Jornal 280716

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UFF se mobiliza em Rio das Ostras Comunidade acadêmica volta a se reunir para defender a universidade pública

Seção Sindical do Andes-SN

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Filiado à CSP/Conlutas

Polícia vira ‘parceira’ habitual da gestão Sidney Fotos: Luiz Fernando Nabuco

Associação dos Docentes da UFF

Em menos de uma semana, foi acionada três vezes para atuar contra técnicos, estudantes e docentes da UFF

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Serviços públicos e políticas sociais sob ameaças Projetos defendidos pelo governo interino – como o PLP 257 e a PEC 241 – reduzem direitos, congelam salários, abrem as portas para demissões, flexibilizam leis trabalhistas e redimensionam a educação, a saúde e a Previdência públicas. Fóruns de servidores, do Andes-SN e da educação defendem reação conjunta dos trabalhadores para detê-los.

Páginas 2 (Editorial), 3 e 4

Docentes com crédito a receber da UFF podem ingressar com ações Página 6


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Jornal da ADUFF

Editorial

AGENDA Julho

Reagir para não perder direitos

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conservadorismo tem se espraiado em níveis alarmantes na sociedade brasileira. Em plano nacional, ganham força projetos retrógrados como o intitulado Escola Sem Partido, que tem como real função instituir uma mordaça nos professores e ferir a autonomia dos profissionais em sala de aula. Nesse aspecto, cumpre destacar o avanço essencial que representou a fundação de uma frente nacional contra o projeto, lançada com ato no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ (Ifcs), com a participação do Andes-SN e de suas seções sindicais, onde a Aduff se fez presente. Nos debates sobre o projeto, fica nítido o nível de despreparo de seus autores. Em programa televisivo exibido recentemente ficou evidente o ódio e a ignorância sobre os temas relacionados à educação por parte dos responsáveis por sua redação, contrastando com a propriedade com que o professor da Faculdade de Educação da UFF Fernando Penna argumentou, demonstrando as inconsistências presentes no Programa. A inconstitucionalidade do projeto Escola sem Partido foi inclusive relatada em nota redigida pelo Ministério Público Federal (MPF). Observa-se uma escalada de repressão aos movimentos sociais, que ocorre em meio à realização de um megae-

28 – Ato contra a privatização da Petrobras e a corrupção, no centro do Rio.

Agosto

vento com características excludentes como as Olimpíadas do Rio de Janeiro, no qual o Estado usa todos os seus instrumentos repressivos para promover despejos, favorecer setores empresariais e inibir protestos. Articulado a isso, o PLP 257 e a PEC 241 que tramitam no Congresso Nacional representam graves atentados ao serviço público. Mas não bastassem as medidas reacionárias em curso do presidente interino Michel Temer, assistimos com preocupação à escalada autoritária da Reitoria em nossa universidade. O reitor da UFF age mais uma vez com métodos truculentos, demonstra despreparo para o cargo que ocupa e aprofunda uma atuação que nega quais-

Não bastassem as medidas reacionárias em curso do presidente interino, assistimos com preocupação a escalada autoritária da Reitoria em nossa universidade

quer canais de diálogo. Em uma manhã de sábado, a Reitoria dispôs de uso de forte aparato policial para despejar o Sintuff de sua histórica sede, onde está instalado há 32 anos, no campus do Valonguinho. Agindo de forma seletiva, a Reitoria é ríspida, para usar um termo mais ameno, ao lidar com a representação da categoria dos técnicos administrativos, impedindo o seu livre exercício; porém é dócil com o incentivo de medidas que privatizam o espaço público, como os cursos pagos e a cessão de espaços para bancos privados, como no caso do Santander e a falta de transparências na gestão dos recursos por parte da Fundação Euclides da Cunha. Cumpre, mais uma vez, chamar a unidade de todos os segmentos da comunidade acadêmica de nossa universidade em prol da resistência aos projetos neoliberais em curso. Os ataques não passarão impunes e temos o papel não só de denunciá-los, mas de estabelecer uma frente de articulação para barrar tais medidas draconianas e trabalhar para a construção da sociedade que defendemos. Por último, salientamos ainda irrestrita solidariedade aos servidores do Estado do Rio de Janeiro, que estão pagando por uma crise gestada pelo mau uso dos recursos públicos, sendo agora ainda alvos da ilegítima medida de corte no ponto de trabalhadores da educação. Não podem ser punidos, e com método tão arbitrário, quem luta por condições possíveis de trabalho e mesmo de sobrevivência. Que estejamos juntos no movimento de resistência a tudo isso.

