ESPHERA Nº 2 (Dezembro 2007)

Page 1

Distribuição Gratuita Nº 2 - Dezembro 2007 / Ano I Revista da Associação de Estudantes da Faculdade de Arquitectura - Universidade Técnica de Lisboa

esphera

O Bar, quem o viu e quem o vê

Grande Entrevista

Professor Doutor Fernando Ramôa Ribeiro Magnífico Reitor da Universidade Técnica de Lisboa

Futuro da Escola Professor Centeno Gorjão Jorge



O ano já começou há muito – os alunos da Faculdade de Arquitectura - UTL sabem-no bem – mas faço questão de recorrer à nostalgia do início. Um restart pode ou não ser bem-vindo, mas certo é que mais cedo ou mais tarde é necessário. E a revista esphera regressa! Neste ano lectivo de 07/08, o novo calendário é mais ambicioso, a contar com 4 números, para cumprir um ritmo de edições que satisfaça a sede de revistas grátis de qualquer estudante desta faculdade, pois cá entre nós, o Meia-Hora só veio preparar o terreno que faltava aqui à “esferinha”. Publicaremos artigos e entrevistas relacionados com a vida académica, assuntos de interesse geral, e dando sempre a conhecer a acção da AEFA dentro da tua faculdade e até mesmo fora. Neste número importa destacar o artigo sobre o Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior, uma Lei de impacto directo na vida académica. Vamos lá esclarecer o que é que fez alguém “cortinar” as vedações da faculdade de preto, aos demais que apenas já ouviram falar sobre ela. A secção de correio cor-de-rosa foi censurada. Se fizerem muita questão podemos pensar em colocar um sudoku, de dificuldade moderada, antes da agenda cultural, isto se for mesmo imprescindível para assegurar a qualidade da revista. Qualquer um que queira colaborar com artigos, ideias, opiniões ou até palpites mais desnecessários, é muito bem-vindo. É em esforços conjuntos e na participação de gente interessada que se esconde a chave para o sucesso, o nosso e o da esphera. Espero sinceramente que venerem esta vossa revista. (Mas eu também espero há muito alcançar sólida credibilidade)

4| isto de AEFA

6| O Bar, quem o viu e quem o vê

Arquitecto José Romano

9| Upgrade_ cursos AEFA

10| “Futuro da Escola”

Professor João Centeno Jorge

12| RJIES

14| Grande

Entrevista

Magnífico Reitor da UTL Professor Doutor Fernando Ramôa Ribeiro

19| Espaço BD 22| vem fazer Desporto

23| Já cá canta Arquitectuna

24| Diz que foi uma espécie de Maravilha, Praxes 07/08

27| Agenda Cultural

Coordenação Geral Direcção-Geral da Associação de Estudantes da Faculdade de Arquitectura - UTL Redacção Alexandra Simões | André Nave | Catarina Corvo | Carlos Páscoa Coordenação de Paginação e Publicidade Susana Ayres dos Santos Coordenação Gráfica, Design e Paginação Patrícia Pereira Banda Desenhada Carlos Páscoa Convidados Especiais Professor Doutor João Centeno Jorge | Magnifico Reitor da Universidade Técnica de Lisboa Professor Doutor Fernando Ramôa Ribeiro | Arquitecto José Romano Impressão DOSSIER, Comunicação e Imagem Lda Distribuição AEFA-UTL Tiragem 1500 exemplares Apoios

Susana Ayres dos Santos Propriedade da Associação de Estudantes da Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa


artigo informativo

ai

04

Como se compõe a estrutura da Associação de Estudantes, como funciona, qual o seu objecto e objectivo e quais as possibilidades para poderes colaborar connosco. Direcção-Geral A Direcção-Geral da associação de Estudantes da faculdade de Arquitectura (DG/AEFA) é o órgão executivo da AEFA. A estrutura interna da DG/AEFA é constituída pelo Presidente (Luís Palminha), Vice-presidente (Rui Sobral), Secretária (Cátia Rafael) e pelo Tesoureiro (Samuel Raínho). Na DG/AEFA ainda existem os Departamentos, liderados pelos Coordenadores. Estes Departamentos permitem uma organização e distribuição pelos diversos pelouros, para que dessa forma a estrutura permita defender melhor os interesses dos estudantes da Faculdade de Arquitectura. Os Departamentos que incorporam a DG/ AEFA são: o Cultural, o Desportivo, o Recreativo, o de Comunicação e Imagem, a Intervenção Académica e as Relações Externas. Nos Departamentos, além dos Coordenadores, podem incorporar Colaboradores da AEFA (estudantes da Faculdade de Arquitectura), os quais permitem realizar e coadjuvar nas de diversas actividades e em todos os campos de intervenção. Achas-te capaz de organizar actividades e eventos? Tens sentido empreendedor? Então contacta AEFA, pois poderás fazer parte de um projecto, como por exemplo o da revista esphera. A DG/AEFA está dotada de autonomia, para poder levar a cargo a gestão de espaços, gestão financeira, opinião política e de representatividade. Contudo não está desligada do seu órgão máximo, a Assembleia Geral, lugar onde são procurados consensos e também onde a DG/AEFA apresenta Planos de Actividades e presta contas com a apresentação de Relatórios de Contas. A DG/AEFA tem o dever de cumprir e fazer cumprir as deliberações da Assembleia Geral, uma vez que esta é hierarquicamente superior à DG/AEFA. Por isso apelamos à tua presença nas Assembleias Gerais, pois é uma forma de poderes ajudar a definir o rumo e actuação da nossa AE, mesmo não fazendo parte dos seus Corpos Sociais.

