Novos talentos nº4 abril de 2012

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Carta do editor Propriedade/Edição Meiostextos,Edições, Lda. Publicação Mensal NPC nº 510028810

Começo por agradecer a todos os que de alguma forma me deram os parabéns pelo número três da revista Novos Talentos e relembrar que são feitas com todo o amor e carinho para promover o trabalho de todos os artistas e nomeadamente os vossos.

Capital social 5.000€ Diretor Executivo e Financeiro Lina Conceição Editor / Designer Gráfico Luís Fernando Graça Deptº Comercial Andreia Campante Telma Lourenço

A pensar nos artistas, na arte e na cultura, criámos um novo modo de promover as assinaturas criando o Clube Novos Talentos. O que é o Clube Novos Talentos? É uma forma de conjugar tudo o que temos para oferecer e mais qualquer coisa que vamos conseguindo nomeadamente desconto em lojas de artes. O sócio expõe na NT – Galeria de Arte, participa em outras exposições e workshops promovidos pelo clube. Divulgamos as obras dos sócios, criaremos a sua apresentação em livros de arte e ainda recebem a revista mensalmente em casa, isto tudo por 50 euros ano, ou seja 0,138 cêntimos por dia. O atuais assinantes serão considerados desde logo sócios.

Fotografia Paula Cardoso Graça Maria João Rodrigues Colaboradores Carlos Almeida Sónia Pessoa Vitor Lages Jorge Alves Fernando Girão Ogayr Dorfenan

Administração, Redação e Publicidade R. D. Augusto Pereira Coutinho, 15 2870-309 Montijo Telef. 210 886 287 Fax. 210 880 898 E-mail: revistanovostalentos@gmail.com ERC nº 126167

Esta é a forma de dar continuidade ao projeto Novos Talentos sem percalços e com a garantia de que estamos a fazer um trabalho que muito vai contribuir para a divulgação dos artistas portugueses sempre com a qualidade que se espera de uma publicação como esta.

Depósito legal nº33542/11 ISSN nº 2182-4029 Tiragem 10.000 ex. Impressão: PERES - SocTIP,SA Estrada Nacional nº 10, Km 108.3 Porto Alto, 2135-114 Samora Correia

Conto com a compreensão de todos os colegas e espero um bom acolhimento para promover esta revista que é única. Dentro em breve faremos também protocolos com alguns grupos de artistas para alargar a sua distribuição.

Distribuição: Logista Portugal - Distribuição de Publicações, S.A. Expansão da Área Industrial do Passil, Edifício Logista Lote 1A, Palhavã, 2890-132 Alcochete

Ajudem-nos a divulgar a revista Novos Talentos, que nós ajudaremos a divulgar os artistas portugueses.

É expressamente proibida a reprodução da revista em qualquer língua, no todo ou em parte, sem a prévia autorização escrita da REVISTA NOVOS TALENTOS. Todas as opiniões expressas são da inteira responsabilidade dos autores.

Aquele Abraço!

Capa: Pormenor de obra do pintor Henrique Gabriel

Luís Fernando Graça editor

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MeiosTextos, Edições, Lda.

ÍNDICE

1 – Carta do editor… Luís Fernando Graça

com 2 – Índice

Anna Veiga

3 – 6 - António Sem... entrevista

Vai dar-se inicio a um ciclo de tertúlias poéticas, denominado “Chá com Palavras” com Anna Veiga, num espaço especialmente vocacionado para o campo das artes e do pensamento crítico.

7 – 9 - Ricardo Tomás

10 – Viictor Lages

A estrutura do evento tem por base a leitura de poesia pelos poetas participantes, performances musicais, surpresas, e sessões de caráter teórico sobre poesia, entrevistas e o convite para o chá.

15 - Sónia Pessoa

16 - 17 – Pedro Santos - Lançamento do livro

É uma proposta também para um público interessado em compor, desenhar ou pintar poesia, onde não irão faltar poetas e artistas plásticos.

17 - 18 - De Matos Ferreira

A sua atividade inscreve -se no âmbito dos saberes relativos ao ser humano no tempo e no espaço, às artes e à cultura, à memória.

19 - 20 – Paulo Damião

21 - 22 - Carlos Pé Leve

Será um espaço vivo, em que o diálogo e a arte, trazem de volta as palavras ditas, o som, o silêncio, a emoção da voz no dizer dos textos …uma arte que se vai esquecendo.

23 - 26 – Rui Junior - O projeto «Tocarufar»

27 - 29 – Domingos Silva

Se gosta de dizer Poesia, ou gosta de ouvir os seus poemas ditos, venha tomar um chá connosco, todos os últimos sábados de cada mês.

30 - Fernando Girão

31 - 33 - Carlos Godinho

Em virtude do espaço ser reduzido, agradecemos que faça a sua inscrição prévia e absolutamente gratuita pelo Telef.: 937 831 180 - Anna Veiga, indicando a Tertúlia de Poesia. Muito obrigado

34 - Luís Fernando Graça

Anna Veiga

37 - Inauguração « duas gerações e um Pé-Leve»

38 - Carlos Almeida

41 - 43 - Isabel Rosete

44 - 47 - Daniel Pedrogam

48 - Agenda - Nossa escolhas

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António Sem mas... com muito talento...

Em 1994 é nomeado coordenador-geral dos fascículos “Espaços da Natureza “, do jornal “Público”. Foi coordenador-geral e pertenceu ao Conselho Editorial da revista “Correio da Natureza”, do Instituto da Conservação da Natureza. Nomeado Membro Honorário da Fundación Abelló de Barcelona. Edita em 1994 o seu primeiro livro de poemas intitulado “Os Rostos do Tempo”. Em 1995 é júri do concurso de pintura do programa “Festa na Feira” do canal1 da RTP. Em 1997 participa com pinturas na série para a RTP1 “Meu Querido Avô” de Raul Solnado e José Fanha. Em 1997 é membro do júri do VIII Concurso de Fotografia Dermatológica/Prémio Tito de Noronha/Schering Plough. Fundador e sócio gerente da CHÃO DE PEDRA – Galeria de Arte/Art Gallery e responsável pela sua direcção artística. Em 1998 assume a direcção artística da Galeria de Arte da Casa do Pessoal da RTP. Em 2001 é co-autor do livro Portugália 75 Anos.

foto de Mário Cerdeira

António Sem – Pseudónimo de António Manuel Gonçalves Filipe. Autodidacta. Académico de Mérito da Academia de Artes e Letras de Pontzen, Nápoles. Tem desenvolvido actividade profissional no campo da literatura, publicidade, decoração, teatro, pintura e jornalismo. Conta com três representações teatrais. De 1970 a 1981, dedica-se a outros sectores da vida cultural. Redactor e director gráfico em jornais e revistas. Pertence a conselhos redactoriais. Foi também nomeado coordenador dos suplementos de informática dos jornais “Diário de Lisboa” e “O Jornal. Em 1981, foi autor e apresentador de uma série, no canal 1 da RTP, com 6 episódios e intitulada “Mitos e Realidades”. Em 1985, funda e é eleito primeiro presidente da ARTLE – Sociedade Portuguesa de Artes e Letras e da LIZ-ARTE – União dos Artistas Plásticos de Lisboa. Foi membro do NERP – Núcleo dos Escritores e Recitadores Portugueses e participou como poeta convidado no espectáculo “Renascimento/Descobertas” no Padrão dos Descobrimentos, em Belém/Lisboa. Em 1988 foi o poeta convidado pró programa “Já está” de Joaquim Letria. Entre 1988 e 1989, foi consultor cultural nas Câmaras Municipais de Cascais e Oeiras. Em 1989 e 1990, foi crítico de arte no jornal “O Século”. Participou com pinturas nas telenovelas Passerele, em 1988, e Chuva de Maio, em 1990 (ambas no canal 1 da RTP). Em 1990, é nomeado director da “Linha em Revista”. Em 1992 assume a Direcção Artística da Galeria Caixa da Arte no Porto. Em 1992 e 1993, foi membro do júri do FIVA (Festival Internacional de Vídeo do Algarve).

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MeiosTextos, Edições, Lda. Um homem da arte e da cultura, poucas áreas ficam para trilhar. Desde a publicidade ao teatro, passando pela poesia, como foi que as artes plásticas entraram no seu mundo? Desde muito cedo comecei a escrever e a pintar, aos 16 anos já escrevia para imensos jornais regionais e até para o Expresso. Um familiar nuns anos ofereceume uma caixa de pintura e eu comecei a pintar como hobby em casa, comecei a gostar, as cores seduziam-me. A minha escrita teve sempre uma grande ligação à minha pintura, por isso os temas não passam por paisagem, mas pelo surreal, mas acho que a poesia é pintura e a pintura é poesia. Tive muitas influências, nessa altura gostava muito de Kandinsky, de Miró e depois comecei a frequentar atelier's de artistas conhecidos da nossa praça e toda essa envolvência me seduziu e me levou a iniciar na pintura.

Em Julho de 2001 publica o seu segundo livro de poemas intitulado “Momentos e Fragmentos”, editado pela Universitária Editora e apresentado pelo Ministro da Presidência Guilherme D'Oliveira Martins. Em 2003 publica mais um livro de poemas intitulado “ANALOGIAS”, apresentado na Sociedade de Geografia de Lisboa pelo padre Vítor Melícias e pela Dr.ª. Maria Barroso. Prefaciou diversos catálogos de pintores portugueses. Foi condecorado pelo Governo da República Checa com a Medalha Comemorativa dos 150 anos (1824-1974) do Compositor e Pianista Checo Bedrich Smetana por acções culturais desenvolvidas. Obteve diversos prémios nacionais e internacionais e está representado em diversos Museus, Câmaras Municipais e instituições. Está também representado em diversas colecções particulares a nível nacional e internacional. Tem uma extensa bibliografia e organizou diversas iniciativas a nível das artes plásticas. Em 2008 é membro do júri do Concurso de Pintura Mário Botas da SOPEAM (Sociedade Portuguesa de Escritores e Artistas Médicos. Tem hoje um extenso “curriculum” com presença assinalável em exposições individuais e colectivas, no país e no estrangeiro (35 individuais e 228 colectivas).

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Como caracteriza a sua pintura? Isso é extremamente difícil. Por vezes sou acusado de não seguir uma linha, de não seguir regras, a minha pintura vem do interior e não é concebida para agradar ao publico. É assim que sinto a pintura, passei por diversas fases desde a cubista, depois seguiu-se a fase expressionista e depois passei pelo abstracto e pelo figurativo, por isso não há uma linha, não tenho etiquetas. Estou neste momento a trabalhar para uma grande exposição para o Centro de Exposições de Odivelas, que vai estar patete de maio a agosto, são quatro meses de exposição e aí sim, já tenho uma uniformização de abstractos com figurativo, nomeadamente figuras de mulher.

Que musas o movem? A mulher, é o ser mais belo para ser pintado é ela a minha musa, aliás quem observar a minha pintura não vê homens, só vê mulheres. Mas a minha maior musa é o meu estado de espírito, o meu interior, ele é que decide o que hei-de fazer. Sonho, penso e depois quero criar, não é uma musa física é uma musa idealizada.

Como galerista na Chão de Pedra e director artístico da Casa de Pessoal da RTP, como vê as artes plásticas hoje e nomeadamente os nomes que a s representam? A arte sobrevive muito à custa de “clãs”, de “lojas” e por isso os jovens pintores que aparecem têm imensa dificuldade em expor em galerias, pois elas estão vedadas e são aberta somente ao compadrio e à “maçonaria do pincel” como tu Luís Fernando Graça costumas dizer. Quando estive à frente das diversas galerias sempre me preocupei em lançar novos valores e aproveito para louvar esta magnifica revista que aparece quando parecia que tudo estava acabado. Pelo arrojo que tiveram, em colocar no mercado uma revista como esta para dar “alma” aos artistas, porque realmente existem muitos talentos em Portugal que não têm como aparecer.

