Sou Down. Sou feliz

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Sou Down. Sou feliz.

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Créditos: Ilustração da Capa: Raylton Zaranza Título: Januária Mesquita Rebouças Créditos: Alisson Oliveira Epígrafe: Márcia Porto Prefácio: Januária Mesquita Rebouças / Marília Costa Sumário: Karin de Fátima Organizadoras: Adriana Wandermurem / Jemima Silvestre Colaboradores: Lucas Santos Jerffeson Gomes Leise Rodrigues da Silva Thaís Moreira de Sena Leonário Gondim Azevedo Nadablo Guedes de Lima Rogério José Matheus Barbosa de Sousa Eluza Santos Larisse de Sousa João Paulo Barbosa de Carvalho Patrícia Carla de França Alves Sanderson e Arlete Daniele Viana de Sousa Viviane Monteiro da Silva Tayná Souza Monteiro Erlen Kaline Ávila do Nascimento Karin de Fátima Oliveira Luis Felipe Santiago dos Santos Silva Ana Paula da Silva Rodrigues Ananda Monteiro Alisson Ferreira Nogueira Ítalo Pereira dos Santos Herick Breno Gomes Silva Mariza Batista da Silva Solange Garcia de Sousa Jéssica Lima Pachêco Álefe Samuel Regis Pinto Ronielli Santos Ícaro Machado Ribeiro

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Dedicatória

Esta preciosa coletânea é dedicada a todos aqueles que acreditam que a inclusão é possível e enriquecedora para toda a sociedade. Dedicamos, principalmente, a Webster Guerreiro Belmino, o grande incentivador de nossas ações como educadora de pessoas com deficiência.

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Epígrafe Existe um sentimento que é próprio do ser humano, que é o de querer estar perto de seu semelhante. Os seres humanos são naturalmente afetuosos e precisam uns dos outros. Existe, no entanto outra situação que contradiz a condição de SER HUMANA, no momento em que é perceptível a capacidade que a sociedade, formada por homens e mulheres, tem de excluir uma pessoa por ser diferente. Por ser D own, deficiente físico, auditivo ou visual. A exclusão é uma mazela social que danifica a autoestima da pessoa que é vítima desta ação. Ela passa a se fechar em um mundo somente seu e evita o contato com outras pessoas como uma forma de se preservar contra os ataques sofridos. A nova condição de SER HUMANO exige de cada indivíduo social uma nova atitude baseada na capacidade de aceitar e, sobretudo de acolher o outro, independente de suas diferenças, visualizando nestes a possibilidade que têm para contribuir com um mundo melhor. Márcia Porto

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Sumário Prefácio....................................................................................................................................................07 A Carta da Matemática............................................................................................................................08 Receita da não Exclusão de um Down.....................................................................................................09 Uma Grande Lição....................................................................................................................................10 Sempre haverá esperança........................................................................................................................12 E afinal o que é ser normal?....................................................................................................................14 Eu sou como você....................................................................................................................................15 Sou feliz do jeito que sou.........................................................................................................................16 Coelhinho Diferente.................................................................................................................................17 Síndrome de Down..................................................................................................................................18 A inclusão das pessoas com Síndrome de Down na escola.....................................................................19 Síndrome de Down..................................................................................................................................20 Sou Down, sou feliz..................................................................................................................................21 Lute! Esqueça todo o resto......................................................................................................................22 Quem são os deficientes?........................................................................................................................24 É preciso saber viver................................................................................................................................25 A Síndrome da exclusão social.................................................................................................................26 O preconceito e a exclusão dos Downs na sociedade..............................................................................27 A espera de um amigo.............................................................................................................................28 Incluindo as diferenças............................................................................................................................30 Eu posso sim ser a diferença!..................................................................................................................31 Ser diferente é normal.............................................................................................................................32 Down:fases do preconceito.....................................................................................................................33 Sou Down. Sou feliz..................................................................................................................................34 Criança especial.......................................................................................................................................35 Diferente, somos iguais...........................................................................................................................36 Ser diferente............................................................................................................................................37 Um presente de Deus..............................................................................................................................38 Pode abrir os olhos agora, meu amor. É a mamãe..................................................................................39

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Prefácio

Com o advento da inclusão, a educação vem encarando uma nova situação: a existência de alunos com deficiências dentro da escola comum, tendo em vista este ser um direito de todos. Sendo assim, não podemos negar a importância da existência de alunos com deficiências na escola, tornando o espaço ainda mais heterogêneo, o que favorece um melhor aprendizado de todos. O projeto “Sou Down. Sou feliz” teve como maior objetivo mostrar à comunidade escolar o quanto as pessoas com Síndrome de Down são desvalorizadas e a necessidade de adotarmos novas posturas de reconhecimento e valorização destas pessoas. O desafio desta coletânea, produzida pelos alunos da Escola Profissional Elsa Maria Porto Costa Lima, foi de expressar a vantagem que há nesta heterogeneidade, sobretudo de mostrar o quanto nossa escola preocupa-se com a inclusão escolar de todos e a sensibilidade de nossos alunos em relação a esta realidade.

Professora Januária Mesquita Rebouças Professora Marília Costa

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A carta da Matemática

Somando a alegria com a determinação, o resultado será esperança. Se multiplicarmos o amor, o produto será a paz. Dividindo a solidariedade, o resultado será o amor ao próximo. Subtraindo o rancor, a dor, o preconceito, a desigualdade, a violência e o fracasso, o resultado será a retirada de uma pedra dentro do seu interior. A matemática nunca foi e nunca será chata. Chato é quem acha que as pessoas que têm Síndrome de Down são doentes. Eles não são doentes, mas sem especiais. Leise Rodrigues da Silva Informática I

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Receita da não exclusão de um Down Ingredientes : 01 pacote de respeito 03 xícaras de confiança 03 colheres de simpatia 24 abraços 01 pitada de doçura

Modo de preparo : Pegue o pacote de respeito e comece aceitando essas pessoas. Misture às xícaras de confiança. Após isto, você já estará um passo a frente para fazer parte dessa exclusão. Mas, sorrir, sempre é bom. Então, complete com toda sua simpatia. Por último, acrescente todos os abraços e, para dar um toque especial, coloque uma pitada de doçura e passe a aplicar tudo isso todos os dias. Somente assim, saberá aceitar um DOWN.

Rendimento : Uma vida de porções de felicidade.