Isto de

AEFA


Conselho Fiscal

Assembleia Geral A Assembleia Geral e o órgão deliberativo máximo da AEFA. É composta pelo Presidente (Ivan Pinhão), VicePresidente (Carlos Valdemar) e pela Secretária (Sandra Vasconcelos). A Assembleia Geral pode discutir e deliberar sobre todos os assuntos, relacionados com a AEFA, com a Faculdade, Universidade, Politica Educativa Nacional. Nela podem ser deliberadas formas conjuntas de actuação, reunir consensos para a aprovação de Moções de Interesse dos estudantes que posteriormente podem vir a ser enviados para qualquer Gabinete ou Ministério. A actual prioridade de discussão da Assembleia Geral, são os horários. Nela foi criada uma Comissão de Alunos para criar um inquérito de forma a permitir um estudo alagado das consequências directas da recente alteração. Este estudo pode permitir tirar conclusões que possibilitem a melhoria dos horários já no 2º semestre. Lançamos um apelo à tua participação neste inquérito. Fica atento ao teu Delegado de Turma. Outro assunto que também merecerá brevemente discussão alargada é a implementação das Licenciaturas de Arquitectura de Gestão Urbanística, de Arquitectura de Interiores, de Arquitectura de Planeamento Territorial e Urbano e de Arquitectura a Bolonha. Da AG também é a exclusiva responsabilidade aprovar o Plano de Actividades e Orçamento, para além do Relatório de Actividades e Orçamento. A AG não tem periodicidade fixa, podendo ser convocada por iniciativa da DG/AEFA, Conselho fiscal ou através de um pedido de 5% dos sócios da AEFA, entregue ao Presidente da Mesa da Assembleia Geral. Quando vai ser a próxima? Fica atento ao site da AEFA.

Participar nas Assembleias Gerais é um direito do qual não deves prescindir!

ai

São competências do Conselho Fiscal: Emitir perecer sobre o relatório anula de contas da Direcção-Geral da AEFA e apresentá-lo à Mesa da Assembleia Gera; apreciar a conformidade dos regulamentos internos dos núcleos e das secções autónomas; aprovar em conjunto com a Direcção-Geral da AEFA, os regulamentos internos dos núcleos e das secções autónomas.

05 artigo informativo

O conselho Fiscal é um órgão com carácter fiscalizador, que zela pelo salutar e regular todo o tipo de financiamento e de orçamento da DG/AEFA, assim como pelo rigoroso cumprimento estatutário por parte do conjunto de dirigentes e universo de associados. É constituído pela Presidente (Fernanda Firmino), Vice-presidente (Luís da Gama) e pela Secretária (Helena Almeida).


a

artigos

06

Como é do conhecimento de todos foram elaboradas obras no bar da Faculdade de Arquitectura. Estas obras, que há tanto o espaço necessitava, foram conseguidas através da negociação do contracto entre o concessionário e a Associação de Estudantes. O Arquitecto José Romano, antigo aluno da nossa Faculdade, foi o responsável por esta mudança e fala-nos um pouco sobre o projecto desenvolvido.

E

m 1997 foi-me dado o privilégio de voltar à minha escola, de onde tinha saído arquitecto, dois anos antes, para desenhar a cafetaria da Associação de Estudantes da Faculdade. O convite veio do concessionário privado do bar, a empresa “Ágora Café”, que nascera em 1996 num espaço também desenhado por nós, o “Espaço Ágora”, da Associação Académica de Lisboa, no Cais-do- Sodré. Não era apenas mais um projecto, tratava-se da cafetaria da AEFA, de que fui vice-presidente, e de um local que eu tinha, enquanto dirigente, conquistado para a Associação no momento da instalação da FA no Alto da Ajuda. Tratou por tudo isso de um projecto que me foi particularmente caro, pelo carinho que a escola me merece e pela dívida de gratidão que sempre terei. O projecto foi desenvolvido a quatro mãos com o meu amigo arquitecto João Afonso, o mais destacado dirigente estudantil de sempre da nossa escola e presidente da Associação Académica de Lisboa. O desenho do espaço foi simples, estruturado num sistema de alinhamentos que permitiu erguer uma peça metálica que albergava a copa, e o balcão, no piso inferior, e a rádio, superior. Agarrada surgia uma pala ligeira, que ajudava a confinar a área “self-service” e a conter o pé-direito excessivo. Esta peça construiu-se com perfis metálicos aparentes, como mais tarde viria a replicar na Rua semi-pública do Teatro S. Luiz, com os espaços intersticiais preenchidos com chapas galvanizadas.

Para gerir a ligação entre os dois pisos criámos uma porta que se move na vertical, qual um ovni, através de um sistema de hidráulicos muito elementar. Ao fundo da sala criámos a cozinha e as IS de funcionários e dos utentes. Dada a escassez de verba disponível, o cliente desafiou-nos também a desenhar o mobiliário, que deveria ser feito numa oficina de Lisboa que se propunha a construí-lo a baixo custo. Fizemos então as peças que se mantiveram durante muitos destes dez anos em serviço; cadeiras e mesas com ar colegial, quase ingénuo, pés de aço e tampos de contraplacado. Em 2007, já a solo, o João Afonso desempenhava funções na Ordem dos Arquitectos que o raptaram à minha companhia nos projectos, fui novamente desafiado pelo mesmo concessionário para redesenhar o espaço. Pediram-nos que lhe conferíssemos maior conforto, actualizando a sua forma em coerência com os demais espaços que temos desenhados para o cliente, desejavelmente identificáveis por traços comuns, ditos como assinaturas corporativas… O que quer que isso seja em arquitectura. Decidimos manter muito do que tínhamos feito inicialmente porque lhe reconhecíamos valor e actualidade, e o nosso cliente não se queria estender em demasia em investimento e tempo, que nestas coisas significa muito dinheiro. Como noutras obras análogas que temos desenhado, optámos por uma atitude eminentemente cenográfica. O cliente espera de nós a capacidade de, com


07 a

Interpelam o individuo, “o que haverá lá em baixo?” A iluminação da área mais baixa, mais intimista, é feita por meio de donuts que também adoçam o pédireito e o tecto, introduzindo alguma descontinuidade e maior interesse a um espaço que era muito pouco estimulante. O facto de projectar numa escola de arquitectos há já muitos anos capturada por uma certa forma de projectar do chamado “Star system”, replicando e mimetizando edifícios depurados e esticadinhos de uma forma amiúde acrítica, levou-nos a tentar provocar a consciência critica académica propondo abordagens mais heterogéneas, coloridas e volumétricamente sumptuosas. A Universidade é o lugar por excelência da irreverência e da ruptura. O caminho da “Escola de Lisboa”, não pode por isso ser o da repetição “ad náusea” da “Escola Superior de Comunicação” com mais ou menos pilotis. O nosso país, cinzentão e triste, merece uma arquitectura que retome o seu papel na cidade, que confira interesse, qualificação, sem medo do ridículo. A nossa proposta pretende por isso ser interpelativa, sem no entanto ousar chegar a ser um manifesto. Tão só uma expressão. Livre. Efémera.” Arquitecto José Romano

