Jornal Farol Alto

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Informativo mensal da AleAkashi Comunicação - ano 1 - número 1 setembro 2012

Distribuição gratuita

Farol Alto Jornal

Sonho de consumo Avaliamos o carro de série mais exclusivo disponível no mercado brasileiro Pág. 4

Lançamento Audi A5 e S5 Agora são sete versões disponíveis do modelo para o consumidor brasileiro Pág. 7

Lançamento Audi A1 Sport Com motor 1.4l dual turbo, de 185 cv, o corpo cola no banco e é diversão pura Pág. 6


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São Paulo, setembro de 2012

Editorial

O primeiro é inesquecível Amigos leitores, é com muito prazer que apresentamos o Jornal Farol Alto, uma publicação singular, feita por um homem só (por enquanto). A ideia é reunir em uma edição os textos que produzo para o Blog Reparador OnLine, os sites Carplace e People Power, assim como alguns press releases dos clientes PPG Refinish e IQA - Insituto da Qualidade Automotiva. Assim, este é o primeiro número de uma série interminável, uma vez que a proposta deste jornal é como um matrimônio: até que a morte nos separe. Enquanto a AleAkashi Comunicação existir, o nosso jornal será editado, uma vez por mês, trazendo as principais reportagens produzidas por este humilde jornalista. Já faz tempo tive esta ideia, porém somente agora a oportunidade de reunir alguns textos. Nesta primeira eidção estão os que considero os mais interessantes produzidos no últimos meses. A avaliação da Mercedes-

Benz SLS 63 AMG é, sem dúvidas, a que deu mais prazer, não porque se trata de um carro caro ou potente, mas pela exclusividade que o modelo oferece a quem o dirige. Acredito que existem poucos modelos que chamem tanta atençãõ e causem tão boa sensação de dirigir quanto ela. Também não podia ficar de fora dessa edição os mais recentes lançamentos da Audi: o A1 Sport, uma espoleta alemâ que promete dar mais ânimo para quem busca um compacto premium esportivo mas sem chamar tanta atenção nas ruas, e a família 5, formada pelo A5 e pelo S5, nas versões Sportback, Coupê, e Cabriolet, com motores quatro-cilindros e V6, de 180 cv, 211 cv e 333 cv. Uma experiência muito gratificante para quem tem mais de R$ 110.000 para investir em um carro (preço do A1 Sport, na versão básica). Esta edição está, assim, recheada de modelos exclusivos e caros. Não serão todas

desta forma, infelizmente, mas, como é a primeira, melhor ser especial. Impostos Aqui, quero fazer um breve parênteses para abordar o tema custo do carro zero km no Brasil. Penso ser lamentável o preço que o brasileiro paga pelo carro zero km. Nos nacionais (fabricados no Brasil, Argentina e México), incidem 40% de impostos, em média, enquanto nos importados, quase 200%. Isso mesmo, o preço triplica em relação ao valor original do veículo. Alguns dias atrás estava estudando uma tabela de preços, quando me dei conta de que o Sonic, um dos recentes lançamentos da GM, é importado da Coréia. Mesmo com 200% de imposto, custa para o consumidor algo em torno de R$ 50 mil. Em outras palavras, sai de lá, por uns R$ 15 mil (além dos impostos há o lucro, o que representa algo em torno de 30%

a 40% a mais, além dos 200%. O mesmo deve ocorrer com os modelos da JAC, Kia e Hyundai. Isso é que é mercado bom! Que outro país do mundo aceitaria isso? Deve haver, mas não com um mercado de quase 4 milhões de veículos por ano! Precisamos de carros novos e de alta tecnologia? Sim, precisamos. Mas não a este preço! Se ao menos todos esses impostos fossem revertidos em melhores condições de vida, saúde, educação, emprego e renda, que permitisse trocar de carro a cada dois anos, ou ainda que o veículo próprio deixasse de ser artigo de luxo para ser uma prestação de serviço, com maior acesso, tudo bem. Mas, não é o que ocorre. Pagamos caro por carros simples, para rodar em vias defeituosas, sob uma legislação antiga e falha. Pagamos mais do que deveríamos e ganhamos menos do que merecemos. Até quando?

Curtas

Carros do Lata Velha ganham pintura ecológica Parceira entre PPG Refinish, líder de mercado em produtos de repintura automotiva, e G59, oficina responsável pela transformação dos carros do quadro Lata Velha, do Caldeirão do Huck, deixa, a partir de agora, os carros do programa mais ecológicos, em relação à pintura. Isso porque a PPG Refinish passa a fornecer para a G59 um leque completo de produtos da linha à base d’água, Envirobase High Performance. “Além disso, disponibilizamos para a G59 todo nosso catálogo de cores da linha Vibrance, especialmente desenvolvida para personalização automotiva”, afirma Daniele Brenha, responsável pelo Marketing da PPG Refinish.

O Fusca da Selma, primeiro carro pintado com as tintas Envirobase High Performance, da PPG Refinish

Mohamad Leandro, proprietário da G59, comemora a parceria. “Sempre que experimentamos pintar os carros do programa com tinta à base d’água, percebemos melhor qualidade no acabamento, e isso para nós é fundamental, pois o nível de exigência é muito alto”, afirma. “A parceria com a PPG Refinish fará grande diferença, principalmente para o dono do carro, que ganha com qualidade”, diz o empresário. Entre os produtos fornecidos pela PPG Refinish estão as tintas à base d’água, vernizes, polidores, além de todo equipamento técnico necessário para a mistura de pigmentos que permite elaborar cores exclusivas para cada transformação.

