Manual de História do Brasil

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MANUAL DO CANDIDATO – HISTÓRIA DO BRASIL

Texto complementar: A ESTRUTURA POLÍTICA DE PODER DO CAPITAL MULTINACIONAL E SEUS INTERESSES ASSOCIADOS. DREIFFUS, René Armand in 1964: A Conquista do Estado. Petrópolis, Vozes, 1981 p. 71 -82. Introdução Os interesses multinacionais e associados cresceram rápida e estavelmente, estimulados pela política de desenvolvimento de Juscelino Kubitschek. Por volta de 1960 tais interesses haviam se tornado a força sócio-econômica dominante. Ao mesmo tempo em que esse processo ocorria, um novo conjunto de agentes sócio-políticos aparecia na economia e na política brasileira. Esses agentes formaram um aparelho civil e militar modernizante responsável pelos assuntos relativos à produção e administração política do bloco econômico multinacional e associado. Esta estrutura de poder político de classe do bloco multinacional e associado era corporificada numa intelligentsia empresarial.79 Esses agentes sociais modernizante-conservadores,80 todos eles verdadeiros intelectuais orgânicos81 do novo bloco em formação, eram: 79

O termo empresário, aqui usado genericamente, inclui industriais, banqueiros e comerciantes. Os

próprios industriais, banqueiros e comerciantes brasileiros empregam-no para referir as suas associações de classe e seus membros. Para um exame metodológico e teórico do uso do termo empresário, vide Fernando Henrique CARDOSO. Empresário industrial e desenvolvimento econômico no Brasil. São Paulo, DIFEL, 1972. Para uma visão política e histórica, vide (a) Eli DINIZ. Empresário, Estado e capitalismo no Brasil 1930-1945. Rio de Janeiro. Paz e Terra, 1978, (b) Eli DINIZ & Renato Raul BOSCHI. Empresariado nacional e Estado no Brasil. Rio de Janeiro, Forense Universitária, 1978. (c) Luciano MARTINS. Formação do empresariado industrial in Revista Civilização Brasileira, Rio de Janeiro (13); 103-12, maio 1967. 80

Sobre a aplicação do conceito de “modernização-conservadora” de Barrington Moore, à situação brasileira, vide (a) Otávio Guilherme VELHO. Capitalismo autoritário e campesinato. São Paulo, DIFEL, 1976. (b) Luciano MARTINS. Pouvoir et développement économique: formation et évolution des structures politiques au Brésil. Paris, Ed. Anthropos, 1976. (c) Fábio Wanderley REIS.

Solidariedade, interesses e desenvolvimento político in Cadernos do Departamento de Ciência Política. Belo Horizonte, Univ. Federal de Minas Gerais, mar. 1974. n. 1. (d) Fábio Wanderley REIS. Brasil: Estado e sociedade em perspectiva in Cadernos do Departamento de Ciência Política, Belo Horizonte, Univ. Fedetal de Minas Gerais, dez. 1974. n. 2. 81

Gramsci estabeleceu princípios teóricos muito apropriados para a percepção do processo por meio do qual se formaram os agentes do capitalismo modernizante brasileiro. Ele assinala que “Todo grupo

social que passa a existir no terreno originário de uma função essencial no mundo da produção econômica traz consigo, organicamente, uma ou mais camadas de intelectuais que proporcionam homogeneidade ao grupo, bem como a Conscientização de sua própria função, não somente no campo econômico mas

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