Contato, Março de 2024: Alegria da Ressurreição

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CELEBRANDO A PÁSCOA

Por que a Ressurreição

faz toda a diferença

“Vi, toquei e acreditei”
A história de Tomé

Sei para onde vou

A garantia da vida eterna

MUDE SUA VIDA. MUDE O MUNDO.

CONTATO PESSOAL

Jesus, o Salvador Ressuscitado

Johanna-Ruth Dobschiner era uma jovem judia que, durante a ocupação alemã dos Países Baixos na Segunda Guerra Mundial, sobreviveu escondendose em sótãos e atrás de paredes falsas nas casas dos membros da resistência holandesa. Durante as longas e tediosas horas que passou oculta no andar de cima da casa de Bastian Johan Ader, o pastor de uma pequena igreja e líder de uma célula “clandestina”, Johanna-Ruth pegou uma Bíblia da estante e a leu de capa a capa.

No Antigo Testamento, reencontrou as histórias que frequentemente ouvira em sua casa judaica ortodoxa. Surpreendeu-se, contudo, ao ver que a Bíblia tinha uma segunda parte e passou a ler o Novo Testamento, começando pelos Evangelhos, onde conheceu a incrível história do homem chamado Jesus!

Enquanto lia, imaginava-se uma de suas discípulas, seguindo-O por toda a Palestina. Tinha certeza de que Ele era o Messias e não conseguia entender como nunca lhe falaram a Seu respeito!

Desolada ao ler sobre Sua crucificação, morte e sepultamento, fechou o livro e ficou de luto por sete dias, como era costume judaico. Algum tempo depois, retomou a leitura, descobriu com entusiasmo que Jesus ressuscitara! Ele era o Messias afinal! As histórias sobre os primeiros cristãos no livro de Atos lhe ensinaram que Cristo, por meio do Espírito Santo, vive em nós. Por isso, Johanna entregou o coração e a vida a Jesus.

Nesta edição de Páscoa da revista Contato, discutimos o significado da Ressurreição. No artigo “Vi, Toquei, Acreditei”, Curtis Peter van Gorder narra a transformação de “Tomé, o Incrédulo” em “Tomé, o Apóstolo” quando este tocou o Cristo ressuscitado. Tenho certeza de que você vai gostar do artigo de Peter Amsterdam, que traz uma análise detalhada do Cristo, Filho de Deus e tão esperado Messias.

Nesta Páscoa, compartilhemos a alegria de Johanna-Ruth ao descobrir o Cristo ressuscitado e ajudemos os outros a conhecê-Lo também.

Gabriel e Sally García

Equipe Editorial da Contato

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A menos que indicado o contrário, todas as referências às Escrituras na Contato foram extraídas da “Bíblia Sagrada”–Tradução de João Ferreira de Almeida–Edição Contemporânea, Copyright © 1990, por Editora Vida.

Volume 25, Número 3
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ESPERANÇA MILAGROSA

Creio na Ressurreição. Acredito em borboletas que se desvencilham das garras mortais dos casulos. Acredito em sementes de flores secas que caem no solo, renascem e voltam a nos cercar com beleza. Acredito que a noite mais escura nos leva de volta à luz do sol e que as estações se transformam do sono do inverno ao despertar da primavera. Toda a natureza nos ensina esperança.

Saí para uma caminhada nesta manhã depois de uma tempestade. O céu ainda estava escuro, mas, como o meteorologista garantiu que a tempestade havia passado, deixei a casa sob céus cinzentos e gotas que pingavam das árvores.

Caminhara menos de dois quilômetros, quando senti o vento ficar mais forte. Pensei que talvez a previsão do tempo estivesse errada e que a tempestade voltaria. Ao olhar para cima, um discreto raio de sol bastou para me encher de felicidade e, seguindo meu caminho, orei por todos os meus amados que eu não encontraria naquele feriado. Então senti calor, olhei para cima e vi um céu sem nuvens. Estava perfeitamente claro e isso aconteceu tão de repente! Procurei as nuvens, mas não estavam mais à vista. O sol tinha feito um pequeno milagre. Fiquei tão grata por ter me orientado pela fé e não pelo que via e

isso me trouxe a bênção de ver um lindo dia surgir após a tempestade.

Observar o mundo limpo após uma tempestade é uma experiência encantadora. O ar fica mais puro, o céu mais brilhante, as pessoas mais gentis e um pouco mais amáveis umas com as outras. É lindo ver o sol brilhando após a chuva. Lembrar que o Senhor cuida de nós e nos protege durante as tempestades traz um sentimento de gratidão.

