Uma Aventura no vale do Alva

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Uma Aventura no Vale do Alva


AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE TÁBUA

Elaborado pelos Alunos do 1º Ciclo das Escolas: Ázere, Candosa, Covelo, Espadanal, Espariz, Meda de Mouros, Mouronho, Percelada, Pinheiro de Coja, São João da Boa Vista, Sinde, Tábua, Várzea de Candosa e Vila Seca no âmbito do Projecto Conto Viajante

Ano Lectivo 2008-2009

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Uma Aventura no Vale do Alva Aproximavam-se as férias de Natal e os amigos Joel, Simão, Beatriz e Maria andavam ansiosos. O Inverno estava rigoroso: muito frio, muita chuva, muito vento e muita neve. O Joel e o Simão nunca tinham visto neve e sonhavam em escorregar, fazer bonecos e batalhas com a neve. A Beatriz e a Maria queriam brincar na neve com os amigos de quem já tinham saudades. Como as férias estavam quase a chegar, os amigos começaram a fazer alguns preparativos para a viagem. Escolheram as botas, as roupas quentes, as luvas, os cachecóis, os casacos e os gorros. Eles estavam preocupados com os seus cães. O Joel e o Simão com a serra da estrela Bobi; a Maria e a Beatriz com o labrador Piruças. Os pais decidiram que ambos os animais iriam passar o Natal com eles. A viagem para a aldeia, onde iriam passar as férias, correu bem e eles chegaram contentes e entusiasmados.

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Os montes em volta da aldeia estavam cobertos por um manto de neve. Os irmãos ficaram deslumbrados pela visão daquela paisagem magnífica. Nessa noite dormiram excitados com a viagem à Serra da Estrela. Eles sabiam que na Serra da Estrela havia muita neve e fazia muito frio. Sabiam que a Serra da Estrela era a maior serra de Portugal Continental. E também que lá nascia o rio Mondego. No dia seguinte levantaram-se, tomaram banho e comeram o pequeno-almoço: cereais, leite com cacau e pão com manteiga. Partiram para a Serra da Estrela na carrinha dos pais da Beatriz e da Maria. No caminho passaram por Oliveira do Hospital, Seia e pela aldeia do Sabugueiro. Quando chegaram à Lagoa Comprida pararam e os amigos começaram a brincar com a neve, fizeram bonecos e atiraram bolas de neve uns aos outros.

O pai do Joel e do Simão disse-lhes que para além do rio Mondego também lá nascia o rio Alva, que passava na aldeia onde estavam a passar férias. Na torre tiraram fotografias e compraram recordações. Como começou a nevar tiveram de regressar rapidamente pois poderiam ficar presos no nevão. No dia seguinte os quatro amigos decidiram visitar o rio Alva. O problema é que o tempo continuava chuvoso, por isso adiaram essa visita para uma altura em que o tempo estivesse mais agradável.

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Os amigos - Joel, Simão, Beatriz e Maria, enquanto esperavam que o tempo melhorasse divertiam-se, em casa do Joel e do Simão, a brincar, a ler histórias, a ver filmes, a comer pipocas, a fazer vários jogos divertidos, a jogar consola e beber cacau quente, para aquecerem e não sentirem tanto frio. Numa manhã, quando acordaram, ficaram muito surpreendidos porque, finalmente, havia sol e assim já podiam fazer a visita ao rio Alva, levando também os seus amigos fieis: o Piruças e o Bobi. Pelo o caminho viram magníficas paisagens e animais selvagens, tais como: lobos, raposas, javalis, alces e cavalos selvagens.

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Também aproveitaram para tirar belas fotografias. Quando chegaram perto das margens do rio avistaram: rãs, girinos e várias espécies de peixes, por exemplo, enguias, carpas, bogas e percas, que os pescadores da aldeia iam apanhar.