Bom apetite ! Thaís Moreira de Sena Enfermagem III

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Uma grande lição Deus, Estou aqui lhe escrevendo para contar-lhe um pouco mais sobre minha vida. Moro em uma bela cidade, cheia de altos prédios, muitos carros, muitas pessoas. Sou bastante feliz e tenho muitos sonhos. Sou jovem e terminei o Ensino Superior. Na Faculdade, muitos me falavam de minha inteligência e beleza. Mas, o que preciso falar ao senhor não é isso! Há dez anos, nasceu meu irmão muito esperado na família e entre os amigos. Foram criados planos para ele por parte de todos. Chegava até a admirarme de tanto amor por aquele que nem ainda havia nascido. Em certo dia, até certo momento, estava tudo normal, mas minha mãe gritou: - Vai nascer! Vai nascer! Logo, ele pegou o telefone e ligou para o hospital. Horas depois, a notícia chegou a todos: meu irmão havia nascido. Enquanto meus pais se dirigiam ao hospital, permaneci em casa. Depois do nascimento, um amigo da família veio me pegar para visitá-los no hospital, troquei de roupa rápido, muito feliz e ansioso para conhecer aquele tão esperado por todos. Passaram alguns minutos até chegar ao local e a ansiedade só aumentava. Cheguei lá gritando e pulando de tanta felicidade, louco para vê-lo. Estavam todos reunidos em uma pequena sala. Dava para perceber nos seus rostos a infelicidade, o descontentamento, a insatisfação. Ao vê-los, parei, imaginei que algo grave houvesse acontecido. E perguntei: - O que aconteceu? Imaginava que estivessem todos felizes, comemorando o nascimento. Mas ao contrário! Permaneceram calados. Levaram-me para vê-lo. Ao vê-lo, tomei um susto! Meu irmão havia nascido com Síndrome de Dom. Então, parei e pensei. Será que, realmente, Deus existe? Como pode Ele fazer tamanha crueldade conosco? Eu e minha família não merecíamos tamanho constrangimento. Eu, com tamanha beleza, tinha um irmão “mongol”. E agora, como seríamos? Saí do hospital constrangido, pois, pensei que ali, naquele momento, iria encontrar um irmão perfeito e não um “doente”. Depois de uns dias, meu pai, minha mãe e o garoto voltaram para casa. Foi horrível! Tinha vergonha de dizer para meus amigos que meu irmão tinha Síndrome de Dom. Sete anos haviam se passado. Eu havia concluído minha faculdade, Segurança do Trabalho, e a vergonha de meu irmão ainda existia. Dois anos após o término da faculdade, aconteceu um grande acidente comigo. Quando estava no trabalho, observando as obras, vendo se tudo estava em ordem, uma enorme máquina engoliu meu braço. Não lembrava mais de nada. Só queria entender o porquê de 10


estar ali, naquele hospital, onde meu irmão nasceu. Recebi então, a notícia dada pelo médico de que o mesmo tinha realizado uma cirurgia em meu braço e o amputado. Fiquei sem chão, pois não iria ser mais uma pessoal normal. Imaginei que meus amigos iriam me ignorar, minha família não iria mais me amar. Todos iriam me rejeitar. Quando a porta abre, entra meu pai, minha mãe e meu irmão Dom. Meu pai me olhou de um jeito estranho. Minha mãe chorou e meu irmão... Foi o único a falar. Com aquelas palavras difíceis de sair de sua boca, ele disse: - Eu vou te amar sempre, da forma que você sempre fingiu cuidar de mim. Não importa se você não me aceita. Eu vou te amar sempre! Deus foi bondoso com você, tirou seu braço e deixou sua vida. Da mesma forma fez comigo. Aquelas palavras mexeram comigo. Não consegui me conter! Chorei muito. Pensei: - Como pode aquele garoto desprezado por nós falar de amor e felicidade? Ele me ensinou que devemos dar valor ao que temos e que a vida foi feita para se viver e que não é um braço perdido e uma Síndrome de Dom que pode nos impedir de sermos felizes. Hoje passado todo este tempo, te escrevo como forma de desculpas e agradecimento. Os primeiros anos não foram nada fáceis. Demorou muito tempo para o aceitarmos entre nós. Mas, só nós sabemos como aquele, antes indesejado, é amado hoje e querido por todos, desde aquela grande lição. É a luz que ilumina nossas vidas. É ele quem nos motiva com seu exemplo para seguirmos em frente, e que nos mostra que a vida é muito mais do que uma simples beleza. O seu carinho e seu amor nos contagiam, nos anima. Ele estuda, brinca, se diverte e nos diverte também. Só hoje descobrimos o quanto ele é importante para nós. Ele nos ensinou que o físico é o que menos importa. Hoje, eu o amo e tenho muito orgulho em conviver e ter um irmão com Síndrome de Down. Leonário Gondim Azevedo Turismo III

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Sempre haverá esperança

Chamo-me San, tenho trinta anos e sou muito feliz. Mas, sinto que a morte se aproxima de mim, pois tenho sérios problemas cardíacos e renais. Provavelmente, quando você estiver lendo isto, já estarei morto. Na minha infância, era rejeitado de todas as formas, excluído permanentemente do meio social. Ao sair nas ruas da cidade onde moro, vejo pessoas com medo e, muitas das vezes, pânico de se aproximarem de mim, o que me deixa muito mal. No começo da minha vida, minha mãe demorou a acreditar que teria um filho diferente aos olhos da sociedade e que eu nasceria com uma deficiência que ela jamais teria ouvido falar “A Síndrome de Down”. O médico explicou a ela que esta deficiência poderia se desenvolver por diversos fatores. Mas, a causa por eu ter nascido assim foi o trabalho da minha mãe em uma fábrica de reagentes químicos fortíssimos que a levava a constante exposição a esses produtos. Quando nasci, as pessoas da minha família me acharam bastante diferente. Diziam que eu tinha olhos pequenos, dificuldade de engolir, de sugar, de sustentar a cabeça e os membros. Mas, minha mãe sempre falava que eram as características da deficiência, mas que eu iria ser muito feliz. Certa vez, ela me perguntou qual era meu maior desejo. Respondi-lhe: -Querida mamãe, acho que Deus me enviou para que eu fizesse todos os que estão ao meu lado felizes. Mas, queria apenas um lugar em meio à sociedade, sem que todos me olhem de maneira diferente ou espantados, com medo de se aproximarem de mim. Gostaria que os sonhos que posso construir com essa sociedade conturbada de idéias não os destrua com suas meras concepções de que não sou capaz de alcançar meus objetivos e metas. Quero apenas uma sociedade sem preconceito, sem maldades. Será que isto é pedir de mais? As pessoas precisam ver que, por trás da mera aparência física e frágil, existe um ser humano cheio de sentimentos e sonhos e que, cada vez mais, sofre com essa atitude tão ruim chamada exclusão social. Agradeço a Deus sempre por ter me dado a oportunidade de estar mostrando a minha história de vida a todos.