O Arquitecto José Romano licenciou-se pela FA-UTL em 1995. Sempre demonstrou uma posição activa na política. Fez parte, excepcionalmente enquanto aluno, de todos os órgãos electivos da escola, o que o levou participações, como o congresso “Portugal, Que Futuro?” em 1995. Envolveu-se em duas coligações lideradas pelo Dr.º João Soares à Câmara Municipal de Lisboa e em várias comissões relacionadas com campanhas da juventude. Em 2000 participa na conferência da International Federation for High Rise Structures em Madrid, sendo mais tarde comentador convidado da SIC, SIC notícias, Jornal Expresso e Arquitectura e Vida. Em 2002 faz-se mestre em construção pelo IST, com a dissertação publicada “Edifícios em Altura, Forma, Estrutura e Tecnologia”, com trabalho de campo nos EUA. No âmbito da construção em altura promove debates e eventos como a “Conferência Cidade Vertical – Torre Biónica”, trazendo a Lisboa os autores da torre proposta para Xangai. No final de 2003 torna-se bolseiro da Fundação Oriente para a realização de um estágio no Shanghai Institute of Architectural Design and Research Co. Em 2005 é candidato à Presidência da Câmara Municipal de Mafra e é eleito vereador. Em 2006 integra a Comissão Organizadora do 11ºCongresso de Arquitectos Portugueses e organiza o workshop “ Novos territórios, Novas oportunidades2, em Almada. O seu escritório “José Romano Arquitectos Lda”, é fundado em 1999, e é onde, a cada dia que passa, tenta desenhar um Mundo melhor.

artigos

o mínimo de custo e de tempo de interrupção funcional do edifício, criar espaços confortáveis e estimulantes, identificáveis com a marca e que por via do escasso período de amortização do investimento, possam ser frequentemente remodelados. O mercado típico desta marca, em particular o mercado académico, é muito dinâmico, sofisticado e exigente, pelo que a empresa promove renovações frequentes dos espaços. Optámos pela compartimentação de duas áreas claramente distintas em função, sobretudo, do pé-direito. A área anexa ao self-service, mais alta, é assinalada por uma parede muito angulada e por cilindros de luz que sublinham a altura, interligando ambos os pisos e a área de estar, mais baixa e confortável, próxima da vista para o exterior, e definida por um conjunto de planos mais intimistas junto às paredes. A iluminação dos grandes cilindros, desencontrada, aprumada e fluorescente cita uma imagem cinematográfica do “Matrix” que sublinha as mesmas características dos cilindros de pano, que pairam, a cotas desfasadas. Decorrem da citação provocatória de um código de barras. Pensei que seria interessante ligar o pé direito duplo por meio de uma grande mancha de cor, que anuncie a quem passeia no piso de cima, junto à AEFA, que na cota mais baixa há um lugar de interesse a visitar. Os cilindros são, por isso, um convite à surpresa. Um desafio à imaginação e à fantasia.



09 cfa

cursos fa

Durante a formação enquanto alunos, em qualquer estabelecimento de Ensino, passamos por uma formação básica em softwares, que, ainda que estes não revelem ser a melhor opção para a nossa formação, acabamos por aceitar, aprender e até mesmo desenvolver os conhecimentos dentro desses mesmos softwares. Não só para garantir uma opção a todos os alunos interessados, mas também por serem softwares que se revelam ser os mais fiáveis e mais vocacionados para a Arquitectura (VectorWorks e ArchiCAD são os softwares mais usados no Norte da Europa), a AEFA tomou a iniciativa de realizar cursos de formação certificados relativos a outros programas, cursos estes que visam, não só complementar, mas também alargar o leque de ferramentas que os nossos alunos dispõem quando estes terminarem os respectivos cursos e se inserirem na via profissional.

A AEFA abriu cursos de ArchiCAD, VectorWorks, Cinema4D e Solidworks, com um número de vagas limitadas a um máximo de 15 alunos por curso. Os cursos variam entre as 24 e as 30 horas, podendo ser intensivos. Os alunos interessados podem preencher uma préinscrição em qualquer altura, e, na própria ficha, transmitem a sua disponibilidade. Realizar-se-á uma reunião com o formador e com os alunos interessados entre 2 a 3 semanas antes do início do curso, e nessa altura será decidido o horário definitivo. Mais informações sobre a temática serão divulgadas no site da AEFA. Estes cursos só estão disponíveis para todos os alunos, quer da Faculdade de Arquitectura, quer de outras faculdades, que se mostrem interessados e preencham os requisitos da pré-inscrição. Carlos Páscoa

Sócios

Não-Sócios

Horas

€200

€250

30h

VectorWorks* €250

€300

32h

Cinema 4D

€300

24h

ArchiCad

SolidWorks

€250 **

Cursos Certificados * Licença de Estudante por €100 +IVA ** Preços brevemente

**

**


ao

artigo de opinião

10

N

as vésperas da revisão dos estatutos da Faculdade de Arquitectura e da própria U. T. L., que certamente constituirá o ponto mais interessante da actual agenda da Assembleia de Representantes, torna-se indiscutivelmente pertinente meditar um pouco sobre o futuro desta Escola, enquanto instituição e enquanto suporte de um projecto pedagógico-científico coerente e interessante. Em primeiro ligar, tratemos daqueles aspectos que se prendem com a definição de objectivos e metodologias. Com a abertura das novas licenciaturas em 1992, a F.A. viu alargar-se o âmbito da sua oferta formativa. As novas licenciaturas organizaram-se, a partir de uma matriz comum, a da formação superior em Arquitectura. Seria de esperar que se tivesse dado início a um processo evolutivo de adaptação da própria Escola. Essa evolução exigiria, desde logo, alterações em três áreas: as instalações (o dobrar do número de alunos obrigou à a reconversão do complexo do Pólo da Ajuda); o corpo docente, que teria de responder a novas solicitações e desempenhos; os Orgãos e a nomenclatura científica, que necessitavam de ganhar operatividade no novo contexto e deveriam reflectir um modo diferente de pensar toda a Escola. Neste último ponto, todavia, não havia nenhuma estratégia definida, pelo menos, de modo claro e assumido. Desde o início do processo, houve a manifestação de duas correntes sensíveis: a daqueles que não concordavam com a “ampliação” do conceito de Arquitectura (que subitamente se estendeu do Planeamento até à Moda) e a de todos os outros que, de um modo geral, se encontravam divididos entre aqueles para quem todas estas novidades eram indiferentes, e aqueles, poucos, que acolheram com entusiasmo as mudanças, aceitando ou, até mesmo, explorando as consequências desta nova convivência entre saberes diferentes. No universo dos estudantes também nada aconteceu de verdadeiramente significativo pois os cursos permaneciam encerrados em si mesmos, por vezes, encarando-se até com mútua desconfiança. De então para cá, ainda que, em aparência, tenha mudado muita coisa, no essencial e relativamente a estes aspectos a situação é quase a mesma.