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Como consultor em pelo menos duas câmaras Municipais, o que acha que falta ao estado para apoiar mais a nossa Cultura? Nós artistas, temos de dar uma grande volta, não existe união, olham todos para o seu umbigo. Os artistas são egoístas e existem grandes invejas em relação ao próprio meio. Neste momento sou “outsider”, nunca admitiria que um galerista me dissesse o que deveria pensar. O que faz falta para apoiar a cultura é estarem à frente dos ministérios e secretarias do estado da Cultura alguém que perceba de cultura. Todas as iniciativas de criar algo novo são travadas pelos pseudo intelectuais da nossa praça. Os interesses chocam-se.

Uma frase sua que queira deixar? A minha pintura é um tempo que se nomeia. O que dirias a alguém que começa agora a dar os primeiros passos? Na literatura, há muita gente a escrever. Portugal é um país de poetas. Não deixem nada nas gavetas, agora com as redes sociais e a internet, toca a mostrar tudo de bom que se faz neste país. Além disso existe a revista Novos Talentos. Na pintura, não esmoreçam com os “nãos”, quem tem valor vence sempre, sejam persistentes, lutem, a arte tem de vencer sempre.

Que projetos tem de futuro? Este ano vou editar dois livros, um chama-se “Do Outro Lado do Espelho”, na continuidade dos meus livros de poesia e o segundo livro vai chamar-se “Epistolas” que são cartas em discurso direto ao Fernando Pessoa e Mário de Sá Carneiro. Tive um convite para expor em Nova Iorque, mas que não pude aceitar por ser em abril e não conseguir as obras a tempo. Tenho a exposição já mencionada no Centro de Exposições de Odivelas e temos (António Sem e Téia Roriz) duas escolas de pintura uma em Mem Martins que era de um grande amigo e a quem deixo a minha sentida homenagem, o grande Ernesto Neves e na Parede, ambas se chamam Arte & Cor, temos de manhã Ioga, aulas de pintura o dia todo, workshop´s, etc. Na Parede, além de escola é também uma papelaria com venda de materiais de belas artes onde está a Téia Roriz, professora de belas artes e também minha companheira. Entre as duas escolas temos cerca de 50 alunos. Eu e a Téia fomos professores da Papelaria Fernandes e agora ela vai dar aulas à Estabelecimento Prisional do Linhó em voluntariado e eu vou dar ao Estabelecimento Prisional de Tires, às mulheres, por intermédio da Cruz Vermelha.

Obrigado António, até sempre!

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Ricardo Tomás de pedra e ferro...

Ricardo Tomás nasceu em Lisboa em 1968. Concluiu o Curso de Escultura em Pedra no Centro Internacional de Escultura de Pêro Pinheiro, o Curso Complementar de Artes Gráficas na Escola Secundária António Arroio e o Curso de Formação Profissional de Jovens na área de Serralharia na Companhia Carris de Ferro de Lisboa. Frequentou o Curso de Desenho Livre do AR.CO.. É citado em "Aspectos das Artes Plásticas em Portugal", Vol. III de Fernando Infante do Carmo.

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“PEDRA A alma se faz e se medra No corpo que procria a pedra E os olhos se casam na mão; Aos meus dedos te lembrei No sulcante que tracei Esculpindo a minha paixão...“ JERÓNIMO NOGUEIRA, Poeta

(...) A pedra não é talhada a partir da ideia. Pelo contrário. Quando encara o bloco e começa a cortar e esculpir procura uma imagem que vai saindo de si próprio. Obtida essa imagem, apreende o que a obra lhe sopra. (...) (...) Ao contrário do pintor que desbrava o branco da tela, o obreiro da pedra vai escavando até encontrar algo. Quando fazia escultura ao vivo em Loures, todos os dias via passar um rapaz que mirava um artista. Depois da obra feita, o pequeno perguntava algo insistentemente ao pai. Simples. Ou nem por isso. Queria saber como tinha o escultor adivinhado que aquilo estava lá dentro.(...) (...) Ricardo começou por disciplinar o ferro, depois de dez anos a trabalhar como serralheiro civil na Companhia Carris de Ferro de Lisboa. Quando assistiu a uma exposição de João Limpinho na Malaposta decidiu-se por novos avanços. Deitou mãos às peças de autocarros e dedicou-se a reciclar parte do lixo em arte, até mergulhar de cabeça na potencialidade do ferro. Do desenho bidimensional, cuja tridimensionalidade é conseguida através das várias sombras, pulou para a pedra, uma paixão nascida nos tempos do curso de escultura. “Pó, barulho, máquinas. Mas é fabuloso.” (...) MARIA RAMOS SILVA, Jornalista 8


Tenacidade e sensibilidade são duas características que, aparentemente opostas, na obra de Ricardo Tomás se cruzam de forma sublime. São esculturas em pedra ou ferro onde, na maioria das vezes é retratada de forma lírica o corpo feminino.

(...) Quanto às suas peças de ferro, já

possíveis, neste estádio, de serem apresentadas a maiores dimensões, igualmente as suas sintaxes, apuros de construção e ideário, resultam plenamente em obras que fazem pena não ficarem expostas para todo o sempre em átrios, nichos, peanhas de acesso público para gáudio de uma massa indiscriminada de observadores, em plena e demonstrada democratização da Arte. (...) MOREIRA RIJO, Critico de Arte

Da pedra, Ricardo Tomás retira corpos femininos com as características mais sublimes que este pode ter, que são robustez, feminilidade e unicidade. Na sua obra em ferro, a pesquisa é talvez mais no sentido de sintetizar o traçado em linhas sinuosas e harmoniosas, sendo isto provavelmente o resultado do grande conhecimento que tem vindo a adquirir com a sua constante busca. Tratam-se no fundo de obras mais líricas e sintéticas, que apontam já para um caminho de estruturação da obra do artista. Sem corresponder exatamente a padrões estéticos estandardizados, cada obra de Ricardo Tomás é simultaneamente delicada e robusta, conquistando o seu lugar no panorama da escultura contemporânea portuguesa. Tratam-se de obras com um referente concreto e constante, que é o corpo feminino, mas com um realismo muito próprio, que é o do artista, o que confere à obra de Ricardo Tomás o carácter único que tem.

TÂNIA COSTA, Historiadora de Arte

Na sua aparente busca de uma préesquematização (desconstrução?) da figuração do nú feminino, mas que se mantêm (intencionalmente?) tridimensional, no uso dos dois materiais que usa como suporte para a sua linguagem, Ricardo Tomás transporta já o saber em que a procura do belo se funde com o domínio da metáfora e da alegoria enquanto vectores possíveis de indagação e conhecimento, enfim, potenciais caminhos de pertença... DUARTE NUNO G. J. PINTO DA ROCHA, Mestre em História

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Arte do conceito e arte do vazio

por Victor Lages

Sendo assim, então a tal ideia ou concepção, de que a arte é uma expressão espontânea do artista, o qual se deve deixar levar pelos sentimentos, exprimindo o seu mundo interior de sensações, têm ou não razão de ser? Deixo aqui no entanto esta interrogação, para uma meditação mais profunda. Como se pode ver, o conceito de arte é muito complexo, tal como são complexos os estilos e expressões artísticas. Do mesmo modo, que Duchamp fez parte de vários movimentos artísticos e mesmo estilos, o artista conceptual Sol LeWitt, é também um dos príncipais protagonistas da Arte Minimalista dos anos 60. Isto portanto quer dizer, que todo este universo de ideias e conceitos, é idêntico e semelhante, distinguindo-se unicamente pelos rótulos que lhes são atribuídos.

São muitos os que dizem, que a arte é uma expressão espontânea do artista e que este se deve deixar levar pelos sentimentos, exprimindo dessa forma, o seu mundo interior de sensações. Como sabemos ao longo dos tempos o conceito de arte tem vindo a mudar de acordo com a cultura, a sociedade e desenvolvimento da mesma. Por isso hoje consideramos arte, ao que em culturas e sociedades passadas, não era considerado como tal. Já há bastante tempo, que uma das expressões artísticas que mais vulgarmente é exibida em galerias de arte contemporânea e também divulgada é a Arte Conceptual ou então outras expressões muito semelhantes e de difícil distinção. Este conceito de Arte Conceptual ou perspectiva artística teve o seu começo na década de 1960, pela mão do crítico nova-iorquino Clemente Greenberg. No entanto e por outro lado, já o artista francês Marcel Duchamp tinha de certa forma dado início ao movimento conceptualista, alguns anos antes, ao propor vários exemplos de trabalhos, a que deu o nome de Ready-mades que significa confeccionado, pronto. Isto é, a apropriação de objectos feitos industrialmente e com finalidades práticas e não artísticas, que são elevados à categoria de obras de arte, como o famoso urinol a que deu o nome de “A fonte”. Esta é a manifestação artística mais radical de Duchamp, a qual rompe com a forma artesanal e artística de fazer arte. Marcel Duchamp também pertenceu ao movimento Dádá que teve o seu início em 1915, este movimento artístico tinha como ideia, a oposição a qualquer equilíbrio estético, cortando com todos os padrões de arte estabelecidos, enfatizando o ilógico e o absurdo, com a principal finalidade estratégica, de protestar contra a 1ª Guerra Mundial. Os artistas de Arte Conceptual, recorrem frequentemente ao uso da fotografia, de mapas e também de textos escritos, como definições do dicionário, por exemplo. Em alguns casos, uma “obra”, reduz-se a um conjunto de inscrições escritas que descrevem a obra, sem que esta se realize de facto. Também alguns artistas se recusam a produzir objectos de luxo, tais como os que podemos ver em museus. Assim a Arte Conceptual ou Arte Conceitual, define-se como o movimento artistico, que defende principalmente a ideia, há obras em si, deixando esta para segundo plano. O artista Sol LeWitt define Arte Conceptual da seguinte forma: Em arte conceptual, a ideia ou conceito é o aspecto mais importante da obra. Significa que todo o planeamento e decisões são tomadas antecipadamente, sendo a execução um assunto secundário. A ideia torna-se na máquina que origina a arte.

O Minimalismo nas artes plásticas surgiu a seguir do expoente máximo do Expressionismo Abstracto nos Estados Unidos, movimento esse que marcou a mudança do eixo artístico mundial da Europa para os Estados Unidos. Contrapondo-se ao Expressionismo Abstracto, o Minimalismo procurava através da redução formal e da produção de objectos em série, transmitir ao observador uma percepção fenomenológica nova do ambiente onde se inseriam. Como exemplo dessas obras, são as do artista Dan Flavin, que através de tubos luminosos modifica o ambiente da galeria. A preocupação do artista minimalista, na produção da sua obra, não se prende com a composição através da pintura ou da escultura, mas sim, na utilização de objectos ou “não-objectos” (dada a sua inutilidade) ou estruturas bidimensionais ou tridimensionais, de forma que não exista uma limitação entre pintura e escultura, podendo eventualmente ser até instalação ou indo mesmo além disso. A maior influencia que o Minimalismo teve na sua concepção, foi a arte dos construtivistas russos e do escultor romeno Constantin Brâncuþi. Os construtivistas, através da experimentação formal, procuravam uma linguagem universal da arte, de forma a poder ser entendida por toda a humanidade. É com uma linguagem quase vazia, onde os elementos são reduzidos a quase nada, com ligeiras alterações no ambiente que o Minimalismo consegue chegar a todo o mundo e ser entendível ou não, mas certo é que produz no observador emoções estéticas, onde muitas das vezes se pode confundir até com um estado, como se costuma dizer, zen. O movimento artístico minimalista influenciou também outras áreas da cultura como o design, a música e a literatura, do memo modo que todos os outros movimentos artísticos e culturais o têm feito. Arte é na realidade um produto da consciência humana e por sua vez, deve ser uma actividade de alerta de consciências, por isso deve provocar e não deixar indiferente quem a observe.