Expediente Edição, reportagem e fotografia Alexandre Akashi (MTB: 30.349) aleakashicom@gmail.com

Direção Comercial Jéssica Akashi 11.2925-7107

O Jornal Farol Alto é uma publicação da AleAkashi Comunicação www.aleakashi.wordpress.com

Todos os texto aqui publicados são fruto do trabalho desenvolvido mensalmente por Alexandre Akashi, jornalista especializado no setor automotivo, com ênfase no aftermarket e bons conhecimentos teóricos de mecânica. Algumas matérias podem ser conferidas também nos sites Carplace (www.carplace.com.br), People Power (www.ppow.com.br) e no Blog Reparador Online (www.reparadoronline.blogspost.com). Apenas os textos das seções Curtas e Colunas podem ser reproduzidas sem prévia autorização.


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Coluna PPG Refinish

Coluna IQA

Participação na Feitintas 2012 A PPG Refinish participa da Feira e Simpósio Internacional de Tintas - Feitintas 2012, que ocorre de 18 a 21 de setembro, no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo. Na ocasião, a empresa apresenta as novidades em tintas e revestimentos da linha automotiva, com destaque para o sistema base água Envirobase High Performance, mais ecológico e rentável para as oficinas. O estande da PPG Refinish, localizado na Rua 1, contará com exposição de carro especialmente preparado para a feira, pintado com a mais alta tecnologia de tintas a base d’água pela Garage 59, a oficina do quadro Lata Velha do programa Caldeirão do Huck. Outro destaque da PPG no evento será a participação dos profissionais da empresa no Simpósio Internacional de Tintas – Repintura Automotiva, que ministrarão palestras com os temas Sustentabilidade e Repintura (Fábio Rodrigues, Marketing PPG Refinish), e Profissionalizando o Canal de Distribuição (Vinícius Ravalia, Marketing PPG Refinish).

Instituto alerta aos requisitos necessários à certificação de autopeças

Linha de produtos a base d1água Envirobase High Performance Rodrigues ministra palestra no dia 19, às 16h, enquanto Ravalia se apresenta no dia 20, às 15h. No dia 21, a PPG Refinish apresenta ainda palestra especial, com o tema Marketing na Gestão de Oficinas, ministrada Mohamad Kahil, proprietário da Garage 59. “Preparamos um evento especial para nosso público, com muitas informações sobre nossas linhas de produto e algumas atrações especiais. Além

disso, estaremos participando do simpósio onde levaremos conhecimentos e informações importantes para os reparadores, proprietários de oficinas e para os lojistas do setor”, afirma Fabricio Vieira, gerente de Marketing da PPG Refinish. O Centro de Exposições Imigrantes fica na rodovia dos Imigrantes, km 1,5 – Água Funda. A Feitintas ocorre de 18 a 21 de setembro, das 10h às 19h.

No Campeonato Brasileiro de Marcas, patrocínio ao piloto Marcelo Lins A PPG Refinish marca presença no Campeonato Brasileiro de Marcas, por meio de patrocínio ao Ford Focus número 71, do piloto Marcelo Lins. “Esta é uma oportunidade de associar a marca PPG Refinish aos elementos competitivos que o automobilis-

O Ford Focus 71 agora faz alusão à marca

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mo proporciona com destaque para a agilidade e arrojo, itens fundamentais em um carro de corrida e respectivo piloto. Estes estão presentes também nos nossos produtos, além de outros elementos como alta tecnologia, eficiência, produtividade e rentabilidade”, afirma Daniele Brenha, do departamento de Marketing da PPG Refinish. O Campeonato Brasileiro de Marcas está na quinta etapa, que ocorre no domingo, dia 23 de setembro, no Rio Grande do Sul, no autódromo Velopark. O piloto Marcelo Lins está confiante. “A expectativa é boa, o carro está equilibrado e vamos dar o correto acerto para que ande sempre na frente”, afirma. As próximas etapas ocorrem no Rio Grande do Sul, no autódromo de Tarumã no dia 28 de outubro, Londrina, no Paraná, dia 18 de novembro e finaliza em Curitiba em 2 de dezembro.

O IQA - Instituto da Qualidade Automotiva, órgão de fomento da qualidade no setor automotivo e organismo de certificação acreditado pelo Inmetro, criado e dirigido pela Anfavea, Sindipeças, Sindirepa e outras entidades do setor, alerta aos fabricantes de autopeças que precisam se enquadrar na portaria nº 301 (amortecedores, bomba de combustível elétrica, buzinas, pistões/pinos/travas, anéis de pistão, bronzinas e lâmpadas) da necessidade da implementação de um sistema de gestão da qualidade, baseado nas normas ISO 9000. “Esta exigência faz todo sentido, uma vez que não é possível certificar uma autopeça sem que ela passe por um processo produtivo padronizado e controlado, para facilitar a identificação de possíveis desvios na qualidade do produto”, afirma Alexandre Xavier, gerente de Novos Negócios e Marketing do IQA. O gerente do IQA comenta que muitas indústrias desconhecem essa exigência e por isso muitos processos demoram mais do que esperado. No entanto, Xavier enxerga uma oportunidade para a indústria nacional. “Esta é uma excelente oportunidade para a empresa investir em um robusto sistema de gestão da qualidade, certificado, que