1º – Indicativo de paralisação nacional dos trabalhadores em transporte. 2 – Indicativo de início da greve de auditores fiscais do Trabalho e da Previdência Social. 5 – Protestos nacionais na abertura dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. 9 – Lançamento da Frente Parlamentar em Defesa da Auditoria Cidadã da Dívida, em Brasília. 10 – Reunião Nacional Ampliada do Fórum das Entidades dos Servidores Públicos Federais (Fonasefe), em Brasília. 11 de agosto – Dia Nacional de Luta dos Servidores, Professores e Estudantes das Universidades e da Educação, reunindo as entidades nacionais do setor (Andes-SN, Fasubra e Sinasefe).

Aconteceu Julho 19 – Cine-Debate na Praça da Cantareira, em Niterói. 15 – Câmara de Niterói exclui do Plano Municipal de Educação o debate de gênero e diversidade. 13 – Lançamento da Frente Política ao Projeto “Escola sem Partido”, no Ifcs (UFRJ), no Largo de São Francisco, no Rio.

– UFF em Rio das Ostras tem “Dia de Mobilização e Luta pela Educação Superior”. 7 – Encontro pós-II Encontro Nacional de Educação - ENE, no campus do Gragoatá, em Niterói. 6 – Protestos no Rio e na Região Metropolitana ‘trancam’ rodovias; à tarde, ato unificado na Presidente Vargas.

Associação dos Docentes da UFF

Presidente: Gustavo França Gomes • 1º Vice-Presidente: Gelta Terezinha Ramos Xavier • 2º Vice-Presidente: Juarez Torres Duyaer • Secretário-Geral: Kate Lane Costa de Paiva • 1º Secretário: Douglas Ribeiro Barbosa • 1º Tesoureiro: Carlos Augusto Aguilar Junior • 2º Tesoureiro: Edson Teixeira da Silva Junior • Diretoria de Comunicação (Tit): Kenia Aparecida Miranda • Diretoria de Comunicação (Supl): Marcio José Melo Malta • Diretoria Política Sindical (Tit): Adriana Machado Penna • Diretoria Política Sindical (Supl): Bianca Novaes de Mello• Diretoria Cultural (Tit): Renata Torres Schittino • Diretoria Cultural (Supl): Ceila Maria Ferreira Batista • Diretoria Acadêmica (Tit.): Antoniana Dias Defilippo Bigogmo • Diretoria Acadêmica (Supl): Elza Dely Veloso Macedo

Seção Sindical do Andes-SN

Editor Hélcio L. Filho Jornalistas Aline Pereira Lara Abib

Filiado à CSP/Conlutas

Julho de 2016 Biênio 2016/2018 Gestão: Democracia e Luta: Em Defesa dos Direitos Sociais, do Serviço Público e da Democracia Interna

Revisão: Renake das Neves Projeto Gráfico e diagramação Gilson Castro

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Ato no Centro do Rio no dia 6 de julho: servidores e trabalhadores do setor privado contra as reformas de Temer que ameaçam os serviços públicos, o direito à aposentadoria e às leis de proteção trabalhista. Prioridade dada a eventos como as Olimpíadas foi associada à corrupção e ao favorecimento privado. Delações na Justiça apontam que o ex-governador Sérgio Cabral Filho recebeu propina nas obras da Copa e dos Jogos.