Algumas crianças aproveitavam para brincar na beira do rio com barquinhos de papel e de cortiça. Visto que, nesta época do ano, não conseguiam brincar na água e tomar longos e agradáveis banhos. Mesmo assim, os quatro amigos decidiram ir brincar com eles. E como se estavam a divertir! Entretanto, a corrente ficou muito forte e levou os seus barquinhos. Então ficaram muito tristes e desiludidos. Mas depois viram que um ramo de uma árvore os tinha ancorado; só que logo constataram que não conseguiriam lá chegar pelas margens, teriam que ir de barco. Contudo, como ainda era Inverno, não havia condições para alugar os barcos. Só estavam operacionais no Verão. Quando de repente, olharam e viram ao longe um pescador que tinha um pequeno barquito a motor. Foram então pedir ajuda para resgatar os seus brinquedos, os barquinhos de papel e de cortiça. O senhor pescador também fazia, nos seus tempos livres, miniaturas de madeira de barcos típicos daquela região. 6


O Joel, o Simão, a Maria, a Beatriz e os seus pais foram com ele. Tiveram a oportunidade de experimentar aquela actividade. Eles gostaram muito. Os pais compraram alguns para recordação...

No dia seguinte, o tempo melhorou e por isso decidiram voltar a subir a serra para, finalmente, experimentarem as suas pranchas de sky. - Se cá nevasse fazia-se cá scku…. Se cá nevasse fazia-se cá scku… A viajem, apesar de curta, parecia não terminar. Os pais, com a cabeça em água, já estavam fartos daquela chinfrineira: - Vamos lá a parar com a cantoria. Parece que não conhecem outra música! Estava dado o mote: -A

árvore da montanha aeiou…a árvore da montanha aeiou...essa árvore….

Assim que chegaram, tomou conta deles uma euforia que os impedia de ouvir qualquer recomendação dos pais. -Tenham cuidado. - Beatriz, veste o casaco! 7


- Não se afastem. Queremos ver-vos.

Mas quem pode ouvir alguma coisa quan-

do se tem a brincadeira pela frente. A serra chamava pelos amigos. - Vamos mais para além… Olha, olha… é uma raposa! - Venham. Venham tentar apanhá-la. - É melhor não irmos, – disse a Maria receosa, – estamos a afastar-nos muito. - Anda lá, medricas! Temos os cães. Não nos vai acontecer nada. Está visto!... A caça à raposa afastou os seis que se embrenharam cada vez mais na mata.

-

Anda, vá! Vai agora por ali… – Exclamou Simão.

- Estou quase a apanhá-la. – Retorquiu o Joel, quando…. - Aaaaaaaaaaaaaiiiiiiiiiiiiiiiiiii!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

CATRAPUM!!!

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- Joel?! – Ainda gritou Maria. - CuidaaaaAAiiiii!!!! O terreno era incerto e sem se aperceberem, Joel e Maria caíram numa gruta.

- Joel! Maria! – Gritaram preocupados, os outros. - Ai! - Estão bem? – Perguntou o Simão já debruçado sobre a escura e funda caverna. - Tirando o susto… sim. – Respondeu Joel. - Acho que ainda estou inteira. Disse a Maria queixosa e com as lágrimas a dançarem nos olhos. - Não se preocupem. Vamos buscar ajuda para vos tirar daí. - E vamos ficar aqui sozinhos, Simão? – Perguntou assustada a Maria, já quase a chorar.

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- Não

chores, Maria – sossegou-a Beatriz – vamos pedir ajuda. Além disso o Bobi

fica aqui de guarda. Os pais bem tinham avisado. Voltar para trás seria impossível. Nenhum dos dois se lembrava do caminho. Agora, a solução era tentar chegar às casas que se viam lá ao longe, com as chaminés a fumegar, antes de anoitecer. Maria estava desesperada. O Joel tentava esconder o seu medo. E o Bobi parecia uma sentinela disposto a dar a vida pelos companheiros.

- Enquanto caminhavam em direcção à luz das janelas que vislumbravam, Beatriz e Simão pensavam no quentinho da lareira da noite anterior e tentavam convencer-se de que não tinham medo. No ruído dos seus passos pensavam para si: - São só sombras dos pinheiros. Não há lobos por aqui. Só queria a minha mãe… 10


Depois de caminharem um pouco mais, o Piruças começou a ladrar… Para grande alegria dos dois amigos, era um Guarda-florestal que passava em patrulha. – Sr. Guarda, Sr. Guarda …. – gritaram a Beatriz e o Simão – por favor ajude-nos.