Eu poderia ter ficado em casa sozinha me lamentando, mas decidi sair e Deus me deu uma bênção especial. Ele mostra o Seu poder, beleza e misericórdia por meio da Sua criação e podemos aprender muito com isso. Infelizmente, no entanto, muitas vezes ficamos tão ocupados com as muitas preocupações e demandas cotidianas que não paramos para ouvir os pássaros, observar as nuvens e nos lembrarmos de que Deus protege Suas criaturas, grandes e pequenas.

Que Deus o abençoe e que você reserve um momento para sentir o milagre da esperança!

Joyce Suttin é uma professora aposentada e escritora que vive em San Antonio, no Texas. Confira o seu blog em: joy4dailydevotionals. blogspot.com ■

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CELEBRANDO A PÁSCOA

—Por que a r essurreição faz toda a diferença ?

A Páscoa celebra a salvação que Deus nos concede. Em Seu amor pela humanidade, Ele nos dá uma maneira de ingressarmos em uma relação eterna com Ele por meio do Seu filho. Jesus veio ao mundo por amor, viveu como nós, entregou-Se para ser crucificado e sofrer para nos redimir. Sua morte nos possibilita conhecer Deus de verdade e nos garante o privilégio de com Ele viver pela eternidade.

Jesus é o Filho de Deus, como nos dizem os Evangelhos e Suas muitas palavras e obras confirmam. Sua ressurreição, comemorada na Páscoa, provou que Ele era o que dizia ser: o tão esperado Messias, o Filho de Deus.

Embora tenha dito em certos momentos que era o Messias, não costumava Se referir a Si mesmo dessa forma. O título trazia consigo ideias preconcebidas para as pessoas da época e expectativas de natureza política. Afirmar ser o Messias provavelmente teria

precipitado conflitos com os líderes judeus e com o governo romano, além de gerar expectativas de abolição das amarras dos opressores romanos e independência política do povo judeu.

Nos Evangelhos, Jesus Se refere a Si próprio mais de 70 vezes como “Filho do homem”, uma expressão sem relação messiânica, encontrada no livro de Daniel, bem conhecido dos judeus de então (Daniel 7:13–14). Isso Lhe permitia falar da Sua missão na Terra — inclusive do Seu sofrimento, Sua morte, Sua segunda vinda, Seu papel no juízo e o glorioso futuro, sem as implicações políticas intrínsecas ao título de Messias.

Nos Evangelhos, Jesus foi o único que usou a expressão Filho do homem para falar de Si mesmo. Foi uma maneira de confirmar Sua autoridade para fazer o que apenas

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Deus era capaz, como, por exemplo, perdoar pecados. “Mas, para que vocês saibam que o Filho do homem tem na terra autoridade para perdoar pecados” — disse ao paralítico: “Levante-se, pegue a sua maca e vá para casa” ( Mateus 9:6 ). Ele também Se referiu a Si mesmo dessa forma quando avisou aos discípulos de Sua crucificação e de Sua ressurreição três dias depois ( Mateus 17:22–23 ).

Jesus previu que, na condição de Filho do homem, daria a vida por nós. “O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mateus 20:28). Foi crucificado, morto, sepultado e ressuscitou. Sua morte foi um sacrifício por nós para nos conceder a vida eterna (1 Pedro 2:24).

Jesus também usou a expressão Filho do homem ao falar de Sua segunda vinda, quando voltará à Terra para estabelecer Seu governo e pronunciar julgamento. O livro de Daniel fala de “um como um Filho do homem” vindo sobre as nuvens do céu (Daniel 7:13 ARA), em referência a uma figura de aparência humana com autoridade, glória, reverência e a um reino eterno, evocando uma imagem de poder normalmente reservado a Deus

O próprio Jesus e outros se referem a Ele como Filho de Deus. Essa condição é tecida ao longo dos Evangelhos, especialmente no que Ele disse sobre Si mesmo. Essas falas revelam que Ele sempre existiu ao lado do Pai, mesmo antes da criação do mundo, na condição do Verbo Divino que tudo criou. O Verbo incarnado na pessoa de Jesus nos ensinou sobre Deus e o Seu amor por meio da

Sua maneira de viver. “O Verbo se fez carne, e habitou entre nós. Vimos a sua glória, a glória como do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” ( João 1:14 ARA).

Segundo os relatos do Seu nascimento, Jesus foi concebido pelo Espírito Santo, ou seja, era literalmente filho de Deus e assim é chamado ( Lucas 1:31–35 ). Recebeu o nome Jesus, que significa “Javé é a salvação”. Javé é um dos nomes usados pelo povo judeu em referência a Deus.