Luiz Fernando Nabuco

Luiz Fernando Nabuco

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Projetos podem inviabilizar serviços públicos Governo interino aposta no PLP 257 e na PEC 241 para redimensionar serviços públicos e políticas sociais da Constituição de 88; se aprovados, podem tornar ‘servidor’ profissão em extinção

Hélcio Lourenço Filho Da Redação da Aduff

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governo interino de Michel Temer tem pressa em aprovar um pacote de medidas capaz de redefinir as dimensões dos serviços públicos e das políticas sociais públicas no Brasil. O Projeto de Lei Complementar 257 e a Proposta de Emenda Constitucional 241 são os carros-chefes da investida, alimentada com o

esforço da mídia comercial de pautar temas como o ‘rombo’ da Previdência, fim da gratuidade nas universidades e mesmo no SUS. Os dois projetos instituem bloqueios no orçamento público para despesas primárias e mantêm abertas as portas para juros das dívidas públicas (ver quadro). Isso já vinha sendo trabalhado pela presidente afastada, mas ganhou volume

e velocidade com Temer, que escalou Henrique Meirelles, da Fazenda, e Eliseu Padilha, da Casa Civil, para tocá-los. Eles conseguiram aliado de peso com a eleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) para presidir a Câmara. O deputado fala em aprovar tais propostas em agosto, com os holofotes da mídia voltados para as Olimpíadas, e cita ainda as reformas trabalhista e previdenci-

ária como prioridades. No curto mandato de seis meses, Maia tentará aprovar mudanças capazes de provocar impactos negativos nos direitos sociais provavelmente superiores a tudo que já se fez nas últimas três décadas e meia nessa área. É isso que move as entidades sindicais do funcionalismo a defender a construção conjunta das condições de uma greve geral no país.


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Docentes defendem ‘Fora Temer’ e luta conjunta por direitos

Professores da UFF participaram do 61º Conad em Boa Vista, capital de Roraima, onde nova diretoria do Sindicato Nacional tomou posse

A nova diretoria do Andes-SN toma posse no Conad, em Boa Vista Hélcio Lourenço Filho Da Redação da Aduff

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ão foram avaliações consensuais. Houve debate e votações polarizadas na definição de propostas relacionadas à conjuntura atual. O 61º Conselho do Andes-SN (Conad) entrará para o grupo dos que se reuniram para atualizar o pla-

Professora da UFF assume presidência do Andes-SN

resumiu a professora Eblin Farage, da UFF, que acabara de assumir a presidência do Andes-SN. A Aduff participou do 61º Conad, na Universidade Federal de Roraima, com 19 professores, de 30 de junho a 3 de julho. Reiteradas e emocionadas homenagens ao professor Már-

cio Antônio, que falecera pouco antes, marcaram o evento. Na plenária final, os delegados aprovaram a candidatura da Aduff-SSind para sediar, em Niterói, o 62º Conad, em 2017. “Esperamos recebê-los com o carinho que fomos recebidos aqui”, disse o professor Gustavo Gomes,presidente da Aduff.

É preciso unir mais os que defendem a educação pública, avalia pós-II Encontro Nacional de Educação Reuniões ocorreram em dois turnos na Faculdade de Educação, no Gragoatá, e avaliaram os resultados do II Encontro Nacional de Educação

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II Encontro Nacional da Educação representou um passo importante para a organização da resistência a projetos e políticas que privatizam o ensino, se acentuam e podem ser desastrosas para o setor público no país. A avaliação permeou intervenções de professores e estudantes no Encontro Pós-II

ENE, realizado pela Aduff-SSind no auditório Florestan Fernandes, da Faculdade de Educação da UFF, em Niterói, dia 7 de julho. Pela manhã, integraram a mesa a docente Marinalva Oliveira, ex-presidente do Andes-SN,Roberto Simões,do Sepe-Regional 3,e o estudante Luan Cândido – a mediação foi da

professora Gelta Xavier, da direção da Aduff-SSind. À noite,os palestrantes foram o professor Fernando Penna, que criticou o projeto 'Escola Sem Partido',os estudantes Rafael e Leonardo e, novamente, Marinalva. A professora Elza Dely Macedo,da direção da Regional Rio de Janeiro do Andes-SN, coordenou os trabalhos.