significa ir além das exigências do Inmetro”, diz. Xavier comenta que este tipo de atitude traz muitas vantagens para a sociedade, para o consumidor e para a indústria, pois certificar o sistema de gestão da qualidade é uma garantia a mais de que o processo, como um todo, funciona como um relógio aferido, pois periodicamente passa por auditorias de acompanhamento para conferir a conformidade. Agilidade Assim, na hora de contratar a certificação do produto, o IQA recomenda também certificar o sistema de gestão da qualidade, pois ao realizar ambas certificações, a indústria ganha em tempo. Isso porque na maior parte dos processos de certificação do produto, a empresa passa inevitavelmente por uma auditoria no sistema de gestão da qualidade que, se for devidamente certificado, é apenas documental. Do contrário, existe todo um procedimento a ser realizado, exigindo a realização de auditorias periódicas. “Se ambas certificações forem realizados com o IQA, o processo de certificação do produto fica mais ágil ainda, pois é possível alinhar os procedimentos de auditoria de uma só vez, em prazos préestabelecidos”, revela Xavier.


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Avaliação

Mercedes-Benz SLS 63 AMG

Asas do desejo

Avaliamos um dos carros mais exclusivos do mundo e a verdade é que quando se está atrás do volante de um superesportivo como este, a velocidade é o que menos importa Texto e fotos: Alexandre Akashi

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ias antes de o telefone tocar com a excelente notícia dada pela assessoria de imprensa da Mercedes-Benz do Brasil de que eu era o próximo felizardo a avaliar a SLS 63 AMG “Asa de Gaivota”, estava indignado no sofá de casa, após assistir o programa Top Gear Norte-Americano com a a-valiação do modelo. Naquele momento pensei: “Poxa vida, precisava avaliar esse carro para saber se tudo que o comediante Adam Fer­rara falou é verdade”. Bom, Adam não gostou da versão moderna da 300 SL Gullwings. Como todo bom colecionador, disse que tem mais apreço pela ‘o-riginal’, produzida entre 1954 e 1963, e que serviu de inspiração para a SLS 63 AMG. Opinião dele. Também tenho a-preço pela Asa de Gaivota antiga, mas para ter na coleção, em exposição, usar no máximo para dar uma volta até o encontro de carros antigos e, se for muito aventureiro participar do Rallye Internacional 1000 Milhas Históricas Brasileiras, cuja segunda edição ocorreu entre os dias 21 e 24 de junho e contou com mais de 50 competidores, entre os quais o ex-piloto de Fórmula 1, Nelson Piquet. Os piores defeitos da SLS 63 AMG para Adam eram a posição para entrar no carro e o fato de a Mercedes não ter equipado o modelo com portas motorizadas, o que facilitaria o fechamento das portas. Realmente, entrar no carro é tarefa de piloto. Primeiro a perna direita, depois posiciona

Posto de condução tem câmbio tipo joystick e tela de LCD com navegador GPS

o quadril, ombros, cabeça, senta e por fim a perna esquerda. Neste exercício, não esqueça de esticar o braço esquerdo e puxar a porta para baixo enquanto senta o quadril no assento, e antes de bater a porta, não esqueça de puxar a perna direita para dentro do carro. Pronto. Achou complicado? Não é. Depois que se pega o jeito, dá até para tirar sarro dos amigos, que sempre vão esquecer de puxar a porta e vão ficar com o braço esticado golpeando o ar em uma vã tentativa de alcançá-la. A propósito, para abrir o carro pelo lado de fora é preciso se agachar, pois a maçaneta fica a uns 20 cm do chão. Um exercício e tanto, principalmente para os gordinhos e altinhos. Mulheres de saia também não se dão bem com esse sistema (Fico imaginando quanto tempo levaram para gravar as cenas em que a modelo e atriz Rosie Alice HuntingtonWhiteley entra e sai do Decepticon Soundwave no filme Transformers: O lado oculto da Lua). Assim, uma porta que se abre e fecha automaticamente faria bem mesmo, mas não é assim tão indispensável. A forma única de entrar neste modelo é um dos seus atrativos. Um dos seus charmes e o charme é o grande ponto forte da SLS 63 AMG. A lista de carros superesportivos disponíveis no mercado é grande. Todos têm em comum alta tecnologia, motores potentes (V8, V10 ou V12 sempre com mais de 500 cv), e preços exorbitan-

