Às vezes o bosque...

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Ao aroma do tojo, à textura do musgo, ao canto do papa-figos e àquela árvore que só tu e eu conhecemos.

À vida que cresce dentro de mim, com amor.

Publicado por AKIARA books

Plaça del Nord, 4, pral. 1ª 08024 Barcelona

Espanha www.akiarabooks.com info@akiarabooks.com

Nasci longe do bosque, na primavera de 1976. Desde então, poderia escrever a minha biografia num mapa de bosques e matagais. O Moncayo, as colinas do Montseny, o Montsec, as Salines-Bassegoda, o Jura, as Gavarres...

Sou pai, amante da natureza, escritor e geólogo. Desde há uns anos que vivo com a minha família na Bisbal d’Empordà, na Catalunha. Tenho a sorte de sair todos os dias para a natureza e poder partilhar o que ela me transmite. Às vezes o bosque ensina-me coisas de mim mesmo e do mundo que me rodeia, e isso ajuda-me a escrever.

Fazer livros tem-me permitido conhecer um montão de pessoas fascinantes, um bosque de gente.

Nasci na Bulgária em 1988, numa pequena cidade cheia de poesia, alfazema e vinhedos. Subia às nogueiras no jardim dos meus avós, via crescer as plantas e os animais, e admirava os pirilampos que faziam vibrar a noite. O meu tempo verbal sempre será a minha infância, por isso decidi dedicar-me à ilustração de livros, e através deles continuo a maravilhar-me, a descobrir e a crescer. Viajei, estudei e aprendi muitas coisas em Espanha, e uma viagem ao México mudou por completo a minha vida. Agora vivo na cidade das orquídeas e do bosque de nevoeiro.

Primeira edição: fevereiro de 2023

Coleção: Akiwow, 2

Direção editorial: Inês Castel-Branco

Tradução: Catarina Sacramento Impresso em Espanha @Agpograf_Impressors

© 2023 Alex Nogués, pelo texto

© 2023 Ina Hristova, pelas ilustrações

© 2023 AKIARA books, SLU, por esta edição Todos os direitos reservados Depósito legal: B 23.682-2022 ISBN: 978-84-18972-30-0

A AKIARA trabalha com critérios de sustentabilidade, procurando uma produção de proximidade e reduzindo o uso de plásticos e o impacto ambiental.

Este produto foi feito com material que provém de florestas certificadas FSC®, geridas de forma responsável, e de materiais reciclados.

Às vezes o bosque…

Texto de Alex Nogués

Ilustrações de Ina Hristova Tradução de Catarina Sacramento

Às vezes o bosque…

… esconde o nascimento da luz.

Alguma vez viste o cintilar dos pirilampos a surgir na escuridão, no limiar de um bosque? Os pirilampos são escaravelhos capazes de emitir luz para atrair o seu par. As larvas vivem em lugares húmidos e escuros, alimentando-se de caracóis e lesmas. Também emitem luz, talvez para avisar que não são um petisco apetitoso.

A vida é mesmo assim, surpreendente, capaz de transformar caracóis em clarões de luz que iluminarão noites felizes de verão.

Às vezes o bosque…

… espera que escrevam sobre ele.

A casca do vidoeiro parece papel. De facto, na Antiguidade, era utilizada como suporte para a escrita. Foram encontrados alguns documentos escritos em casca de vidoeiro com quase dois mil anos de idade. A palavra livro tem a sua origem no termo liber, que em latim significa ‘a parte interior da casca das árvores’. Em inglês, book vem do termo anglo-saxão bok que significa ‘faia’, outra árvore com uma casca que também foi utilizada para nela se escrever.

O gota-de-tinta é um cogumelo que cresce nos bosques claros. Primeiro é branco como o papel. Assim que se lhe abre o chapéu, fica coberto de escamas e começa a escurecer. Em poucas horas irá desfazer-se, tornando-se um fluido denso e negro, rico em esporos. Na Idade Média, os monges colhiam estes cogumelos e deixavam-nos liquefazer-se, para escreverem com a sua tinta no scriptorium dos mosteiros.

O bosque não te oferece apenas milhares de histórias e momentos de deslumbramento. Dá-te tinta e papel, se precisares.

Às vezes o bosque…

… está em festa.

Outono. Após o verão abrasador, as chuvas e os dias mais curtos devolvem o contraste e as cores. Os áceres, os carvalhos, os vidoeiros e as faias começam a decorar o dossel do bosque. As folhas enceradas das azinheiras brilham como novas. Brotam os cogumelos. Os boletos recém-nascidos do solo têm a mesma forma que uma rolha de espumante. As cladónias reaparecem por toda a parte; milhares de pequenos trompetes anunciando a boa nova: o outono já aqui está! Horas felizes. Ainda um pouco quentes e húmidas. As árvores disfarçam-se de musgo e de líquen. O vento faz dançar as copas das árvores. Caem confetes de bolotas e castanhas. Começou a festa. Vais perdê-la?

9 788418 972300 ISBN 978-84-18972-30-0
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