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Henrique Gabriel na demanda do sonho.. Henrique GABRIEL nasce em Vila Cova de Alva, Arganil (Coimbra) 1960. Após o Secundário, frequenta o Curso de Artes Plásticas da ARCA, Coimbra, onde se inicia como profissional de Artes Gráficas (1978) e expõe, pela primeira vez, numa Colectiva do MAC – Movimento de Artistas de Coimbra (1981). Frequenta o Curso de Design Gráfico – ARCO, Lisboa. Ao longo de duas décadas, dedica-se ao Design, como criativo gráfico. No dealbar do milénio, aventura-se, como Peregrino, nas sendas do Caminho de Santiago, sentindo-se, intuitivamente, impelido para o reatar de antigas paixões vocacionais – a pintura e a modelação escultórica – actividades a que passaria a dedicar-se, preponderante e, exclusivamente. O seu mais recente percurso expositivo surge em 2001, numa individual temática "Caminho de Santiago", Casa da Xuventude de Galícia de Lisboa, onde sela o seu compromisso profissional, prosseguido por dezenas de presenças em colectivas institucionais, em todo o país (Continente e Madeira) e no estrangeiro (NY-USA) e individuais temáticas, levadas a cabo em espaços institucionais, oficiais e galerias privadas, em Portugal, na Galiza e em Barcelona. Reproduções gráficas de trabalhos seus capeiam livros ensaísticos sobre “Agostinho da Silva” (editora Zéfiro) e o “Livro de Cavalaria” (editora Chancela Real), ou capas da revista Nova Águia. Encontra-se já, no prelo, a 1.ª Edição de um livro-Álbum sobre a sua obra “H.GABRIEL - imagética do pensamento & pintura objetual de culto” (edição Zéfiro), um estudo e ensaio crítico de José-Luís Ferreira, com prefácio de José Anes, a sair nos próximos dois meses.

– Em que aspecto o percurso do Caminho de Santiago te (re)despertou o sentido da criação artística? – Mais do que (re)despertar – como bem sugeres – a minha primeira experiência de peregrino colocou-me perante os horizontes do infinito, na senda de uma nova vida. À descoberta do Caminho, acabou por corresponder um encorajamento inexplicável, uma espécie de inspiração anónima, uma chamada, um apelo do qual até um supersticioso duvidaria. E, no entanto, fiquei cativo desse deslumbramento, de novas interrogações sem resposta que, ainda hoje me atraem e – sei lá eu? – me impelem para a tentativa da descoberta de mundos intemporais e visionários que persigo na pintura, em imagens de inquietação e pesquisa, num universo de coisas e não-coisas, onde o Homem e a Mulher voam e navegam, sonham e viajam, desde passados imemoriais até indescritíveis futuros, sempre imediatos, sempre presentes. Um Universo de racionalidade emocional que a todos e, a ninguém parece pertencer. Nunca mais fui o mesmo. Viajo a pé ou a cavalo, por estrada, pelo chão dos caminhos, desde então, como se tivesse um pé em Santiago e, outro, em qualquer parte da história deste planeta. 11


MeiosTextos, Edições, Lda. – Com efeito, a fantástica (des)Ordem Amorosa – mística e mítica (nos ideais e na prática) – da Cavalaria, a Demanda do Graal, por entre céus e infernos, ruínas e vestígios de outras formas de vida, deste e de todos, quaisquer outros, Mundos Paralelos, tornaram-se-me numa espécie de realidade plural, familiar e simultânea, desde a iniciação que, para mim, o Caminho (e as caminhadas) rumo a Santiago passou/aram a representar, no meu imaginário e no que passou a tornarse perceptível, nas sempre limitadas perspectivas da minha consciência.

– A tua obra é magnífica e envolta em mistério, é assim que te vês ou é mesmo só a tua obra? – Quantas vezes, até desistir, estuporado, tenho feito, compulsivamente, a mim mesmo, essa pergunta de que, agora, tu mesmo és o portador: afinal, não será a própria Vida, em si mesma, um insondável mistério que a Filosofia as Ciências e as Tecnologias tentam, há milénios, desvendar? Não sentirás, tu próprio, como uma obrigação híper-legal, um dever congénito, que te interpela e puxa, para a busca do desconhecido que está entre o Ser e o Estar, em permanência, na própria Arte que é fazer e, à tua maneira, tu mesmo fazes?

– Fala-me dos teus “Dom's Quixotes”. – Desculpa lá …mas, o Don Quixote é será sempre, apenas um. E não é meu, embora nos pertença. A todos. Na sua essência ibérica, na abstracção da sua mundividência, na sua intemporalidade, no seu idealismo, na sua loucura ímpar, tão distante como próxima de tudo quanto em nós sobrevive do Amor e da Justiça, da Verdade e da Ética, do Belo e da Quimera, do Sonho e do Pesadelo, do Idealismo e das realidades.

– Tens uma colecção muito especial sobre a Demanda dos Templários, o Graal, etc. Faz tudo parte do mesmo despertar? – Essa tua pergunta não será, por certo, uma mera suposição. Bem poderás tomá-la como uma afirmação. Eu só não lhe chamaria – nem chamarei! – colecção, porque lhe falta e sempre faltará uma imensidão de peças! Eu não serei, tanto assim, um coleccionador mas, antes, um juntador de bocados de mais do mesmo que aprendeu a viver com essa frustração! Leio de tudo, adoro os Livros e, por isso celebro as Bibliotecas, tenho escutado e observado quase todas as pessoas que dizem coisas ou me aturam – e respondem, ou não – aos questionários chatos que lhes faço, sem vergonha nenhuma da minha ignorância. Nem da minha curiosidade.

“Prémio Personalidade Lusófona” Professor Adriano Moreira iniciativa do MIL: Movimento Internacional Lusófono, entidade integrante da PASC e organizadora deste evento. Troféu da autoria de Henrique Gabriel.

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– Como vês as artes em Portugal? – Em Portugal, como naquilo que (do resto do mundo) me/nos é possível ter uma noção, vaga e longínqua, através de uma filosofia grosseira de mercado que rege a cultura contemporânea, tenho a ideia de que os horizontes permanecem sombrios ou encobertos. Os artistas continuam a não possuir estatuto socioeconómico que se entenda, nem no quadro das actividades económicas profissionais, nem no domínio das realidades civis, jurídico-legal, contributiva e fiscal. A produção artística continua a ser relegada para a marginalidade, a especulação e a aldrabice. A crítica e os críticos nem sequer reapareceram após o 25 de Abril e a Comunicação Social esqueceu-se que elas, sobretudo as Artes Plásticas e Visuais, existem, com identidade própria. Nem o Associativismo nem as Instituições (públicas ou privadas) jamais chegaram a ser reabilitadas… quanto mais actualizadas!

Os últimos redutos semivivos e preexistentes, minimamente credíveis, a SNBA – Sociedade Nacional de Belas Artes e a ANAP – Associação Nacional dos Artistas Plásticos são ignorados, ou desconhecidos, não se percebe se existe de facto nem, se servem, para que servem, a Academia Nacional de Belas Artes, nem o Instituto das Artes. Os actuais Media revelam incompetência total na divulgação artística, seja dos autores, seja das suas obras, a par do amadorismo, do fim-de-semanismo e do faz de contas, esporádico ou promíscuo, vagante e de entretenimento irresponsável, que grassa um pouco demais ou menos, por toda a parte, entre o comércio estabelecido e de ocasião, as galerias e os leiloeiros, os armazéns e as colecções de museus por-assimdizer… Ninguém sabe nada. Todos são …ou somos, conforme calha!

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– Que conselhos darias a quem se aventura na arte?

– Projectos de futuro? – Não sei se tu próprio tens algum. Eu, também não.

– Como acho que está tudo certo e, o resto, também… não dou conselhos nenhuns, a ninguém, mas espero que, um belo dia, cada um aprenda a competir consigo próprio, em vez de imaginar que vale a pena roubar golos aos outros.

– Deixa-nos uma frase tua e que te acompanhe. – Sim. De facto, faço – da minha verdade – uma espécie de striptease: o trabalho que professo é um percurso maravilhado, na travessia dum caminho decidido, transversal ao caos da minha existência deslumbrada …de perguntador. Assumo, apenas que: VIVER É ESTAR DURANTE, ENQUANTO O SER EXISTE, NO TEMPO. A frase, como dizes, anda comigo, sempre. Está chapeada à entrada do meu novo site, na Internet.

Muito Obrigado Henrique Gabriel, que continuemos todos em busca do Graal.

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A escrever é que a gente se entende...

Sónia Pessoa Dia Internacional do Livro Infantil

Ao pesquisar informação sobre o Dia Internacional do Livro Infantil que se comemora neste mês de Abril, dia 2, dei de caras com algumas frases que para mim fazem todo o sentido. Poderia julgar-me suspeita ao falar sobre o tema, mas vejo a coisa de outra forma e assumo-me como mais sensível a esta temática, e por isso no pleno direito de o abordar. A frase “O livro recorda” fez parte da mensagem do Dia Internacional do Livro Infantil do ano passado, uma iniciativa do IBBY (International Board on Books for Young People), difundida em Portugal pela APPLIJ (Associação Portuguesa para a Promoção do Livro Infantil e Juvenil), Secção Portuguesa do IBBY. E a verdade é só essa, a mensagem é só uma, sem arabescos ou artifícios, o livro recorda o tempo em que foi escrito. Como, e bem, a mensagem nos diz, “a partir dos livros de Charles Dickens, ficamos a saber como era realmente a vida de um rapazinho nas ruas de Londres, em meados do século XIX, no tempo de Oliver Twist. Através dos olhos de David Copperfield (coincidentes com o olhar de Dickens nessa época), vemos todo o tipo de personagens que ao tempo viviam na Inglaterra — que relações tinham, e como os seus pensamentos e sentimentos influenciaram tais relações.

A segundo expressão que me chamou á atenção foi que “quem lê viaja”, e para qualquer um de nós esta parece uma expressão e uma conclusão tão óbvia que quase nos passa ao lado os milhares de crianças que não têm oportunidade de realmente viajar, conhecer o mundo, conhecer mesmo o seu próprio país, e estão pelos mais variados motivos, nem sempre felizes, confinadas á sua rua, ao seu bairro, a uma realidade limitada que não lhes os deixa crescer em toda a sua plenitude. E ler permite-lhes de facto viajar, correr mundo, o nosso, o real, mas também o da aventura, o ficcionado. E por isso é sempre de agraciar toda e qualquer iniciativa que se faça á volta deste Dia Internacional do Livro Infantil, mas… isso bastará? A dedicação ao tema durante cerca de uma semana será suficiente para aumentar os índices de leitura em Portugal? Mais… chegará para criar nas crianças hábitos de leitura, que se perdem a cada dia fruto do desafio atractivo que são as novas tecnologias? Não devia ser esse um trabalho contínuo de pais e professores e restituir ao livro a dignidade que lhe é devida e tende cada vez mais a perder-se? Estará nas salas de aula deste país reservado o tempo certo e necessário á promoção da leitura? Esta é uma discussão que tende também a colocar tradicionalismo e evolucionismo nos dois pratos da balança, mas eu continuo a acreditar que com as políticas certas, com a motivação correcta, há espaço para o equilíbrio, e um livro não substitui um computador, como um computador não deve dispensar ou subestimar a importância do toque, o cheiro, e o espaço de um livro. O seu a seu dono, com lugar para todos, porque a diversidade de recursos e a sua sábia utilização é o melhor caminho a tomar no trilho da educação.

Porque David Copperfield era de facto, em muitos aspectos, o próprio Charles Dickens; Dickens não precisava de inventar nada, ele pura e simplesmente conhecia aquilo que contava. São os livros que nos permitem saber o que realmente sentiam Tom Sawyer, Huckleberry Finn e o seu amigo Jim nas viagens pelo Mississippi, quando Mark Twain escreveu as suas aventuras. Ele conhecia profundamente o que as pessoas do seu tempo pensavam sobre as demais, porque ele próprio vivia entre elas. Era uma delas.”. E tudo isto é tão verdade.

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MeiosTextos, Edições, Lda. Lançamento do livro

Passava pouco das 17 horas quando o escritor Pedro Nunes encetara a apresentação do seu primeiro livro “AoSol'ÉqueSeEstáBem...” na Livraria Barata, em Lisboa. Perante uma vasta audiência o autor fez-se acompanhar pela sua gestora editorial, Sara Coito e o seu elenco de oratória Maria Ceia e Isabel Guimarães. Em cima da mesa, em lugar de grande destaque, encontra-se estendido um cravo vermelho, como que anunciando e evidenciando uma posição de desmedidos valores por parte do autor. Pedro Nunes, assume-se como um homem ideológico e defensor das suas utopias, como descreve no subtítulo do livro: “a gregântica pena da agnóstico'anarquica espiritualidade”. Utopias essas, são estruturadas na sua obra, em forma de argumentos válidos, que o levam acreditar devotamente na sua possibilidade.

