4 de dezembro de 2012 | Terça-feira | a
cabra | 15
CIdAdE ServiçoS municipalizadoS de tranSporteS urbanoS de coimbra
Falta de serviço noturno afeta cidadãos Os SMTUC asseguram, através de um sistema de autocarros, o transporte urbano na cidade e arredores entre as cinco e meia da manhã e a meia-noite. Contudo, quem deseje circular pela cidade a partir dessa hora tem de obrigatoriamente utilizar o serviço de táxis. Por Ian Ezerin e Stephanie d’Ornelas
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onstantemente abordada nas redes sociais e no meio estudantil está a possibilidade de Coimbra usufruir de uma rede de transportes noturnos. À noite e de madrugada, a Baixa e a zona da Praça da República são os locais mais procurados por estudantes e a população jovem de Coimbra. Nem todos têm sorte de viver nas habitações do centro da cidade. O estudante do quinto ano da Faculdade de Farmácia, residente em Celas, comenta que “era importante haver mais autocarros à noite, não só para quem sai à noite, mas também para quem vai estudar para associação ou para as cantinas”. A ausência de transporte público no período noturno leva a consequências na vida da cidade e dos cidadãos. A estudante residente em Santa Clara, Carina Rodrigues, que utiliza os transportes públicos todos os dias, esclarece que “saio à noite principalmente para Praça da República, mas como não há o autocarro de regresso a casa, tenho de esperar pela disponibilidade de conhecidos que me dão boleia”. Os residentes de áreas centrais são também atingidos com esta situação. O estudante Adriano Mourão, residente na Praça do Comércio, sempre que vai a algum lugar distante e tem que regressar à
noite, depende de transportes alternativos. “Eu já tive problemas para voltar do Fórum, tenho sempre que voltar de táxi”, conta. O estudante tem também dificuldades em movimentar-se no período de aulas: “tenho que apanhar o autocarro uma hora antes, deviam existir mais linhas para o Polo II”.
A procura não é significativa O administrador dos Serviços Municipalizados de Transportes Urba-
“Como não há autocarro de regresso a casa, tenho de esperar por quem me dá boleia” nos de Coimbra (SMTUC), Manuel Correia de Oliveira, esclarece que a ideia de introduzir os horários suplementares no período da uma até às cinco de manhã não é uma realidade provável. “Isso é impraticável, está fora de questão por várias razões”, afirma o responsável. Na experiência de Manuel Correia de Oliveira, a procura não é significativa e comprova isso com uma viagem que fez num dos últimos autocarros do dia, em que a certa StEPhAnIE SAyURI PAIxão
altura apenas se encontrava o próprio, o motorista e um utente. A possibilidade de uma rede noturna nunca foi, no entanto, tentada em Coimbra. A exceção dá-se apenas em ocasiões especiais, como na semana da Queima das Fitas (QF). Nos últimos quatro anos foram disponibilizados transportes gratuitos para apoiar as noites do Parque: “na perspetiva dos estudantes utilizarem o menos possível os automóveis”, conta o administrador. De acordo com Manuel Correia de Oliveira, durante os quatro anos em que foi disponibilizado o transporte noturno na QF só num foi conseguido apoio para isso, mas praticamente simbólico. O administrador conta que o valor dispensado para possibilitar os autocarros é alto. “Representa um bocado de dinheiro, foi um valor significativo”, afirma. Por ter condições diferentes das empresas semelhantes que existem no Porto e em Lisboa, os SMTUC estão mais limitados no seu desenvolvimento, uma vez que os transportes urbanos são propriedade da Câmara Municipal de Coimbra, e só há o apoio financeiro por parte do município.
Falta de financiamento “É muito difícil sobreviver e por isso é que não temos a possibilidade de StEPhAnIE SAyURI PAIxão
uma renovação da frota que gostaríamos de fazer”, esclarece Manuel Correia de Oliveira. O administrador constata que entre 2002 e 2010 a frota foi renovada, “isso era possível porque era a única verba do Estado, através do Plano de Investimentos da Administração Central, distribuído por intermédio do Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres (IMTT), explica Manuel Correia de Oliveira. Há três anos que os SMTUC não recebem este valor, facto que implica
“Isso é impraticável, está fora de questão por várias razões”, afirma o administrador dos SMTUC um maior esforço às viaturas que estão em serviço. A necessidade de renovação da frota é essencial, visto que “ainda sete dos autocarros em funcionamento são de 1984”, sustenta o administrador. A última aquisição dos SMTUC com a verba do IMTT foi um ‘trolley’, comprado em 2009. Foi possível pagar metade do valor do meio de transporte com a verba recebida do instituto, na altura. A perspetiva era comprar um ‘trolley’ por ano
com a verba municipal, mas isso não se concretizou. “A ideia era ter em cinco ou seis anos, umas seis viaturas dessas a funcionar”, expõe Manuel Correia de Oliveira. O ‘trolley’ custou 475 mil euros, mais de 280 por cento do valor de um autocarro comum, que custa cerca de 170 mil euros. O administrador acredita que a compra dos ‘trolleys’ vale a pena porque a manutenção desses veículos é muito mais reduzida. “Ainda temos um ou dois motores de ‘trolleys’ encaixotados, nunca foram substituídos e estão a funcionar”, explica. Além disso, em termos ambientais, os ‘trolleys’ não produzem tanta poluição nem tanto barulho como os restantes autocarros. A recente renovação do sistema dos passes levou a benefícios consequentes no funcionamento do serviço. Permite, em tempo real, saber a procura em cada uma das linhas. Nos sistemas antigos os dados sobre o número de viagens era uma aproximação da procura, mas com o novo sistema cada passe utilizado permite saber o número de viagens utilizadas. Além disso, o administrador dos SMTUC explica que o desconforto relacionado no processo de carregamento dos passes: “em 2013 será possivelmente carregar o passe pela internet”. Com João Valadão StEPhAnIE SAyURI PAIxão
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Entre a meia noite e as cinco e meia da manha os utentes estão limitados à utilização do serviço de táxis