O Guarda António, que andava à procura dos miúdos à bastante tempo, suspirou de alívio e exclamou: – Meninos, que grande sorte! - e sem lhes dar tempo de responder, perguntou: – Onde estão os outros dois? Os vossos pais estão desesperados por notícias vossas. Surpreendidos por o Guarda parecer andar já à sua procura gritaram: – Venha depressa Sr. Guarda, temos de salvar o Joel e a Maria que caíram numa caverna – disseram ofegantes os pequenos. 11


O Guarda António acalmou o Simão e a Beatriz, explicando que os pais estavam na sua casa, onde foram comunicar que eles tinham desaparecido. Depois, foi com eles e o Piruças salvar o Joel e a Maria.

Quando chegaram à caverna encontraram o Bobi muito agitado e a rosnar. Preocupados, tentaram encontrar o motivo daquela agitação … Mais à frente conseguiram ver, por detrás de uns arbustos, uma raposa a espreitar.

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O Simão exclamou – Olha, afinal a raposa que nós queríamos caçar está agora a observar-nos!

Depois de conseguir tirar o Joel e a Maria da caverna, com a ajuda de uma corda, o Guarda António levou-os a todos no seu jipe até à sua casa, onde os pais dos meninos aguardavam muito preocupados. Quando chegaram, desalinhados, sujos, com frio e fome, ficaram à espera do raspanete dos pais…

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Para seu espanto estes correram para os abraçar enquanto diziam: - Que grande susto nos pregaram! Não voltem a fazer uma coisa destas. É muito perigoso afastarem-se assim de nós! – e de seguida perguntaram – Têm fome? Frio? – ao que logo responderam – Siiiiiiiiiim!!!!!

O Guarda António convidou-os a todos para passarem ali a noite. Enquanto comiam e se aqueciam à lareira, contaram aos pais as suas aventuras. Depois, muito cansados, adormeceram num sono profundo … tão profundo que nem ouviram o Guarda António propor aos pais uma visita guiada aos tesouros naturais do Parque Natural da Serra da Estrela. 14


Quando já todos dormiam, o Joel acordou com um barulho muito estranho, escutou tr…tr…tr…r…r…, ficou muito assustado, e foi acordar o Simão. - Simão, Simão, ouve! – este muito ensonado põe-se a escutar, tr…tr…tr…r…r…

- O que será? Vamos espreitar? - Saltam da cama e vão à janela. - Que noite tão bonita! – diz o Joel. - Olha como a Lua ilumina tudo!! – Mas… que barulho mais estranho, parece que raspa uma parede ou uma porta!!!

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Nisto o Sr. António que também tinha ouvido, acende uma luz da rua e qual não foi o espanto dos miúdos!... - Olha, são dois cães!, eles vão a fugir. – disse o Joel. Mas o Simão cheio de medo exclama: - Não…, parecem lobos. Hum… será que são lobos?! - Não dá para ver, eles já vão longe e ficou tudo muito escuro. Bem, vamos mas é dormir.

E assim aconteceu e lá dormiram. Na manhã seguinte os pais foram acordar as crianças. - Bom dia meninos – disse o pai do Joel, - levantem-se da caminha porque já é dia e temos uma longa caminhada para fazer, o Sr. António vai-nos levar a conhecer os Tesouros da Serra da Estrela. 16


Quando eles ouviram o que iam fazer nesse dia disseram os quatro ao mesmo tempo. - Boa ideia! Quero ir…Quero ir. Levantaram-se rapidamente dando um salto da cama. Cada um foi à casa de banho, lavar-se, vestir-se e seguida tomar o Pequeno-almoço que o Sr. António tinha preparado para todos. - Vistam os casacos, ponham as luvas, os gorros e os cachecóis – aconselhou o Sr. António. Entraram todos no jipe, também o Bobi e o Piruças. Subiram um pouco a Serra e o Sr. António ia explicando por onde passavam, enquanto as crianças brincavam e faziam miminhos aos seus cães. - Que bela paisagem amigos, olhem para o lado direito – disse o Simão.