11 ao

artigo de opinião

É verdade que tem havido uma espécie de esbatimento de diferenças entre os diferentes grupos de protagonistas, mas, convenha-se, tal sucede com a mesma lógica com que, quando habitamos um prédio por exemplo, nos vamos familiarizando com os restantes condónimos, simplesmente porque convivemos anos a fio numa espécie de território comum. Na verdade, a convivência entre licenciaturas ainda não existe em termos práticos. Somente a título pessoal, entre docentes, se tem desenvolvido colaboração dos vários cursos em projectos de investigação ou actividades de extensão mas, todavia, sem grandes consequências e não obedecendo a qualquer plano estabelecido com um sentido determinado. Entretanto, os Orgãos da Escola gerem necessidades e interesses que não estão articulados e que, o que é pior, parecem corresponder a objectivos que, só com muita dificuldade e imaginação, são apreciáveis num qualquer quadro geral. Ironicamente, a necessidade recente de implementar o protocolo de Bolonha veio, em grande medida, repor quase nos mesmos termos o paradoxo original: somos uma escola de Arquitectura sem o sermos apenas exactamente. Aconteceu, obviamente, o inevitável: os cursos de Arquitectura agruparam-se em torno da Licenciatura em Arquitectura e os cursos ligados ao Design deixaram de se chamar Licenciaturas em Arquitectura. Este separar de águas, contudo, vem novamente levantar uma questão essencial. Em que terreno, afinal, nos poderemos reencontrar? O que equivale a perguntar: que Escola é esta? A resposta não é ociosa. Dizer “somos o que somos” é recusar responsabilidade institucional e expormo-nos ao reconhecimento, por parte dos outros, de um esta-

tuto de ambiguidade que se torna muito perigoso deter no seio da U.T.L. A história recente veio prová-lo. Prepara-se, neste momento, uma proposta que, depois de aprovada em Conselho Científico e no Senado da Universidade, será apresentada ao ministério da tutela para ser implementada a sétima licenciatura, aprovada em 1992 mas que nunca chegou a abrir: a Licenciatura em Arquitectura de Cena. Ela surge caracterizando-se como uma formação do 2º e 3º ciclos em Artes. Por seu intermédio, e pela primeira vez supomos, poder-se-à estabelecer de facto uma relação interessante entre as três áreas presentes na F. A: a Arquitectura, o Urbanismo e o Design. Não serão, aliás, as artes aquele território de convivência natural entre estes três modos de concepção de dispositivos destinados ao uso humano? Não será exactamente aí onde a tradição humanista melhor exprime os seus valores, aliando o saber fazer ao saber sentir, isto é, ao conhecimento? Para que a F. A. tenha um futuro não podemos continuar a tentar sobreviver apenas no dia-a-dia, sem um rumo aparente que dê um carácter claro e vigoroso à Escola, permitindo-lhe distinguir-se com legitimidade de outras unidades orgânicas da U.T.L., sobretudo daquelas que, circunstancialmente, quererão até disputar um território que a nossa ausência da assunção de projecto de Escola tem impedido de definir. A revisão dos estatutos da F. A. vai exigir da nossa parte decisões sobre esta matéria. Devemos iniciar quanto antes o debate sobre essas decisões para que, colectivamente, encontremos as respostas mais responsáveis e mais consequentes. Prof. João Centeno Jorge


a

artigos

12

RJIES Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior

Em meados do mês de Maio, a Associação de Estudantes da Faculdade de Arquitectura – UTL teve conhecimento da intenção do Governo pelo Ministério da Ciência Tecnologia e Ensino Superior em criar uma reforma no Ensino Superior através do Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior. O Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior (RJIES) é um instrumento legal que “estabelece o regime jurídico das instituições de ensino superior, regulando designadamente a sua constituição, atribuições e organização, o funcionamento e competência dos seus órgãos e, ainda, a tutela e fiscalização pública do Estado sobre as mesmas, no quadro da sua autonomia.” O RJIES foi aprovado em Conselho de Ministros em Maio de 2007, tendo sido depois aprovado na generalidade em Assembleia da República no dia 28 de Junho de 2007 e aprovado na especialidade no dia 19 de Julho de 2007. Depois de promulgado por sua Excelência, o Presidente da República, foi publicado dia 10 de Setembro de 2007, tendo entrado em vigor dia 10 de Outubro.

A posição da Associação de Estudantes entre membros eleitos dos alunos e dos professores em todos os órgãos. da Faculdade de Arquitectura – UTL Em suma, a AEFA-UTL sempre defendeu desde inicio que: esta Lei, ainda quando Projecto-Lei, que esta deveria ser alvo de um debate alargado; que nos preocupava o facto de se caminhar para a desresponsabilização do Estado face ao Ensino Superior; que repudiávamos a redução de estudantes dos Órgãos de Gestão, quer das Universidades, quer das Unidades Orgânicas; o período de transição dos órgãos e elaboração dos novos estatutos pecar pela brevidade; esta lei conduziria ao desmembramento das Universidades e permitir um facilitismo na transformação em Fundação de Direito Privado; é condenável o desrespeito e a ingerência do governo pelas Instituições do Ensino Superior.