Logo depois de Jesus ser batizado por João Batista no rio Jordão, no início da Sua missão, a voz de Deus confirmou Sua condição de Filho. “Este é o Meu Filho amado, em quem Me comprazo” ( Mateus 3:16–17 ARA). Já perto do final da Sua missão, quando passou pela transfiguração, Deus mais uma vez declarou ser Seu Pai ( Mateus 17:5 ).

A relação de Jesus com o Pai era singular, pois O conhecia como Filho unigênito. Indagado pelos líderes judeus se era o Filho de Deus, Jesus respondeu

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afirmativamente. “O sumo sacerdote lhe perguntou: ‘Você é o Cristo, o Filho do Deus Bendito?’ ‘Sou’, disse Jesus. ‘E vereis o Filho do homem assentado à direita do Poderoso vindo com as nuvens do céu’” (Marcos 14:61–62).

As afirmações de Jesus acerca de Si e do Seu relacionamento com o Pai, dizendo-Se igual a Deus, às vezes aceitando que O adorassem (Mateus 14:33) e dizendo fazer a obra do Pai, eram consideradas blasfêmias pelos Seus opositores. Os líderes religiosos judeus que O consideravam um falso messias chegaram à conclusão que Ele devia morrer para evitar que os romanos destruíssem a nação por causa dEle ( João 11:47–50). Sem o poder de matar Jesus, os religiosos conseguiram que Ele fosse crucificado pelas autoridades romanas. Acusado de ser um falso messias que dizia ser o Filho de Deus, Jesus foi crucificado, o que Seus inimigos imaginaram poria fim às suas questões com Ele.

Mas então… Ele ressuscitou. A ressurreição confirmou tudo o que Ele disse ser, toda a autoridade que afirmou ter, que era de fato o Messias e filho de Deus, e que o poder e o domínio Lhe pertenciam.

Se Jesus não tivesse ressuscitado, tudo o que a Palavra de Deus diz a Seu respeito seria inválido. Nossa fé, como disse Paulo, seria vã (1 Coríntios 15:14). Mas a ressurreição provou que nossa confiança é de valor inestimável e que Jesus é o Filho de Deus.

A ressurreição nos dá a certeza de que os que creem em Jesus têm vida eterna. Isso é a Páscoa e o que a torna um dia de louvor, para agradecermos a Jesus por Seu sacrifício, por ter dado a vida por nós. É um dia para adorarmos a Deus e Lhe agradecermos pelo Seu plano

maravilhoso da salvação. Por isso, na Páscoa, podemos assumir um compromisso pessoal de compartilhar as boas novas de que Jesus ressuscitou e oferecer a salvação que Ele nos deu e está disponível a todos que a aceitarem. Feliz Páscoa!!

Peter Amsterdam e sua esposa, Maria Fontaine, são diretores da Família Internacional, uma comunidade cristã. Adaptado do artigo original. ■

Não se turbe o seu coração, Não fique triste a sua alma.

A Páscoa é um tempo de alegria Quando nos corações reina a calma.

Feliz em saber que Jesus Cristo Tornou possível para os homens Terem seus pecados perdoados E, como Ele, viver novamente.

Então, nesta época especial do ano, Que a maravilha da Sua história Renove a nossa fé para que possamos ser Participantes da Sua glória!

— Adaptado de Helen Steiner Rice

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CASINHA ACONCHEGANTE

Por Marie Alvero

Recentemente, adquirimos uma casa pequena dos anos 1960 para investimento. Sinceramente, não tenho certeza de que somos bons investidores, pois o projeto da tal casinha não correu como esperávamos. Consome bastante tempo, dinheiro e gera mais preocupações que retorno.

Quando a compramos, sabíamos que precisaria de muitas reformas, então meu marido e eu trabalhamos nela todos os fins de semana no verão passado. Não tem condicionador de ar, então, em pleno verão texano, lá estávamos nós: suados, mal-humorados e com pouco dinheiro, mas investíamos nossos recursos e esforços, por acharmos que, no futuro, teríamos o devido retorno. Embora não saibamos ao certo o que será esse devido retorno, este é o princípio do investimento: percebemos potencial em uma casinha velha e feia, na qual investimos tempo e dinheiro com a esperança de que eventualmente valerá a pena o sacrifício.