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Hoje, tenho muito orgulho em dizer: - Sou Down e sou uma pessoa bastante feliz. E viverei sempre na esperanรงa de ver uma sociedade melhor e com igualdade social. Nadablo Guedes de Lima Enfermagem II

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E afinal o que é ser normal ? Tenho Síndrome de Down, meu nome é Igor, moro no interior do Ceará e tenho 50 anos. Desde criança, convivo com o olhar de indiferença por parte das pessoas, por que isso acontece? E me respondo: - Sou um monstro. Sinto-me diferente e especial, pois enfrento esses olhares de reprovações, mas sigo confiante com o auxílio da minha família. Mesmo convivendo com as minhas limitações, sendo rejeitado na escola, nos ambientes de trabalho e em locais públicos, ignoro essas pessoas intolerantes e incapazes de conviver com a diferença. Hoje, sobrevivi a exclusão cruel e humilhante em um país tão diferente como Brasil com a ajuda da minha família e dos meus verdadeiros amigos.

Rogério Segurança do Trabalho III

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Eu sou como você -Ei, psiu! Eu sou como você, sabia? Eu sou especial e mereço bastante atenção, às vezes, até mais do que as pessoas imaginam. Eu tenho sentimentos e necessito de amigos que me compreendam para que eu me sinta igual a você, “normal”. Eu posso te dar dois motivos para ser meu amigo?Primeiro, não me recrimino nem culpo a deus por ter nascido assim. Apenas aceito a condição com a qual eu vim ao mundo. E segundo; quando eu me olho no espelho, me sinto feliz por poder respirar, ver e ter a oportunidade de fazer coisas assim como você. Para falar a verdade sabe qual é a nossa diferença? Apanas um cromossomo a mais. Pode acreditar que, se me dessem a oportunidade de mostrar o quanto eu sou capaz de estudar, trabalhar e ser um profissional, iriam se surpreender com o nível tão alto que alcançaria. Dê-me ao menos uma chance de lhe mostrar que posso ser seu amigo fortalecendo nossos laços e transformando um preconceito bobo numa amizade selada por Deus. Não percebe que eu estou precisando de você? Afinal, em todo o tempo ama-se o amigo. Mas, é na angústia que se nasce o irmão (Pv. 17.17). E aí? Aceita meu convite?

José Matheus Barbosa de Sousa. Finanças I

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Sou feliz do jeito que sou As pessoas dizem que sou diferente, mas diferente por quê? Sou chorão, mas depois, abro um belo sorriso. Sou calado, mas depois, dou muitas risadas e faço alguém feliz. Diferente de outras pessoas, não sou egoísta. Dinheiro, para mim, não passa de um pedaço de papel. Sou sensível, ao contrário de muitos que não sabem o poder das palavras, pois muitas vezes, essa palavrinhas podem me machucar. Gosto de me divertir, me sujar, correr, pular e dançar, sem medo do que as pessoas vão pensar. Afinal, a opinião delas pouco e importa. Não entendo o porquê das pessoas serem e agirem assim. Só sei que sou Down e sou feliz. Eluza Santos Enfermagem III

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Coelhinho diferente Era um dia tão lindo, mas havia um coelhinho muito, muito triste, porque ele era diferente de todos da sua casa, da sua rua e do mundo onde ele vivia. Esse coelhinho se chamava Amir. Certo dia, ele queria ver o pôr do sol, as flores e outros animais. Seus pais decidiram que iriam passear pala floresta com ele. Ao sair de casa, os seus vizinhos tartarugas olharam com pena e, depois, saíram de perto dele comentando sobre o coelho diferente da floresta. O coelhinho começou a chorar por saber que ninguém da floresta gostava dele por ele ser diferente dos outros coelhos. As outras espécies da floresta ficaram com medo de Amir, ao saberem que ele estava pela floresta. As famílias ficaram então dentro de casa com seus filhos o dia inteiro. Passando um mês, um viajante chegou à floresta e todos os animais ficaram surpresos, pois chegara o professor do bosque que apresentava uma característica em comum a Amir. Quando os pais dos outros animais ficaram sabendo que o professor dos seus filhos tinha Síndrome de Down, os pais não colocaram os filhos na escola. Até que um pássaro gritou: - Os meus filhos ficaram na escola, pois eles não são diferentes nem melhores do que os outros. Apenas nasceu diferente da sua espécie. Os outros pais ficaram falando que não podia um coelho com Síndrome de Down ser um professor. Amir soube da notícia que tinha um professor com Síndrome de Down. Por isso, ficou muito feliz, pois iria à escola como os outros animais “normais”. Mas, ainda teria que enfrentar os pais preconceituosos. No entanto, o que os pais dos outros animais não sabiam era que eles iriam ficar na mesma sala, e que as pessoas que têm Síndrome de Down têm dificuldade de aprender. Os outros animais que não falavam com o coelho Amir começaram a conversar como se o conhecessem há muito tempo. O pai de Amir ficou muito feliz e fez um convite ao professor, enquanto o mesmo foi passear com seus novos amigos. Larisse de Sousa Segurança do Trabalho III

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Síndrome de Down Entender que a Síndrome de Down é um distúrbio mental causado pela presença de um cromossomo 21, isto é, seria muito técnico para meu objetivo que é expressar a minha real visão a respeito das pessoas com Síndrome de Down. Nem tão pouco quero enfatizar as características determinantes que identificamos em uma pessoa que tem tal distúrbio genético. Aqui, em vez de citar características como os olhos amendoados, uma prega palmar transversal única e fissuras palpebrais oblíquas, entre outras, quero falar do quanto os “Downs” são iguais a qualquer um de nós que nos denominamos “normais”. Você sabia que, apesar de serem chamados de especiais, eles gostam e precisam de diferentes atividades como: praticar esportes, estudar, entre outras atividades, Sabemos de suas limitações, mas jamais sabemos onde eles podem chegar. Precisamos reconhecer a sua capacidade, o seu jeito único e especial de conquistar o seu espaço e, sempre que alguém precisa estender as mãos, “aquelas mãos” de prega palmar transversal única. Que a partir de hoje, possamos fixar o olhar naqueles olhos amendoados, mas tão receptivos de uma expressão de carinho e amor.

João Paulo Barbosa de Carvalho 1º ano – Ensino Médio Escola Beni Carvalho

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A inclusão das pessoas com Síndrome de Down na escola O mundo visa sempre um acréscimo quando o assunto é educação. Mas, será que tem educação para todos ou a educação é somente para aqueles que a sociedade rotula de normais? Por que é tão difícil uma criança com Síndrome de Down conseguir uma vaga numa escola regular? É muito triste perceber que ações preconceituosas como essas da exclusão de pessoas com Síndrome de Down em freqüentar escola possam acontecer em pleno século XXI, onde todos estão habituados a debaterem em sala de aula sobre inclusão. Porém, é só debate, pois, na realidade, a história é outra. Professores, alunos, núcleo gestor e funcionários das instituições escolares, de um modo geral, dizem-se incapazes de aceitar, naquela instituição, pessoas com Síndrome de Down e sempre com a mesma justificativa da escola não estar preparada para receber alunos deste tipo. Que tipo de aluno é esse que eu não consigo entender? Eles não são cidadãos? Cadê o direito à educação?Esse direito acaba quando existe uma mudança genética na qual uma pessoa nasce com um cromossomo a mais? Se for assim, em vez da educação ir para um alto nível, ela vai para o baixo nível. Está na hora do mundo deixar de olhar para essas pessoas como se elas fossem serem de outro mundo porque elas são do mesmo mundo que todos habitam. Elas amam, choram, brincam, casam-se e, principalmente, têm o direito à escola. Assim como todos, elas não podem ser vistas com um olhar de pena e de indiferença. Devem ser vistas como verdadeiros guerreiros e merecem todo o nosso respeito e amor.