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E realmente era fantástico, tão fantástico que se puseram a tirar fotografias para mostrar à família e amigos. Mas… de repente, havia uma claridade estranha e ao mesmo tempo misteriosa. O Sr. António parou o jipe, e todos com ar de espanto e olhos arregalados, viram aquele brilho que parecia mágico. Bobi e Piruças, bastante agitados, saltaram do carro e correram feito loucos em direcção à luz, sendo rapidamente seguidos pelas crianças que gritavam: - Piruças, Bobi!!, parem quietos, voltem já para aqui!... - Vamos!!... fiquem aqui quietos!... Mas de nada valia!... Cada vez corriam mais e o Joel, o Simão , a Beatriz e a Maria, tentavam alcançá-los. De repente…Plim… atravessaram a luz e esta desapareceu, bem como as crianças e os cães!! Meu Deus…, era terrível e ao mesmo tempo assustador. Os adultos estavam assombrados… Entretanto as crianças deram conta que estavam num sítio muito antigo e maravilhoso. Era tudo tão..tão…diferente… Onde estariam???? A Maria de repente gritou: - Olhem… olhem bem, não é um Dinossauro????

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- Pois ééééééé! – gritaram todos em coro. Mas assustado e ao mesmo tempo fascinado, pergunta o Simão: - Como é possível?! E os nossos pais, onde ficaram? O Joel depois de recomposto do susto e de observar o que os rodeava e de muito pensar, pareceu-lhe ter uma explicação para o que estava a acontecer, baseado num livro que tinha lido. Então, tentou explicar aos companheiros de viagem, que talvez aquela claridade estranha, que tinham visto, fosse a ―boca‖ da máquina do tempo e que eles agora encontravam-se num Vale Encantado na Era dos Dinossauros. A Maria e a Beatriz choramingavam cheias de medo. Eis quando viram aproximar-se um Dinossauro Voador. Qual não foi o espanto de todos quando este lhes perguntou: - Quem são vocês? O que fazem aqui? - Tu falas? – perguntaram as crianças em coro. Onde nós estamos? - Estão na Dinolândia. Querem fazer uma visita guiada? – ofereceu-se prontamente o Dinossauro. - Sim, sim … - aceitaram as crianças com euforia. - Subam! Apesar de estarmos num Vale Encantado existem por aí muitos perigos!.. – disse o dinossauro voador. Os quatro amigos subiram para as costas do dinossauro e começaram uma magnífica viagem. Enquanto sobrevoavam o Vale viam enormes florestas e lagos, vários animais que nunca tinham visto e ao fundo um vulcão em erupção. - Uauuuuuu!..Isto é espectacular! – disseram todos ao mesmo tempo. O Dinossauro Voador sorriu e perguntou – lhes:

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- Estão com fome? Eu conheço um sítio onde existem frutos silvestres deliciosos! Querem ir até lá? - Sim queremos! – responderam os amigos em coro e o Bobi e o Piruças começaram a ladrar e a abanar a cauda. Quando lá chegaram começaram logo a comer. Entretanto, sentiram o chão a tremer e olharam em volta assustados… Aproximava-se um enorme dinossauro com um ar furioso…

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Furioso, o dinossauro T. Rex, rugiu de forma terrivelmente assustadora e o grupo de amigos desatou a correr largando aqueles deliciosos e suculentos frutos silvestres. Apavorada a Beatriz gritou: - Vamos sair daqui! Aflitos, aos tropeções e aos rebolões correram ao encontro da luz que os fez regressar à Serra da Estrela onde os aguardavam os seus pais que lhes perguntaram: - O que é que vos aconteceu? -Estivemos na Dinolândia. - O quê? - Di-no-lân-di-a! Os pais, habituados às fantasias dos filhos, não deram importância e resolveram continuar a explorar os tesouros da Serra da Estrela. Cansados e como se aproximava a hora do lanche, resolveram fazer um piquenique junto à nascente do rio Alva. O Simão exclamou. - O que é isto a borbulhar? - Isto é o rio Alva a nascer. Disse o senhor António. - É o rio que passa na minha aldeia! - Eeeeehhhhhhh! Tem que percorrer muito até lá chegar! Disse o Simão. - Mas … certamente beija lindas paisagens durante o seu percurso! Terminado o lanche o grupo de amigos ajudou a mãe a arrumar o cesto e verificaram se o local ficava limpo, recolhendo alguns restos de lixo. Enquanto os pais arrumavam os cestos no carro o Joel e a Maria perguntaram: - Podemos ir dar uma volta por aí? - Não! Diz a mãe. -Sim, claro que sim. Deixa lá ir as crianças. - Boa, ―bora lá‖! Gritaram os amigos em coro. O Simão e a Beatriz aproveitaram a boleia e também foram. Alguns metros dali ouviram um grunhido muito aflito. Aceleraram o passo para descobrir o que seria. Qual não foi o seu espanto quando viram um pequeno animal pendurado numa armadilha. - Que animal é aquele?