Já se perguntou o que há em você e em mim que faz Jesus pensar: “Valeu Meu sacrifício!”? Romanos 5:8 diz: “Deus demonstra seu amor por nós: Cristo morreu em

As mãos de Jesus perfuradas pelos pregos revelam o coração cheio de amor de Deus.

— Autor desconhecido

nosso favor quando ainda éramos pecadores”. Fez isso antes de estarmos limpos, de parecermos dignos ou promissores. Esta é a verdade mais incrível! Porque Deus nos ama, cada ser humano tem um valor inestimável, não por causa do nosso próprio valor, mas por causa do Seu amor.

Pensar nisso me deixa boquiaberta. Às vezes, fico envolvida neste mundo de tal forma que esqueço que estaria morta no pecado, separada de Deus, sem esperança, amor ou graça, se Jesus não tivesse levado na cruz o peso do meu pecado. Mas por causa do Seu sacrifício, tornei-me filha adotiva de Deus.

Não sou uma casa velha que precisa ser restaurada para ter valor. Já tenho valor porque Cristo morreu por mim. Busque essa alegria e adquira esse conhecimento! Foi o que fiz.

Marie Alvero foi missionária na África e no México. Atualmente, vive com o marido e filhos no Texas, EUA. ■

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Opoder do perdão

O perdão é um assunto muito amplo e multifacetado. Li muito sobre o tema ao longo dos anos, mas sempre que surgem oportunidades para colocar em prática o que já sei, aprendo mais.

Há muito publicado sobre os benefícios psicológicos e emocionais de perdoar. Quem perdoa se liberta da raiva, da ansiedade, da amargura, etc. Tem mais chances de seguir em frente com a vida e não ficar preso ao passado. Tudo isso é verdade e motivo para perdoarmos os outros, mesmo que apenas para nosso próprio benefício e contra nossa vontade.

Todavia, nós, seguidores de Cristo, temos outra razão, ainda maior, para perdoar: fomos perdoados por Deus por todos os pecados, cada erro e cada má ação que já cometemos ou que ainda cometeremos. Nossos antecedentes foram apagados. Por isso, temos a obrigação diante de Deus de perdoar os outros. Foi o que expressou Jesus quando ensinou Seus discípulos a orar: “Perdoanos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos

nossos devedores” (Mateus 6:12). E acrescentou: “Pois se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós. Porém se não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial não perdoará as vossas” (Mateus 6:14-15 ACF).

Em Mateus 18, Jesus contou uma história para ilustrar esse conceito: um servo devia ao rei 10.000 talentos. (Segundo pesquisei, estima-se que um talento equivalia a aproximadamente 6.000 denários, ou cerca de 10 anos de salário. Isso significa que 10.000 talentos seriam equivalentes a aproximadamente 100.000 anos de salário, ou seja, uma quantia astronômica!)

Quando o servo não pôde pagar, o rei ordenou que ele e sua família fossem vendidos como escravos até ele saldar toda a sua dívida. O servo caiu de joelhos, implorando por tempo e misericórdia. Então, o rei lhe perdoou a dívida integralmente, isentando o servo do pagamento.

A caminho de casa, o homem que fora perdoado encontrou alguém que lhe devia 100 denários (cerca de

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três meses e meio de salário). Agarrou-o pelo pescoço e exigiu pagamento imediato. O devedor implorou por misericórdia e pediu tempo para pagar a dívida. Não foi atendido, mas levado para prisão, da qual só sairia quando quitasse a dívida.

Quando o rei soube o que ocorrera, chamou o servo a quem perdoara e disse: “Perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste. Não devias tu igualmente compadecer-te do teu companheiro, como também eu me compadeci de ti? Assim, encolerizado, o seu senhor o entregou aos verdugos, até que lhe pagasse tudo o que devia” (Mateus 18:32-34 ARA).

Então, Jesus termina a história: “Assim vos fará também meu Pai celeste, se de coração não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas” (Mateus 18:35 ACF).

Já ouvi pessoas dizerem que o valor que o servo devia ao outro era insignificante, mas não, três meses e meio de salário é um valor expressivo. Torna-se insignificante apenas em comparação com o que outro devia e, entendo,

O perdão é uma manifestação de misericórdia — é o amor em ação. Não está fundamentado em sentimentos, mas na decisão, na escolha intencional de obedecer a Deus. — Joyce Meyer

Macieiras produzem maçãs, trigais produzem trigo e pessoas perdoadas perdoam as outras.

