húmido, regar as plantas e tomar uns banhos. Na época de aquisição das terras, a nascente que atravessa a propriedade encontrava-se seca e desvitalizada, tendo água acumulada apenas nos períodos de chuva. Meio que só acomodando as pedras e acompanhado um desenho das rochas maiores que já existiam no local, acabou surgindo uma piscina com a forma de um coração, a forma que veio a descobrir ser usada no Flowforms. Basicamente, Flowforms são esculturas criadas com a forma de um coração, onde a água circula em movimentos de vórtices e meandros formando desenhos iguais ao do símbolo do infinito. São utilizadas no processo de depuração da água com a finalidade de aumentar as qualidades químico-físicas e propriedades organoléticas. A circulação impede também que a água esquente tornando-se imóvel e morta e facilitando o desenvolvimento de bactérias. Logo a vegetação em torno ressurgiu. Basicamente, a intuição do Ney já estava lhe indicando o caminho a seguir em sua vida e se ainda haviam dúvidas elas logo acabariam.


Em abril de 1980, seis meses após chegar em Ratones, Ney foi acordado por vizinhos no meio de uma noite chuvosa. Ouviram pelo rádio que um avião tinha caído, batido contra o Morro da Virgínia, em Ratones e resolveram ir até lá para ajudar. No caminho encontraram com o senhor que era dono das terras e que conhecia as picadas, que lhe falou que só subiria se ele fosse junto, senão ele não iria não. Resolveram subir, de noite, com chuva e sem lanterna e encontraram um cenário de horror: Em meio aos destroços ouvia-se gemidos de sobreviventes, misturados com o cheiro de carne humana queimada. Sem saber direito o que fazer, Ney reparou que um helicóptero tentava desesperadamente encontrar um local para pouso. Ao olhar para traz, reparou numa névoa azul clara, mostrando que havia uma vegetação plana, um local plano alí. Correu para o local e começou a baixar a vegetação (vassourão) com as mãos, até atingir uma área que permitiu o pouso do helicóptero, desembarcando médicos, socorristas e equipamentos de resgate. Foi a primeira vez entre várias outras que a nuvem azulada lhe apareceu, desta vez como que se fosse para confirmar o caminho que estava seguindo: ajudar as pessoas através do manejo da Natureza. E aí partiu para a construção da sua casa. Iniciava-se o ciclo das construções. Com apenas a pequena experiência de participar da construção de uma casa de pau a pique no litoral de São Paulo, aos 16 anos, Ney começou a construir sua casinha. Juntou pedras e troncos do local e acrescentou um pouquinho de uma antiga casa em demolição no Ratones. Apaixonando-se também pela auto-construção, surgia o núcleo do que viria a ser o Instituto Çarakura. Aproveitando de uma época em que materiais de antigos engenhos desativados e materiais de demolição de grandes casas no centro de Florianópolis eram descartados e dados de graça ( madeiras como peroba e canela), foi expandindo a casinha. A busca pela recuperação do espaço natural , bem como estabelecerse de forma integrada a natureza do lugar , fundamentaram a decisão de Ney em fixar-se neste local, o qual habita já a mais de 30 anos. O intenso trabalho de recuperação da mata ciliar, o trabalho contra a caça, a inibição do uso de “coivara” ( queimada do solo) e a edificação de sua morada natural , foram ações fundamentais nos primeiros anos de vivência do então estudante de agronômia, junto a floresta do Rio Ratones, bioma o qual a propriedade rural encontrase inserida. Após alguns anos, já eram visíveis os resultados sobre as intervenções em prol da recuperação da área. A nascente ganhando corpo d’água através da recuperação da mata ciliar e de pequenos represamentos, a floresta nativa se desenvolvendo, a perseguição aos animais já não era tão escandalosa... Em 97 o destino uniu Andrea de Oliveira a vida de Ney. Récem chegada de Lages para cursar Engenharia Sanitária e Ambiental na Ufsc, Andrea procurava um local para morar na Lagoa da Conceição. Ney, por essa época, ajudava a família no projeto de uma pousada na Lagoa da Conceição. Já deu pra imaginar o que aconteceu. A empatia foi recíproca e logo começaram a compartilhar os mesmos sonhos e a mesma missão.