Principais diferenças entre o actual cenário e depois da aplicação da Lei Actualmente a lei prevê a existência de paridade

No novo cenário, a participação dos estudantes é reduzida a um papel de mero observador, tendo-se perdido até a representação num novo órgão, chamado Conselho de Gestão, onde se fixará o valor das propinas. No Conselho Geral, órgão responsável por estabelecer as orientações estratégicas da Instituição, apenas 20% (no melhor dos casos!) dos membros serão estudantes, enquanto que personalidades externas de reconhecido mérito ocuparão 30% dos lugares. Isto constitui um claro atropelo ao direito que temos de intervir activamente com novas ideias e com a energia que caracteriza os estudantes nos destinos das instituições. Caberá ao Conselho Pedagógico decidir sobre um grande número de matérias. Só aí, os estudantes se encontrarão em igual número que os professores, no entanto, o Reitor ou o Presidente da Instituição terão sempre a última palavra a dizer, não sendo nunca o


A Associação de Estudantes da Faculdade de Arquitectura – UTL esteve reunida em diversas reuniões com diversas estruturas quer associativas, zquer governamentais. Esteve presente na reunião onde se discutiu o Documento na especialidade na Associação Académica da Faculdade de Direito de Lisboa, na reunião das Associações de Estudantes do Universitário Público que teve lugar no Instituto Superior Técnico, fez parte da Plataforma de Informação onde criou o blogue http://asescolhasdegago.blogspot.com, participou na publicação de publicidade ao blogue na capa do Jornal Destak, participou na afixação de faixas negras de indignação dos estudantes no Marquês de Pombal, produziu e colocou as faixas negras que ainda hoje se encontram na vedação da Faculdade de Arquitectura, esteve presente na vigília em frente à Assembleia da República em conjunto com outras Associações de Estudantes, no plenário da Assembleia da República quando se aprovou a Lei na generalidade, no Encontro Nacional de Dirigentes Associativos em Braga onde o tema em destaque foi o RJIES, no plenário da Assembleia da República no dia da aprovação na especialidade da Lei e na ultima acção conjunta das Associações de Estudantes, a afixação de Balões Negros e faixas no Marquês de Pombal.

Actualidade… No passado dia 24 de Outubro realizou-se um Senado onde se aprovou o Regulamento para Eleição e Cooptação dos Membros da Assembleia Estatutária da Universidade Técnica de Lisboa, ou seja, a Universidade caminha para a elaboração dos novos estatutos e posteriormente a Faculdade de Arquitectura também terá que elaborar novos estatutos de acordo com o Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior. Para mais informações relativas ao processo eleitoral da Assembleia Estatutária da Universidade Técnica de Lisboa, dirige-te à AEFA-UTL. Luís Palminha

a

Actividades e medidas de contestação desenvolvidas pela AEFA-UTL no âmbito Nacional e Local face ao RJIES

13 artigos

parecer do Conselho Pedagógico vinculativo. O Reitor ou o Presidente vêm as suas competências muito alargadas e passam a ser nomeados pelo Conselho Geral, o que significa o fim da participação de todos os corpos na eleição do representante máximo da Instituição. Uma escola poderá sair da Universidade e passar a Fundação de Direito Privado, sem que a decisão passe pelos órgãos da Universidade.


grande entrevista

ge

14

Grande Entrevista

Professor Doutor Fernando Ramôa Ribeiro

Magnifico Reitor da Universidade Técnica de Lisboa Nasceu a 4 de Outubro de 1945, no Funchal. Licenciou-se em Engenharia Química pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, em 1968. Obteve o grau de Docteur ès Sciences pela Universidade de Poitiers, tendo realizado trabalhos de investigação no Instituto Francês do Petróleo, entre 1977 e 1980. É Professor Catedrático do Instituto Superior Técnico desde 1988. Vogal e Vice-Presidente do Conselho Directivo do IST (1984-1987). Vice-Presidente e Presidente da Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica (19891997), membro da Comissão Científica da NATO (1989-1997) e governador do “Joint Research Center” da União Europeia (1989-1996). Vice-Reitor da Universidade Técnica de Lisboa (1999-2002). Presidente do Colégio de Engenharia Química da Ordem dos Engenheiros (1998-2004). Presidente da Fundação para a Ciência e a

Tecnologia entre 2002-2005, actividade que conciliou com os cargos de membro do Conselho Consultivo da European Science Foundation e membro do Conselho do EUROHORCS. Presidente da Associação de Portugueses Doutorados em França, membro do Conselho de Admissão e Qualificação da Ordem dos Engenheiros, membro do Conselho da European Federation of Chemical Engineering, membro (Vice-presidente de 2001 a 2005) da European Federation of Catalysis Societies, Presidente do Conselho Científico da ACENET (Rede Europeia de Catálise), membro do corpo editorial da Reaction Kinetics and Catalysis Letters, membro do Conselho de Administração da Taguspark e membro da Academia das Ciências. Foi condecorado pelo Presidente da República de França com as Ordens de Officier des Palmes Académiques, Chevalier et Officier de L’Ordre Nationale du Mérite, Chevalier de la Légion d´Honneur.


15 ge

quatro bolseiros de investigação (dois de cada uma das Escolas) de alunos de licenciatura ou mestrado, para incutir nos mais jovens o prazer de descobrir, o gosto de aprender, o gozo de imaginar. O que é que os estudantes e a Universidade ainda podem esperar? Do Reitor, e da Universidade, os estudantes podem esperar um contínuo e cada vez maior esforço e empenho em criar condições e possibilidades de lhes proporcionar um início de vida profissional e de cidadania plena. Serão incentivadas as iniciativas de ligações às empresas e ao meio económico social, quer por via de prémios, quer por via de estágios profissionalizantes, quer por via de estudos de especialização que melhor os preparem para a sua inserção no mundo laboral. Quais os Objectivos para o Pólo Universitário da Ajuda, e para quando a instalação de uma Residência de Estudantes no Pólo Universitário. O Pólo Universitário da Ajuda irá funcionar como um campus da UTL para as Escolas ali instaladas– a FMV, a FA, o ISCSP. A elas acresce o ISA, cuja proximidade geográfica o fará beneficiar das infra-estruturas de conjunto, como é o CEDAR. O Pólo irá ainda beneficiar da instalação de uma Residência Universitária, estando já em curso as diligências necessárias para a sua realização, o que passa por um conjunto de decisões que envolvem a Câmara Municipal de Lisboa. As Associações de Estudantes são um elemento importante de dinamização e realização de actividades junto dos estudantes e um elemento essencial na defesa dos direitos dos mesmos. Como vê o desempenho das Associações de Estudantes da nossa Universidade? As Associações de Estudantes são um motor fundamental da dinamização da vida académica. Não se trata apenas de instituições de acolhimento aos novos estudantes; elas estão muito para além disso, já que a vida académica, nas suas múltiplas vertentes – culturais, desportivas, escolares – encontram nas Associações de Estudantes a representação digna e activa dos problemas e das questões da Academia. Entre outros exemplos, ressalte-se o papel muito importante das Tunas, normalmente em ligação às AEs, e que tão fortemente contribuem para o reforço e coesão académicas.