Max Lucado

Perdoar é libertar alguém da prisão e descobrir que o prisioneiro era você. — Lewis B. Smedes

Na sombra da minha mágoa, o perdão parece uma recompensa ao meu inimigo. Na sombra da cruz, porém, é apenas uma dádiva que uma alma indigna estende a outra. — Andy Stanley

ser esse o cerne da lição. Independentemente da gravidade da ofensa que devemos perdoar, ter a noção de tudo que nós fomos perdoados por Deus torna muito mais fácil perdoar os outros.

Nesta Páscoa, podemos refletir sobre o grande amor de Deus, como Ele perdoa cada um de nós e, então, examinarmos nossos corações para ver se há alguém que ainda não perdoamos. É importante lembrar que o perdão não é uma emoção. Não precisamos sentir vontade de perdoar. Tampouco devemos nos preocupar se, depois de termos perdoado, ainda tivermos emoções negativas em relação à pessoa. Devemos confiar que, ao ficarmos firmes na decisão de perdoar, os sentimentos negativos diminuirão e, com o tempo, teremos as evidências de que realmente perdoamos do fundo do coração.

Simon Bishop trabalha em missões em tempo integral e em trabalhos humanitários nas Filipinas. ■

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“Vi, toquei e acreditei“

Se Tomé pudesse nos contar a experiência que teve depois da crucificação e ressurreição de Jesus, acho que seu relato seria mais ou menos assim...

Muitos que leem os Evangelhos pensam que deve ter sido maravilhoso ser um dos primeiros discípulos de Jesus, especialmente um dos doze que estavam mais próximos dEle, que O viram ensinar e operar milagres. Sim, aqueles três anos e meio com o Mestre foram maravilhosos — porque Ele era maravilhoso. Na verdade, perfeito.

Entretanto, nós, discípulos, não tínhamos nada de extraordinário e nossos defeitos se tornavam ainda mais evidentes na Sua presença. Pedro falava o que lhe vinha à cabeça e era impetuoso. Tiago e João tinham a tendência de ser excessivamente zelosos. Felipe era um realista irredutível. E eu? Por ter duvidado do poder de Deus depois de Jesus ressuscitar e deixado isso claro pelas minhas palavras, meu nome virou sinônimo de incredulidade.

minha experiência. Portanto, se você tem dúvidas sobre Jesus, sobre a Bíblia, o poder de Deus ou a grandeza do Seu amor, esta história é para você.

Não me orgulho do rótulo nem é o legado que gostaria de ter deixado, mas fico feliz se outros aprenderem com a

Depois que Jesus foi crucificado e sepultado, todos nos escondemos, temendo que Seus inimigos viessem também ao nosso encalço. Na noite do terceiro dia, quando reencontrei os demais discípulos, descobri que muito acontecera na minha ausência. Todos falavam ao mesmo tempo: “Vimos Jesus!” “Ele está vivo!” “É isso mesmo! É verdade!” “Eu também O vi!”

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Pedro tentou explicar:

— Estávamos reunidos aqui, ainda procurando entender o que acontecera com o Mestre, quando Maria chegou à porta ofegante e disse: “Fomos ao túmulo para ungir o Seu corpo com especiarias, “mas quando chegamos lá, a pedra não estava mais na entrada do túmulo e Seu corpo tinha desaparecido!”

— Pensamos que era apenas uma história sem pés nem cabeça — continuou Pedro, mas como ela insistia que fôssemos ver por nós mesmos, João e eu constatamos a cena tal qual ela havia descrito. Nada havia no túmulo, exceto o sudário que envolvera Seu corpo! No caminho de volta para cá, lembrei-me de Suas palavras: “Pois, assim como Jonas esteve três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim o Filho do homem estará três dias e três noites no coração da terra” (Mateus 12:40) e comecei a considerar a possibilidade de Jesus haver ressuscitado.

A voz de Pedro se elevou com a emoção:

— Então o mais impressionante aconteceu. De repente, do nada, Jesus surgiu bem onde você está! Mostrou Suas mãos perfuradas e a ferida de lança na Sua ilharga...

Eu não conseguia conter as dúvidas. Impossível!

Então outros dois discípulos começaram um relato igualmente incrível, dizendo que haviam encontrado um desconhecido misterioso na estrada para Emaús. Um deles, Cléopas, contou:

— Estávamos aqui quando Maria chegou dizendo que ela e as outras mulheres encontraram o túmulo de Jesus vazio e viram um anjo que lhes dissera que Ele havia revivido. Então partimos para Emaús, tão tristes e confusos quanto você, por causa de tudo que acontecera. No caminho, encontramos um homem que nos explicou as profecias na Bíblia com respeito à morte do Messias, as quais descreviam perfeitamente o que acontecera a Jesus! De repente, entendemos que o estranho era Jesus e, naquele mesmo instante, Ele desapareceu!”.