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Em março de 2007, Ney e Andrea, juntos a mais 20 amigos, fundam o Instituto ÇaraKura, uma ONG ambientalista, sem fins econômicos, formada por profissionais de diversas áreas, voltada ao desenvolvimento da Pesquisa Científica, Educação Ambiental e Proteção de áreas Naturais, tendo o Sítio ÇaraKura como sede administrativa e unidade experimental em tecnologias sociais. Os projetos e práticas pedagógicas desenvolvidos pelos membros do Instituto ÇaraKura já beneficiaram mais de cinco mil crianças e jovens. As atividades propostas buscam desenvolver o aprimoramento das habilidades humanas, associadas à recuperação e proteção dos ambientes naturais; tendo por objetivo a experimentação de sistemas sustentáveis, que permitam uma relação harmônica dos seres humanos com a natureza, promovendo a sensibilização e principalmente a participação ativa das crianças, jovens e adultos em atividades éticas ligadas ao uso sustentável dos recursos naturais. Desde 2002 desenvolvem um projeto permanente de Educação Ambiental, baseado na visitação de escolas públicas e particulares da cidade de Florianópolis e região ao Sítio ÇaraKura. Caminhar na mata, tomar banho de rio, plantar, colher, cuidar dos animais, preparar alimentos e outras tarefas peculiares impossíveis de serem desenvolvidas na escola pela falta de áreas naturais, ganham importância como atividade educativa. A intenção é possibilitar um espaço onde crianças e jovens possam vivenciar de forma lúdica e corporal, os mistérios e revelações dos reinos da natureza e sua relação integrada aos ciclos naturais, como Percepção Ambiental, semeando no espírito da criança o amor e respeito por todos os seres e preparando os jovens para uma atuação mais consciente no planeta em que vivemos. Promovem regulamente cursos e oficinas de Bioconstrução, PDC’s (planejamento e desenho permacultural), formação de professores com ênfase na questão ambiental, Educação para a Cultura de Paz, Arte Culinária, além dos projetos Trote Solidário, Unidade de Conservação, Integração entre os Povos, Resgatando a Cultura, Mudas Brasil e Casa Ecológica. O Instituto Çarakura conta ainda com a parceria do Núcleo de Educação Ambiental do Centro Técnologico da UFSC (NEAmb), Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE-UFSC) e da Rede Viva da Ilha.


Anibens No Çarakura os bichinhos podem viver tranquilos e sem medo de serem desejados para o almoço. Todos tem seu nome e são tratados como da família e andam livres pelo sítio. Além do constante trabalho de observação, pesquisa e prática agrícola, cultivo de hortas, hortos e pomares, constantemente são desenvolvidos na sede do Instituto ÇaraKura oficinas que promovam hábitos alimentares saudáveis. As oficinas são desde vegetarianismo, alimentação sutil, crudivorismo, alimentação vegana, alimentação macrobiótica até panificação, confecção de geléias, queijos, massas e outros, sendo realizadas para adultos e crianças. Reserva ÇaraKura Em fase de andamento, prevê a implementação de uma Unidade de Conservação denominada RPPN, “Reserva Particular do Patrimônio Natural”, no Sítio ÇaraKura, sede do Instituto ÇaraKura, com objetivo de assegurar a perpetuidade de preservação desta porção fundamental de ecossistema insular de Mata Atlântica. Para realização deste projeto, o instituto conta com o fundamental apoio do GPDA, Grupo de Pesquisa em Direito Ambiental da Universidade Federal de Santa Catarina, o qual vem desenvolvendo os aspectos jurídicos e burocráticos do processo. Outro parceiro de destaque é o NEAmb, Núcleo de Educação Ambiental do Centro Tecnológico da Universidade Federal de Santa Catarina, o qual facilita o envolvimento da universidade na formação dos grupos temáticos, bem como o apoio de diferentes departamentos, fundamentais colaboradores na elaboração e implementação do Plano de Manejo da futura Reserva ÇaraKura. Para saber mais: www.institutocarakura.org.br Nas fotos, Ney, a família Çarakura e Andrea


O Vôo Livre

Quem sabe o que diria Leonardo da Vinci diante desta portátil aeronave, que se pode carregar nas costas, como um casulo, e sair a passos assoviando uma canção...