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- É uma raposa!? - Não, é um… …….. esquilo!!

Os amigos olhando uns para os outros decidiram ir salvá-lo. Ficaram então sem saber como o fazer. A Maria deu a ideia de irem buscar uma faca ao cesto do lanche. Quando finalmente o soltaram aperceberam-se que ele estava cheio de fome e que queria ir para junto dos seus papás. Para resolver o problema os amigos decidiram levar o esquilinho ao guarda florestal. Só que o malandro escapou-se e trepou por um grosso pinheiro. O Joel lembrou-se que talvez com umas bolotas resolveriam a situação, e assim aconteceu, ao cheiro delas o esquilinho desceu o pinheiro.

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Quando o Sr. António pegou no esquilinho ao colo percebeu que este tinha uma patinha ferida.

- Olhaaaaaaa! Tanto sangue, temos que o levar ao veterinário! - Pois é meus queridos, mas nós aqui não temos veterinário, têm que ser vocês a fazer o curativo ao nosso novo amigo, disse o Sr. António. A Maria preocupada adiantou: - E como é que nós o vamos curar?

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O Joel lembrou-se que no jeep tinham uma caixa de primeiros socorros.

- Bolas!! -disse a Maria- a caixa está vazia! - O que vale é que conheço uma planta medicinal que vai conseguir cicatrizar esta ferida -descansou-os o Sr. António. Estando a fazer-se tarde resolveram voltar para casa e… milagre dos milagres, não é que apareceram os papás do esquilo?!

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Ao chegarem a casa, que desastre!! O Simão não estava com eles…

De repente ouviram uma voz ofegante: socorrooooo!!! E depararam-se com o desgraçado do Simão atrelado à roda suplente do jeep, esbracejando freneticamente. Depois de tanta aventura e agitação, que bem lhes soube o conforto da lareira e o sabor docinho do cacau quente, que o pai com tanto carinho lhes preparara.

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E foi um instante até adormecerem. Crrrrrrrr, crrrrrrrrr, entreabriu-se devagarinho a janela e ………………….

Apareceu um … coelho! Gritaram as crianças enquanto seguravam o Piruças que já ia a saltar para abocanhar o bicho. - Está doente! Eles levaram-no para a caverna e começaram a curar o coelho. Quando o coelho ficou bom, o Simão e a Beatriz perguntaram: - O que se passou coelhinho? - Eu estava na minha toca mas veio uma chuvada e destruiu a minha casa, e, estava a fugir para um lugar alto quando piquei a pata no pico de um ouriço-cacheiro. Não consegui andar mais e fiquei ali à chuva e ao frio. 26


O Simão e a Beatriz ficaram tristes com a situação do bicho e decidiram fazer uma casa nova para o coelho. O animal estava tão magrinho que a Beatriz correu para a mãe e perguntou: - Mãe, preciso de dois quilos de cenouras. - Para quem são? - Perguntou divertida a mãe, já a imaginar qual seria desta vez a maluquice da filha. - São para um coelhinho que está cheio de fome … Por acaso a mãe trazia precisamente dois quilos de cenouras na carteira, pois andava a seguir uma nova dieta e deu-os à filha. A Beatriz e o Simão deram as cenouras ao coelho e despediram-se. – Venhamme visitar quando quiserem – disse o coelho de dentro da sua casa nova.