Patrícia Carla de França Alves. Informática III

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Síndrome de Down A Síndrome de Down ocorre com a trissomia do cromossomo 21 e é uma condição que impõe vários desafios não só para a pessoa que tem Síndrome de Down, mas também para toda a sua família. Antes, as pessoas tinham preconceitos, mas hoje, a sociedade vê os deficientes com outros olhos. Atualmente, os atendimentos educacionais especializados são oferecidos dentro das escolas comuns para que o preconceito seja abolido da sociedade. Nas últimas décadas, o número de pessoas com Síndrome nas escolas está cada vez mais alto. Isto ocorre porque cada vez mais há professores qualificados nas redes educacionais para suprir as necessidades dessas pessoas. E, para continuar assim, as escolas devem investir em uma estrutura adequada e de boa qualidade e, com esta frase, concluímos: “A sociedade não tem que lutar contra a doença, suprindo o doente.” ( Prof. Lyeune )

Sanderson e Arlete Turismo III

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Sou Down.Sou feliz. Ser Down não é ser deficiente. É apenas ser uma pessoa especial, é ser feliz, é ter alegria é ver a felicidade nas coisas simples da vida. É ver as coisas boas da vida sem interesse e sem maldade, ser Down também é buscar a felicidade e nunca desistir dos seus sonhos. Ser Down não é uma deficiência. Deficientes são aquelas pessoas que não têm amor próprio que não sabem amar as coisas e as pessoas e que se envergonham de si mesmo. Esse tipo de pessoas são chamadas de deficientes de amor que é uma das piores deficiências. Ser Down é sonhar, é acreditar num mundo melhor, é enfrentar todos os desafios da vida, e os preconceitos da vida. Ser Down é acreditar na sua própria capacidade ao invés da criticar os outros. O Down, muitas vezes, é motivo de chacota para “aquelas” pessoas deficientes de amor. Ser Down é amar as pessoas pelo o que elas são e não pelo o que elas têm. Por isso, ser Down é ser feliz, é ter dignidade, é ser humilde, é ter o amor da sua família que é o amor verdadeiro sem preconceitos. Ser Down é como nascer de novo. Para muitos, ser Down é ser “doente”. Mas, para mim, ser Down se resumi em: a procura da felicidade. – Nasci com um cromossomo a mais, e foi por esse cromossomo que sou Down, sou feliz.

Daniele Viana de Sousa Turismo II

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Lute! Esqueça todo o resto Certa vez, em uma prova, Karin não tinha se saído muito bem. Isso nunca havia acontecido, pois Karin sempre foi aquela que tirava notas excelentes. Quando Marília, sua professora, entrou na sala e viu sua aluna tão triste, perguntou-lhe, preocupada, o motivo : - Saí-me muito mal na prova, respondeu-lhe Karin angustiada. - Não fique assim ! Não deixe que seus fracassos lhe façam desistir de tentar novamente. Você só precisa estudar um pouco mais ! - Não consigo ! Queria ser engenheira, mas vou desistir, falou Karin. Depois disso, Marília resolveu contar para a sala, tentando animar Karin, com uma história. Uma jovem, com Síndrome de Down, vivia uma vida muito cruel, cheia de preconceitos para com sua deficiência. Mas, Joelma vinha de uma família humilde e não precisava de grandes somas de dinheiro para ser feliz. Queria apenas que as pessoas a aceitassem e o incluíssem em seu meio. Tudo parecia atropelos em sua vida e, aos poucos, a garota sentiu-se rastejar pelos vales mais profundos da dor. Um dia, ao ser rejeitada por seus próprios amigos, ficou perturbada. Tentava fingir que nada acontecera, mas era inevitável e, tudo piorava em sua vida. Joelma decidiu, então, que daria a volta por cima e faria com que todos, ao seu redor, a vissem como uma pessoa normal. Decidiu aplicar seus conhecimentos naquilo que mais lhe enfeitiçava e lhe alegrava. Joelma decidiu pintar. Aquela menina que antes estava em um mar depressivo e que não tinha uma manhã calma com pássaros cantarolando agora, buscava na pintura a inspiração para sua vida. Joelma, agora, tinha um sonho de poder mostrar ao mundo suas pinturas. Então, algo brilhante aconteceu. A jovem garota conseguiu impressionar um grande homem que ficou fascinado com tanta beleza em seus quadros. Aquele homem investiu na carreira que acabava de começar, a de uma grande pintora com Síndrome de Down. - Muitos não acreditam mais na vida quando passam por grandes e pequenos problemas. Disse Marília para a turma. E completou : - Mas, Joelma, embora controlada por um forte sentimento de incapacidade, muito pior que o seu, Karin procurou superar-se, procurou um sentido para sua vida. 22


Algumas pessoas achavam loucura, uma garota com Síndrome de Down desejar pintar quadros como uma pessoa normal, muitos pensavam. Parecia impossível ! Uma pessoa com Síndrome de Down desejar pintar é o mesmo que um paralítico querer andar. Loucura ! No entanto, com garras incansáveis, Joelma aprendeu o seu normal. Aprendeu a transformar aquele caos em que vivia, num ambiente de refinada criatividade. Após contar essa história, Marília olhou atentamente para Karin e disse : - Quando um sonho nos controla, os paralíticos podem andar, os cegos podem enxergar, os surdos podem ouvir e os que têm Síndrome de Down não são diferentes das outras pessoas. A história de Joelma mostra a realidade de muitas pessoas com a Síndrome de Down. Infelizmente, a maioria dessas pessoas pioram, à medida que sofrem derrotas. Isso as tornam frágeis, desprotegidas, fracas, agressivas, ansiosas e incontroláveis. Entretanto, a minoria se torna calma e serena. Muitas dessas pessoas têm um processo de superação muito lento. Mas, se cada pessoa contribuir para o fortalecimento desse “especial”, sua recuperação pode vir com mais rapidez e sua vida pode ter aquele sentido que faltava, pois o fato dela ter essa deficiência não a torna diferente de nós. Viviane Monteiro da Silva Informática II

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Quem são os deficientes? Um certo dia, enquanto assistia TV, observei que as pessoas que se dizem “normais” têm uma imensa dificuldade em entenderem o universo das pessoas deficientes e não entendem como muitas delas chegam tão longe e vencem na vida em meio a tantas dificuldades. Se fôssemos parar para pensar, veríamos que o universo difícil de entender não é o universo das pessoas deficientes. Mas, sim das pessoas, aparentemente, normais. Isto porque as pessoas com deficiência nascem com certas limitações, mas que não as impedem de chegar a seus objetivos. Já as pessoas que se dizem normais, deixam-se abater por pequenas coisas e, muitas vezes, não chegam longe, simplesmente, por medo de tentar. Sempre apontamos o defeito dos outros, mas nunca vemos os nossos. Vemos as deficiências no corpo das pessoas, mas esquecemos de que as piores deficiências são as de caráter. Devemos olhar mais para o lado, ou melhor, observar mais as pessoas e ver quem, realmente, são os deficientes. Também devemos lembrar de que as dificuldades não limitam ninguém, pois as maiores realizações temos nos desafios vencidos.