"AoSol'ÉqueSeEstáBem..." de Pedro Nunes, o B)'iL por Tico Esteves

Maria Ceia preludia a leitura da sessão oratória como Alter-ego do autor, o Bólice. Descrevendo-se a si próprio: “Sou profundo, pois sou. Eu sou isto e aquilo, aquele e aqueloutro. Mudo com a lua, sei lá. Não sei ser de outra maneira! Posso ser o que quiser. Sou pedra de sal, mar d'água. Madeira da árvore e folhas. Os galhos são a minha família. As raízes nem sei de onde vêm mas também por agora pouco interessa[..].” Para alem de se assumir como um homem de ideais, este faz-se apresentar ao mesmo tempo de uma postura humilde. Biografia

Pela voz de Isabel Guimarães, narradora do discurso, diz ser “o humano mais pequenino na terra”, assumindo os seus defeitos e fraquezas, mas não descurando também as suas qualidades. E com a sua sinceridade e frontalidade vai prosseguindo o discurso: “É dando que se mostra o que se vale. Eu nem estou aqui para vos dar nada, mas sim, para vos vender um livro. Por isso neste tipo de sistema em que vivemos valho muito pouco e quem dá o melhor que tem a mais não é obrigado.”

Pedro J. Nunes dos Santos [o B)'iL], artista-músicopercussionista-e-poeta, aspirante ao curso de Estudos Gerais das Artes da Universidade de Lisboa, admirador de história e filosofia, brinda a vida quotidiana com textos satíricos e sonetos de amor e humor, cáusticos. Ele É'letri'cista. Trabalha com as letras ligando-as umas às outras, numa escrita “após'trófica”, “hífen-isada” e pausada... no silêncio musical das “recti'essências”. Na escrita... ele encastra o seu imaginário simbólico de entendimento metafórico e alegórico, alicerçado na inovadora forma de comunicação. A escrita e leitura da “blogo'esfera”, sitiada na recente e usual World-WideWeb, no vulgo, net ; a rede. Esta edição de autor, procura por todos os meios e não meios, a reserva de todos os direitos... e dos esquerdos também. Porque a vida é bela, mas também pode ser horrível se assim o quiserem. Pessoalmente, prefere vivê-la ao máximo. Passar a mensagem, é com certeza o que quer quando escreve, e, principalmente quando o publica. Se são muitos ou poucos, os que a vão ler, ou se é má ou boa... isso já vai para além do que ele ou alguém, possam julgar, ou achar que o seja. O fazer, o publicar, já são atitudes que se devem ter. Pelo menos, não se arrepende de o não ter feito. E porque este poeta, é também um bom ladrão, todas as suas emoções e utopias são vividas e tendem em ser partilhadas, com o gosto pelo prazer de serem vividas. Quando assim não acontece, é bom na mesma. Porque o que pode ser mau trar-lhe-á algo de bom, o que certamente o fará mais forte e conhecedor. Por detrás de um poeta, está um observador, ou melhor, um pensador... um idealista. Ou um idiota, se assim lhe quiserem chamar! E obviamente, resumindo tudo isto... porque resistir, é vencer. (Pedro Nunes, o B)´iL)

Sendo esta uma obra a que o escritor caracteriza de “Manifesto em prosa pó'Ética” a oradora Maria Ceia conclui a leitura com um soneto que expressa um dos maiores valores da condição humana, que tanto custou a nós, portugueses... a liberdade. Sinopse “Algures entre a felicidade e uma máquina infernal Uma viagem conceptual à catedral da (minha) vida. Quanto mais ela sobe, mais difícil se torna respirar. Lá no alto a vista é bela. Mas o que é beleza, afinal? É ver-se tudo muito pequenino? Não, eu gosto de apreciar o pormenor. Gosto de saborear os relevos – as “relevuras” – dos caminhos, das passagens e das passadas. Gosto de andar a pé e deparar como no solo as coisas mais pequenas, são as mais belas de todas. E não tenho medo de ir ao fundo. Porque o fundo é a minha verdadeira essência da vida. Toda ela é a minha água, as minhas lágrimas... as tristes e as contentes. E gosto muito dela.” Pedro Nunes, o B)´iL

Leia autores portugueses!

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De Matos Ferreira é preciso ter conhecimentos para ser autodidata

António de Matos Ferreira nasceu em Abril de 1942. Em Novembro de l962 partiu para Moçambique com a Força Aérea Portuguesa, tendo permanecido na Base Aérea 10 na cidade da Beira até fins de 1965. Desmobilizado, partiu para Lourenço Marques, hoje Maputo, tendo trabalhado nas áreas de publicidade, rádio e indústria de produção de discos até finais de 1974, datam que regressou a Portugal. É pois, em África que ele se formou como homem e como artista... E é desta África ao mesmo tempo grandiosa e insondável que ele retira e guarda as cores quentes e expressivas com que mais tarde realiza as suas obras. Contudo, logo que um sonho termina um novo sonho se instala... E é assim que, pouco depois, ele parte à descoberta de uma Europa de novas corese outros hábitos. Na Suíça ele enche os seus olhos da beleza do branco das suas neves, dos verdes das suas montanhas, das cores dos seus bosques e das suas flores. Em 2004 regressa definitivamente a Portugal onde, finalmente, se pode dedicar a 100%à sua grande paixão... a pintura. Homem tímido e simples, mas ao mesmo tempo culto e inteligente, ele duvida da sua arte e sorri quando lhe chamam de artista... Autodidacta puro, ele continua sempre, sem se desencorajar, à procura de uma pintura diferente que possa ser o retrato da sua alma e do mundo que o rodeia.

Revista

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DE MATOS FERREIRA começou – e, mais recentemente, recomeçou – a pintar… por roda dos anos setenta. À distância de três décadas solares, no limiar do séc. XXI. Vocacionado para a descoberta experimental – entre a realidade e o sonho, na antevéspera de uma (re)invenção imagética do fantástico – iniciou-se no desenho (exercitou-o na técnica do pastel), sendo beneficiário da tecnologia industrial que produziu e industrializou a inovação tecnológica das tintas 'acrílicas'. A esse fenómeno (da História e do trivial) da economia contemporânea ficará devendo a permissão de vencer, a salto, a pintura convencional e traditiva – a aguarela e o guache, o óleo e a têmpera – conquanto vencido pelo imperativo material de um suporte ancestral: a tela engrada, costumeira e vulgar, de cavalete…

Dante Alighieri põe – na boca de Francesca da Ramini – a dura constatação, frustrante e dolorosa do passado punido: «Nessun maggiore dolore che ricordarse dei tempe felici en la miséria» (in 'o Inferno' | “A Divina Comédia”). Ninguém logrará encontrar essa nostálgica dor do arrependimento, ou qualquer indício da mágoa mórbida da saudade, escondidos na obra de Matos Ferreira. José-Luis Ferreira 2011-02-05

À sua mundivivência euroafricana, a uma convivialidade socioprofissional e afectiva múltipla e heterogénea, dever-se-á a essência – bipolarizada pelo obrigatório disciplinar do quotidiano …e por uma natureza intimista lateral, evasiva, intercomplementar da sua evolução identitária – do seu 'fazer Arte', e da sua auto-(en)formação autodidáctica (passem os pleonasmos), nas horas da solitude e da partilha dos seus “eus”, devaneantes ou fugitivos da memória dos dias …e das noites da felicidade vivida.

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Paulo Damião expressões da vida...

Nasceu em Pilar-Bretanha, em S. Miguel (Açores), Portugal, em 1975; Ensino Secundário no Liceu Antero de Quental, Ponta Delgada, em Artes; Licenciatura em Pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, em 2004. Capa do Livro “Zona de Perda – Livro de Albas” (poesia) de Pedro Sena-Lino, Edição Objecto Cardíaco. Várias obras públicas, incluindo no Museu Carlos Machado (Ponta Delgada) e Governo Regional dos Açores.

A mim, perseguem-me os rostos que o Paulo Damião inventa. Uns rostos perscrutando o diante da tela, ansiosos, demasiado ansiosos, e que parecem aguardar o momento certo para nos tomar de assalto, um momento em que talvez se libertem da bruma tão etérea quanto infernal em que o pintor as pôs, um momento em que talvez acedam a tocar-nos, colocando-se às nossas costas ou sobre os ombros, no côncavo das mãos. Sem que pesem, são seres de uma luz estranha que, nós descuidados, libertamos por aí. Os quadros lacustres do Paulo Damião são invariavelmente um desafio à luz, e é também por isso que digo que as suas figuras espectrais são feitas só de uma fibrilação da luz. São muito incorpóreas, muito indefinidas, no quadro como ao centro de uma infinita escuridão, ainda que o que vejamos propenda para a brancura.

Sobre o artista escreveu Walter Hugo Mãe, “Se virem passar um homem com olhos de água viva, um azul molhado a parecer capaz de cobrir o rosto inteiro, como noite única, suave, uma noite de trinta centímetros, prestem atenção. Pode ser alguém de um quadro do Paulo Damião, ou pode ser o próprio Paulo Damião. Sempre, de todo o modo, alguém raro, de mundo diferente. Um mundo raro. Pensarão, como pensei também durante um tempo, que as figuras dos quadros não ganham autonomia para se meterem a caminho pelas ruas, mas nem todos os quadros são como coisas mortas e nem todas as mortes são quietas.

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Tudo tende para o infinito em seu redor. Lacustres, emergem à superfície e encaram o pintor num espanto, mas pressupomos que são entidades da escuridão, gente para não ser vista, impossível, a metades feita de sonho e pesadelo. Assim, tenho sempre a sensação de uma beleza sinistra que nos persegue por dentro como os feitiços. A dimensão profundamente espiritual das figuras de Paulo Damião mexe com a nossa metafísica inteira….” “Os quadros do Paulo Damião têm esta mesma propriedade. A indução esquisita de vida, muito entre mundos, entre dimensões, que mistificam toda a relação que estabelecemos com a arte, que foge definitivamente disso de ser uma questão de objectos, e passa a ser uma ligação interior entre o comportamento da luz dentro e fora do nosso corpo. Sentimo-nos como condutores de energia, recebendo ou fornecendo, como numa alimentação superior…”

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CARLOS PÉ LEVE do azulejo à tela...

Nasceu em lisboa. Cursou artes gráficas, na Escola de Artes Decorativas António Arroio, onde foi aluno dos mestres Jorge Esteves e Louro de Almeida, tem o Curso de Serigrafia, ministrado pelo serigrafo António Palmeira e o Curso de Gravura da Arco. É sócio fundador da Artes, Associação Cultural do Seixal e foi até 1999 Presidente do Conselho técnico e é sócio da Anap – Associação Nacional dos Artistas Plásticos e da sociedade portuguesa de autores.

Foi o director artístico da Galeria da Trindade/Lisboa entre 1995/99, coordena a Galeria d' arte da D.G.A.J./Lisboa. É membro honorário da Fundación Abello em Barcelona e Académico de Mérito na Academia Internacional Plattonia de las Letras y las Artes. Expôs pela primeira vez os seus trabalhos em 1988, a partir daí tem exposto regularmente, tanto individual como colectivamente. Tem um vasto trabalho na área da pintura, à alguns anos a esta parte tem se dedicado à azulejaria e à escultura em terracota, bronze e pedra.

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MeiosTextos, Edições, Lda. Tem participado em exposições doando trabalhos, para os mais diversos fins (obras de cariz social). Doação de um trabalho para uma grande exposição a favor do Povo do Haiti e para e outra a favor da catástrofe na Madeira. Participou na organização da exposição da “ Mostra Cultural não Jurídica de Profissionais do Foro “, no Supremo Tribunal de Justiça. Intervenção ao vivo com alunos, na elaboração de painéis de azulejos, no projecto artístico na Escola António Augusto Louro – Seixal. Elaboração de painéis de azulejos de grandes dimensões para instituições oficiais e privadas.