— Não acredito! — disparei. Acho que estão

imaginando coisas, vendo o que querem ver. Insisti que fossem mais racionais.

— Eu O amava tanto quanto vocês. Não veem que tudo isso é ridículo? Quanto a mim, terei que vê-lO e tocar as feridas em Suas mãos e no Seu lado, para acreditar que Ele está vivo!

Oito dias mais tarde, estávamos mais uma vez todos reunidos quando, sem mais nem menos, alguém atravessou a parede! Era Jesus! Veio direto a mim, sorriu e, apontando para as feridas em Suas mãos, disse: “Tomé, coloque o dedo aqui”.

Lembrei do que dissera fazia uma semana e fiquei com vergonha. Ele não estava presente quando eu disse para os demais que não acreditaria antes de vê-lO e tocá-lO, mas Ele sabia. Desde que O conheci, parecia que conhecia os meus pensamentos e sentimentos mais profundos.

Então segurou minha mão e disse: “Ponha a mão na ferida de lança no Meu corpo e creia”.

Foi o que fiz e, naquele instante, toda sombra de dúvida desapareceu. Eu vi e toquei. Mas o mais maravilhoso foi quando olhei em Seus olhos — cheios de amor e compreensão. Seu amor por mim não diminuiu em nada por causa da minha incredulidade. Eu estava envergonhado da minha atitude, mas o Seu amor me livrou das dúvidas e da vergonha.

Sim, tive a bênção de estar à Sua presença, ouvi-lO ensinar e testemunhei Seus milagres. E Ele me chamou pelo nome. Tive também a bênção de ver e tocar o Salvador ressuscitado, de ter renovada a certeza do Seu amor por mim e ouvir de Seus lábios que todos os meus pecados estavam perdoados. Mas você tem uma bênção especial. Como Ele próprio disse: Bem-aventurados os que não viram, e creram” ( João 20:29 ARA).

Curtis Peter van Gorder é escritor freelancer e mímico. Dedicou 47 anos a atividades missionárias em 10 países. Atualmente, ele e sua esposa Pauline vivem na Alemanha. ■

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A ESPERANÇA CELESTIAL

“Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu: Há tempo de nascer, e tempo de morrer”, escreveu Salomão (Eclesiastes 3:1–2 ARA). Parece que essa visão realista da morte era mais comum no passado.

Antigamente, as crianças criadas na zona rural viam o ciclo da vida em primeira mão. Testemunhavam o nascimento dos animais, mas também quando morriam, inclusive aqueles dos quais eram mais próximos. As crianças mais velhas cuidavam dos irmãos mais novos e eram atenciosas com os avós, que ficavam mais frágeis com a idade.

Não admira que tantos hinos gospel clássicos tenham como tema o céu, estar com Jesus e o reencontro com entes queridos que já deixaram esta vida. As pessoas precisam desse conforto e esperança.

Um dia, quando eu tinha 10 anos, acompanhei meu avô enquanto ele fazia suas tarefas em sua pequena fazenda. Eu adorava meu avô e nunca perdia a chance de estar com ele. Enquanto o observava pegar água para as vacas, ouvi uma voz dentro do meu coração dizer: “Seu

avô será o primeiro da sua família a morrer”. Foi uma experiência inédita para mim, mas sabia que era real e, de fato, ele faleceu de forma bastante repentina, quando eu tinha 12 anos.

Nunca me ocorrera a existência de outra vida após esta, mas quando senti falta do meu avô, comecei a questionar. Eu ia de bicicleta ao cemitério e ficava ao lado do túmulo dele, perguntando-me onde ele estava e se podia me ver. Seria tão bom se naquela época eu tivesse a esperança do céu!

Aquelas palavras de premonição que ouvi em meu coração me serviram de conforto. Apesar de não entender, sentia que aquela voz suave tinha me preparado para uma perda que, não fosse aquela mensagem, teria me deixado arrasada.

Vários anos depois, entreguei minha vida a Cristo e aquela voz celestial se tornou minha companheira constante. Lembro-me do meu avô como um homem de fé e tenho a paz de que um dia voltarei a vê-lo.

Estamos de passagem neste mundo temporário, a caminho de um lugar que... “o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiu ao coração do homem, as coisas que Deus preparou para os que o amam” (1 Coríntios 2:9 ACF). Peço a Deus que vivamos em preparação para o céu.