Luiz Fernando Nabuco

Os professores eleitos para integrar a direção do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN) no biênio 2016-2018 tomaram posse no primeiro dia do 61º Conad. A professora Eblin Farage, da Escola de Serviço Social da UFF, assumiu a presidência do sindicato. As professoras Lorene Figueiredo de Oliveira (do Instituto do Noroeste Fluminense – Campus da UFF em Santo Antônio de Pádua) e Elza Dely Veloso Macedo (Faculdade de Educação – UFF, atualmente aposentada) assumem as funções de 1ª e de 2ª secretárias, respectivamente, na Regional Rio de Janeiro do Andes-SN. Ao discursar, Eblin defendeu a busca da unidade dos trabalhadores para defender direitos ameaçados.

e direitos históricos dos trabalhadores exigem unidade e uma mobilização em dimensões bem superiores às promovidas nos últimos anos. “O que hoje é a capacidade de nos unir, guardadas todas as nossas diferenças, é a [campanha] Fora Temer e a necessidade de construir a greve geral”,

no de lutas tendo um cenário político muito distinto do que existia à época do congresso, no início do ano. No decorrer dos debates, entretanto, prevaleceu o entendimento de que a gravidade do momento político e econômico para a educação pública, os serviços públicos

Mesa de um dos debates, o da manhã, transcorrido na Faculdade de Educação

Mesa de um dos debates, o da manhã, transcorrido na Faculdade de Educação


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Chamar polícia vira rotina na gestão de Sidney na UFF Em cinco dias polícia é acionada três vezes pela administração central da UFF contra comunidade universitária; foi assim no despejo do Sintuff da sede conquistada há 32 anos, ainda na ditadura Aline Pereira Da Redação da Aduff

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cou mais evidente na suposta aprovação de convênio entre a UFF e a Ebserh, numa sessão do Conselho Universitário cercada por forças policiais. A sede do Sintuff no Valonguinho, que teve as portas arrombadas por ordens da Reitoria, na manhã do dia 2 de julho, um sábado, foi conquistada para abrigar o sindicato na década de 1980, ainda na ditadura, na gestão do reitor José Raimundo Romeo. A ação determinada por Sidney, mais de três décadas depois, foi acompanhada por oficiais de justiça e policiais federais. Desde esse dia, de acordo com representantes do Sintuff, o carro do sindicato é impedido de entrar no Valoguinho – fato inédito na história da UFF.

Aduff apoia “O ataque à sede do Sintuff é um ataque a todos nós, à li-

berdade de expressão, à liberdade de crítica, de apresentar proposições, de questionar o que a administração está fazendo de errado”, disse Gustavo Gomes, presidente da Aduff-SSind, no ato do dia 5. “Fomos lá pacificamente, para dialogar, e o reitor abandona a reunião e chama a polícia”, disse. “É irônico isso acontecer justamente na FEC, uma entidade privada dentro da UFF”, observou, ao criticar a alegação da administração central para despejar o Sintuff: o fato de o sindicato ser uma organização de direito privado, assim como é a Ebserh, que hoje administra o Hospital Universitário Antonio Pedro. Quatro dias após o Sintuff ter sido desalojado, o Santander armou barraca promocional para entrega de carteirinhas nos gramados do campus do Gragoatá.

Fotos: Luiz Fernando Nabuco

m menos de uma semana, forças policiais foram acionadas três vezes no início de julho pela administração central da UFF para agir contra integrantes da comunidade acadêmica. Primeiro, para chancelar a questionada ação de um representante do Conselho Tutelar. No dia seguinte, para despejar o Sintuff da sede que ocupava no campus do Valonguinho há mais de 30 anos. E, pela terceira vez em cinco dias, para repreender servidores e estudantes que protestavam pacificamente contra a ação da Reitoria, em ato que seguiu da administração central da UFF até a Fundação Euclides da Cunha – que funciona no Colégio São Vicente de Paula. O reitor Sidney Mello estava reunido com diretores de unidades e integrantes de um

grupo de trabalho que criou para tratar da Estatuinte, mas saiu antes que os manifestantes chegassem. “O reitor da UFF tem apelado em todos os momentos para a violência com o uso da força policial, sempre de forma truculenta e autoritária”, disse o técnico-administrativo Rogério Melo Araújo, do Sintuff. Para Rogério, o reitor já deixou clara a opção por um projeto “modernizor-autoritário” como legado para a UFF. Isso se manifestou, disse, na ação judicial que levou ao despejo, e na inédita decisão de não receber o comando de greve em 2015. A Reitoria ataca os movimentos combativos que atuam na universidade, avalia, para impor medidas como o aumento da jornada de 30h. O servidor avalia que a relação de proximidade entre a administração central e o aparato repressivo do Estado fi-

Despejo da sede do Sintuff, polícia no ato três dias depois e Santander no gramado do campus Gragoatá