INTERVENÇÕES Ilustração da capa de um livro de poemas da Carolina do Valle e livros infantis. Execução de todo o trabalho gráfico e cartaz das comemorações dos 150 anos do Tribunal da Boa Hora, Lisboa. Trabalho Gráfico das Comemorações dos 60 anos da Direcção-Geral dos Serviços Judiciários. Organização de exposições em Organismos Públicos e Privados. Participação na pintura de painéis de grandes dimensões, alusivos aos mais diversos temas, como por exemplo, A BIBLIOTECA, APOIO AO POVO DE TIMOR, 25 DE ABRIL, OS EMIGRANTES, Festa do Avante, bem como numa grande instalação sobre a ARBORISAÇÃO DE UM ESPAÇO – Festa do Avante, Seixal.

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Rui Junior da costa para o mundo...

Como director artístico Rui Júnior é coordenador de: "O Dia do Meio da EXPO'98 – A Festa dos Tambores", evento que envolveu cerca de 800 intervenientes; "Dia de Portugal" na Expo2000 Hannover, com a participação de 21 grupos musicais; “Euforia 2001 Merceyside Street Festival” – envolvendo 70 artistas de 8 companhias de países distintos, nas áreas da música, dança e teatro Liverpool – Inglaterra 2001; Em Portugal, Rui Júnior é frequentemente solicitado para realizar acções de formação e dirigir espectáculos de fusão, envolvendo grupos tradicionais de “Zés Pereiras”, grupos de “Bombos de Lavacolhos” e Escolas de Samba, entre outros.

Com uma longa e importante carreira enquanto músico profissional é considerado o melhor percussionista português, dono de uma linguagem própria e um d e s e m p e n h o i n v u l g a r e n q u a n t o p e r f o r m e r. Acompanhou espectáculos e participou em diversas obras discográficas de artistas portugueses como Júlio Pereira, Fausto, José Afonso, José Mário Branco, Sérgio Godinho, Janita Salomé, Vitorino, Rão Kyao, Jorge Palma, António Pinho Vargas, Amélia Muge, João Afonso, Carlos Barretto e Fernando Girão, entre muitos outros. É regularmente convidado, como músico instrumentista, a participar em diversos projectos musicais, no estrangeiro. Em 1996 fundou o projeto “Tocarufar” do qual é director e dirigente enriquecendo e consolidando o seu legado artístico com um reconhecido projecto de formação artística e cultural com uma importante vertente social. O Projecto de Percussão "Tocá Rufar" – é formado por um grupo de 300 jovens percussionistas e foi criado para apresentar um espectáculo na Expo'98, integrado na Programação Prioritária Nacional, representativo do instrumento tradicional português "O Bombo". Excertos dos seus álbuns foram utilizados em “Canto Luso” - Companhia Nacional de Bailado - coreografia de Dave Fielding, Rui Lopes Graça e Armando Maciel (1998) e em “Mazurca Fogo”, Wuppertaler Tanztheater coreografia de Pina Bausch para o Festival dos 100 dias – Expo'98. Como compositor para bailado, Rui Júnior é autor de: "See Under X" - Ballet Gulbenkian - com coreografia de Itzig Galili - 1997 "Joy Stick" – Companhia de Dança de Almada com coreografia de Maria Franco - 2001.

Publicado por Tocarufar

Tens uma carreira musical fantástica no campo da composição e da percussão, foste compositor nomeadamente do "See Under X" - Ballet Gulbenkian - com coreografia de Itzig Galili - 1997 "Joy Stick" – Companhia de Dança de Almada com coreografia de Maria Franco - 2001 como é que tudo aconteceu até chegar aqui? No princípio foi dificílimo. A seguir ao 25 de abril o percussionista não existia como músico. A percussão era uma espécie de adereço musical que os grupos tinham. Desde miúdo que tocava já percussão e a guitarra andava sempre comigo, nessa altura nem me preocupava com o que queria ser na vida. Queria ser muita coisa, ainda hoje quero. Nem me considero ainda hoje um músico, sou um tocador de instrumentos, mas também sou empresário, sou canalizador, lavador de pratos, sou o que tiver de ser. Não tenho em casa cartazes das minhas obras, não tenho fotos minhas. Sou um ser humano normal, gosto de música, gosto de ter bichos, gosto de trabalhar, de dirigir equipas, de ser dirigido e gosto de me sentir útil. 23


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Curiosidade engraçada, ainda hoje é assim, se eu escolher um aluno não cobro, até porque não dou aulas particulares, só se vir aquele brilho é que o adoto e lhe dou aulas. E safei-me nos restaurantes que é a minha segunda profissão ou terceira, porque também sou pintor, por tradição familiar. Passados dois anos como não tinha papéis, a polícia da emigração colocou-me na fronteira e vim embora, chegando a Portugal em 83 comecei à procura de trabalho como percussionista e isso foi muito difícil porque só na sinfónica é que existia a carreira de percussionista, não existia em mais lado nenhum. Os meus primeiros trabalhos foram com o falecido José Calvário naquelas orquestras de televisão, ele precisava de um percussionista que conhecesse os ritmos latinoamericanos nos instrumentos todos mas profissional, o segundo depois que me fez um teste a sério foi o Fernando Girão já era na altura um músico internacional e sabia bem o que era um percussionista e precisava de um para integrar o quinteto dele na altura, fez testes e quando chegou a minha vez perguntou me se eu sabia o que é que era um percussionista, quando acabei o ensaio ele disse “até que enfim, um percussionista a sério!”.

Por volta dos meus 17, 18 anos andava pela Costa da Caparica a tocar Congas e conheci uns belgas que me incentivaram a emigrar, disseram-me que encontraria trabalho com facilidade e que até tocaria com eles e eu aproveitei como motivação, para ir daqui para fora. Fui de comboio, cheguei lá sem dinheiro - só havia para a ida - convicto que chegava a casa deles e ia tocar, bati à porta e eles já nem se lembravam de mim. Durante seis meses não tive onde dormir ou ficar, dormia embrulhado em jornais, fiz um “biscate” e comprei um saco cama e dormia então, embrulhado no saco-cama num quarto abandonado, mas tinha uma salamandra.

Na altura o quinteto dele tinha o Mário Barreiros na bateria, Pedro Barreiros no baixo, José Martins nas teclas, salvo erro, na altura era já um super grupo embora fossemos todos jovens. O Fernando Girão já na altura era excelente profissional e com cartas dadas e foi muito bom ter-se proporcionado tocar com ele. Depois foi um golpe de sorte, estava a atuar na televisão com o José Calvário e o Júlio Pereira viu-me e perguntou, “quem é aquele tipo?”, ele ia gravar o cavaquinho e queria percussões no disco.

Pouco a pouco fui-me desenrascando, pedindo trabalho em restaurantes em troca de comida, sempre me desenrasquei. Comecei a estudar e acabei por trabalhar muito com os árabes e os músicos gostaram de mim e da minha forma de tocar. Depois fui adotado por dois excelentes músicos, nunca paguei aulas, um deles foi o Mustafa Iraqui, já falecido.

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Na altura toquei com muitos artistas porque era provavelmente o único profissional que existia, a seguir ao Júlio Pereira gravei Fausto “Por esse rio acima”, na altura as editoras andavam atrás dos novos valores do 25 de Abril e trabalho não faltava e como eu era o menino que estava na moda a editora do Fausto propôs-me gravar um disco, e foi o único disco de percussão feito até agora, contava com o Nuno Represas, José Salgueiro, enfim a nata da percussão depois toquei com o Janita, com o Zeca Afonso, com o Rão Kiao, “Estrada da luz”.

E assim me tornei músico como meio de subsistência e profissão. Continuei a tocar por todo lado, bares, auditórios, estúdios, até ficar cansado. No teatro Trindade o João Brito e a falecida Natércia Campos vieram falar comigo porque faltavam dois anos para a Expo 98 e achavam que eu era um músico representativo do instrumento bombo. Foi complicado, ter de criar um grupo, pô-los a tocar todos uns com os outros, viajar de norte a sul do país para dar workshop's e compreender o toque dos bombos e os seus tocadores, mas foi extremamente enriquecedor.

Como é entrar na Enciclopédia da Música em Portugal do Séc. XX? Foi limitada ao séc. XX e o fato de ter obras editadas, só por isso, aliás era esse o critério.

Compões espectáculos de percussão fabulosos, entre eles o WOK – Ritmo avassalador, mas todos eles são do mais enraizado da tradições portuguesas, como fazes as tuas pesquisas?

Acompanhaste Júlio Pereira, Fausto, Zeca Afonso, Rão Kyao, Janita Salomé e Fernando Girão entre outros grandes nomes da música nacional e internacional, és considerado por muitos como o maior percussionista português. Fernando Girão confidenciou-me que és único na tua forma de tocar e compor, que sentes a ouvir isto?

Observando conscientemente os grupos de bombos e porque é que tocam como tocam, é o nosso povo. Por exemplo os brasileiros têm um sentimento diferente do nosso, os nossos bombos fazem chorar mas não é de alegria, é de uma comoção profunda das raízes da nossa portugalidade e não danças ao som dos nossos bombos como danças ao som da percussão brasileira. Portanto não é só tocar, é sentir. Saber porque é que tocamos assim e não de outra maneira. O bombo é único no mundo e a nossa forma de tocar é única no mundo.

Não sou o melhor a nível de capacidade técnica, posso realmente ser dos poucos a nível mundial que compõe peças para percussão com sentimento e uma identidade cultural indiscutível e isso torna as obras que faço únicas, tal como tudo, posso não tocar melhor, mas toco diferente, tenho uma linguagem própria.

Em 1996, criaste o projeto “Tocarufar” para a apresentação de 300 percussionistas na Expo 98, neste momento e passados dezasseis anos, a verdade é que este projeto nunca esteve tão vivo como hoje e já se perdeu a conta ao número de percussionistas, qual é o segredo? Disciplina, rotina, não falhar ensaios. Mesmo na tragédia do incêndio que faz agora um ano, foi uma quarta feira e no domingo estávamos a ensaiar na rua perante os destroços, quase sem instrumentos, mas fiz questão de os ensaios não pararem e isto é assim desde o primeiro dia, o êxito dá muito trabalho.

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Em 1996, criaste o projeto “Tocarufar” para a apresentação de 300 percussionistas na Expo 98, neste momento e passados dezasseis anos, a verdade é que este projeto nunca esteve tão vivo como hoje e já se perdeu a conta ao número de percussionistas, qual é o segredo?

Quantas pessoas compõem a tua equipa de formadores? Em 2007 éramos 23, em 2008 na altura do incêndio éramos 13 e agora somos 4 e formadores somos 3.

Disciplina, rotina, não falhar ensaios. Mesmo na tragédia do incêndio que faz agora um ano, foi uma quarta feira e no domingo estávamos a ensaiar na rua perante os destroços, quase sem instrumentos, mas fiz questão de os ensaios não pararem e isto é assim desde o primeiro dia, o êxito dá muito trabalho.

Como conseguem manter essa independência que vos caracteriza e como vão vivendo? Vendendo os espectáculos instrumentos.

Sabes quantos grupos e elementos ligados ao “Tocarufar” existem hoje no país e se calhar nas comunidades portuguesas espalhadas pelo Mundo e que de alguma forma são frutos do teu empreendimento cultural?

Depois de tudo o que és e o que representas, o que te falta fazer?

Existe em Malta, é uma orquestra nacional e fui eu quem deu a formação, é o resultado dos utentes da Fundação Éden que integra portadores de deficiências, qualquer deficiência. A fundação está espalhada a nível mundial mas no caso particular de Malta tem um papel preponderante porque a sociedade esconde os seus deficientes. Mais recentemente na Bélgica, começou um grupo que é baseado no Método Tocarufar. Ou seja, somos mais de 40 orquestras ao nível nacional e duas estrangeiras e surgem 4 ou 5 por ano.

No domingo, dia 27 de maio, vai realizar-se o 8º Festival de Percussão Portugal a Rufar – porque os bombos não se cansam, este festival é internacional, quantas pessoas esperas este ano?

Falta-me fazer tudo, tudo o que já fiz ficou lá para trás.