A Parapente Sul começou suas atividades em 1991, quando Carlos Alberto Dal Molin Silva, o Alemão trouxe da Espanha para Floripa o primeiro “brinquedo”. Professores de educação Física, descontentes com a política educacional e os baixos salários, Alemão e Márcia de Almeida viram que o esporte alem de agradável, tinha a “cara da Ilha”, e poderia ser também um bom negócio. Investiram em equipamentos, marketing, e desenvolveram sua própria metodologia baseada nas escolas européias, que primam pela segurança. Começaram com amigos que queriam aprender; depois começaram a surgir os amigos dos amigos... “Nossa maior batalha sempre foi para divulgar a imagem positiva do parapente, o que era a chave do nosso negócio. Só nós dois, Alemão e eu, voávamos aqui em Florianópolis, e até então não se via matérias em jornais, revistas ou mesmo na tv”, conta Márcia. Para completar existia um forte preconceito dos próprios voadores de asa delta e outros planadores, que consideravam a aeronave muito frágil, por ser desprovida de uma estrutura rígida. Apelidaram-no de invertebrado! Era realmente uma idéia bem inovadora...

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Quem sabe o que diria Leonardo da Vinci diante desta portátil aeronave, que se pode carregar nas costas, como um casulo, e sair a passos assoviando uma canção... Desmistificar é sempre algo difícil...Mas aos poucos o céu vai sendo invadido, por centenas de voadores com seus parapentes coloridos e despertando cada vez mais nos habitantes terrestres o sonho de voar como os pássaros! Toda a dedicação e muito trabalho sério deram resultado, o reconhecimento foi surgindo naturalmente e foram investindo cada vez mais na idéia! “Hoje conseguimos ter uma boa estrutura e patrocínio de grandes empresas, acompanhando a velocidade do mercado mundial”, diz Márcia A Parapente Sul sem dúvida é uma das maiores escolas do Brasil. Comerciantes, médicos, artesãos, dentistas, policiais, professores, surfistas, compositores, aposentados, publicitários; mais de 1200 alunos; gente que percebe as armadilhas do mundo capitalista e foge para “reencontrar o lado lúdico da vida”!


foto: Cid Junkes

A iniciação ao parapente é realizada nas dunas da praia da Joaquina e também nas dunas da av. das Rendeiras, principais pontos turísticos de Floripa. É fato que as dunas inspiram confiança na maioria das pessoas. Com suas areias fofas, o visual do mar e da lagoa ao fundo, tudo contribui para que se fique mais à vontade em contato direto com a natureza... Parece brincadeira, dar pequenos vôos de 2, 3 ou 5 metros de altura. Enquanto perde-se o medo, são acrescentados pequenos detalhes no decorrer das aulas, assim, aprende-se procedimentos de decolagens, curvas e pousos. Então é hora de se conhecer a famosa duna Waimea, com cerca de 40 metros de desnível, para se adaptar a novas alturas e poder aumentar gradativamente o ângulo de inclinação das curvas. Paralelo as dunas são feitos também aulas em morrotes de 30m e 40m de desnível em Santo Amaro da Imperatriz, à cerca de 30 km de Floripa, para se perceber as diferenças do movimento do ar no litoral e no interior e a se adaptar a estas mudanças. Muitas aulas depois são feitos alguns vôos duplos e repassam no ar técnicas sobre aproximação e pouso e checam o nível de adrenalina. Quando se está emocionalmente maduro e com domínio prático e teórico suficientes, se está pronto para fazer o primeiro vôo solo da montanha, sempre realizados na praia Mole, eleita o local padrão de segurança para iniciantes no esporte. Devido à aproximação com o mar, o vento é constante e livre de turbulências. O pouso é na própria areia da praia, com uma excelente extensão e largura. São três vôos solos com equipamentos da escola. Se você gostou da brincadeira e quiser realmente continuar voando, é então a hora de investir em seu próprio equipamen-to! A Parapente Sul dá toda a assessoria necessária para que você saiba exatamente o que está adquirindo. Na própria empresa você irá encontrar um centro de manutenções completo, além de uma grande diversidade de equipamentos novos, usados e acessórios.

foto: Carlos Fernandes

foto: Flávio Vidigal

Para mais informações sobre cursos e vôos duplos ligue para 48 3232-0791 ou no site: www.parapentesul.com.br

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textos: Reinaldo Caruso

Reiki

Uma terapia baseada na cura pela energia universal, direcionada por meio das mãos, com o objetivo de restabelecer o equilíbrio energético vital!