Sally García é educadora, escritora, tradutora, missionária e mentora. Vive no Chile com seu marido, Gabriel, e está afiliada à Família Internacional. ■

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SEI PARA ONDE VOU

Parte do meu trabalho para Deus é oferecer conforto e ânimo para aqueles que estão passando por momentos difíceis. Para a maioria, a perda de um ente querido é uma experiência incrivelmente dolorosa.

Vejo que consigo confortar e encorajar aqueles que estão de luto com as palavras de Jesus: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá” ( João 11:25 ARA). As palavras de conforto que estão na Bíblia se tornaram nossas por meio do sacrifício do amor que Jesus fez ao morrer na cruz pelos nossos pecados. O céu é real. É um lugar onde não haverá mais tristeza, morte ou dor, e nossas lágrimas serão enxutas (Apocalipse 21:4). Sem dúvida, sentiremos falta de nossos entes queridos por um tempo, mas temos a esperança da vida futura.

Mas o que posso fazer quando falo com alguém que não acredita em Deus ou Jesus? Que conforto posso oferecer? Quando imagino como deve ser a vida sem conhecer a verdade do amor de Deus, Seu perdão e sem a certeza de um lugar com Ele no céu, vejo apenas desesperança. Acreditar que esta vida é tudo o que existe deve ser muito desanimador. Que contraste há entre acreditar que apenas um vazio de não existência o aguarda e acreditar na esperança da vida eterna, onde viveremos em uma gloriosa cidade celestial iluminada pela glória de Deus! (Veja Apocalipse 21:23.)

Algum tempo atrás, minha filha adolescente teve uma conversa com um homem sobre a morte. Agnóstico, confessou ter um forte medo de morrer e que nunca tinha conhecido alguém que não temesse morrer. Quando perguntou à minha filha se ela tinha medo da morte, ela respondeu com convicção: “Não, porque sei para onde vou!” Surpreso com a confiança com que a jovem falou, questionou: “Como você pode saber?” Ela respondeu: “Porque a Bíblia diz, ‘Todo aquele que crê no Filho tem a vida eterna’” ( João 3:36).

O Filho de Deus, Jesus Cristo, é a diferença entre esperança e medo quando se trata da morte.

Marie Knight é uma voluntária missionária em tempo integral nos Estados Unidos. ■

Jesus ama você. Quer morar em seu coração, se você apenas abrir sua vida para Ele. Para isso, faça uma oração simples como esta:

“Querido Jesus, por favor, perdoe-me pelos meus pecados. Acredito que Você morreu por mim. Convido-O a entrar na minha vida. Encha-me com o Seu amor e com o Espírito Santo. Ajude-me a amá-lO, amar os outros e a viver de acordo com a verdade na Bíblia. Amém.”

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UMA CELEBRAÇÃO DO SOFRIMENTO

Nesta época do ano, temos uma ocasião singular: celebrar o sofrimento. É um momento solene e, ao mesmo tempo, alegre, pois combina a terrível morte e a gloriosa ressurreição de Jesus. Elevamos os corações em agradecimento pela dádiva maravilhosa e não merecida que é a salvação.

É uma celebração extraordinária, porque o símbolo da nossa fé é um objeto de dor e morte: a cruz. O tema de inúmeros hinos, pingentes, pinturas e muito mais é uma simples construção de madeira, tosca, cravada de pregos e manchada de sangue. É nosso sinal sagrado agora, não porque é especial, mas porque aquele que foi pendurado nela é.

Jesus passou por tanto sofrimento, dor e desgosto que dói só de pensar! Temos muito a agradecer, mais do que podemos compreender, pois a salvação de nossas almas é uma redenção abrangente, e nós, que aceitamos o sacrifício de Jesus, nunca caminhamos sozinhos. Que conforto! Que alegria, agora e para sempre!

No entanto, esses nossos sentimentos vieram a um custo enorme para o Filho de Deus. Chorou lágrimas de sangue, foi traído, zombado e espancado. Na hora da dor e do tormento, Jesus sentiu como se tivesse sido abandonado pelo Pai. Foi verdadeiramente horrível e

me arrepio ao pensar que Ele fez tudo isso por mim e por você.

Só Deus, revestido de carne humana, poderia transformar um sofrimento tão brutal em uma vitória, a maior de todos os tempos, e uma celebração incomparável! Ao lembrarmos que Jesus morreu, tornamos ainda mais vívida a lembrança de Sua magnífica ressurreição!