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- Está bem! - Responderam as crianças enquanto saltavam para dentro do carro do sr. António. Seguiram viagem para norte, mais mato e montanhas com algumas aldeias a quebrar monotonia da paisagem. Desta vez iriam visitar uma E.T.A.R (Estação de Tratamento de Resíduos Sólidos), foi o que o sr. António disse. - Um quê?! Perguntaram as crianças. - É uma estação onde se separa o lixo e se evita a contaminação dos solos e da água – disse a mãe. - Ah! … a reciclagem e a poluição. Nós na escola também separamos o lixo. - É a mesma coisa só que muito maior… já devemos estar a chegar ao local e devemos ter alguém que nos vai fazer uma visita guiada.

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Quando chegaram à E.T.R.S. (Estação de Tratamento de Resíduos Sólidos), a Dª Paula, funcionária do Aterro Sanitário, explicou-lhes como funcionava e para que servia aquele espaço. Entretanto ela convidou os adultos a tomarem um café no bar e as crianças foram brincar para o Parque Infantil que existia na recepção.

- Meninos, não saiam daí! Nós já voltamos. Aproveitem para brincar um pouco… - Está bem! Podem ir descansados…- responderam as crianças em coro. Enquanto a DªPaula, o Sr. António e os pais tomavam café, os cães que estavam junto das crianças afastaram-se correndo eufóricos pela zona. As crianças ao vê-los gritaram: - Bobi! Piruças! Venham cá! 29


Mas os cães, atraídos por uns gemidos, vindos de um enorme buraco, corriam tão velozes como leopardos, sem lhes prestarem atenção. Os garotos intrigados com aquela reacção, abandonaram as suas brincadeiras e perseguiram os seus fiéis amigos. Chegados ao local de onde vinham os estranhos ruídos, a Maria, a Beatriz, o Simão e o Joel, depararam-se com os cachorros, já dentro daquele enorme fosso, escavando freneticamente. Sem hesitar, os quatro amigos saltaram para juntos dos animais. Neste momento…

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- Chiu! Parace-me ouvir algo…- disse o Joel. - Aaiii!... Aaiiii que dor!... Quem me aju…ju…da? - Quem está aí? - interrogou o Simão. - So…so…ou eu, o dinossau…au…ro Rex… - Rex?! O dinossauro voador da Dinolândia?! – exclamou a Beatriz. - Nós vamos ajudar-te - acalmou-o a Maria. Os cães continuaram a escavar até que encontraram o Rex muito ferido. - Vamos pedir ajuda - sugeriu a Beatriz. - Mas como vamos sair daqui? Isto é tão fundo… - perguntou o Joel As crianças ao aperceberem-se que sair dali era uma tarefa impossível, entraram em pânico e começaram a gritar.

O esquilo Zeca, que estava ali por perto, a deliciar-se com uma bolota, ouviu o pedido de socorro e alarmado foi chamar o seu amigo coelho Nico, que se encontrava na toca a dormir uma regalada sesta. - Que barulheira é esta? O que se passa? – questionou o Nico. - Eu ouvi crianças a pedir ajuda. - Onde? 31


- Os gritos vêm do Aterro Sanitário. Bora lá ver o que se passa? – sugeriu o Zeca. Chegados lá, espreitaram para dentro do buraco e qual não foi o seu espanto ao verem os seus amigos Maria, Beatriz, Simão e Joel aflitos para saírem dali. - Ajudem-nos por favor!... Queremos sair daqui! – suplicaram os meninos. Os animais olham um para o outro e o Nico diz: - Tive uma ideia! Vamos buscar o tronco de uma árvore para eles conseguirem trepar. - Achas que só nós os dois conseguimos transportar o tronco?! - Eu chamo os meus primos para nos ajudarem. E após uma forte assobiadela, eis que surgiram vindos de todos os cantos da mata, dezenas de coelhos. Todos juntos, carregaram o tronco e colocaram-no em posição de modo a permitir que os garotos e os cães trepassem até à superfície. Em fila indiana, cachorros e crianças subiram pelo tronco e, aliviados, pisaram terra firme. - Amigos! São vocês?! Obrigado pela vossa ajuda! Entretanto aproximaram-se os pais preocupados com a ausência dos menores. No meio de beijos e abraços perguntaram-lhes o que lhes tinha sucedido. Resumidamente, explicaram o acidente que tinham sofrido. - Lá em baixo está ainda o Rex muito ferido… – informa o Simão. - Mas quem é o Rex? – perguntou o Sr. António. - É o dinossauro voador que conhecemos na Dinolândia!