Ao longo da história da humanidade existem inúmeros casos sobre o poder de cura pela energia que flui pelas mãos, sendo os de Jesus e Buda os mais famosos. E foram justamente eles que motivaram a Mikao Usui, um padre católico no Japão de 1900 a estudar e investigar esse grande mistério. Certa vez, Mikao Usui foi interpelado por um seminarista sobre que está escrito na Bíblia que Jesus curou os doentes e se ele acreditava nisso porque estava escrito ou se já tinha visto acontecer. Usui respondeu que acreditava mas nunca tinha visto. A partir de então, Usui dedicou-se a investigação. Viajou aos EUA onde fez doutorado em Escrituras Sagradas na Universidade de Chicago, estou antigas linguas para ler os textos originais, voltou ao Japão para pesquisar sobre o assunto no Budismo e viajou ao Tibet para estudar as Sutras (escrituras budistas), onde encontrou os símbolos sagrados do Reiki mas não a maneira de como utilizá-los. Em 1908, Mikao Usui resolveu subir o Monte Kuruma, um monte considerado sagrado no Japão, para jejuar e meditar sobre o assunto.

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Vinte e um dias depois teve a visão e a compreensão dos significados dos símbolos e sua utilização. Foi assim que Mikao Usui recebeu sua iniciação e re-descobriu o Reiki. Mikao Usui inicialmente trabalhou com mendigos e pedintes para que pudessem ser reintegrados na sociedade, mas após melhorarem retornavam a mendicância por acharem a vida mais fácil. Percebeu então que não adiantava curar apenas o corpo físico, era necessário também trabalhar o caráter da pessoa passando noções de responsabilidade e gratidão. A partir de então Mikao Usui adotou os 5 preceitos do Reiki, princípios que deveriam ser tratados como mantras e por isso sempre recitados para que se possa alcançar paz e iluminação e resolveu que só ensinaria a quem pedisse ajuda. Mikao Usui faleceu em 9 de março de 1926, aos 62 anos de idade, deixando 16 mestres de Reiki formados por ele.

Os preceitos do Reiki. Ao lado o ideograma que simboliza a Só por hoje: palavra Reiki. Rei significa as Não se preocupe vibrações de Não se aborreça harmonia da energia Honre pais e mestres vital do Universo e Trabalhe honestamente Ki a energia vital Seja gentil com todos os seres da pessoa.

Acima, Patricia Danielli, massoterapeuta e Mestre em Reiki, numa aplicação de Reiki.


O Reiki enquanto terapia O Sistema de Reiki tradicional ensina que a energia Reiki é uma energia inteligente, que sabe o que fazer, ou seja, a energia sente a necessidade do paciente: muda de cor, e até de intensidade e segue para o local necessário. Também afirmam que, por outro lado, o ser humano possui o livre arbítrio e caso o paciente não esteja aberto ao tratamento (predisposto a enfrentar as causas de suas emoções, vivências, pensamentos, sentimentos, e ações) a energia não fluirá: não terá efeito duradouro no organismo, podendo até mesmo ser bloqueada pelo paciente. Nesse caso, o desequilíbrio energético persistirá, assim como a raiz do problema íntimo. Segundo a visão holística, as doenças são criadas antes no mundo sutil: se manifestam nas várias camadas da aura a terminar com a última manifestação física que é o corpo humano (denso). O Reiki atua nas camadas sutis da aura: age no mundo invisível, e quando remove o padrão energético do desequilíbrio em todas as camadas a manifestação física é a cura do paciente. O tratamento é tradicionalmente efetuado ao impor-se as mãos. O reikiano solicita ao paciente para deitar. Em seguida há a imposição das mãos do reikiano sobre o paciente. O reikiano atua como um canal para a energia Reiki, a energia flui da palma de suas mãos (chakra das mãos) para o corpo sutil e físico do paciente. Alguns pacientes relatam sentir várias sensações subjetivas e objetivas: calor, frio, pressão, sonolência, vibrações, etc. Os praticantes de Reiki atribuem estas sensações à energia Reiki chegando ao corpo e à aura de quem a recebe. É normal no início do tratamento o paciente sentir a reação de limpeza que consiste num agravamento do estado negativo do paciente, que cessa logo que o bloqueio seja totalmente retirado. Durante esse período, variável para cada paciente, é comum os sentimentos que estavam guardados como rancor, raiva, sonhos, medo, ou outros serem revividos, até afastamentos de amigos, namorados (as) ou pessoas perniciosas que prejudicavam a vida do paciente. O Reiki repara necessidades energéticas: desbloqueia nós dos canais energéticos, traz mais energia onde o fluxo era menor ou redistribui energia presa em algum local para o restante do corpo através do desbloqueio. Alguns pacientes nada sentem, outros relatam sentir muito pouca ou nenhuma alteração, mas é comum para a maioria a sensação de relaxamento ou sono. fonte:wiki

