DA ORGÀO
oficial
do
INDUSTRIA
GRAFICA
sindicato
DAS INDUSTRIAS GRAFICAS N O E S T A D O DE S À O P A U L O NÚMERO 18_____________SÃO PAULO, U QUINZENA DE AGOSTO DE 1950
ANO I
MARIA VAI COM AS OUTRAS... Há sempre entre os industriais gráficos uma incerteza quanto às vantagens de manter a sua indústria, pois alegam que os lucros não são compensadores, que o trato com os operários é muito complicado, que há falta de materiais e mais uma infinidade de problemas. Isso, no entanto, não ocorre somente na indústria gráfica. Os problemas nela notados são iguaizinhos aos dos demais ramos industriais. E se todos os industriais assim pro cedessem, não haveria indústria nacional. Há, isso sim, entre os indústriais gráficos uma lamentável falta de estímulo, de encorajamento. Falta também uma união de classe mais forte e faltam ainda iniciativas ou apôio a estas que promovam o bem-estar e maior de senvolvimento da indústria gráfica. Se o campo da indústria gráfica fôsse realmente o pior dentro de nosso parque industrial não teriamos registrado em nosso Sindicato a abertura de uma centena de novas firmas neste ano. A suposta crise já passou e sinal disso é que já não é tão fácil en contrar-se o anúncio de uma tipografia à venda nas páginas dos jornais. Cremos que todos já perceberam que a indústria gráfica está atualmente passando, apesar de tudo, por uma fase de relativo desenvolvimento. Isso nos faz lembrar a história daquele homem que não lia jornais, não ouvia rádio e também quase não conversava com os outros, porque era meio surdo. Possuia êle uma bomba de gasolina numa estrada e tinha um filho na escola. O seu negócio ia bem e êle resolveu adquirir outra bomba, e depois mais outra, dotando suas instalações dia a dia com novos melhoramentos. Cada vez os negócios iam melhor, pois para ele tudo ia às mil maravilhas, na ignorância dos boatos de uma séria crise no país. Até que um dia o filho, já taludo, volta da esoola e recrimina o pai pelos gastos nas ampliações do ne gócio: “ Ora, meu pai, onde se viu esbanjar tanto dinheiro, quando o país está em tre menda crise!”. O homem parou então de gastar, acabou fechando uma bomba, depois outra. Os negócios então caíram, e os lucros também. Finalmente, à vista do pouco que lhe rendia apenas uma bomba, confessou ao filho: “ Tem razão, filho, o país está mesmo em crise!” . . . Não deve levar muito em consideração o que faz um colega quando fecha uma indústria, porque diz que não da lucro. Isso nem sempre é verdade. O fechamento de uma indústria não é motivo para alarde entre as suas congêneres. O essencial é estudar as falhas que determinaram o seu fechamento e contorná-las. Assim poderemos pensar em ampliar e melhorar cada vez mais a nossa indústria gráfica, e pensar também em maior união da classe. E, sobretudo, não demos crédito àqueles que, embora vivendo em franca prosperidade i\a industria gráfica., têm o mau hábito ( ou será outra coisa?) de desencorajar os que a ela querem se dedicar.