Não faço a mais pequena ideia, vamos ser invadidos, vão existir orquestras de bombos em todas as ruas e não sei mais nada, são uns bons milhares. Após o incêndio no e tal como uma Fénix, o “Tocarufar” surgiu das cinzas, um ano volvido, o que mudou?

Uma frase do “Tocarufar” e que tem no fundo a essência deste magnifico grupo é “Entrega-te – Revela-te – Supera-te” ajuda o crescimento pessoal e cultural de quantas crianças só na sua zona de atuação?

Tudo e nada, aprendemos coisas novas e a ser os mesmo de sempre. O que não voltarias a fazer?

Temos de fazer algumas contas, trabalhamos com a comunidade escolar aqui no concelho do Seixal e da Moita e em cada ano são mais ou menos mil novos inscritos e já la vão treze anos é difícil calcular, depois implica pais, foram mais de treze mil fora os nosso 9.000 sócios e mesmo assim não faço ideia.

A viciar-me em drogas pesadas novamente. Nunca teria começado um caminho que me levou quase à morte. Como vês o caminho da cultura em Portugal? Temos de a tomar em nossas mãos. Eu sou contra os direito de autor. Acho que isso foi uma invenção mafiosa. O artista tem de ser visto como um trabalhador e tem de vender o seu trabalho, sou contra os subsídios, os padeiros também não têm subsídios. O artista se merecer ganha dinheiro senão seja outra coisa qualquer. O artista não é um deus!

Quais são as grandes preocupações que fazem o “Tocarufar” voar? Equidade, acesso ao conhecimento. O nosso projeto é completamente gratuito, os associados não pagam jóias ou quotas, não pagam aulas e nem instrumentos, quando viajamos não pagam absolutamente nada. Quem entra no projeto de percussão “Tocarufar” e veste a farda tem de ser exemplar.

Obrigado Rui pela tua simpatia e colaboração e vermo-nos dia 27 de maio no “Portugal a rufar”

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Domingos Silva o pluralismo de um artista!

Domingos Mendes da Silva nasceu na freguesia de Travassos, do concelho da Póvoa de Lanhoso, no dia 14 de Dezembro de 1955, no seio de uma família de ourives. Concluiu a escola primária em Travassos e prosseguiu a sua instrução no Liceu Sá de Miranda e no Conservatório Calouste Gulbenkian, em Braga. Foi no Conservatório que se iniciou no mundo das artes, sob orientação do professor Nuno Barreto. Em 1975 frequentou o curso de Artes do Fogo na Escola de Artes Decorativas Soares dos Reis (Porto), findo o qual viajou para França e Suiça. Trabalhou para subsistir, mas sempre aproveitou para pintar e contactar com o mundo das Artes. É na observação assídua do museu de Kunstaus, em Zurique, que se deixa fascinar pela obra de Vieira da Silva. Em 1979 está de volta ao País e inicia a sua carreira no ensino (Cerâmica) exactamente na Escola Soares dos Reis, onde estudara poucos anos antes. E apesar de prosseguir, em diferentes escolas, a sua carreira docente, sempre procurou oportunidades para, ele mesmo, acrescentar à sua formação novos cursos na área da Pintura. Tendo frequentado este curso na Cooperativa de Ensino Artístico Árvore (Porto) em 1985. Trabalhos de sua autoria integram diversas colecções particulares ou foram adquiridas por instituições públicas. Em 1999 concebeu o projecto para o Monumento ao 25 de Abril erigido na Póvoa de Lanhoso.

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DOMINGOS, o pluralismo de um artista Pintar, o verbo pintar, dicionarizado, significa: representar (figuras, imagens etc.) por meio de traços, cores, combinações de cores. Está certo. Pintar uma casa e pintar uma tela, tudo é pintar, é verdade. Em ambos os trabalhos se usam pincéis e tintas. Apenas o dicionarista não disse que os traços, as cores e as suas combinações, correm por conta do talento dos artistas. Sentir com as cores, chorar e rir com as cores, escrever com as cores, compor com as cores, esculpir com as cores, interpretar a realidade, às vezes até reinventá-la, tanto pode ser feito numa casa como numa tela. Depende apenas do artista que as pinta. O ser humano cresce num constante processo de aperfeiçoamento. Seja comum ou incomum. Mas só os artistas se aperfeiçoam de uma forma incomum. Só eles criam e recriam. Só eles se aproximam de Deus. A Fé é um caminho. Mas apenas o génio caminha e chega. Domingos Mendes da Silva, o artista plástico DOMINGOS, que tive o prazer de conhecer em 2003, na Póvoa de Lanhoso, pouco depois da minha volta a Portugal, é um desses raros seres humanos que se aperfeiçoam de uma forma incomum. Modesto no ser e no estar, mas de uma concretude absoluta quando se fecha no seu atelier, sabe como poucos dialogar com o universo ontológico através dos seus pincéis. Pintou o seu primeiro quadro a óleo em 1972: Paisagem. Paisagem sombria, desolada, erma. Profundamente triste. Nas cores e no traçado do desenho. No meio do quadro, um longo caminho. Deserto. Também triste e desolado. Ermo. Era o começo da caminhada de DOMINGOS em busca da sua própria voz. Da sua própria verdade. Que despontou em 1977 com o óleo Cavalos e se firmou em 1979 com o óleo O Lavrador. Cores alegres, profundamente vibrantes, próprias de quem sabe o que é, como é e por que é. Mas não foram apenas as cores que mudaram o tom do seu sentir e do seu compor. Foram os traços. Agudos, geométricos, angulares. Intercalando as nuances das cores, como se os pincéis fossem espelhos e as reflectissem das mais variegadas tonalidades. O tom sobre tom, o dégradé, aqui e ali cortado pelo grito de uma cor mais quente ou mais lancinante. Notam-se influências (ou, pelo menos, ascendências) na pintura de DOMINGOS. Picasso, de Les Demoiselles d'Avignon e da fase cubista, e Alfredo Volpi. O mestre italiano do colorismo e do abstraccionismo geométrico. Como Volpi, também DOMINGOS progride na sua arte com um abandono progressivo das formas tradicionais, trocando a pintura de assuntos por uma pintura absoluta. Mas sem cair no oco hermético do abstraccionismo puro. Não. DOMINGOS faz do colorismo e do abstraccionismo geométrico o veiculo da reinterpretação da sua realidade. Interior e exterior. E molda (às vezes até avoluma) as suas imagens na medida em que elas o agridem e a sua sensibilidade se sente agredida. 28


Os cambiantes cromáticos da luz daquela vela que parece consumir-se em si mesma, não repercutindo, não sendo refletida, uma vez que cada componente do quadro tem a sua própria luz, e, apesar de tudo, iluminando. A si mesma. Diz-se que, em 1940, um oficial alemão aquartelado em Paris, ao ver uma fotografia reproduzindo o quadro Guernica, perguntou a Picasso se tinha sido ele que tinha pintado um quadro tão horrível. Resposta de Picasso: Não. Foram vocês. Se algum de vós quiser saber por que a arte de DOMINGOS é assim geométrica, incisiva, acutilante, e não arredondada, glamorosa, glaiadínica, não lho pergunteis. Certamente a resposta será: Eu sou apenas um espelho. A realidade da pintura de DOMINGOS somos nós. Os outros. Cunha de Leiradella Casa das Leiras - Portugal

18 de Maio de 2010

25 ABRIL Dos quarenta e oito anos de ditadura restanos a memória do medo, da angústia, do sombrio e da fome, simbolizadas na área posterior deste monumento pelos labirínticos caminhos da miséria, pelas claustrofóbicas paredes da desolação, pela incerteza de um trilho que esbarra numa porta sem futuro, para que nunca esqueçamos o passado. Mas “Abril” cumpriu-se a 25, e do gesto ternurento de uma mão cheia de capitães que transformaram guerra em poesia, surgiu uma luz de renovada esperança, uma brisa com sabor a liberdade, certeza de que a vida recomeçava naquela madrugada fresca de espingardas que disparavam cravos. Uma janela aberta transforma, 25 anos depois, de esperança em certeza tudo quanto era apenas sonho, e a ave que voa no cimo deste memorial, representa o grito de alegria conquistado no longo madrugar de um Povo que, soube e quis reinventar-se.

José Abílio Coelho escultura com música

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Fernando Girão

A vida na sua componente materialista, é um parque de diversões perversas, e os poucos que mandam na “festa” exploram os muitos outros que, de mãos atadas, assistem ao filme das suas vidas, sem que lhes seja dada a oportunidade de fazer algo. Como um realizador mudo: sem idéias, com “clichets” ultrapassados. E os actores, completamente baralhados, esquecem as suas deixas, esquecendo o fundamento dos seus papéis. As dúvidas existem, mas de pouco servem, para que perguntar o que de antemão sabemos não ter resposta ? Numa das faces, cada vez mais, abro-me ao mundo numa total entrega, na outra face, busco dentro de mim a paz que necessito. A fé não pode ser perdida devido à falta de fé ! Temos de inventar novos conceitos, novas políticas, novas formas de estarmos na vida... A força que herdamos ao nascer, caminha enfraquecida e viver é um deixar passar o tempo, um encolher de ombros. Confesso que às vezes penso se valerá mesmo a pena racionalizar e por em duvida tudo o que "vejo". Então, quando isso acontece, levanto-me decidido a começar mais uma vez a resolver os meus problemas. Preparo um chá e tento resolver outro dilema...

a alma da caneta... “Preparo um Chá” As nossas vidas cabem todas na palma da mão de uma criança. Todo o nosso saber é vencido pela pureza da intuição. Quem não entender este conceito, estará em luta permanente com as Leis basicas do Universo. A pesquisa tem que ser feita de fora para dentro, analisada no nosso Interior, nada é absoluto, cada um que tire as suas conclusões. A orquestra humana se desconjunta em notas desafinadas. Esquecendo que a intuição deve ser seguida e respeitada, devemos ouvir as crianças e também os mais velhos. As primeiras estão recém chegadas da essência da Criação, trazem ainda pequenos pedaços de Deus; os segundos estão na caminhada final das portas da vida, viveram anos de experiências pessoais, são livros falantes que muito podem ensinar.

Fernando Girão Ogum Ogunhê

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Carlos Godinho do Alentejo para o mundo, com o surrealismo nas veias!

Nascido em S. Lourenço de Mamporcão (Estremoz), tendo dedicado parte do seu tempo à pintura de cartazes e catálogos, à ilustração de capas de livros e a um bom número de colaborações jornalísticas e radiofónicas. Licenciado em Ensino na variante de Educação Visual, pela Escola Superior de Educação de Portalegre (E.S.E.P.), frequentou a Faculdade de BelasArtes de Lisboa e é Mestre em Sociologia pela Universidade de Évora.

Cada pintura é mais do que aquilo que conseguimos fotografar. É aquilo que nós queremos em cada momento. É o que se pode ver naquilo que cada tela apresenta. Em 2011 a exposição na Sala Vaquero Poblador, em Badajoz, foi um momento importante, porque a mostra teve uma critica muito favorável. Neste mesmo ano expôs em mais duas galerias por onde passaram grandes nomes das arte portuguesa e estrangeira: Galeria Aquarius e Galeria Lucília Guimarães. Finalmente uma exposição com obras sobre o Livro “Estevas” de Sebastião da Gama, no Museu Sebastião da Gama, em Azeitão.Neste ano de 2012, participou na exposição colectiva que inaugurou a Galeria NT, no Montijo, e foi convidado para participar em cinco outras colectivas com nomes importantes das artes portuguesas. Irá participar pela primeira vez na Bienal Internacional da Madeira como noutras exposições internacionais em Portugal e estrangeiro. Representado em colecções nacionais e estrangeiras. Tem trabalhos em organizações institucionais, pública (museus, bancos, câmara municipais e institutos públicos) e particulares. No seu currículo conta com mais de cem exposições colectivas e individuais, tanto em Portugal como no estrangeiro. Já esteve presente, com o seu trabalho em três continentes e dando-se nota apenas das exposições nos últimos anos.