Bárbara Rios: Uma vida dedicada à terapias naturais. Bárbara saiu cedo do Rio de Janeiro, sua cidade natal. Casou e veio morar em Tubarão. Encontrou-se com a mãe mais tarde em São Paulo e acabou herdando o Centro Ananda de Terapias Holísticas, onde aprendeu e ensinou Yoga, terapias corporais e terapias com plantas. No início da década de noventa veio a Floripa onde montou o Centro Holístico Luz Dourada, um dos pioneiros por aqui. Em 94 conheceu o Reiki através de um mestre argentino, com quem fez sua iniciação aos níveis I e II. Essa técnica bateu muito forte nela e não mais conseguiu parar. Como ela mesmo diz, “ a primeira coisa que o Reiki faz é trabalhar a pessoa, você não precisa fazer nada, só permitir que a energia atue sobre suas mãos, sobre seus olhos”. Em 2000 iniciou o Centro Metafísico Atman Amara, um lugar que reúne profissionais e amigos simpatizantes de terapias naturais, vivências de autoconhecimento e práticas que nos tragam liberdade e qualidade em nossas vidas. www.atmanamara.com.br

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texto: Karoline L. Fendel fotos: Juliana Saldanha

Rede Viva da Ilha A Rede Viva da Ilha nasce de uma necessidade de unir, divulgar e fortalecer as diversas iniciativas que tem como foco a sustentabilidade, considerando a sua abrangência social, cultural, ecológica e econômica, inicialmente em Florianópolis, podendo abranger futuramente outros municípios.

Unir – Para unir estas iniciativas foi criado um catálogo de “Iniciativas Sustentáveis”. O catálogo possibilita que os participantes estabeleçam parcerias entre eles e um contato mais eficiente com os consumidores. Divulgar – A rede dispõe também de um site na internet aonde os responsáveis podem cadastrar suas iniciativas. O site funciona como um catálogo permanente online. Fortalecer – Para ser forte não basta estar junto é necessário inter-ação e criar elos. Para facilitar a interação, existe a rede, que é uma excelente forma dos centros urbanos e rurais buscarem a sustentabilidade. O projeto é promovido pelo Instituto Çarakura e se inspira nas diretrizes da economia solidária, que promove a solidariedade, cooperação e a autonomia. A rede é uma nova forma de fazer economia, de despertar valores e sentimentos internos profundos que possibilitam uma mudança social. A rede funciona atualmente com um grupo virtual de emails e um grupo menor de pessoas, que auxiliam na organização de algumas atividades e eventos da rede, como feiras de trocas, oficinas, encontros; Aqui é onde o céu o limite e os integrantes podem usufruir da criatividade. A rede não é formada por representantes de entidades e sim por pessoas, que conscientemente buscam formas e atitudes de manifestar um mundo melhor. A evolução da rede é conseqüência do engajamento, compromisso de cada integrante participante. Quer participar? Mande um email para: redevivadailha@gmail.com, cadastre-se no grupo virtual e visite o site. Fique atento aos encontros da rede.

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Mais informações: www.redevivadailha.com www.institutocarakura.org.br

Karoline L. Fendel Bióloga e Integrante da Rede Viva da Ilha karolfendel@yahoo.com.br




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