Porque temos medo?

Page 1

«Papá, alguma vez tiveste medo?», pergunta o Max.

E o pai fala-lhe de sombras, de labirintos, de golpes, de sonhos e de armaduras. Um álbum ilustrado cheio de poesia, para nos lembrar que o medo nos acompanha desde sempre e precisa de ser expressado; nos põe alerta e nos dá a oportunidade de chegar a lugares inexplorados do nosso interior.

Dos mesmos autores de PORQUE CHORAMOS? Publicado inicialmente em português, espanhol e catalão, e traduzido para inglês, francês, italiano, grego, dinamarquês, coreano e japonês.

ISBN

978-84-18972-09-6

9 788418

972096


Aos meus medos. Abraço-vos. F. P. Ao lobo. A. S.

Vivo num vale com cheiro a laranja. Em pequeno, curiosamente, esta era a minha cor favorita. Hoje, uns quantos anos depois, desfruto de outras cores que surgem no meu caminho: o vermelho que habita o fogo, o rosa que veste as amendoeiras, a tinta negra sobre a folha em branco. Tal como acontece com este livro, eu também tive e tenho os meus medos. Se me dás licença, vou contar-te um deles: Durante algum tempo, quando acabava de escrever um conto ou um poema, achava que seria o último. Que talvez tivesse ficado sem ideias. Sem nada que contar. Tinha medo de que não me ocorressem mais histórias. Naquela época, pensava que os relatos e os versos que escrevia surgiam da minha cabeça. Pouco a pouco, aprendi que as grandes histórias não vêm da mente, mas sim da vida. E que a vida é inesgotável. É por isso que este medo já se foi. Porque estou convencido de que enquanto houver fogo e amendoeiras para contemplar, continuarão a nascer histórias que mereçam ser contadas.

Nasci em 1978 numa cidade chamada Terrassa, na periferia de Barcelona. Tenho sorte de me dedicar a ilustrar e a escrever histórias há bastantes anos. O que pouca gente sabe é que também sou uma grande colecionadora de medos. Tenho um medo vermelho e brilhante como o sangue fresco; outro é grande, escuro e viscoso; também tenho um tão pequeno como um grão de arroz e outro que sabe assobiar. Uma vez tive um medo que era parecido comigo, mas com os olhos maiores. Também tive um medo em forma de ovo preto, pesado e frágil, como o que desenhei neste conto. Desenhar quase nunca me dá medo e é das coisas de que mais gosto no mundo. Outras coisas de que gosto são bosques, partilhar histórias, a minha filha Ariadna, javalis e quando consigo fazer algo, mesmo que me assuste. Se pudesse, passaria a vida na água.

Publicado por AKIARA books | Plaça del Nord, 4, pral. 1.ª | 08024 Barcelona | www.akiarabooks.com/pt | info@akiarabooks.com | Primeira edição: fevereiro de 2022 | Coleção: Akialbum, 24 © 2022 Fran Pintadera, pelo texto | © 2022 Ana Sender Quintana, pelas ilustrações | © 2022 Catarina Sacramento, pela tradução | © 2022 AKIARA books, SLU, por esta edição Direção editorial: Inês Castel-Branco | Impresso em Espanha: @Agpograf_Impressors | Depósito legal: B 4.419-2022 | ISBN: 978-84-18972-09-6 | Reservados todos os direitos A AKIARA trabalha com critérios de sustentabilidade, procurando uma produção de proximidade e reduzindo o uso de plásticos e o impacto ambiental | Este produto foi feito com material que provém de florestas certificadas FSC®, geridas de forma responsável, e de materiais reciclados | Este livro foi impresso sobre papel Offset Coral Book White de 140 g/m2, e a capa sobre papel Imitlin E/R55 Tela Neve de 125 g/m2 | Usou-se a família de fontes Twentieth Century (Tw Cen MT).


Texto de Fran Pintadera Ilustrações de Ana Sender Tradução de Catarina Sacramento



A seguir ao trovão, a casa ficou às escuras.

O pai do Max acendeu uma grande vela cor de laranja e pousou-a em cima da mesa. O Max contemplou o movimento da chama durante uns minutos. Depois, perguntou:

— Papá, alguma vez tiveste medo?


O pai fechou os olhos em busca de uma resposta. — Pois sim, Max — disse, finalmente. — Todos temos medo em algum momento. Tanto faz que seja um medo pequeno ou que viva apenas na nossa cabeça. Quando aparece, é capaz de inundar cada cantinho.




Alguns têm medo daquilo que não conhecem, e duvidam se devem entrar, ou não, no labirinto.


Outros sentem medo porque lhes é difícil caminhar entre as

sombras.



Às vezes temos medo porque os verdadeiros monstros não vivem debaixo da nossa cama.



«Papá, alguma vez tiveste medo?», pergunta o Max.

E o pai fala-lhe de sombras, de labirintos, de golpes, de sonhos e de armaduras. Um álbum ilustrado cheio de poesia, para nos lembrar que o medo nos acompanha desde sempre e precisa de ser expressado; nos põe alerta e nos dá a oportunidade de chegar a lugares inexplorados do nosso interior.

Dos mesmos autores de PORQUE CHORAMOS? Publicado inicialmente em português, espanhol e catalão, e traduzido para inglês, francês, italiano, grego, dinamarquês, coreano e japonês.

ISBN

978-84-18972-09-6

9 788418

972096


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.