Caso das crianças no Gragoatá expõe distância da Reitoria de questões sociais Escola de Serviço Social questionou forma violenta como três crianças que vendiam balas foram tratadas por conselheiro tutelar

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ação de um representante do Conselho Tutelar de Niterói, no campus da UFF no Gragoatá, no início de julho, revoltou integrantes da comunidade universitária. Na tarde da primeira sexta-feira do mês, por volta das 15h, um conselheiro esteve acompanhado de um motorista da Prefeitura para averiguar a denúncia de que três crianças, menores de 12 anos, circulavam pela instituição naquele dia vendendo doces pelo campus. No entanto, de acordo com estudantes e professo-

res, o conselheiro demonstrou despreparo para lidar com a situação e teria sido rude em palavras e atitudes. Frases como “Vocês vão passar o resto da vida no abrigo” teriam sido ditas aos menores. “As crianças estavam chorando e gritando muito”, afirmou uma estudante da graduação em História. Parte da reação do conselheiro está registrada em vídeos postados nas redes sociais. Ao ser interpelado por estudantes e por docentes da UFF, ele teria se recusado a se identificar.

Em meio ao tumulto, o conselheiro chamou o chefe da segurança terceirizada da UFF. O 12º Batalhão da Polícia Militar acabou acionado e dois policiais entraram na universidade. A administração central da UFF foi questionada por e-mail, mas não se pronunciou.

Professores A professora Francine Helfreich, da Escola de Serviço Social, acompanhou com colegas as crianças e o conselheiro até o Conselho Tutelar. “As crianças estavam em situação

de vulnerabilidade, mas questionamos a abordagem feita. Entramos na viatura da Assistência Social e fomos para o conselho ouvindo barbaridades”, conta a docente. Em reunião do Colegiado de Unidade Ampliado, a Escola de Serviço Social decidiu solicitar do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Niterói um posicionamento com relação à atuação do conselheiro, que foi acatado. A nota diz que a Escola de Serviço Social tem clareza “da função do Conse-

lho Tutelar e de que as crianças estavam em situação de trabalho infantil”. No entanto, ressalta que a abordagem não assegurou a “proteção à criança”. Para a diretora da Escola de Serviço Social, Ana Paula Mauriel, as crianças estão em situação de desproteção, exercendo o trabalho infantil, mas somente chamar o Conselho Tutelar não resolve. “Temos que pensar, como universidade, em estratégias para lidar com esse tipo de questão”, disse à reportagem da Aduff-SSind.


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Notas da Aduff

Limites da democracia atual no Cine-Debate

"O filme discute os limites da democracia contemporânea e o problema da concentração de poder e riqueza", disse a professora Tatiana Poggi, do curso de História da UFF, sobre a projeção de “Requiem for the American Dream”, durante o Cine-Debate da noite da terça (19), na Praça Cantareira. O documentário, centrado em uma série de entrevistas com o filósofo e linguista Noam

Contra a Homofobia

Fotos: Luiz Fernando Nabuco

Atividade na Reitoria da UFRJ contra o assassinato de Diego Vieira Machado, encontrado morto dia 2 de julho no campus do Fundão, em um crime com fortes indícios de homofobia. O lançamento da Frente Nacional Contra o ‘Escola Sem Partido teve homenagem ao estudante.

Chomsky, apresenta um panorama histórico e político da desigualdade social e aponta, segundo a docente, a importância de as pessoas se mobilizarem e se organizarem coletivamente para reivindicarem seus direitos. Tatiana Poggi, que integra o Conselho de Representantes da Seção Sindical, destaca a importância da atividade promovida pela Aduff-SSind ser em praça pública.

Ações do Jurídico I Muitos docentes ainda não sabem, mas podem fazer jus ao pagamento de créditos atrasados no serviço público federal. Na UFF, por exemplo, há casos envolvendo o pagamento de progressões, abono de permanência, entre outros direitos. Professores da Carreira EBTT (a maioria do Coluni), por exemplo, estão com créditos do Reconhecimento de Saberes e Competências (RSC) atrasados desde 2013. Quem alerta é o assessor jurídico da Aduff, Carlos Boechat. Atrasados dos exercícios financeiros anteriores ao ano de reconhecimento, por exemplo, de uma progressão, são inscritos em restos a pagar.