Tayná Souza Monteiro Enfermagem II

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É preciso saber viver Era uma vez um menino chamado Maurício que tinha muitos amigos diferentes. Ele tinha dois amigos chamados Gabriel e Rafael. Gabriel sempre ajudou Maurício nas horas difíceis, pois conhecia seu coração nos mais profundos sentimentos. Maurício também tinha amigas, as quais se chamavam Ana e Mariana. Ana sempre o orientou das melhores formas possíveis mostrando qual o melhor caminho a se trilhar, em todos os sentidos. Havia também Pedro e João que eram seus amigos. Maurício amava conversar com Pedro, pois ele o compreendia muito bem o ajudando de um jeito que João não fazia. Por fim, Maurício ainda tinha outro amigo chamado Lulu. Ah ! O Lulu, Maurício o adorava. Ele tinha um abraço tão, mas tão leve, que não dava vontade de soltar. Era um amigo, praticamente, perfeito : o compreendia, o ajudava, fazia tudo que um amigo de verdade faz. O mais incrível que deixava Maurício surpreso era que os seus melhores amigos, Gabriel, Ana, Pedro e Lulu eram deficientes. Mas, eram amigos melhores que os outros. Gabriel era cego, mas enxergava com os olhos do coração. Ana era paralítica, mas nadava com as pernas do coração. Pedro era surdo, mas ouvia com os ouvidos do coração. E, Lulu tinha Síndrome de Down, mas tudo fazia com o coração.

Reflexão: Não importa o que você tem. Faça tudo com o coração e saiba viver!

Erlen Kaline Ávila do Nascimento Informática II

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A Síndrome da exclusão social Você já parou para pensar como é a sensação de estar rodeado de pessoas e, mesmo assim, sentir-se só ? Você acha que isso é coisa de poema ou filme ? Acredite, essa é a realidade de milhares de pessoas que vivem a “exclusão social”. De cada 660 nascidos, um tem Síndrome de Down, fazendo dela a deficiência mais comum por via genética. Ela é causada pela trissomia no cromossomo 21, na qual a pessoa apresenta características próprias, tanto físicas como mentais. Muitas famílias, ao receberem a notícia da presença da deficiência ficam apreensivas e inseguras, pensando no que as pessoas acham disso e em que ela será diferente. No entanto, a Síndrome de Down é um acidente genético e, por isso, não se pode culpar alguém ou, muito menos, prever a deficiência. As pessoas com Síndrome de Down são tão capazes quanto qualquer outro. Eles podem atuar na sociedade e, muitas vezes, até mais ativamente. A única diferença é que, para atingir seus objetivos, eles necessitam de meios cognitivos mais elaborados. Contudo, os Down ainda são vítimas do preconceito e da falta de ética da sociedade. Então, a todos os Down e as suas famílias uma mensagem: Sempre que achar que só há um caminho a seguir, lá no fundo do porão existe uma saída de emergência. Não seja fraco e não desista antes de conseguir abrí-la, pois quem pensa por essa porta tem a garantia da “felicidade”. Seja Down e seja feliz!

Karin de Fátima Oliveira Informática II

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O preconceito e a inclusão dos Downs na sociedade

Vivemos num mundo repleto de preconceitos, desrespeito em que a inclusão social de pessoas com necessidades educacionais especiais ainda é um processo muito lento. Essa é a realidade de muitas pessoas com Síndrome de Down. O convívio dessas pessoas na sociedade é responsabilidade primordial da família, pois a mesma irá conduzir o Down no mundo e da sociedade. Porém, na maioria das vezes, isso não ocorre e o preconceito inicia-se na própria família. Outro ponto é a questão dos familiares temerem que o Down seja vítima de preconceitos. Esses são alguns dos motivos que favorecem a exclusão social das pessoas com Síndrome de Down. Para que aconteça a inclusão, é necessário que a população seja conscientizada sobre os direitos e as capacidades dos Downs, pois a mesma, em geral, ainda não está preparada para conviver socialmente com as pessoas com Síndrome de Down, respeitar seus direitos e seu potencial. Deixar o preconceito de lado é uma das mais importantes formas de realizar a inclusão dos Downs na sociedade. E, lembre-se: ser diferente também é ser normal. Por isso, devemos respeitar e abraçar as diferenças.

Luis Felipe Santiago dos Santos Silva Informática II

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À espera de um amigo Quando a professora entrou em sala, todos estavam eufóricos. Gostava muito daquilo, achava bonito todos brincando entre si, cantarolando. Adorava quando a professora saía só para ficar observando. Finalmente, quando ela colocou suas coisas em cima da sua mesa, voltou-se para nós e falou: - Crianças, eu quero que vocês me façam uma redação falando sobre o que vocês mais gostam na escola, está bem ? Vocês têm quarenta minutos para fazerem. Depois disso, nós vamos para as apresentações. Houve muita animação. Todos gostavam de falar da escola. Vi todos fazendo suas redações com muito gosto. Isso me animou a fazer a minha. Quando os quarenta minutos acabaram, todos já tinham terminado. Menos eu. E, enquanto os outros alunos se apresentavam, eu usava esse tempo para terminar minha redação. Ao final de todas as apresentações, havia chegado a minha vez. - Adriano, você já terminou? Vai apresentar agora? Coloquei o último ponto. - Sim, professora! - Venha para frente da sala. Sempre gostei da ternura como ela me olhava. Foi seguindo seu olhar que caminhei pra frente da classe e me posicionei ao seu lado. Ainda olhando para mim, me disse : - Pode começar, Dri. Conte para nós o que você mais gosta na escola. Levantei a folha em direção ao meu rosto e, sem demora, comecei a ler. - O que eu mais gosto na escola... bem ... Eu gosto dos intervalos quando fico no balanço vendo meus colegas brincarem na caixinha de areia fazendo castelos incríveis. Também gosto da hora do lanche, onde todos eles se reúnem em volta da mesa e abrem suas lancheiras e ficam brincando ou conversando sobre os desenhos que eu também assisto, enquanto comem. Além disso, também gosto da hora das tarefas, quando todos se divertem com os lápis de cores e tintas coloridas. Mas, a hora que eu mais gosto do dia é quando a professora pega na minha mão e todos cantamos cantigas de roda e dançamos porque na outra mão tem sempre uma pessoa diferente. 28


E, quando chego em casa, minha mãe sempre pergunta : - E, o seu dia, como foi ? Eu respondo : - Foi bom ! E, ela torna a perguntar : - Fez algum amigo ? Então, falo com alegria : - Não. Mas, algum dia, ainda vou fazer tudo o que eles fazem. E, nesse dia, vai acontecer logo depois de eu conhecer alguém que não se importe por eu ser um Down. Tenho muitas esperanças de que esse dia chegue. Mas, não vou me importar que sejam pessoas novas. Pode ser vocês que começaram a me olhar com outros olhos.