tes. Mas apenas um tem portas do tipo Asas de Gaivota. Outro charme é a estrela de três pontas e as letras AMG, que garantem a alta performance do modelo. Aliás, gostaria de agradecer o engenheiro Dennis, da AMG, que assina o motor da SLS avaliada. Sem ele esta matéria não seria possível. Fez um belo trabalho na montagem do motor. Parabéns. Em tempo: os motores da AMG são únicos, apesar de serem feitos em série. Cada um é montado por uma única pessoa, um engenheiro, responsável por encaixar cada peça, apertar cada parafuso, de acordo com o torque estabelecido pelo projeto. Ao final da montagem, ele ‘assina o motor’; uma chapa metálica com o nome dele faz parte dos componentes do propulsor. Um charme a mais de exclusividade. Coração O motor montado pelo engenheiro Dennis é um V8 aspirado, de 6.3 litros, que desenvolve 571 cv de potência a 6.800 rpm e torque máximo de 650 Nm a 4.750 rpm. Acoplado ao câmbio automatizado de dupla embreagem de sete velocidades (AMG SPEEDSHIFT DCT), faz de 0 a 100 km/h em apenas 3,8 segundos, e atinge velocidade final de 317 km/h, limitada eletronicamente, claro. Como se potência não fosse o suficiente, esse conjunto motortransmissão é abarrotado de eletrônica embarcada que permite fazer da SLS 63 AMG um carro amigável ao trânsito ou um superesportivo

Com 571 cv de potência, a Mercedes-Benz SLS 63 AMG acelera fácil a 250 km/h endiabrado, quase incontrolável. Assim é possível escolher entre quatro diferentes tipos de condução: modo C (de Conforto ou Controle de Eficiência), S (Esportivo), S+ (Mais esportivo) ou M (Manual). Como todo esportivo de puro sangue, a suspensão é do tipo duplo wishbone independente nas quatro rodas, toda feita em alumínio forjado. O sistema de controle de estabilidade (ESP) possui três estágios: ligado, esportivo e desligado. Um para cada tipo de piloto. E por falar em alumínio, todo chassis e carroceria do modelo é feito neste material, que proporciona ao modelo excelentes 1.695 kg de peso, com distribuição de 48% na dianteira e 52% na traseira. A tração é traseira, claro, e o contato com o solo é feito por pneus 265/35 R19 na dianteira e 295/30 R 20 na

traseira. Sim, as rodas traseiras são 20 polegadas e as dianteiras, 19. Essas características construtivas fazem da SLS 63 AMG uma fera a ser domada, quando a proposta é pisar fundo. Mesmo com os sistemas eletrônicos de estabilidade e controle ligados, é possível sair de traseira com certa facilidade em curvas mais fechadas, pois apesar de toda tecnologia, quem manda é o pé do motorista. Assim, não é conveniente buscar os limites de um carro como esse nas ruas, avenidas nem estradas. Com 4.638 mm de comprimento, 2.075 mm de largura e 1.262 mm de altura, a SLS 63 AMG cabe em qualquer garagem, mas é preciso ficar atento ao ângulo de abertura das portas, que precisam de certo espaço (pelo menos uns 40 cm da parede) para abrir,


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h, mas a velocidade não é tudo neste bólido de quase R$ 1 milhão do contrário, sem chances. Em curta viagem até um parque de diversões próximo à capital paulista, os 200 km/h foram ultrapassados várias vezes, em questões de segundos, e o pior é que nem se dá conta que está a esta velocidade. Os 250 km/h chegam fácil também. Curioso é perceber pelo retrovisor alguns motoristas de outros carros tentando acompanhar o ritmo da SLS 63 AMG. Até conseguem, pois não se deve rodar a 250 km/h por longos trechos. Mas velocidade não é o mais importante em um carro desses. Claro que ninguém compraria um sabendo que toda esta obra de arte não ultrapassa os 300 km/h. Afinal, poucos mortais brasileiros dispõem de US$ 490.900 para comprar um carro que será usado no máximo um ou dois dias por

semana (só sendo muito insano para ter um carro desses como carro de uso no dia a dia). O status da estrela de três pontas em um emblema gigantesco na grade frontal que põe fim ao longo capô diz tudo sobre o carro e seu proprietário. O estrondoso ronco do motor ao dar a primeira ignição do dia, em que o sistema de injeção faz questão de anunciar a presença da SLS 63 AMG na área, faz corações pulsarem mais forte, pois os ouvidos alertam o cérebro de que o que está por vir é adrenalina pura, mesmo que seja um dia de trânsito intenso, como geralmente ocorre nas sextas-feiras. Popular Uma vez a bordo, todos querem ser seu amigo. Todos de olham, fazem sinais de positivo, filmam,

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Motor leva assinatura personalizada

Portas asas de gaivota

Aerofólio automático aos 120 km/h

Ajustes de performance do banco

Regulagem elétrica com memória

Encosto integrado ao banco

fotografam e fica claro o que todos sentem neste momento: um misto de alegria-inveja-tristeza-satisfação. A posição de dirigir é invejável, quase deitado, como em um Fórmula 1. Típico de superesportivo. O jeito certo de sentar para acelerar e se divertir muito. Pena que estrada não é pista de corrida e mais pena ainda que eventos em que proprietários de supermáquinas como esta podem acelerar a vontade são raros. Fica a dica para as montadoras. A chave é do tipo presencial. Basta tê-la no bolso e pronto. As maçanetas das portas aparecem e é preciso agachar para alcançá-las. Depois da ginástica para subir a bordo descrita acima, o que vemos no posto de condução é algo raro, e chama atenção principalmente a alavanca de câmbio, que não existe neste modelo, é apenas um joystick que faz papel de chave seletora para as marchas, R (ré), N (neutro) e D (drive). Para ligar o motor, basta pressionar o botão Engine Start Stop. Ao contrário da maioria das Mercedes-Benz, que tem botões de ajuste do banco na porta, na SLS eles estão no próprio banco, do lado da porta, o que dificulta de certa forma o uso, mas nada que impeça encontrar a posição perfeita. Como entrar e sair do carro é complicado, esse botão é usado sempre. No meu caso, afastava o banco e o volante (que também conta com controles de ajustes elétricos) até a posição máxima. Os famosos botões de memória dos ajustes dos bancos estão bem escondidos, e

para entendê-los é preciso descer do carro, analisá-los, memorizá-los e ai sim. Se os tivesse percebido antes, com certeza facilitariam.