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Então, o guarda-florestal disse: — Tenho uma ideia genial para tirarmos o Rex daquele buraco horrível. — Diga, diga! Temos que o salvar! Então o guarda apresentou a sua ideia. — Meninos temos que lhe dar uma anestesia para ele adormecer. Depois temos que pedir umas cintas fortes e um camião com uma grua, para o transportarmos para a sua terra. Vou já telefonar aos bombeiros. Enquanto o Senhor António telefonava, o Joel lembrou-se que podiam ir tratando as feridas do Rex.

— Vamos tratar do Rex? — Como, — perguntou a Maria — se nós não temos uma caixa de primeiros socorros? — E se fôssemos pedir à Dª. Paula ? — sugeriu o Simão. A Beatriz dirigiu-se ao escritório da Dª. Paula e regressou com uma caixa de primeiros socorros novinha em folha.

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Em seguida, enquanto esperavam pelos bombeiros, desceram pelo tronco e desinfectaram as feridas do Rex. — Ai que alívio! Obrigado meninos! — exclamou o Rex. Quando os bombeiros chegaram deram-lhe uma anestesia para ele adormecer. Em seguida meteram-lhe as cintas, puxaram com a grua e colocaram-no no camião.

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- E agora? — perguntou o chefe dos bombeiros. - Agora, temos de ir à procura da luz para encontramos a entrada da Dinolândia. — disse o Joel. - Então temos que ir perto da nascente do rio Alva! — disse a Maria . - Isso quer dizer que temos de voltar à Serra da Estrela! — afirmou o Simão. - Então, mãos à obra! — ordenou o chefe dos bombeiros. Falta este texto Os bombeiros entraram no camião, acenderam os pirilampos para avisar os outros carros e arrancaram em direcção à Serra da Estrela, seguidos pelo jipe do Senhor António que os levava a todos. Quando lá chegaram a Beatriz sugeriu que fizessem grupos para ir à procura da entrada da Dinolândia. - Grande ideia! — disseram todos em coro, saindo em varias direcções. De repente desata a nevar com tal intensidade que …

... a Beatriz e o Joel ficaram presos na neve, sem conseguir avançar. A neve já lhes dava pelos joelhos e eles gritavam: - Socorro, socorro, estamos presos. O céu estava a ficar muito escuro e a noite a aproximar-se. Estavam completamente sozinhos. No silêncio da noite a voz deles a chamar por ajuda ecoava. Entretanto os outros conseguiram abrigar-se numa gruta. 35


A Beatriz começou a ficar desesperada com medo e com frio e desatou a chorar, quando de repente ouvem ao longe um barulho... - o que seria? – questionaram-se eles. Era o limpa-neves.

O Joel gritou mais alto ainda e acenava, esperando ser visto. O Sr. Armando, que conduzia o limpa-neves, nem queria acreditar no que estava a ver e correu a ajudá-los antes que congelassem. Pegou em cobertores que trazia sempre consigo e enrolou-os neles. Para beber deu-lhes um pouco de chocolate quente que a sua esposa todos os dias lhe mandava numa garrafa térmica. Entretanto o Manuel , a Maria e o senhor António saíram da gruta para ver se o tempo já tinha melhorado. Quando espreitaram verificaram que podiam continuar a viagem. O Joel e a Beatriz estavam preocupados com os amigos e pediram ajuda ao senhor Armando para os encontrar. . 36


Enquanto percorriam a serra encontraram o Rex, o dinossauro voador, que jรก tinha acordado da anestesia e rebentado as cintas que o prendiam.

Ele juntou-se ao limpa neves para com o seu faro mรกgico encontrar mais rapidamente o outro grupo. Como tinha asas sobrevoou a serra e avistou os meninos perdidos.