Ana Paula da Silva Rodrigues Segurança do Trabalho III

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Incluindo as diferenças Certo dia, Lívia, uma garota tímida e rejeitada pela maioria dos colegas, recebeu a notícia de que sua família iria se mudar e, consequentemente, ela teria que mudar de colégio, o que para ela, era um verdadeiro pesadelo. Então, chegado o dia, Lívia mesmo triste e assustada entrou em seu colégio novo. Ficou quieta sem falar com ninguém. Até aí, estava tudo como o esperado. Mas, de repente, ao longe em uma das janelas da enorme galeria, Lívia avistou uma garota de estatura média, roupas simples, normal. Porém, pensativa. Ao se aproximar curiosa, Lívia percebe que a garota, na verdade, não era tão normal. Notou, rapidamente, as orelhas pequenas, bem mais que o comum. Lívia, por fim, deixa a timidez de lado e, impulsionada pela coragem, diz : - Oi ! Posso falar com você ? Depois de alguns minutos, ela ouve aquela voz difícil de decifrar que dizia : - Pode sim ! Lívia, sem resposta e bem surpresa, inicia uma boa conversa. Agora, Lívia encontrou uma amiga, Adriana, uma garota que escondia toda uma vida por traz da máscara de solidão que carregava. Adriana tem Síndrome de Down, deficiência causada pela trissomia do cromossomo 21 e, por esse motivo, sempre era rejeitada pelos colegas e demais pessoas. Uma menina que, apesar das dificuldades, mantinha o sorriso no rosto e tentava disfarçar o mundo solitário no qual vivia. Ao que parece, Lívia encontrou uma amiga que lhe entende. Com o passar dos dias, Lívia procurou se informar mais sobre a Síndrome e tomou uma decisão que não imaginava : resolveu convocar os professores para uma campanha que informaria aos alunos sobre a Síndrome de Down. Todos os professores acharam uma ótima idéia e realizaram a campanha, o que foi um sucesso. Após o movimento, nenhum dos alunos com Síndrome de Down sofreu rejeição ou exclusão, inclusive Adriana. E Lívia, tornou-se a porta-voz da inclusão social de qualquer deficiência. A campanha Sou Down. Sou feliz. Foi um sucesso, graças ao empenho e criatividade de todos os alunos com Síndrome de Down. Ananda Monteiro Informática II 30


Eu posso sim ser a diferença! Eu sou uma pessoa comum tentando entender o mundo que o homem diz ser um mundo sem preconceitos. Um mundo que julga por cor, raça ou religião e que exclui aquelas pessoas que não têm culpa por terem nascido diferentes. Será que somos nós somos hipócritas ao ponto de nos escondermos atrás de uma máscara ? De dizermos em nosso dia a dia que “Ser diferente é ser normal” e, por trás, criticarmos, zombarmos e, até pior, excluirmos as pessoas tão maravilhosas que são aqueles que possuem Síndrome de Down. Não precisamos generalizar, não precisamos de escândalos. Precisamos da nossa mudança interior que gera em nós um alívio de saber que fizemos a nossa parte. E, através de nós, outras pessoas seguem nosso modelo e começam a mudar e, assim, conseguimos o que chamamos de “inclusão social”. Somente assim, podemos caminhar e cantar de mãos dadas destruindo as diferenças e quebrando as barreiras de nossas vidas e mostramos que, acima de qualquer coisa, está o amor. Mas, infelizmente, essa não é nossa realidade. Nossa realidade é a “exclusão social” é a pessoa com Síndrome de Down que não pode sair na rua sem ser debochado. Mas, o meu clamor ainda é o mesmo. Não se corrompeu e, muito menos, diminuiu. Não posso me calar diante das situações. Tudo o que posso fazer é escrever. Então, continuarei a gritar, através de palavras, o desejo daqueles que querem sim conviver sem preconceito. Diremos, um dia : Nosso sonho se realizou ! Mas, até lá, existe um caminho longo a se trilhar. Subiremos e desceremos montanhas de preconceitos e mostraremos que um cromossomo a mais em nosso organismo nunca justificará que alguém se sinta mais sozinho, excluído pela sociedade. Não há mais tempo ! Está na hora de parar com esse carma. Essa é a hora de acordar ! Esse é o tempo de mudar. Viveremos o hoje e trabalharemos no agora para recomeçarmos um mundo em que todos ansiamos. Ser Down não é ser diferente. Ser Down não é sofrer. Ser Down é mostrar às pessoas muitas formas de ser feliz sem se preocupar, sem medo de ser o que é, sem perder a essência do amor. Alisson Ferreira Nogueira Informática I

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Ser diferente é normal Sou um ser especial Tenho muito a te ensinar Sobre o verdadeiro amor Que no mundo deve reinar

Quando olho em volta Sinto que tudo está mais ou menos. Mas, ser diferente é normal Ponha isto em sua mente

Vim ao mundo para ensinar Mais do que para aprender Ensinar a você como amar Os seus preconceitos vencer As diferenças aceitar Para melhor se viver

Sou diferente da maioria Não sei mentir ou fingir O que sei mesmo é sorrir E espalhar minha alegria E ensinar cada vez mais Que ser diferente é normal

