Manual de História do Brasil

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MANUAL DO CANDIDATO – HISTÓRIA DO BRASIL

Os oficiais da Coluna Prestes, depois de muitos meses de rebelião armada, não superaram o marco militarista de sua ação, embora a superação fosse irmã possibilidade nada desprezível. Afinal de contas eles apostaram tudo na intuição de que o sentimento “revolucionário” ainda estava vivo na nação”. Nos anos seguintes à Coluna Prestes, todos os seus oficiais, cada um a seu modo e a seu tempo, estabeleceram alianças cada vez mais conseqüentes com várias correntes políticas: independentes, oligarquias opositoras, oligarquias situacionistas e até socialistas e comunistas. Até abril de 1925 a dinâmica do movimento tenentista foi quase que, inteiramente militar, e nesse ponto a Coluna Prestes não inovou; ao contrário, foi uma verdadeira síntese da atuação estritamente militarista dos tenentes. O militarismo fica bem claro se examinarmos com atenção o principal motivo com que os oficiais da Coluna Prestes justificam a continuidade da ação rebelde para além de abril de 1925. Eles insistem que há condições propícias à “revolução”: persistiria a generalizada insatisfação “nacional” com o governo de Artur Bernardes e com tudo que o sustenta, mas supunham, muito especialmente, que essa insatisfação se estendia aos quartéis, ou seja, aos seus colegas do Exército – pois que o militarismo tenentista estabelecia uma relação “mágica” entre nação e Exército. Na leitura de todos os depoimentos dos participantes e simpatizantes da Coluna Prestes, nota-se que a certeza da insatisfação política dos militares com a situação política nacional foi o motivo central para prosseguir a campanha. Cabe agora outra pergunta: como os oficiais da Coluna de Prestes explicavam a ausência de novas revoltas militares? É bastante possível que neste momento – abril de 1925 – os rebeldes do Oeste do Paraná sequer estivessem a par de todos os movimentos do ano de 1924. É certo que sabiam da revolta de julho de 1924 em Mato Grosso e do quase simbólico levante naval de novembro de 1924 no Distrito Federal. Mas sua resposta para a pergunta passava pela defesa de uma forma eficaz de rebelião, uma forma que evitasse derrotas. Estou querendo dizer o seguinte: os integrantes da Coluna Prestes pretenderam oferecer uma nova alternativa de rebelião militar para o desencadeamento da insatisfação de seus colegas oficiais espalhados nas unidades militares de todo o país. Não me parece, portanto, que a Coluna Prestes tenha formulado novos objetivos políticos além dos colocados pelos diversos movimentos rebeldes de 1924. Maria Cecília Spina Forjaz também sustenta essa tese (FORJAZ, 1977). A “novidade” era o que Prestes chamava de “guerra de movimento” (experimentada com sucesso pela Divisão Rio Grande em sua marcha para o oeste do Paraná, entre dezembro de 1924 e

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