A Páscoa nos lembra que Deus faz com que todas as coisas contribuam para o bem daqueles que O amam (Romanos 8:28 ACF). Nossas “cruzes” comuns e toscas podem se tornar belas expressões do Seu poder, se não desistirmos (Lucas 9:23–24). Podemos nos sentir derrotados e cansados, mas existe um propósito para o nosso sofrimento. Deus pode usá-lo para ajudar os outros (2 Coríntios 1:4), transformar-nos e mudar o nosso mundo. Felizmente, nosso Senhor nunca nos dá mais do que podemos suportar com a Sua ajuda (1 Coríntios 10:13).

A Páscoa é um momento para agradecer a Jesus.

Vamos valorizar a tosca cruz, pois conhecemos o final feliz definitivo e sabemos que ela dará lugar a uma coroa eterna!

Chris Mizrany é missionário, fotógrafo e designer de web com a organização Helping Hand na Cidade do Cabo, África do Sul. ■

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O SOM DA PÁSCOA

Minhas primeiras lembranças da Páscoa são da época da pré-escola. Aprendemos uma música mimosa sobre um coelho engraçado para cantar para nossos pais. Mais tarde, na escola dominical, quando assistíamos a filmes sobre a vida, crucificação e ressurreição de Jesus, eu sempre cobria os olhos durante a cena da crucificação. Fazia-me chorar e eu não entendia por que teve de ser daquela maneira.

Aos18 anos, tive um encontro pessoal com Jesus e comecei a estudar os Evangelhos. Com a ajuda de professores e do Espírito Santo, muitas verdades sobre a vida começaram a fazer sentido para mim, e a esperança de que um dia iria para um lugar maravilhoso chamado céu para estar com meu Pai celestial para sempre começou a curar meu coração partido e me encher de fé e propósito. Anos depois, casei, tive filhos, passei a servir a Deus e a contar aos outros sobre Jesus.

Faz uns 15 anos, fui ao culto de Páscoa das seis da manhã. A igreja estava lotada e depois que a banda cantou algumas músicas, uma jovem de 13 anos cantou um solo sobre a crucificação. A canção descrevia passo a passo o julgamento injusto ao qual Jesus foi submetido e Sua caminhada pela Via Dolorosa. Após cada conjunto de versos, o refrão dizia: “Você fez tudo por mim, Senhor; Você fez tudo por mim!”

Não demorou, as lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto descontroladamente. Dessa vez, contudo, não eram de tristeza, mas de gratidão. Eu estava tomada de agradecimento pelo que meu Salvador sofreu por mim!

Finalmente, entendi plenamente o significado da Páscoa. É o som da ressurreição, o som do renascimento, o som da vitória. É o inverno que sempre se transforma em primavera. Deus é capaz de transformar até mesmo a coisa mais horrível que já aconteceu no que há de mais maravilhoso para toda a humanidade! E, de forma mais ampla, sei que Ele pode pegar uma vida quebrada, refazêla e restaurá-la em algo maravilhoso!

Rosane Pereira é professora de inglês, escritora e membro da Família Internacional, no Rio de Janeiro. ■

O grande presente da Páscoa é a esperança–a esperança cristã que nos dá a confiança em Deus, em Sua vitória final, em Sua bondade e amor, que nada pode abalar.

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Com amor, Jesus

Para você, com Amor

Eu amo você. É simples assim. Eu conheço você e sei tudo sobre sua vida, suas experiências e Me importo. Entendo os desafios que enfrenta todos os dias, enquanto toma decisões e tenta descobrir as melhores maneiras de viver e prosperar. Nunca esqueça que, se vier, a Mim, seus fardos serão aliviados (Mateus 11:28–30).

Sua vida seguirá seu curso e um dia você morrerá, mas o verdadeiro você –o espírito, que habita dentro dos limites de seu corpo– viverá para sempre. É por isso que não deve se empenhar demais em adquirir bens materiais, porque um dia terá que deixá-los. O que realmente importa transcende o material: amor, bondade, misericórdia, generosidade.

Portanto, faça o bem. Seja gentil e generoso. Ame sua família, amigos, vizinhos e aqueles que você encontra no dia a dia. Mostre misericórdia, bondade e compaixão, pois assim Me mostra aos outros.

Amo você com um amor eterno –um amor tão grande que vim à Terra, assumi a forma humana e dei Minha vida na cruz pela sua redenção. Sou a ressurreição e a vida, e todos que creem e Me recebem nunca morrerão ( João 11:25–26). Portanto, no fim desta vida, você chegará em sua casa eterna, onde o amor, a alegria, a paz e a verdade reinam.

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