Ações do Jurídico II Essas dívidas vêm sendo pagas de forma parcelada pela União, que fixa um limite de valor para pagamento anual hoje em R$ 5 mil. Além disso, em geral, o valor apurado para esses créditos trabalhistas é o somatório do valor mensal em atraso, sem correção monetária e juros. De acordo com o advogado, é possível ingressar com ação na Justiça Federal para obter crédito em uma única vez, com as parcelas mensais atrasadas corrigidas monetariamente desde quando devidas, além de juros de mora.

Voz das elites I O jornal "O Globo" resolveu concentrar esforços no ataque aos serviços públicos. No domingo (24), publicou editorial defendendo o fim da gratuidade nas universidades públicas brasileiras, sob o título "Crise Força o Fim do Injusto Ensino Superior Gratuito". Dois dias depois, atacou o reajuste dos servidores públicos federais, com outro editorial – intitulado "Aumentar Salários de Servidores é Incoerente".

Voz das elites II A investida contra os serviços públicos não é novidade em se tratando das empresas dos Marinho, que traz no currículo o apoio à ditadura empresarial-militar do golpe de 1964. Mas a sequência de editoriais pode expressar não só um desejo de setores empresariais, como estar articulada à vontade do governo interino.

Ações do Jurídico III Não é possível prever quanto tempo duram os processos, mas o advogado observa que essa ação, para valores até R$ 52.800,00, que tramitam no Juizado Especial Federal, tende a levar cerca de dois anos. Acima desse valor, a ação tramitará na Justiça Federal e o tempo poderá ser superior. Docentes interessados devem procurá-lo na sede da Aduff-SSind, durante o Plantão do Jurídico, que acontece às sextas-feiras, entre 9h e 13h, por ordem de chegada. Para saber os documentos necessários e acompanhar as notícias do Jurídico, acesse o site da seção sindical (www.aduff.org.br).

Sem noção O advogado Miguel Nagib, mentor do ‘Escola Sem Partido’, disse que Paulo Freire atuava para o PT ao defender suas ideias pedagógicas, no debate no Canal Futura com Fernando Penna, professor da Faculdade de Educação da UFF. O mediador lembrou Nagib, visivelmente nervoso, que as ideias de Freire antecedem ao Partido dos Trabalhadores – “Pedagogia do Oprimido”, obra de referência internacional do pedagogo, foi publicada em 1968, 12 anos antes da fundação do PT.


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Frente nacional contra mordaça na sala de aula é lançada Zulmair Rocha

Dezenas de entidades integram frente nacional lançada para combater o ‘Escola Sem Partido’, apontado como tentativa de impor uma educação sem debate de ideias e pensamento crítico Hélcio Lourenço Filho Da Redação da Aduff

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Salão nobre da UFRJ no Ifcs lotado no lançamento da frente

O Plano Municipal de Educação (PME 2016/2026) foi sancionado pelo prefeito Rodrigo Neves, após tumultuada aprovação na Câmara dos Vereadores de Niterói. Em meio à polêmica dentro e fora do plenário, os parlamentares refutaram as recomendações para que se discutisse gênero, diversidade e orientação sexual nas escolas. Emenda substitutiva ao capítulo que tratava do assunto foi aprovada e sancionada pelo prefeito, com abordagem apenas genérica da questão do preconceito e sem a palavra “gênero”.

Outra emenda, que excluía o debate sobre violência contra mulher, foi vetada por Rodrigo Neves. Os vereadores votaram o texto sob a pressão de manifestantes dos dois lados. “Lamentável estar discutindo esse assunto, questão de foro íntimo”, disse Nara Seixas, sentada à direita do plenário. À esquerda, estavam os que defendiam tolerância à diferença. “Discutir gênero é justamente para pregar o respeito às diferenças; é refutar o discurso de ódio”, disse Bruno Lopes, professor e integrante do Grupo Transdiversidade.

tas, CUT, CTB e Intersindical), as principais entidades nacionais da educação pública e dezenas de sindicatos, entidades civis e partidos políticos. O professor Gaudêncio Frigotto, da Faculdade de Educação da Uerj, também assinalou que não é possível ignorar o projeto tomando-se por base o seu conteúdo – que prevê uma escola neutra e sem ideologia. “Não podemos falar que é uma bobagem, ele já está presente na sociedade por sua persuasão”, disse Gaudêncio, destacando

que a proposta é inconciliável com a ideia de educar, que pressupõe a formação de um pensamento crítico. A professora da UFF Eblin Farage, presidente do Sindicato Nacional dos Docentes (Andes-SN), disse que essa articulação não pode ficar restrita à esfera federal e tem que se estender aos educadores estaduais e municipais. “Mais do que nunca é o momento de unificar as lutas, a nossa organização não pode se dar apenas no âmbito federal, é preciso fazer uma luta conjunta”, defendeu.

