Manual de História do Brasil

Page 201

UNIDADE III – SEGUNDA REPÚBLICA

residência do presidente da República; outro, em direção ao Palácio do Catete, a sede do governo; e um terceiro para apoiar o Batalhão Naval. No Batalhão Naval, a tropa se deslocaria para tomar o quartel-general do Exército”. O quartel do 3º RI, na Praia Vermelha, compunha-se de dois edifícios principais: o pavilhão central, com dois pavimentos, que se estendia fronteiro à avenida Pasteur, alcançando suas extremidades laterais às faldas da Urca e da Babilônia; e o pavilhão interno, também de dois pavimentos, junto daquele morro. No primeiro estavam aquartelados o 1º e o 2º Batalhões e a 9ª Companhia do 3º; no segundo, o 3º Batalhão e a Companhia de Metralhadores regimental. Nas proximidades da praia, nos fundos do quartel, ao lado da Urca, ficava o cassino dos oficiais; na outra extremidade, em elevação, a enfermaria. Os prédios eram velhas estruturas de madeira e estuque, situados entre dois penhascos de granito. Tinham sido construídos em 1908, para uma exposição comercial. Às duas horas da madrugada, um grupo de jovens oficiais liderados pelos capitães Álvaro de Sousa e Agildo Barata deu início ao levante, prendendo todos os oficiais não envolvidos na rebelião. Quase dois terços dos efetivos eram compostos de recrutas recém-incorporados, que não sabiam ainda atirar, nem conheciam os quadros, “dos quais os mais estimados pela tropa estavam ligados ao movimento”. O movimento de revolta teve início entre duas e meia e três da madrugada do dia 27, conforme a ordem transmitida em um bilhete de Luís Carlos Prestes, Agildo Barata e Álvaro de Sousa, dirigida ao “3º Regimento Popular Revolucionário”. No pátio foram deflagrados os primeiros tiros, sendo atacada de início a Companhia de Metralhadoras do 2º Batalhão, comandada pelo capitão Álvaro Fraga, que respondeu à altura da agressão que sofria. Ao lado do morro da Babilônia, no pavilhão central, parte da Companhia de Metralhadoras do 1º Batalhão assestou fogo contra os rebeldes. Desde o início da rebelião, graças a essas duas sub-unidades, o regimento revoltado ficou praticamente encurralado até depois das seis e meia, sem que pudessem descer as companhias de fuzileiros, sem sair dos seus alojamentos as companhias de metralhadoras revoltadas. Cerca de dois terços de 1,7 mil soldados aderiram à revolta. Alguns tenentes revoltados prenderam os oficiais legalistas que permaneciam na galeria do pavilhão central. Uma junta de comando foi organizada em torno de Agildo Barata. Nas companhias de fuzileiros foram presos os comandantes e subalternos, e os comandantes do 1º e 2º Batalhão. Logo no começo da revolta, o major Misael de Mendonça morreu atingido por balas. Ao amanhecer do dia 27 os revoltosos estavam senhores do regimento, salvo a parte central do pavilhão de comando. Vários

201


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.