grande entrevista

Qual o papel do reitor na universidade? Ao Reitor cabe representar e dirigir a universidade, assumindo uma tarefa de grande complexidade e abrangência, que incide em todos os aspectos da vida académica. Que influência tem o reitor e a Universidade no dia a dia das Faculdades? A Universidade é uma agregação de unidades, uma entidade congregadora de vários membros – as suas Escolas. A articulação dos papéis do Reitor e das Escolas é regida pelas competências legais cometidas a uns e outros nos termos dos respectivos Estatutos, sem prejuízo de um magistério de influência exercido pelo Reitor, pautado por preocupações de boa articulação entre todos e de garante da legalidade. O slogan de Candidatura a reitor era “UTL Uma Universidade comprometida com o futuro”. Desde que tomou posse como reitor que medida já foram tomadas nesse sentido? Tem sido feito um esforço de projecção da UTL para além dos seus domínios tradicionais de intervenção, por via da associação a entidades com créditos firmados no domínio da inovação científica e tecnológica. Veja-se o caso do novo Centro da Nokia Siemens, inaugurado em Setembro e localizado no Taguspark, e no qual a UTL surge como parceiro privilegiado do que mais evoluído existe a nível mundial nos domínios das telecomunicações Com o patrocínio do Banco Santander Totta, foram lançados com uma periocidade anual os Prémios Científicos que visam estimular a publicação de artigos científicos em revistas de impacto internacional, abrangendo as doze áreas científicas em que a UTL desenvolve investigação. Cada prémio, para além do valor pecuniário, inclui uma bolsa de iniciação à investigação, durante oito meses, para alunos de licenciatura ou mestrado. Foram, igualmente, lançados prémios que distinguirão os vinte melhores alunos que se licenciaram (pré-Bolonha) ou terminaram o Mestrado (Bolonha) no ano lectivo 2006/07. Com o patrocínio da Caixa Geral de Depósitos, serão atribuídos prémios aos dirigentes das Associações de Estudantes das Escolas, valorizando, nomeadamente, a capacidade de liderança e o espírito empreendedor, bem como ao esforço para a coesão da UTL. A Reitoria aprovou também um projecto de investigação (no valor de 35 mil euros) na área da reabilitação urbana com a participação de professores da FA e do IST. Está previsto nesse projecto a contratação de


ge

grande entrevista

16

Bolonha Na Faculdade de Arquitectura, Bolonha ainda não foi implementada em todos os Cursos. O que pensa sobre a implementação do processo de Bolonha e que vantagens afectas à internacionalização trará aos estudantes da nossa Universidade e mais concretamente à nossa Faculdade. A estrutura de Bolonha está implementada em quase todos os cursos das Escolas da UTL. Os poucos casos em que tal não ocorreu neste ano lectivo, por exemplo Arquitectura, resultaram de processos de adequação em apreciação na Direcção Geral, e em geral em concertação com outras Universidades com os mesmos cursos. Uma das vertentes mais importantes do processo de Bolonha consiste na mobilidade que permite aos estudantes, tornando mais fácil a realização de períodos de estudo noutras Universidades. Estas experiências são sempre muito enriquecedoras para os estudantes não só profissionalmente mas também como experiência de vida. Num mundo cada vez mais global, a vivência de outras realidades constitui uma vantagem na altura da inserção no mercado de trabalho. A Faculdade de Arquitectura tem sido particularmente activa nos programas de intercâmbio, tanto enviando estudantes como recebendo estudantes dos mais variados países.

RJIES

a importância que efectivamente têm, e que devia ter tido adequada consagração legal.

Qual a sua opinião sobre o Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior, Lei 62/2007? A Lei nº 62/2007, de 10 de Setembro, consubstanciadora do Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior, é um diploma inovador, que pretende colocar à Universidade Portuguesa o desafio da mudança institucional. O RJIES comporta um conjunto de novos órgãos, distintos dos que vigoraram no domínio da Lei nº 108/88, de 24 de Setembro, que caracterizou e definiu a Autonomia Universitária, tal como foi entendida até ao presente. O RJIES oferece, por isso, uma oportunidade de redefinição de modelos organizativos, de formas de participação e de apresentação de responsabilidades. Constata-se, contudo, como medida menos feliz e pouco justa, a redução do papel conferido aos Estudantes enquanto parte interessada na vida da Universidade, dado que os Estudantes são a causa e a consequência do Ensino. Reduzir a sua representação e a sua capacidade de intervenção é contraditório com

Considera que o Papel de Reitor se perdeu com a aplicação do RJIES? Não; o Reitor tem até competências reforçadas. O Reitor continua a ser um órgão de Governo da Universidade, de natureza superior, a quem cabe a representação externa. O processo eleitoral é contudo diferente do anterior, sendo de notar que a intervenção directa dos eleitores é menos participativa, ficando dependente de um processo que decorre perante o Conselho Geral, constituído por 35 membros, órgão que sucede, de algum modo, ao anterior Senado. A Lei prevê que o Reitor possa constituir um Senado, com uma composição a definir, mas em que será possível conferir aos estudantes uma representação mais significativa. Quanto às competências legais, resulta do RJIES que o Reitor passa a dispor de um leque mais detalhado do que a superintendência que antes lhe estava cometida.


Quais as principais alterações, após implementação do RJIES, no papel das Associações de Estudantes? O RJIES consagra um artigo específico ao Associativismo estudantil – o artº 21º - dele sobressaindo o

Orçamento de Estado 2008

Em Portugal, esse valor é apenas de 0,72%, o que traduz um claro desinvestimento no Ensino Superior.

No Orçamento de Estado para 2008 (OE), constatamos que o peso do investimento do Governo no Ensino Superior (ES), face ao Produto Interno Bruto (PIB) caí 15% em 3 anos. Em 2007 assistiu-se a cortes orçamentais no ES e a várias dificuldades financeiras por parte de algumas faculdades e instituições a nível Nacional e até mesmo na nossa Universidade. Qual a sua opinião sobre a politica de “desinvestimento” do Governo no ES e se à partida são conhecidas dificuldades por parte de alguma Unidade Orgânica da nossa Universidade?

O relatório da OCDE sugeriu ao Governo Português que o investimento no Ensino Superior passasse a ser superior ao da média europeia, como forma de recuperarmos a distância em relação aos países mais desenvolvidos da Europa.