Ítalo Pereira dos Santos Hospedagem I

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Down: fases do preconceito Na sociedade atual, muito tem se falado sobre a Síndrome de Down, uma deficiência de causa genética que não pode ser considerada mais rara por acometer inúmeras pessoas. A título de informação, faz-se necessário saber que essa doença é ocasionada por uma desordem na junção dos cromossomos do sexo masculino e feminino. Mas, vamos ao que interessa ! No passado, esse assunto não era muito debatido pelo fato de que nenhuma dessas pessoas ocupava algum cargo na sociedade ou mesmo não tinham acompanhamentos clínicos e sociais. Atualmente, já se fala muito na inclusão social de pessoas com essa deficiência uma vez que já se vê pessoas como essas trilhando o seu caminho no mercado de trabalho e nas relações interpessoais com afeto, determinação e competência. Mesmo com todos esses avanços de inclusão, ainda existe o preconceito por parte da sociedade. Infelizmente, muitas vezes, é na família que esse sentimento cresce. Os pais querem que seus filhos nasçam saudáveis e, quando chega a notícia de que seu filho tem Síndrome de Down, na maioria das vezes, os pais ficam muito assustados. Além de sofrerem preconceitos pelos pais, pessoas com Síndrome de Down ainda sofrem preconceitos por parte de determinados setores da sociedade. Na escola, muitas vezes, seus colegas fazem brincadeiras maldosas e com ar de deboche. Há até situações em que o preconceito parte dos professores, os quais olham esses alunos de outra forma como se eles não tivessem a capacidade de aprender. Outra questão é o preconceito na área de trabalho. Às vezes, empresários não querem pessoas deficientes em suas empresas, pois acham que elas não têm capacidade de realizarem os serviços em sua empresa. Isso dificulta a inclusão dessas pessoas no mercado de trabalho. Mas, infelizmente, há campanhas de incentivos fiscais que proporcionam mudar essa realidade. Portanto, apesar de tudo, devemos acabar com esse tipo de preconceito. A sociedade deve tomar consciência e aceitar essas pessoas do jeito que são e dar oportunidades a todos por sua competência e não pela aparência. É certo que, somente com a educação poderemos ter uma sociedade menos preconceituosa e consciente da importância do outro com suas diferenças e limitações. Herick Breno Gomes Silva Informática II 33


Sou Down, sou feliz Sou Down e aprendi a amar meus pais e a viver. Sou Down e prendi a falar , cantar ler. Sou Down e aprendi a andar, brincar e correr. Sou Down e aprendi a estuda e trabalhar. Sou Down e aprendi a gostar dos meus amigos. Sou Down e aprendi a quebrar tabus e criar conhecimentos. Sou Down e aprendi a mim tornar um profissional. Afinal, Síndrome de Down não é doença e sim uma deficiência.

Mariza Batista da Silva Informática I

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Criança especial Devemos respeitar a criança Que nasceu especial Porque o desrespeito lhe causa grande mal

Respeito às diferenças É um ato de cidadania Afinal, somos todos deferentes Mas, devemos viver em harmonia

A beleza da vida Está na grande diversidade O ser especial tem o direito De viver em comunidade

Aprendemos muito Convivendo com as pessoas especiais Porque não querem nada diferente Só querem direitos iguais

Solange Garcia de Sousa Informática I

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Diferentes, somos iguais Alguns falam que eu sou diferente Excluem-me, me oprimem Dizem que são melhores E até esquecem que eu também sou gente

As minhas limitações não me impedem de viver Nem tão pouco a minha aparência Faz-me ser diferente de você

Diga-me qualquer coisa Até mesmo que não gosta de mim Só não me diga,meu amigo Que não me aceita por eu ser assim

Olhe e veja o que o meu coração diz Pois eu quero que você saiba Que eu sou Down e sou feliz

Jéssica Lima Pachêco Informática III

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Ser diferente

Ser diferente Não é “o fim do mundo”, Seja contente! Saiba viver de um modo mais profundo

Todos nós temos problemas. Problemas que fazem alguns desistir, Fazem perder a esperança. Saiba viver de um modo que o faça persistir !

Ser diferente ou não, Todos têm o mesmo valor, Todos têm sentimentos. Saiba vive de e um modo que transmita amor

Álefe Samuel Regis Pinto Turismo II

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Um presente de Deus Desta vez, quando dormi, tive um sonho. Sonhei que estava dormindo na cama da minha mamãe e, junto, estava meu pai. Era de manhã bem cedo. Vi da janela uma luz doce que vinha do céu que era bom de sentir. Não havia nuvens. Era tudo preciso e claro. Na laranjeira, vi os brotos balançarem com a brisa. Sentia-me ali, no ninho da minha família. Mas, era engraçado ! Era um sentimento único, sabe ? Acordei. Estava mesmo deitado na cama da minha mãe. Era o início de uma manhã suave como a brisa, lá fora. Meu pai, quando me viu, sorriu e disse : - Amo você. Minha mãe, meio acordada, falou de outra forma. - Nós te amamos, meu anjo, meu filho. Lembraram-me da escola. Foi quando me veio uma vaga lembrança de algo meio conturbado dentro da minha cabeça. Algo como : por que sou diferente nos olhos das outras pessoas, se sou amado como eles ? Esse foi o bilhete que li naquela tarde do meu aniversário. Jogado ao chão, tinha seu autor, Davi, um garoto de 11 anos de idade, rabiscado e borrado de lágrimas estava escrito : Sou Down. Sou feliz ! Nossa sociedade enfrenta, atualmente, um grande problema : a exclusão, uma forma feia do preconceito, uma ausência de sentimentos puros e tão bons para serem cultivados. O que há de errado ? A resposta é que não há nada de errado. Não é um erro cromossômico que levará uma sociedade inteira a mudar. Pelo contrário, tudo irá ser diferente. Acredito no amor de Deus destinado a dois genitores ao dar a luz a uma criatura linda e de uma beleza interior esplêndida. Por isso, todo momento a felicidade de viver me transforma sem exceção. Por este motivo, irei guardar esse bilhete para o resto da vida, pois foi “um presente de Deus”. Ronielli Santos Enfermagem II

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Pode abrir os olhos agora, meu amor. É a mamãe. Essas foram as primeiras palavras que João ouviu. Um menino moreno, de olhos grandes e claros, boca carnuda e uma expressão de felicidade. 23h 25 min – A mãe de João começa a ter contrações. Todos estavam esperando por esse dia e Vanessa, a mãe, estava muito ansiosa. Afinal, ela ia ser mãe pela primeira vez e nada iria atrapalhá-la naquele dia. A família de Vanessa era cheia de problemas. O seu pai era do tipo conservador, meio intelectual, à moda antiga. Sua mãe era uma louca. Nunca quis nada na vida. Uma sonhadora com mania de riqueza e superioridade. Afinal, o seu marido sempre deu tudo o que ela quis. Eles tinham se separado há algum tempo e a sua mãe vivia apenas da pensão dele. Bebia e fingia que cuidava dos filhos, os tão sonhados filhos de “cuca legal”. Vanessa era casada e estava cursando o segundo semestre da faculdade e vivia nos reggaes da vida. Tinha três irmãos : um era gay, de 16 anos e enfrentava uma barra na família. Eles diziam aceitá-lo e não sabiam direito o que estava acontecendo com ele. Mas, no fundo, eles fingiam que ele era “normal”, ou seja, heterossexual. O outro era um sonhador. Vivia de músicas, de poemas e só. Não concluiu o ensino médio nem trabalhava. O terceiro filho, uma mulher, morava na capital e não mantinha contato. 23h 50 min – Vanessa já não aguentava mais sofrer e estava na cama com uma dor localizada na barriga, já insuportável. Mas, foi depois que a bolsa estourou que tudo ocorreu. Todos acordaram desesperados. Eram todos “loucos”, mas unidos. E, quando se depararam com a situação, ficaram juntos e a postos para ajudar Vanessa. Foi uma correria até o táxi chegar. 01h 15min – Nasceu ! Nasceu ! É um menino ! - O médico deu a notícia e, depois de ver toda aquela alegria da família, ele completou : - Tem um probleminha ! Agora, ele iria dar uma notícia não muito boa, segundo o seu ponto de vista. 39