do, onde há também botão para abertura do porta-malas (sim, tem e cabe 179 litros de bagagem). Acima, ficam os controles de iluminação. Claro que o modelo conta com acendimento automático dos faróis. O volante tem diversos botões, para controlar o áudio e o comutador de bordo, que surge em tela no painel de instrumentos, que conta também com velocímetro, conta-giros, indicador do nível de combustível e temperatura do motor. O computador de bordo tem as funções básicas e marca quilometragem percorrida, tempo, consumo etc., porém há uma modalidade AMG, que indica na tela informações úteis em uma corrida, como temperatura do óleo, água e transmissão, além de possuir um cronometro de voltas (Racetimer), que permite analisar diversos parâmetros de desempenho de cada volta em uma corrida. Do lado direito da coluna de direção há apenas a borboleta de mudança de marchas (marcha acima), já do lado esquerdo, todos os comandos de seta, ligar e desligar o limpador de para-brisas (que também tem uma posição automático) e piloto automático. Deu para perceber que tem um monte de botões, mas no decorrer do tempo, descobre-se que nem são tantos assim, poderia ter mais. A verdade é que não é carro para mas sim, potência e aparência. Tem tudo para tornar quem o dirige a pessoa mais popular do local. E o melhor de tudo é que se trata de um carro muito, mas muito divertido de dirigir.

Painel No console central, além do botão de ignição e joystick de marchas temos chave seletora do tipo de condução (C, S, S+ ou M), seletora do ESP, acionamento manual do aerofólio traseiro (que sobe automaticamente aos 120 km/h) e botão AMG, que nada mais é do que um botão de atalho para alternar o tipo de condução (vai sempre para um acima, se está em C, ao apertar vai para S, e assim por diante). Há ainda um joystick de controle de sistema multimídia, que conta com uma tela LCD de 7 polegadas, com opções de GPS (que estava desabilitado no modelo testado, uma pena), DVD Player, câmera de ré, rádio AM-FM com tocador de MP3 e Bluetooth. No porta-luvas há um cabo para adaptar porta USB e entrada de iPod/iPhone, mas não há porta USB exclusiva, o que decepcionou muito. Um carro de R$ 1 milhão que não tem porta USB de fácil acesso! Mas, porém, o sistema de áudio é assinado pela Bose é de alta fidelidade extremamente interessante. O sistema de ar-condicionado é automático, dual zone. Os bancos contam com aquecimento elétrico e sistema pneumático de ajuste das abas laterais dos acentos e encostos, e da lombar. Neste modelo, o freio de estacionamento é elétrico, acionado por um botão do lado esquer-


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Lançamento

Audi A1 Sport

Espoleta alemã Novo compacto traz motor de 1.4l de 185 cv e 250 Nm de torque máximo entre 2.000 e 4.500 rpm, que acelera de 0 a 100 km/h em 6,9s Chave no bolso, dedo no botão de partida e com um ronco suave, quase imperceptível partimos para o primeiro test drive com o novo Audi A1 Sport, versão apimentada do compacto de entrada da marca alemã, que estreou em maio do ano passado2011. No visual, as mudanças estão em pequenos detalhes, que somente um aficionado pela marca consegue distinguir: ranhuras no para-choque frontal, para auxiliar no resfriamento dos freios, moldura pintada em cinza na saia traseira, vinco lateral ascendente e novo aerofólio, mais esportivo. O diferencial está sob o capô, apesar de o motor ter a mesma base - bloco de ferro fundido de 1.4 litro e duplo comando de válvulas com variador de abertura das válvulas de admissão -. a diferença está nos acessórios, uma vez que o A1 Sport conta com dois

Motor dual turbo deu nova personalidade ao compacto

sistemas de sobrealimentação sequencial, que permitiram ampliar a potência original, de 122 cv a 5.000 rpm, para 185 cv a 6.200 rpm. Em resumo, isso significa que ao acelerar fundo no pedal da esquerda, a partir da imobilidade, um compressor mecânico Roots entra em operação, acionado por uma correia tipo Poly V, ligada ao motor em paralelo à correia de acessórios. O Roots se encarrega de pressurizar o sistema de admissão com até 2,8 bar de pressão absoluta, e isso faz com que o torque máximo de 250 Nm seja atingido logo aos 2.000 rpm, sendo quem com 1.000 rpm já está bem próximo dos 200 Nm. Uma vez que o motor ‘enche’, e os gases de escape passam a ser abundantes o suficiente para movimentar a turbina e, aos 3.500 rpm, o sistema desacopla o Roots e todo trabalho fica a cargo da turbina, que atua com até 2 bar pressão absoluta. Dentro do carro a sensação é de que o novo A1 Sport não é carro para mocinhas, nem para pessoas conservadoras. É para quem gosta de corpo colado ao banco. Ok, 250 Nm de torque e 185 cv de potência não são