O investimento no Ensino Superior dos 27 países da União Europeia é, em média, 1,5% do PIB, atingindo valores superiores a 2% nos países do Norte da Europa.

No ano de 2007, as Universidades de Évora, Algarve, UTAD e Açores tiveram dificuldades financeiras, que levaram a que o Governo aumentasse o fundo de coesão para reforçar o orçamento dessas quatro Universidades, à custa da diminuição do orçamento para as restantes Universidades. A UTL conseguiu resolver as dificuldades financeiras sentidas por duas das suas Escolas, por recurso à intervenção do Reitor e a colaboração de outras Escolas, o que só foi possível com o esforço de coesão existente Luís Palminha

17 ge

dever de apoio às condições para a afirmação de associações autónomas. Naturalmente, o Reitor tudo fará para que esse dever seja cumprido. O Associativismo Jovem e com ele as Associações de Estudantes está basicamente regulado na Lei nº 23/06, de 23 de Julho, sem prejuízo de aspectos específicos que aos jovens estudantes diga respeito e que são objecto de regulamentação própria. Do artº 182º do RJIES nada consta quanto à revogação de matéria desta natureza. Todavia, admite-se que a entrada em vigor d o RJIES, em todo o seu alcance, possa vir a revelar algumas necessidades de compatibilização, o que deverá ser feito, em nosso entendimento, pela atitude que se revele mais favorável aos interesses dos alunos.

grande entrevista

Dados os primeiros passos para a elaboração dos Estatutos da Universidade Técnica de Lisboa, o que seguirá? Uma vez aprovados, e depois de devidamente homologados pelo Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, os Estatutos entram em vigor e passam a constituir o quadro legal enformador dos Estatutos das Escolas, como verdadeiras leis orgânicas. 4) Sendo que os alunos são os mais prejudicados através da representatividade dos órgãos, poderá o Reitor auxiliar a defesa dos interesses dos alunos? O Reitor não deixará de auxiliar as Associações de Estudantes e os alunos, e fá-lo-á em todas as circunstâncias em que a Lei o preveja e permita. Porém, o papel do Reitor não irá ficar confinado ao cumprimento estrito de um quadro legal. Não só porque, em algumas circunstâncias, a ausência de uma prévia definição proporciona a adopção de medidas que confiram oportunidade de representatividade, como o magistério de influência que o Reitor exerce sobre toda a Universidade terá sempre em conta os interesses e preocupações dos alunos.


Editora Arcatura, Lda. Rua Rafael de Andrade, 19, 1.ยบ, 1150-274 lisboa

Tel.: 000351218864535 | Fax: 00351217649531 | arcatura@mail.telepac.pt





d

desporto

22

Como já deves ter reparado pela publicidade espalhada pela faculdade, o desporto universitário está em alta. Novidade este ano são os novos equipamentos e patrocínios de alguns desportos: por exemplo, o futsal recebe a marca do Espaço Ágora (Bar da F.A.), enquanto a equipa de rugby segue os nossos “lobos”, recebendo o apoio da Caixa Geral de Depósitos.

Para quem estiver interessado, oferecemos-te uma aula experimental grátis. Para quem quiser praticar outros desportos que não os anteriores, criou-se a possibilidade de participar no desporto universitário por outras faculdades da U.T.L., pois devido à falta de inscrições nalgumas modalidades, não nos foi possível iniciar a sua prática.

Para liderar os rumos das equipas, contamos com a experiência já federada dos treinadores; estes merecem, juntamente com os coordenadores desportivos, uma palavra de apreço, pois têm feito tudo ao seu alcance para promover e dinamizar a prática das várias modalidades.

Finalmente, para aqueles que não pretendem praticar nenhuma modalidade e pretendem apoiar as nossas equipas, podem integrar o novo grupo de cheerleaders ou simplesmente assistir aos jogos afim de darem o devido apoio ás equipas, pois assim a motivação é outra! Depois de tudo isto, precisas de mais alguma razão para te juntares ao desporto da F.A.?

Este ano existe ainda a possibilidade de praticar ténis e natação, através de uma parceria com o Pólo Desportivo da Boa Hora, a cinco minutos da faculdade e com excelentes condições estruturais e de higiene.

André Nave

badminton

César Teixeira

Federado há 2 anos 1º ano como treinador pela AEFA

rugby

basquetebol Marco Miroto

Federado há 8 anos Joga há 4 anos pela Selecção Nacional

Júlio Nunes

Federado há 11 anos na 1ª Liga da F.P.B. Joga há 4 anos pela AEFA

futsal Luís Serrano

Federado há 11 anos em futebol de 11 Joga há 6 anos pela AEFA

voleibol Miguel Alvim

Federado há 7 anos Presença na Selecção Nacional de Sub-17

Bruno Espinho

Federado há 8 anos Treinador pela AEFA há 2 anos

Vander Ramos

Federado há 7 anos Joga há 2 anos pela AEFA


23 at

arquitectuna

A Associação de Estudantes da Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa, no ano lectivo 2006/2007 iniciou a formação de alunos na área da musica com objectivo de criar uma Tuna Académica. Foi um acto de coragem numa faculdade que à muito não tinha qualquer contacto com o mundo da música. A seu tempo, conseguiu-se criar um pequeno grupo de jovens interessados nos ritmos das tunas académicas nacionais. O principal objectivo da Maestrina (Mariana Cruz) e seus cooperantes musicais é criar uma ArquitecTUNA inovadora, com ritmos marcantes e sons vibrantes um pouco fora do contexto das tunas que estamos habituados a ouvir. Sendo a Faculdade de Arquitectura uma escola sem tradição académica, como justificar o aparecimento de uma tuna? A ArquitecTUNA é um projecto em fase de renovação que agora toma forma. Esta tuna não pretende, no entanto, ser igual às outras, mas aproveitar-se do seu estatuto de novidade para mudar. Juntando o que as tunas têm de melhor, esta também promove a cultura musical portuguesa, mas adaptando e tornando as músicas que nos são familiares em sonoridades diferentes. Outro factor extremamente importante e enriquecedor nesta e nas outras tunas é a interação dos alunos