- Quer dizer, não é um problemão. Mas, algo irreparável. Todos ficaram preocupados e curiosos para saberem o que seria. - Minha irmã morreu. - Disse o irmão mais novo. - Não é isso ! - O médico aproximou-se da família e, com um olhar melancólico e ao mesmo tempo irônico. Afinal, não era problema dele. Disse, em seguida. - O bebê tem Síndrome de Down. Veja só ! Uma família toda desestruturada, sem informação nenhuma e cheia de problemas acaba de receber um deficiente, uma pessoa com Down. Qual será a reação dessa família fragmentada ? - Síndrome de quê ? O que é isso ? - disse o irmão mais velho de Vanessa. - Tenho que sair ! Olhem para esse corredor. Está cheio de pessoas que precisam de mim. É acidente de moto, acidente doméstico e mães para darem à luz. Esperem aqui, até que a pediatra venha atendê-los, disse o médico. Todos ficaram naquela angústia. Afinal, o que era essa Síndrome de alguma coisa ? Todo aquele ambiente sujo, cheio de pessoas sem esperanças, pacientes em macas pelos corredores, visivelmente, cheios de problemas e, agora, aparece esse “problema” na nossa família. Mas, nem sabíamos o que era isso e, se realmente, era um problema. Depois de um tempo, a pediatra chegou. Uma moça loira de olhos azuis, recém-formada, com um olhar exaustivo, pois trabalhar em um hospital era, sem dúvida, uma luta. Ela não perdeu tempo. Assim que chegou, foi logo falando : - Vocês são a família da criança com Síndrome ? Pois bem … Vou explicar tudo. A Síndrome de Down é a forma mais frequente de retardo mental causada por uma aberração cromossômica microscopicamente demonstrável. É caracterizada por história natural e aspectos fenotípicos bem definidos. É causada pela ocorrência de três ( trissomia ) cromossomos no par 21. Agora, tenho que ir. Tomem cuidados especiais com ele. Boa sorte ! E saiu. Foi assim, sem dar nenhuma explicação nem informação que a pediatra foi embora, deixando a dúvida no ar de que o bebê seria ou não doente e qual seria o seu problema. 40


Todos sabem que nos hospitais públicos ser atendido é a coisa mais rara do mundo e que lá, o tempo é ouro. E, com a família de Vanessa, não foi diferente. Todos ficaram sem entender. Mesmo assim, foram ver Vanessa e como ela e o bebê estavam. Vanessa estava ansiosa para ver o filho que iria chamar de João. Então, sua família pediu à enfermeira que o trouxesse. 02h15min – Vanessa viu o filho pela primeira vez quando ele ainda estava com os olhos fechados. Todos ficaram fixados naquele nariz achatado e nas pequenas orelhinhas. Todos, menos Vanessa. Ela queria apenas ver o seu filho, amamentá-lo e beijá-lo. Vanessa, então, olhou e, com um tom suave e baixinho, disse ao filho : - Pode abrir os olhos agora, meu amor. É a mamãe. - Foi assim, cercado de carinho que João abriu os olhos e viu a sua mãe pela primeira vez. * … + Os anos foram se passando e a vida de João foi bem complicada. Mesmo com a louca família de Vanessa, isso não impediu que João fosse feliz. Vanessa buscou mais informações sobre a deficiência do seu filho e descobriu que ele era apenas “especial” e que ela tinha que protegê-lo e estimulá-lo, pois a sociedade é desinformada e é um poço de preconceito. João estudou até onde deu. Foi amado e amou a todos, inclusive a sua mulher que conheceu quando começou a trabalhar em um jornal. Quando sua filha nasceu, foi aquela alegria. Todos falavam que ele era um bebê gigante que tinha gerado um mini bebê e que sua filha não poderia ter um pai tão maravilhoso e dedicado como João. João morreu aos quarenta e três anos, vítima de câncer no pulmão. Sua mãe havia morrido há uns quatro anos. Seu pai nem notícia. Mas, todos estavam lá : irmãos e irmãs. Todos foram ver, pela última vez, o menino de coração gigante que sempre se preocupou com todos. Mas, uma coisa a filha de João não entendia : como pudera seu pai morrer, vítima de câncer no pulmão se nunca havia fumado ? João teve uma vida normal : chorava, brincava, se sensibilizava e mantinha uma vida familiar organizada e dedicada. Ele tinha sim sua deficiência, mas ele a superou. Não deixou que os desafios que encontrava pela frente o enfraquecessem. Por isso, as

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pessoas não o viam como um coitadinho, como um doente. Viam-no como um homem de fibra e força. João morreu feliz e com a certeza de que foi amado.[...] Meu nome é Juliana e João era meu pai. E, como já disse, o melhor pai do mundo. Nunca tive vergonha dele. Sempre quis que ele fosse ao colégio e amava-o porque ele sempre me entendia. Ele não era um doente mental. Ele era meu pai, o homem que me deu a vida, a pessoa que sempre perguntava como foi meu dia e que sempre amou minha mãe, apesar dela ter deixado-o quando sua situação piorou. Ele sempre a amou. E eu nunca o abandonei. Meu pai não teve muito estudo. Ele era inteligente, mas tinha uns distúrbios de comportamento, uma espécie de loucura que prejudicou sua vida escolar. Sua criação, sua mãe, minha avó o amava tanto que tinha medo de que ele fosse à escola e não tivesse uma boa relação com todos. Quando conheceu minha mãe, foi aquela alegria. Foi aí que passou a perceber que, na vida, um necessita do outro. E, quando eu nasci, ele me amou e me criou. Mesmo com todos aqueles problemas, me criou com a ajuda de uma babá. Mas, sei que era ele que estava ali quando dei os meus primeiros passos e quando disse minha primeira palavra. Não disse papai nem mamãe. Disse Mosai. Era assim que ele me chamava. Quero que saibam que, apesar de tudo e de todos, o meu pai foi feliz e viveu todas as maravilhas da vida. E não ! Ele não é, nunca foi e nunca será invisível para mim. Por que ele está aqui e sempre estará. Pai, eu sinto sua falta … Juliana Monteiro

Ícaro Machado Ribeiro Informática III

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