LITERATURA

Bullying e homofobia são abordados em obra lançada por docente do Coluni Aline Pereira Da Redação da Aduff

"Esse livro é um desabafo de quem hoje milita em sala de aula, mas que já foi muito violentado por ela e não quer que isso aconteça mais. É um basta", disse Luiz Fernando Braga, autor de "Romance Hipocondríaco", no lançamento da obra autobiográfica, mas com tons ficcionais, que aborda temas como bullying e homofobia, na noite de 15 de julho, na Aduff-SSind. A atividade foi no dia seguinte à decisão da Câmara de Niterói de excluir do Plano Municipal de Educação a re-

ferência à promoção do debate de gênero da escola – tema caro ao escritor, professor de Literatura do Colégio de Aplicação da UFF (Coluni): “Vivemos uma catástrofe que se anuncia em ambiente nacional. Chama-se Escola Sem Partido, que promove o emudecimento de questões ligadas à homofobia, à transfobia, às questões de gênero. Ameaça e cerceia a liberdade do professor, a partir de argumentos de doutrinação, de ideologização, como se houvesse discurso, sala de aula ou política sem ideologia”. (veja mais em www.aduff. org.br)

uco

Em Niterói, vereadores excluem referência a debate de gênero do Plano de Educação

A dimensão do ato de lançamento da frente, no dia 13 de julho, corrobora com essa análise. O salão nobre do Ifcs ficou pequeno para abrigar as cerca de 300 pessoas que compareceram à cerimônia, algumas vindas de outros estados. A Aduff-SSind e o Sindicato Nacional dos Docentes (Andes-SN) participaram. Não houve quem não ressaltasse a representatividade do evento, classificado como um movimento contra a mordaça na sala de aula. A atividade reuniu quatro centrais sindicais (CSP-Conlu-

ando Nab

estamos aqui reunidos [para confrontá-las]”, disse. Para ele, o peso que setores conservadores ganharam na sociedade tem relação direta com projetos que buscam retirar direitos e benefícios das classes trabalhadoras para manter o patamar de lucro dos grandes empresários. Há uma aliança, afirmou, entre setores liberais e conservadores para aplicar tais projetos. "Foi necessário desconstituir um governo que fazia ajuste fiscal e agora estamos diante de um ajuste fiscal numa escala que não conhecemos", disse.

Luiz Fern

p ro f e s s o r R o b e r t o Leher, reitor da UFRJ, fez uma provocação ao final do lançamento da Frente Nacional Contra o 'Escola Sem Partido'. Perguntou o que fazia tanta gente estar ali reunida naquele salão nobre da Faculdade de Filosofa e Ciências Sociais para contestar um projeto que por suas características seria motivo de piadas alguns anos atrás. O docente queria chamar a atenção para uma conjuntura em que ideias conservadoras ganham relevo que até há pouco tempo não tinham. Projetos provavelmente inexequíveis como uma escola sem debate de ideias ou com alunos autorizados a delatar seus mestres parecem factíveis de serem aprovados nas casas legislativas. "Obviamente, são propostas inconstitucionais. Há alguns anos, seriam motivo de piadas. No entanto, hoje

Luiz Fernando, ao lançar o livro, na sede da Aduff


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Dia de mobilização na UFF em Rio das Ostras, promovido pelo fórum que reúne os três segmentos, debate urgência a de unir forças pela universidade pública Niara Aureliano, enviada a Rio das Ostras Da Redação da Aduff