de todos os cursos e anos naquilo que desde sempre tem a capacidade de juntar “gregos e troianos” (não o sendo nós, necessariamente, alunos da FA) e que é a música. Todos os membros da tuna são iguais, uns sabendo mais que os outros, mas todos ao mesmo nível. Na tuna é promovida a cooperação em grupo e o progresso individual e colectivo. Como tal, os seus membros trabalham activamente para esse fim, mesmo com a falta de compatibilidade que persiste em termos de disponibilidade de tempo e também mental, face aos cursos que frequentamos. Longe de querer formar profissionais, a ArquitecTUNA tem como objectivo ser um amadorismo de qualidade. Actualmente ainda se encontram disponíveis vagas, caso queiras fazer parte da tua tuna da Faculdade de Arquitectura, basta contactares a Associação de Estudantes. Apresenta-te e faz parte da Arquitetuna, se tocares algum instrumento musical, podes traze-lo e cooperar conosco. A ArquitecTUNA tem os seus ensaios nas Quartas-Feiras às 18h, sempre sujeitos a confirmação por email. Para mais informações, contacte: arquitetuna@gmail.com Alexandra Simões e Mariana Cruz


rc

recepção ao caloiro

24

Foi no dia 16 de Setembro que saíram os resultados da primeira fase de colocações, e apenas uma semana mais tarde demos início ao período de praxes da nossa faculdade. Os temas das praxes eram “as 7 maravilhas do mundo” e o “gato fedorento” com o slogan “Diz que é uma espécie de maravilha”. Todos os jogos e brincadeiras foram cuidadosamente organizados por uma comissão que se empenhou em fazer deste início de ano uma época de divertimento para aqueles que iriam iniciar a sua vida académica. Segunda-feira as actividades decorreram pela faculdade, onde foram ensinadas aos alunos as músicas que já se tornaram hinos da FA e os “gritos de guerra” de cada curso. Embora de manhã não estivessem presentes muitos alunos de primeiro ano, estes foram aparecendo e aderindo ao longo do dia e não demorou muito até que a nave e o pátio se encontrassem cheios. Os caloiros puderam então ser apresentados às instalações, assim como aos outros colegas. O tempo também ajudou e com um sol resplandecente, pudemos gozar de um animado churrasco ao ar livre, onde toda a gente cantou, dançou, comeu e bebeu. Terça-feira de manhã formaram-se os grupos de caloiros para participarem no Rally-tascas que teve lugar na tarde do mesmo dia. Esta foi uma actividade que correu bastante bem, da qual os alunos gostaram muito. Consistiu em cada grupo percorrer as nove tascas de um percurso pela Ajuda, superando as provas que lhes eram propostas pelos veteranos. Cada grupo teve ainda que criar músicas e juntar-lhes uma coreografia para apresentar em cada posto e consoante a sua prestação eram mais ou menos “castigados”. O copinho nunca faltou, e talvez por essa razão a noite findou alegremente na faculdade, onde toda a gente se divertiu, mais uma vez a comer, a beber, mas principalmente a rir das peripécias do dia. Quarta-feira foi o dia mais importante em tradição académica visto ter decorrido o baptismo. Como sempre teve lugar em Belém, na Praça do Império, após todos os grupos terem concluído o peddy-paper dessa tarde. O peddy funcionou com os mesmos grupos, onde os caloiros tiveram direito a ovos, farinha, caramelo, etc., e também a muita diversão. Como acabam sem-

pre um bocadinho (ou até muito…) sujos, após lerem o juramento e os seus padrinhos o assinarem, puderam aproveitar para lavar a cabeça na Fonte dos Jerónimos enquanto eram baptizados. É sempre um momento muito engraçado e quem participa fica a relembrá-lo com grande carinho. Após o baptismo deu-se o jantar de recepção ao caloiro no Mercado da Ribeira. Aqui, em conjunto, caloiros e veteranos aproveitaram para matar a fome (e sede), já muita depois do dia cansativo, e prepararam-se para acabar a noite na mega festa do caloiro que anualmente se dá no Parque das Nações e onde a AEFA também tem uma barraca. O desfile e o Tribunal de Praxes (o último evento em que o caloiro é praxado) voltaram em grande forma na quinta-feira à tarde. Embora o concelho directivo tenha cedido apenas 2 dias de praxe dentro da faculdade, com empenho improvisou-se o desfile para eleger os Mr. e Miss Caloiros 2007. As caloiras mascararam-se de “matarruanas” e os caloiros de “maravilhas”. Em seguida chegou a hora do julgamento. A garagem da faculdade foi devidamente preparada, o júri assumiu o seu posto e o juiz deu por iniciada a sessão. A cabeça de porco recebeu os beijos do costume e os caloiros redimiram-se dos seus maus comportamentos levando com farinha, balões de água e os seus últimos ovos. Tivemos direito a assistir a lutas no meio da gemada e este ano nem algumas veteranas escaparam aos castigos. Mas a animação não ficou por aqui. Uma semana depois a associação de estudantes em cooperação com a restante comissão de praxes organizou uma festa de recepção aos caloiros aqui na faculdade que deu pelo nome de “gala-me as maravilhas”. Vieram actuar Dj Philder, Miguel Varela, Deu Breka e o ambiente esteve animado e divertido até por volta das 4h da manhã. Podemos assim concluir que foi um início de ano a condizer com o espírito da nossa faculdade, que zela pelo trabalho, companheirismo, mas principalmente diversão! Catarina Corvo



www.korn.com


02

01

18

25

17

24/ 31

Teatro Municipal São Luiz

Cristina Branco [tributo: José Afonso] Concerto

26

27

28

29

30

Casino Lisboa

23

LUX 23h

22

16

The Gift Concerto

21

15

CCB

“DIABULOS IN MUSICA” Concerto

09

Campo Pequeno

Lux Jazz Sessions Concerto

19

20

CCB

Teatro Municipal São Luiz (até dia 28)

Jorge Palma Concerto

14

Rodrigo Leão Concerto

12

13

11

10

LUX 23h

Lux Jazz Sessions Concerto

07

08

05

04

06

Lisboa - Teatro da Trindade

Centro Cultural de Cascais

Xutos & Pontapés Concerto

Ricardo Parreira & Fernando Alvim Concerto

“80 Anos de Jazz em Cascais” Concerto

“Museus do Mundo” Exposição

domingo

sábado

03

Aula Magna

Nouvelle Vague Concerto

sexta

Caixa Geral de Depósitos Sede)

Santiago Alquimista

Pavilhão Atlântico

quinta

Culturgest

Au Revoir Simone Concerto

Scorpions Concerto

“PortoCartoon: a Globalização no Humor”

quarta

terça

segunda

agendacultural



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.