números estratosféricos, mas é preciso levar em conta que se trata de um carro compacto (3.954 mm de comprimento, 1.740mm de largura e 1.416 mm de altura com entreeixos de 2.469 mm) e peso pena (1.265 kg). A transmissão é a excelente S tronic de 7 velocidades e dupla embreagem, imbatível entre todas disponíveis no mercado. As trocas de marchas ocorrem aos 7.000 rpm, o que amplia o caráter esportivo do modelo. Tudo isso com consumo similar ao do A1 de 122 cv: combinado de 16,9 km/l de gasolina Pódium (13,3 km/l na cidade e 19,6 km/l na estrada). A taxa de emissão de CO2 combinada (cidade/estrada) é de 139 g/km, bem melhor do que a do A1 de 122 cv, que é de 154 g/km. Som ambiente Já falei que não é carro para mocinha – como o A1 Attraction, e nem para pessoas conservadoras. E isso, a Audi quis deixar bem claro, pois toda a tecnologia embarcada produziu um carro com sede de estrada, mas silencioso, o que é excelente. Porém, para quem dirige e os demais

ocupantes, o som ambiente é de carrão, graças a um sistema exclusivo desenvolvido pela Audi que simula o ruído de motorzão dentro do habitáculo, o que amplia a emoção da condução em tocadas mais esportivas. Pena que não dá para desligar, assim como o sistema de áudio. Seria interessante esta opção, pois de certa forma, dificulta a conversação interna. É como estar em alta velocidade com os vidros abertos. E, a medida que a rotação, a velocidade e o som do motor sobem, o áudio acompanha, para que a música seja ouvida também. Série e opcionais O Audi A1 Sport tem uma única versão, com preço inicial de R$ 109.900. De série, vem com freios ABS, com controle eletrônico de estabilização ESP, e bloqueio eletrônico do diferencial (EDS), air bag dianteiro frontal, lateral e de cabeça dianteiro e traseiro, cinto de segurança com sensor de afivelamento, sensor de luz e de chuva, e espelho retrovisor interno com função anti-ofuscamento automático. As rodas são de 17 polegadas (com pneus 215/40), e externamente tem arco da pintura na cor do veículo, retrovisores eletricamente ajustáveis e com capa na cor do veículo, faróis bi-xenônio (com luzes diurnas em LED) e ajuste de altura automático, e lanternas traseiras também com LEDs, além de faróis e luz de neblina traseira. O pára-brisa conta com faixa cinza de bloqueio solar, vidros laterais e traseiro com isolante térmico, pacote de luzes com LEDs, coluna de direção ajustável, computador de bordo com marcador de temperatura, ar-condicionado e Easy entry – que permite que o banco dianteiro seja deslocado o máximo para frente para facilitar o acesso dos ocupantes do banco de trás. Os sistemas de entretenimento e a conectividade contam com Bluetooth e Audi Music Interface, com opções de conexão e reprodução de celulares e aparelhos portáteis de música (iPod), além de alto-falantes e Rádio Concert. Como opcional avulso, a Audi oferece teto solar elétrico panorâmico Open Sky (por R$ 5.175), e arco do teto com pintura contrastante (com quatro opções de cores: Preto Brilhante, Cinza Daytona, Prata Gelo e Branco Amalfi – por R$ 908,50). Para a pintura externa, são seis opções de cores: Prata Gelo, Branco Amalfi, Azul Scuba, Vermelho Misano, Azul Esfera e Preto Fantasma. Como opcional há dois pacotes, o Pacote Conforto, com ar-condicionado automático, sensor de estacionamento traseiro e controle de cruzeiro (mais R$ 5.000), ou o Pacote Conforto Plus, além dos itens do pacote Conforto, o modelo vem com Keyless-Go (tecla de partida automática sem chave), Rádio MMI (Multi Midia Interface), sistema de navegação, com tela de 6,5 polegadas, e sistema de som Bose (R$ 14.000). A versão avaliada tinha teto solar e pacote Conforto Plus. Preço total R$ 129.075.


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Audi A5 e S5

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Cabriolet: opções com motor de 211 cv e V6, de 333 cv