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s problemas que a universidade pública enfrenta foram debatidos no "Dia de Mobilização e Luta pela Educação Superior", ocorrido em 13 de julho, no campus da UFF em Rio das Ostras. Representantes da Aduff/SSind, do Andes-SN, professores, estudantes e técnicos-administrativos analisaram a melhor forma de enfrentar os projetos que atacam o setor. O debate integrou uma sequência de atividades que marcaram o dia, o que incluiu café da manhã, oficina de cartazes, exibição de filme, roda de conversa e ato público. Ao longo da jorna-

da, ganhou corpo a ideia de que as reivindicações de cada segmento são também as demandas de todos. Vice-presidente da Regional do Rio de Janeiro do Andes-SN, o professor Cláudio Ribeiro disse haver um ‘combo’ de propostas e medidas que destroem a educação pública – apontou a PEC 241, o PLP 257, o novo marco de Ciência e Tecnologia e o projeto 'Escola Sem Partido', que cerceia o pensamento crítico em sala de aula. A aposta na luta coletiva e solidária para combatê-las foi enfatizada. O estudante Lucas Brandão também ressaltou que as pautas estão interligadas: “A falta de estabilidade dos pro-

Ato (Ingá)jadas aconteceu no dia 30 de junho; mulheres percorreram algumas ruas do bairro e disseram palavras de ordem contra a cultura do estupro Mesa de debate na atividade na UFF em Rio das Ostras fessores afeta diretamente a gente, os nossos projetos, os nossos programas, as nossas pesquisas, que já são muito poucas". O presidente da Aduff-SSind, professor Gustavo Gomes, disse que a comunidade

acadêmica deve abraçar as bandeiras democráticas, rasgadas pela Reitoria, e associá-las às lutas contra os projetos antisserviço público que privatizam a universidade. A professora Ana Isabel Spínola resgatou a história do cam-

‘Aniversário’ de dois anos do Multiuso sem uso teve bolo e críticas ao reitor O prédio Multiuso do campus da UFF em Rio das Ostras está fechado. Ele deveria está em funcionamento faz dois anos, mas segue interditado sem jamais ter sido posto em atividade. O ‘aniversário’foi lembrado com bolo e ato público em frente ao prédio, no dia de mobilizações no campus. A interdição decorreu de problemas nas redes de energia e de esgoto e na acessibilidade. Em maio de 2015, o pró-reitor de Administração da

UFF, Néliton Ventura, disse à reportagem do Jornal da Aduff que em seis meses o prédio estaria funcionando – o que seria um dos compromissos assumidos pelo Comitê Gestor da Reitoria. De lá para cá, foram instalados o prometido elevador e um transformador. Mas uma dívida com a concessionária de energia, a Ampla, impediria a inauguração do prédio, que abrigará o Instituto de Ciências e Tecnologias. (NA)

pus e fez um apelo à mobilização. "Não acredito na ação isolada, acredito nas ações coletivas. Nós temos que chamar mais gente. O passado [nos mostra que] só ações coletivas podem transformar a nossa realidade", disse.

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Roda de conversa debate as demandas estudantis

Estudantes defendem assistência estudantil de qualidade para evitar evasão Sem bandejão e com moradia estudantil que contempla apenas 60 alunos, estudantes da UFF em Rio das Ostras vêm debatendo a assistência estudantil e a falta de políticas efetivas de permanência na universidade. O tema foi abordado em roda de conversa na jornada de “Mobilização e Luta pela Educação Superior". Os estudantes apontam a diminuição do valor das bolsas destinadas à alimentação de R$250 para R$154 e reclamam do preço das refeições na cantina. Alunas e alunos com filhos não contam com creches na unidade. Contra as políticas insuficientes de permanência, organizam uma campanha por

Bolo com 'Sidney' no ato em frente ao Multiuso

Fotos: Luiz Fernando Nabuco

Rio das Ostras aposta na ação coletiva para defender direitos

assistência estudantil de qualidade. De antemão, as exigências dos estudantes de Rio das Ostras, que vivem problemas decorrentes da expansão precarizada do Reuni, são: bandejão, maior oferta de bolsas de extensão e pesquisa para a unidade, abertura de mais vagas para a moradia e máquina de cópias no campus. "A assistência estudantil tem que ser construída pelos estudantes, o que é uma proposta do PNAES, mas não é isso que acontece aqui no campus", disse Danielle Pataco, estudante de Psicologia. Eles também criticaram a falta de autonomia da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Proaes) do campus. (NA)


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