Tem comissariado diversas exposições de outros artistas plásticos portugueses, em diversos espaços na cidade de Estremoz. Considera que a pintura a óleo deixa antever uma “forma diferente” de olhar a cor dos espaços que se podem contemplar. Cada traço pode ser olhado de múltiplas formas. Assim, cada um dos seus quadro é o despertar para uma realidade e de descobertas para além do consciente. A luz, a forma e a cor transportam-nos para um número (in)finito de construções que apenas cada um pode percepcionar. Em cada ponto visionamos um equilíbrio expresso nos modelos. Aqui, não temos que olhar o que nos é comum mas o que nos conduz a uma visão mais lata de tudo quanto nos rodeia. 31


MeiosTextos, Edições, Lda. Trabalho, que nesta área das artes plásticas se deve concentrar primordialmente no desenho, nossa pesquisa interminável e constante para atingir o inatingível domínio da mão sobre o pensamento. Desenho que é em arte o começo e o fim de todas as coisas. Mestre Armando Alves

Tarefa difícil, sem dúvida, tanto mais quando se pretende afirmar um percurso num campo desigual em que as lutas e tensões por impor o legítimo a última diferença legitimada constroem um património físico e simbólico com base em taxinomias interpretativas. Esforço admirável, portanto, credor do nosso respeito e admiração pelo que representa para a nossa vivência comum. É fácil criticar quem desiste, mas também é fácil, muito fácil mesmo, não apoiar quem não desiste. Sociólogo Álvaro Borralho

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Carlos Godinho, aporta una muestra pictórica, que presenta varias características, que son apreciables inmediatamente. Un estilo surrealista, de él toma la estética de la escasez de figuras en el cuadro, para centrar el mensaje. Y la forma de expresar sus ideas, en las que predomina el dibujo y la composición de las figuras, construidas con colores suaves, a las que rellena con óleo muy diluido, que a veces recuerda la acuarela. Leer los cuadros de Carlos Godinho, es captar los elementos totémicos, que tienen de por sí una clave. A través de su presencia podemos establecer el significado profundo del cuadro. Las manzanas, constituyen la lectura bíblica del pecado e incluso de la feminidad, que con frecuencia contrapone a elementos puramente religiosos, como un rosario, haciendo un juego entre el pecado y la devoción. Pero este surrealismo, no está alejado de la tierra, en estos: “Juegos míticos del pensamiento" como define al conjunto de su obra, aparecen iconos, como iglesias, azulejos, o el homenaje a Mérida, en las que a través de las figuras hace una reflexión casi regionalista, que lo incardina a un lugar determinado. Los sueños surrealistas, son de alguien identificado con un lugar. Y esto es interesante, ya que habitualmente los pintores surrealistas despersonalizan su obra. Carmelo Arribas Pérez. Crítico de arte

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Façamos diferente... Começou um outro problema, o que comprar? “Uzum” disse o turco, “ineb” disse o árabe, “inghur”, disse o persa, “staphilion”, disse o grego. Cada um deles queria o que pediu de uma forma enérgica e decidida e todos, ficaram a discutir, que a sua opção era a melhor. Naquele momento, passava um sábio, que conhecendo todas aquelas linguas , revelou o absurdo daquela discussão. Cada um de vocês está a pedir a mesma coisa mas em línguas diferentes , o que vocês querem é : UVAS

Luís Fernando Graça Artista Plástico Formador Certificado pelo IEFP Motivação e Crescimento Pessoal Editor da revista Novos Talentos

www.luisfernandograca.com

Seja Feliz, à sua maneira!

Aqueles que têm um grande autocontrole, ou que estão totalmente absortos no trabalho, falam pouco. Palavra e ação juntas não andam bem. Repare na natureza: trabalha continuamente, mas em silêncio.

Um dos nossos grandes problemas é a falta de compreensão. Nas conversas, nunca ouvimos plenamente o que o outro diz, o nosso raciocínio “voa” mais rápido do que a nossa conversa e na ânsia de dizer o que pensamos, nem ouvimos ninguém. Todos nós já vimos “génios” contemporâneos a falar, eles falam pausadamente e sempre que são interrompidos recomeçam do mesmo ponto, ignorando a nova pergunta e levando o seu raciocínio em frente. Só tentando compreender o que os outros nos querem dizer, mesmo que a opinião seja contrária à nossa, poderemos ver os problemas por outro prisma, que não o inicial. Ninguém é doido, se não é da nossa opinião e, temos a certeza de que temos razão, porque não ouvir a outra, pode até servir para realizarmos melhor a nossa tarefa ou mesmo reajustar a nossa opinião. Quantas vezes não saímos de “arma em punho” numa conversa, só porque alguém não é da nossa opinião e na defesa da nossa opinião nem reparamos que afinal pensamos da mesma maneira, explicada por outra pessoa e logo, nos soa de forma estranha, mas a essência é a mesma. Dêmos então, oportunidade de ouvir as outras opiniões sobre os diversos assuntos que nos afligem, de forma a crescermos todos de forma igual e inteligentemente, afinal, todos temos direito à nossa opinião e visão do Mundo. Deixo-vos uma história que conheci à muitos anos e que retrata muito bem as nossas disputas diárias: “Quatro mendigos encontraram-se por acaso num cruzamento: um turco, um árabe, um persa e um grego. Para celebrar o encontro, decidiram fazer uma refeição juntos. Reuniram as poucas moedas que tinham, com o propósito de comprar algo para a comemoração.

Mahatma Gandhi Nunca perca a fé na humanidade, pois ela é como um oceano. Só porque existem algumas gotas de água suja nele, não quer dizer que ele esteja sujo por completo. Primeiro eles te ignoram, depois riem de ti, depois brigam, e então tu vences. Tu nunca sabes que resultados virão da tua ação. Mas se tu não fizeres nada, não existirão resultados. Mahatma Gandhi

As verdadeiras diferenças no mundo de hoje não são entre judeus e árabes; protestantes e católicos; muçulmanos, croatas e sérvios. As verdadeiras diferenças encontram-se entre os que abraçam a paz e os que a querem destruir; entre os que olham para o futuro e os que se agarram ao passado, entre os que abrem os braços e os que fecham os punhos. (Bill Clinton)

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A NT Galeria de Arte, teve dia 10 de março a inauguração da exposição de artes plásticas “ “Duas Gerações e um Pé Leve”, com Vitor Zapa, Sofia Ferreira (filha de Vitor Zapa) e Carlos Pé Leve. A inauguração foi mais um êxito da NT – Galeria de Arte, com a vernissage a cargo de Chez Jules Charcuterie de Paris sedeada no Linhó - Sintra e que é uma parceira das actividades do grupo Meiostextos, edições,lda. A exposição estará patente ao publico até 14 de Abril de 2012 e poderá ser visitada das 9h às 17h diariamente e com marcação aos fins de semana.

a boa disposição com Luís Fernando Graça Lina Conceição e Fernando Girão

Lina Conceição, o seu amigo Vitor Zapa e Sofia Ferreira

Luís Fernando Graça e Carlos Pé Leve

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A insegurança que atravessa o mundo do trabalho e da económica, transformou-se numa corda eficaz que serve para amarrar pelo medo, as pessoas a uma subserviência total ao poder que as manipula, qualquer que seja a sua característica e proveniência. Hoje quase ninguém tem a veleidade de fazer grandes planos de futuro, quando nem sequer podemos saber o que o presente nos reserva a cada esquina. Com este sistema, o que se pretende incentivar é uma competição desenfreada entre pessoas, onde o que interessa unicamente é o lucro que cada um pode gerar, e fazê-lo até ao limite. Resta saber que limite! Se estudarmos atentamente a evolução económica e financeira do mundo desde há alguns anos, não nos restam dúvidas de que estamos a assistir, a um enorme e crescente retrocesso civilizacional, que nos vai levar a caminhos muito dúbios, senão mesmo a terríveis convulsões. Existe claramente a nível global, uma concertação de esforços por parte dos verdadeiros senhores do mundo, (os mesmos que criaram o processo autofágico de loucura da finança especulativa, que originou o colapso do sistema e o início da crise) que não passam de seres parasitários, clubes de agiotas especuladores sem escrúpulos onde o sangue não pulsa, que se escondem e operam nos bastidores dos cenários que dão pelo nome de “mercados” e vão manipulando financeiramente pessoas, empresas, estados, continentes, e o mundo inteiro, e através desse controlo, vão impunemente criando condições para engendrarem uma nova e subreptícia escravização dos povos. Esta nova escravidão não tem nada a ver com a antiga, que se baseava em pressupostos fisicamente coercivos, e humanamente condenáveis porque visivelmente horrorosos e inadmissíveis hoje em dia. Esta nova forma de escravidão é muito mais subtil e baseia-se em preceitos muito mais finos, mais consentâneos com as novas linhas de orientação da psicologia de massas levadas ao extremo, que começa por criar uma culpabilização coletiva, baseada nos excessos que supostamente as pessoas cometeram, que na verdade foram gerados pela compulsão consumista que esses próprios senhores da alta finança, na sua deriva devoradora despoletaram e incentivaram, para colherem o máximo de lucros possível não olhando a meios para atingir os fins.

PONTO DE VISTA Carlos Almeida - Artista Plástico

Ao sentirem-se culpadas, as pessoas aceitam melhor os “castigos”, e de um modo mais resignado e dócil, submetem-se mais facilmente a todos os sacrifícios para a remissão dos seus “pecados”. Assim, estão criadas as condições básicas para a abertura do caminho que tem como linha mestra, o pensamento de que o meio mais eficaz de escravidão, é aquele em que o escravo acredita convictamente que tem toda a liberdade, mesmo que viva pesadamente agrilhoado na mais sórdida masmorra. Uma boa parte das pessoas ainda está convencida de que ter liberdade, é poder dizer alguns impropérios sobre os políticos, ou de vez em quando traçar uma cruzinha num papel quando há eleições, e votar no idiota que lhes impingem, que mal conhecem e que vai definir e estabelecer por elas, o que elas verdadeiramente querem da vida. Todos sabemos que esse acto de votar, poderia ser positivo, se em termos culturais o povo tivesse ferramentas de discernimento disponíveis para perceber uma série de coisas que vegetam no limbo da política, mas infelizmente a cultura neste nosso país é cada vez mais um bem arredado do nosso convívio, e sem cultura não há visão do presente, e muito menos do futuro!

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Aprender?! “Desenvolve uma técnica infalível, depois entregate à mercê da inspiração”. Ditado Japonês Estava eu a almoçar, num convívio fraternal, e no meio da alegre cavaqueira sobre arte (pintura, escultura), ter escola ou não ter? Aprender com os Mestres? Autodidata? E alguém achou pertinente, numa uma mesa bem regada, meter a fotografia ao barulho. E dispara esta: “com estas máquinas fotográficas já não há necessidade de aprender a fotografar!” A coisa enervou-me. E a minha reação foi responder-lhe de repente e sem pensar, o que costuma dar disparate …e arrependimentos (pelo menos a mim que tento fazer parte dos justos).Mas como para mim o vinho faz o mesmo efeito que um “xanax”, apesar de ser um mau relaxante, disse: “Olhe que não, olhe que não!”.Aquele Sr. com idade para ser meu pai (ainda há, felizmente, pessoas com essa idade) afrontou-me daquela maneira que depois de passar o efeito anestesiante do dito néctar resolvi exorcizar o meu trauma, escrevendo o porquê não estar de acordo. E então porquê não estou de acordo? Porque é preciso subir de degrau em degrau para chegarmos ao fim da escada e, por esse motivo, é preciso aprender as regras básicas de forma a ficarem entranhadas no nosso corpo e na nossa mente, e sabendo-as, pudermos quebrá-las. Fui a Barcelona, visitei o Museu de Picasso e vi o génio!! Este grande artista fez todo o percurso da pintura até se superar e ser criativo e experimentalista. Portanto aprendeu as regras e inovou. Um amigo meu escreveu uma vez no saudoso suplemento de fotografia do jornal “A Capital”: “não estou de acordo que se atribuam prémios a fotografias isoladas porque essas podem ser fruto do acaso ou da sorte. Mas antes a um conjunto temático”. Nem mais! Porque uma excelente fotografia de quem não tem formação, autodidata ou outra, é mesmo obra do acaso. E os acasos, como o próprio nome indica, não abundam por aí. Por isso meus amigos, estudem em escolas, ou por conta própria, porque irão ser abençoados com o Vosso esforço. O que diferencia os fotógrafos medianos dos fotógrafos bons ou excelentes é como aprendem e utilizam a composição fotográfica, assim como a sua criatividade, persistência e conhecimento técnico.