Série 5 Escolha aqui o que mais se encaixa ao seu perfil

Alguns leitores podem ficar confusos com o título, afinal a Audi não produz carros com nome Série seguida de número, como a BMW, mas sim letra e número (imitado por chinesas como JAC, Chery etc.). Então que título é esse? Explico: há cerca de dois anos, a Audi trouxe os primeiros A5 para o mercado brasileiro. Depois de um bom tempo, trouxe o RS5. Mas agora, a família 5 está completa, com as três versões de carroceria do A5 e S5, que somam sete modelos, e a RS5, que ainda é modelo antigo, mas somente por alguns meses. Tanto o A5 quanto o S5 chegam com carrocerias Sportback (quatro portas), Coupé (duas portas), e Cabriolet (conversível), sendo que ao A5 Sportback tem duas versões: Ambiente, com motor 2.0 TFSI de 180 cv de potência entre 4000 e 6000 rpm e torque máximo de 320 Nm entre 1.500 e 3.900 rpm, e câmbio CVT Multitronic de 8 velocidades virtuais, e Ambition, com motor 2.0 TFSI de 211 cv de potência e câmbio S tronic de 7 velocidades com dupla embreagem, e tração 4x4 integral. O A5 Sportback Ambiente é um carro dócil, com transmissão CVT de 8 velocidades virtuais, acelera com suavidade e não tem desempenho esportivo, apesar de acelerar de 0 a 100 km/h em 8,6 segundos e atingir velocidade máxima de 222 km/h, muito luxo e conforto, dignos de um Audi. Este foi o primeiro modelo lançado no Brasil, e pude testá-lo em curto percurso em estrada e avenidas com trânsito leve. Custa a partir de R$ 163.900 e é um carro completo de série, com destaque para controle de cruzeiro, teto solar e volante esportivo multifuncional, em couro, com shift paddles. Mais emoção Já os Audi A5 Coupé (a partir de R$ 202.700) e Cabriolet (a partir de R$ 229.700) têm o mesmo motor, câmbio e tração do Sportback Ambition (a partir de R$ 197.700), 2.0 TFSI de 211 cv, S tronic de 7 velocidades com dupla embreagem e tração 4x4 integral. São 211 cv de potência, entre 4.300 e 6.000 rpm, e o torque máximo de 350 Nm disponível entre 1.500 e 4.200 rpm, com velocidade máxima de 241 km/h e a aceleração de 0 a 100 km/h de 6,6 segundos. Números bem adequados para um carro grande, que pesa cerca de 1.570 kg. E se eles não são assim grande coisa para quem está acostumado a motores V6 ou V8, fazem sucesso entre os menos afortunados.

Os três modelos têm rodas aro 18, calçadas com pneus 245/40, e vem com todos os itens de série de um A5 Sportback Ambiente, acrescido de sistema quattro de tração integral permanente, e uma lista de opcionais grande. O Pacote Advanced (R$ 23.000) conta com Audi Drive Select (muda a forma de condução entre normal, econômico e esportivo), Audi Side Assist (alerta de pontos cegos), controle de cruzeiro adaptativo (piloto automático que além de manter a velocidade constante, freia e acelera de acordo com o comportamento dos carros a frente), entre outros. Além disso, há o Pacote Bang & Olufsen Series (R$ 7.900) com espelhos retrovisores externos eletricamente ajustáveis, rebatíveis e aquecíveis, sistema de som Bang & Olufsen. Mais adrenalina A emoção maior é a nova série S5, nas carrocerias Sportback, Coupê e Cabriolet, todos com motor 3.0 TFSI V6, que gera potência máxima de 333 cv entre 5.500 e 7.000 rpm, e torque máximo de 440 Nm entre 2.900 e 5.300 rpm. O câmbio é o S tronic de 7 velocidades, com dupla embreagem, e o conjunto powertrain resulta em desempenho excepcional com aceleração de 0 a 100 km/ em 5,1 segundos, no Sportback (4.9 s no Coupê e 5,4 s no Cabriolet) e velocidade máxima de 250 km/h, limitada eletronicamente. A Audi proporcionou test drive do modelo Sportback, realizado já a noite, em estradas de pista dupla bem pavimentadas e também de via simples (mão dupla), com asfalto não muito bom, o que foi excelente para testar todas as

características de desempenho do modelo. Extremamente na mão, graças ao controle de tração associado à tração integral quattro, o S5 Sportback é carro para quem não tem medo de acelerar fundo, pois em segundos o velocímetro marca 160 km/h, mesmo sem querer, mesmo em pista de mão dupla e não muito lisa. E nesta condição, à noite, com visibilidade já prejudicada pela escuridão e ofuscamento da visão por conta dos carros vindos na direção contrária, a sensação de segurança ao volante é elevada. Fazer ultrapassagens em caminhões e outros veículos mais lentos é mais fácil do que tirar doce de criança. Uma acelerada e antes mesmo de alcançar a alavanca de seta para sinalizar intenção de voltar para a pista, pronto, ultrapassagem feita. Em reta e pista dupla livre, teste de aceleração. Em poucos segundos, o limitador de velocidade entra em cena. E ainda havia duas marchas para passar. A cada troca de marchas em alta rotação, um prazer diferente ao ouvir o som de alívio dos seis cilindros em V, facilmente reproduzido a cada redução de velocidade, feita com o mínimo de frenagem possível, somente para ouvir o som do motor. Esta foi uma oportunidade para testar o controle de cruzeiro adaptativo em situação real, pela primeira vez. Funciona, mas em certo momento hesitei e comecei a frear antes de o sistema entrar em ação, pois estava rápido demais e não quis arriscar. Preferi ser prudente. Mas, por diversos quilômetros fiquei atrás de um carro que estava rápido até, mas precisava frear com frequência por conta do tráfego pesado à frente, de caminhões e outros

automóveis mais lentos. Íamos a 120 km/h, ele reduzia para 80 km/h, o Audi S5 acompanhava o movimento. Ele saía para ultrapassagem e íamos junto, acelerando no mesmo ritmo. Um bom sistema para colocar a conversa em dia, pois metade do trabalho o carro faz sozinho. O S5 Sportback tem preço a partir de R$ 355.900. Caro, mas muito bem pago. O Coupê, que acelera um pouco melhor, custa a partir de R$ 360.900, e o Cabriolet, que é o mais charmoso e potente de todos, a partir de R$ 387.900. Portas e capotas Mais portas ou menos capota. Depois de escolher qual motor você aprecia mais, é a hora de escolher o número de portas e se terá ou não capota. O carro é para passear com a família? É Esse o seu desejo? A Audi trouxe o A5 Sportback para você. Tem carroceria semelhante ao Coupê, mas com quatro portas. Todos entram e saem com facilidade. Não tem filhos nem sogra? Só você e a companheira? Pode ir de Coupê, com duas portas. Muito mais charmoso e bem apropriado para qualquer ocasião, de trabalho ou lazer. Mas, se a ideia é impressionar, claro que aí entra o Cabriolet, conversível, sem dúvidas. Quem consegue resistir? A minha escolha é o S5 Cabriolet. Potência e charme. Ainda falta um oitavo elemento: o novo RS5, para quem quer emoções ainda mais fortes e muito mais adrenalina. Afinal, o novo S5 já superou o antigo RS5, com motor V8 4.2 litros. Imaginem, então, o que vem por ai. Esperamos poder trazer logo a avaliação dele. Essa é a promessa da Audi. Vamos cobrar.


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Jornal Farol Alto

São Paulo, setembro de 2012

Blog Reparador OnLine

E quem financia o cliente da oficina?

Alexandre Akashi

O governo federal reduziu o IPI para compra de carro zero km e isso trouxe de volta o cliente para a concessionária, pois ficou mais interessante trocar de carro agora. Eu mesmo, se pudesse, correria para trocar meu hatchback médio de mais de 10 anos de uso por um popular compacto básico em um momento como esse. Ainda bem que não posso. Explico: apesar de carros com mais de 10 anos de uso sofrem com visitas periódicas à oficina para reparos comuns à idade que apresentam, e como não é um compacto popular, a conta geralmente é meio salgada, mas nada que não compense o conforto que ele proporciona. Conforto que um popular zero km não tem. Assim, vou mantendo o meu hathcback médio, até onde ele decidir me levar. Conheço várias pessoas na mesma situação que me encontro, porém muitas reclamam demais da conta da oficina. Não é por menos, pois são raras as empresas de reparação automotiva que oferecem planos de pagamento em parcelas fixas a perder de vista. No comércio, é até possível comprar um sapato e pagar em 12 vezes sem juros no cartão de crédito, mas na oficina, que nada!

Isso é lamentável uma vez que a oficina é o ponto de partida de uma longa cadeia de negócios no aftermarket automotivo. Já escrevi sobre isso no boletim 11, de 23 de maio – E onde está o incentivo ao aftermarket?, lembram-se? Mas, se é mais vantajoso financiar a compra de carro zero km ao invés do dono do carro usado que precisa mantê-lo em ordem para trabalhar e, quem sabe, fazer dinheiro para viver, então tá bom. Quem é banco deve saber o que faz. Mas quem é empreendedor, está perdendo uma excelente oportunidade de negócio. Inadimplência Só para constar, o Banco Central divulgou ontem dados da inadimplência no setor de veículos, que bateu novo recorde em maio. Os atrasos acima de 90 dias atingiram 6,1% dos empréstimos para aquisição de veículo zero km. O número foi superior a abril, quando os atrasos atingiram 5,9% dos empréstimos. Em maio do ano passado, o índice de inadimplência era de 3,6%. Então tá, então. Continua financiando a compra de carro zero km, mesmo porque um dia esse carro chega na oficina que não

é da concessionária, que inclusive, também não oferece grandes facilidades para o cliente. Dizem que financiar carro zero km é mais fácil porque se não pagar, o banco vai lá e toma o bem. Isso quando tem bem para ir buscar, pois não são raros os casos de pessoas que sofreram graves acidentes, ficaram com sequelas, não conseguem trabalhar e o carro deu perda total; e claro, não tinha seguro. Vai buscar o que? Vai processar e mandar o cara pra prisão? Bom, a verdade é que incentivar a troca do carro usado por um novo com linhas de crédito irreais para o país e não oferecer ao motorista uma oportunidade dele manter o carro sempre em boas condições é um erro que mais cedo ou mais tarde recai sobre o próprio mercado. Manutenção Linhas de crédito para quem quer manter o bem em ordem deveriam ser prioridade pois incentiva

a criação de postos de trabalho em cascata, da oficina para a loja de autopeças, para o distribuidor até chegar no fabricante. Movimenta a economia de forma sustentável, pois o carro já está nas ruas, tem um dono e precisa ser movimentado. Carro na rua paga imposto (IPVA), consome combustível, faz inspeção na Controlar (na cidade de São Paulo, claro), alguns (muitos até) são multados, enfim, movimentam a economia. Vender carro zero km é importante? Claro que sim, mas fazer o que já está na rua permanecer em uso é tão importante quanto. E este não é papel exclusivo do governo. A sociedade civil pode ajudar, os bancos podem ajudar, os fabricantes, distribuidores e varejistas de autopeças podem ajudar. É preciso financiar de forma mais inteligente o aftermarket automotivo, pois todo mundo quer comprar carro zero km, mas entre andar de carroça zero km e usado confortável, qual a sua escolha?


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