Jorge Alves Fotografo A exigência para connosco próprios deve estar acima da média. Temos que ultrapassar os limites e as expectativas e tentarmos sermos criativos e esteticamente inovadores. Há algo que tem que pensar quando pega na sua câmara com o “programe”: “Tiro proveito de tudo. Não me deixo dominar por nada, a não ser pelas minhas próprias convicções”. Então, comece a usar o “Manual. Jorge Alves Fotógrafo e Formador www.jorgealves.net http://jorgealvesfotografia.blogspot.com/ http://www.facebook.com/jorge alves fotógrafo

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Quem és tu... “O que faço corresponde àquilo que sou. Talvez eu seja ou caso "diferente"! Quiçá isso me denote, como pessoa (mais especificamente), e apresentando um breve autoretrato, como uma amante eterna do saber, como uma lutadora para crescer "em crescendo" na intelectualidade, o alimento essencial do meu ser, do meu estar e do meu fazer, da minha alma e, até mesmo, do meu corpo; para crescer "em crescendo" no meu sentir, nas minhas emoções, na minha racionalidade, na minha relação comigo mesma e com os outros. Assim sendo, sou partilha, sou comunidade, na humanidade da Ética que me rege, mantendo, sempre a minha Identidade e individualidade em primeiro plano, sem qualquer espécie de egoísmo, sem preconceitos, sem hipocrisia. Movo-me na transparência do Ser. Rejeito o parecerser, as modas, o dito politicamente correcto, em nove da verdade revelada em mim, que nunca escondo, nem tapo com qualquer espécie de máscaras. Assim fiz/faço a minha vida académica e pessoal (e assim pretendo continuar a realizá-las) completamente intercruzadas nestes ensinamentos filosóficos e poéticos que integram a minha personalidade. Costumo dizer que: "quem quer saber o que sou, mais intimamente, que leia o que eu escrevo, que leia a minha minha poesia, a minha prosa poética, os meus pensamentos dispersos, os meus ensaios literários, filosóficos e/ou poéticos". Aí está a minha alma exposta nas suas entranhas, sem véus de qualquer espécie. Só por este mesmo caminho se pode entender o porquê da escolha dos meus "musos"/musas inspiradores, sem os quais nunca escreveria como escrevo, quer da parte da Poesia, quer da da Filosofia, respectivamente: Álvaro de Campos, em todas as suas três fases (especialmente a primeira e a última) - "sou tão Álvaro de Campos!", também costumo dizer - , Jorge de Sena, Eugénio de Andrade, Natália Correia, Flobela Espanca, Rainer Maria Rilke, Jorge Luís Borges, Whalt Whitman, Holderlin, ...; Heidegger, Nietzsche, Pascal, Kant, toda a Filosofia Antiga e a sofística grega... E, calro, os "musos" da pintura: Van Gogh, Picasso, Dalí, Magritte, Paula Rego... Porquê estes e não outros? Porque me revejo como ser humano, como pessoa e cidadã, nos seus pensamentos, nos seus traços, nas suas mundivisões.”

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Rosete Isabel Licenciada em Filosofia, Mestrado em «Estética e Filosofia da Arte» e uma quantidade infindável de disciplinas, professora, escritora, poeta, declamadora, mas sobretudo uma mulher da cultura e divulgadora da língua portuguesa.


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«Há corpos que se atiram contra outros corpos. Uns compulsivamente, outros suavemente. Desse choque, dá-se a transformação da alma-encharcada em almafogo. O amor-fogo é fruto desse debater-se intenso entre-corpos. Amor-fogo, amor de Orfeu, que procura a alma-fogo de Eurídice, para a depositar num corpoquente. Ao debaterem-se, não deixam que a chamapulsão contida neles, deixe de ser enxuta. Enxuta, porque quente. Quente, porque bom condutor para emocionar. Estes corpos auto-hesitantes, por vezes, querem e não querem; por outras, amam e não amam o outro corpo. Vivem numa continua repulsa e proximidade. Mesmo que tencionados um no outro, as almas-fogo, nunca se fundem, nunca se queimam juntas. Fora das almasfogo, fora dos corpos-quentes, só reside o frio: a morte.» Gonçalo Rosete

«O impulso à umbilical comunhão dos corpos cresce numa escala vertiginosa, que desatina e não atina em absoluto. Há a inquietude irritante e ardente dos amores não vividos, num intenso enorme, ou numa quase loucura do ser que não é, mas que fustiga e não pára e não se aquieta. Assoma o prazer desejado sem contenção, nem dos músculos, nem das veias, nem das vísceras, nem das células. Ergue-se, num escasso instante, o turbilhão existencial que nos transporta para múltiplos estados outros, jamais cogitados. Instala-se o novo, o inesperado, a súbita palpitação do Coração desprevenido emersa pela paixão que, freneticamente, se desenrola sem rumo determinado. O Amor vulcaniza-se pelos meandros da Vida e da Morte e derrama a sua lava, incandescente, em todas as direcções. Não escolhe trilhos. Não tem deliberações. Apenas escorre, flui, goteja, mas nunca se esgota. Há sempre um rasto que fica no e para além do Tempo.»

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Isabel Rosete, Entre-Corpos, Posfácio, pp. 240 e 241.

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Quero lá saber das bocas sem calor dos meus detratores, nada são os meus carrascos em comparação com a minha vontade de viver, de lutar, de desvendar, de gritar com todas as forças que me são permitidas nesta e em todas as dimensões possíveis da minha exclusiva imaginação. Não serei o fantoche adulado pelos “fantocheiros” contentes com a minha concordância em todo o horror que cometam. Não serei jamais o palhaço que faz rir os senhores no circo da vida de todos nós. Exijo o que é meu, não por imposição arrogante, não por ser mais ou menos do que nada ou ninguém, mas sim, pela responsabilidade que me foi concedida por direito de igualdade no momento da minha nascença. Sou e serei o resultado das minhas próprias experiências, o tubo de ensaio do meu laboratório secreto, das minhas poções com mais ou menos magia, mas a minha magia...

Ogayr Dorfenan filósofo Crónicas de raiva e de esperança! Os meus sentidos são donos de todas as viagens que fiz e farei na minha vida. Recuso-me a viver de outra forma que não seja a real dimensão que me é dado usufruir neste Plano. Só sou senhor de mim, até ao ponto de poder pensar de forma genuína e honesta, depois, é um sonho real que de tudo toma conta até chegar ao conhecimento do impossível que pensamos não existir na nossa altivez pequenina.

Não quero ser um senhor da mentira, nem ter créditos sem mérito, só desejo a paz do que fiz e nunca cheguei a fazer. Assim, talvez um dia, eu consiga entender um pouco de mim mesmo sem ter que pisar ninguém. São os desejos de quem pensa sem medo, de quem não esmorece perante a selva mental dos que "mandam". Para mim chega, não por orgulho puro ou mágoa, mas por sentir profundamente, que é a única forma de sentir, por não deixar que digam o que devo fazer com a minha vida...

Só quero ser o que sempre tentei ser, o que me anima a continuar nos momentos de angústia, de silêncio PUBLICIDADE provocado pela ausência do nada poderoso, do todo infantil e fraco, ao contrário do que é o mal...Só serei o que Deus me destine, por mais que as cabeças quadradas me chamem de politicamente incorrecto.

Se estás ligado à cultura, se pintas, escreves, fazes musica, danças ou és ator, realizador, etc...

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fotógrafo de almas e sentimentos!

Não tenho um estilo designado como próprio. Tanto faço retrato, nu, moda, arte digital ou qualquer outro tipo de fotografia, sendo fundamental a inspiração e o que sinto, a cada dia, na edição final da imagem… A fotografia continua na minha vida a ser um prazer e um “escape” que me faz viver num outro “Mundo”. Gosto de sair do banal e fazer coisas originais e diferentes!” Consulte a galeria do autor Daniel Pedrogam no Olhares.

Andreia Rodrigues para catálogo internacional de noivas

“Nasci a 17 de Maio de 1980 em Lisboa. Desde a adolescência que tive um fraco por captar imagens como uma possibilidade de imortalizar o momento para mais tarde recordar, comprei a primeira máquina analógica aos 17 anos com o primeiro ordenado, o meu gosto pela fotografia levava-me a fotografar todos os meus conhecidos para mais tarde recorda-los. A minha vida vira-se para a fotografia, seriamente, em 17 de Junho de 2006, quando a minha amiga Helena Pinheiro (que já não se encontra entre nós) me apresentou um site na internet sobre fotografia: “Olhares.com”. Renasceu uma nova paixão e uma nova visão sobre a fotografia. Com o intuito de melhorar a cada dia eu visitava fotos sem conta na procura do que seria este maravilhoso mundo: “A Fotografia”. Senti algumas dificuldades em entrar no mundo da fotografia digital fui investindo em material… o começo da aprendizagem foi através da percepção do que via no “Olhares.com”. Comecei a estudar aberturas, distâncias e exposições… na ânsia de fazer mais e melhor. Na falta de modelos aproveitava os gatos do Cemitério dos Prazeres, onde trabalho como guia, foram os meus primeiros modelos! Nesse mundo, os gatos fizeram-me perceber que a fotografia teria de ter conteúdo/alma para se tornar apelativa e interessante. Paralelamente aos gatos virei-me para a Fotografia Cemiterial, sendo um dos poucos a fazê-lo em Portugal. O tempo fez com que as pessoas começassem a acreditar na minha qualidade e deixaram-se expor perante a minha objectiva. Sempre gostei de fotografar pessoas “diferentes” e encenar pequenas histórias, em cada imagem captada.

Daniel Pedrogam

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Retrato... captar a alma das pessoas

brincadeiras com polvo

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Catalogo de Noivos para a marca Carven


sem título

Góticos II

Retrato com pessoas diferentes!

Góticos I

the another side...

MeiosTextos, Edições, Lda.

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nú artístico

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Nu artístico em locais invulgares

Retrato de estúdio Nu artístico com várias pessoas ao mesmo tempo


MeiosTextos, Edições, Lda.

Agenda Revista cultural de novos autores

Exposições Duas gerações e um Pé Peve

Galeria NT - Montijo Vitor Zapa, Sofia Ferreira e Pé Leve Rua D. Augusto Pereira Coutinho, 15

10 março a 14 de abril Inauguração pelas 16 horas

Interrogações no Feminino (Dia Internacional da Mulher) Adália Alberto, Ana Godinho, Lúcia Cerejo,Mariana Laneiro, Jorge Rebelo, Manuell Marques Bienal de São Tomé e Principie Realismo e Surrealismo Jorge Rebelo

Fernando Azevedo e Outros

Campus da Justiça

9h às 17.30h

Museu da Cidade Campo Grande, 245 Cineteatro Casa Senhorial d’El Rei D. Miguel Rio Maior

FREE JAZZ ON Xico Fran

10 de março a 20 de abril

13 de abril a 26 de maio

Sociedade Nacional de Belas Artes Rua Barata Salgueiro, nº 36 1250-044 Lisboa

9 fevereiro a 30 de abril

Museu Berardo CC Belém

até 27 maio

VieiraPortuense Galeria de Arte

31 de a 27 de abril

BES fotos 2012 2ª EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL DE ARTE

8 março a 18 de abril

LM - Galeria de Arte Comtemporânea

Sintra

Nossas escolhas

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10 de março de a 11 de abril


A NT - Galeria de Arte, nasceu de uma necessidade de promover a arte de uma forma mais assertiva e coerente, apoiando os nossos artistas. O visitante terá sempre o prazer de observar as obras expostas em plena tranquilidade e bem estar. Sempre e quando o desejar, poderá solicitar uma visita guiada, basta para isso, que faça a sua marcação. Numa época em que os investimentos são quase todos duvidosos,

Invista em Arte, invista nos nossos artistas! NT - Galeria de Arte, porque navegar é preciso.... Rua Dom Augusto Pereira Coutinho, nº 15 2870-309 Montijo Telef.: 938677426



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