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Eles encontravam-se desidratados e muito cansados., mas apesar de tudo ficaram emocionados com o reencontro. Quando chegaram perto do carro dos bombeiros viram uma luz que dava entrada para a Dinolândia. Eles como eram muito curiosos e aventureiros decidiram acompanhar o Rex e atravessar a luz. Quando os meninos entraram, a luz apagou-se e o senhor António que ia para entrar já não conseguiu porque o portal já estava fechado. O senhor António ao ver-se sozinho regressou ao seu quartel , pois sabia que na próxima noite de lua cheia o portal se iria abrir novamente. Na Dinolândia tudo era muito diferente, não havia neve nem pessoas, mas sim muitos dinossauros e muitos brinquedos. Os meninos apressaram-se para ir brincar para junto deles, assim, os dinossauros ficaram muito felizes por terem companhia para as suas brincadeiras.

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No meio dos brinquedos encontraram um pequeno dinossauro à procura do seu brinquedo preferido, uma bola colorida de borracha.

Beatriz vendo o dinossauro muito desanimado e triste ofereceu-se para o ajudar, sugerindo, então, que todos arrumassem os brinquedos nos seus devidos lugares. Desta forma iriam encontrar a bola do pequeno dinossauro. Mesmo depois de terem arrumado todos os brinquedos, a bola não apareceu e ficaram todos muito tristes. Joel teve uma ideia; chamou o Rex e mandou-o procurar a bola utilizando o seu faro mágico. Rex, já tão cansado de procurar, decidiu ir descansar para um lugar que era mágico e encontrou um cavalo voador que tinha como missão, na Dinolândia, procurar tudo o que estava perdido. Juntos percorreram todos os lugares possíveis da Dinolândia e nada encontraram. Nesse momento, Manuel lembrou-se que na noite que passaram o portal, algo lhe tinha tocado no braço, ele na hora não viu nada, mas bem que poderia ter sido a bola colorida do pequeno dinossauro.

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Beatriz ouvindo o seu amigo sugeriu, que na pr贸xima noite de lua cheia, todos os meninos passassem o portal e procurassem a bola. Todos concordaram, mas teriam que levar o seu amigo Rex para os ajudar nas buscas.

Passando o portal, Maria lembrou-se de ir ao quartel, perguntar ao Sr. Ant贸nio, se tinha visto a bola, este respondeu-lhe, que no momento em que eles entraram na Dinol芒ndia, uma bola colorida de borracha lhe caiu aos p茅s.

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Entretanto, o dinossauro Rex que tinha ficado no jardim , porque não conseguia passar pela porta do quartel devido ao seu tamanho, começou a ficar impaciente com a demora dos amigos. Ele sentava-se, levantava-se, andava em volta do quartel, voltava a sentar-se…

Nisto ao longe, avistou uma bola que piscava muito. Pensou que tinha encontrado o brinquedo do seu amigo. Correu na sua direcção, esquecendo-se que não podia andar sozinho pela rua. As pessoas conforme ele ia passando, ficavam muito admiradas por ver ali aquele animal. 41


Umas fugiam com medo, outras tiravam fotografias, outras ficavam paralisadas a olhar... Uma criança ficou de olhos arregalados a olhar para o seu herói preferido. Pensou que ele tinha saído do filme que repetidamente via. Foi atrás dele , com muito entusiasmo, esquecendo-se da mãe. Chamava o dinossauro, mas ele nem ligava. O Rex cor-ria, corria em direcção da bola colorida.

A criança cansada , desistiu de correr pois não conseguia alcançar o seu herói. Voltou para junto da mãe, que ainda nem tinha dado conta do sumiço do filho, pois conversava animadamente com um grupo de amigas. Quando ele lhe disse que tinha visto um dinossauro, ela não acreditou, dizendo que ele tinha uma imaginação muito fértil.

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No quartel, tiveram uma grande surpresa. A bola colorida de borracha já não se encontrava dentro do baú. O Sr. António revirou o baú todo. Tirou fardas velhas, chapéus, mochilas. E nada. A bola tinha sumido como que por magia. Muito intrigado, o Sr. António, ficou desconfiado que alguém lhe tinha roubado a bola. Mas como seria possível se só ele tinha a chave do baú? Chamou os seus colegas do quartel e perguntou-lhes se alguém tinha mexido no baú. Ninguém tinha visto a bola. Mas como teria a bola sumido de um baú fechado? No outro lado da cidade, o dinossauro chegou finalmente à bola que piscava intermitentemente. Ficou espantado ao ver a gigantesca bola que estava à sua frente.

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Entretanto os quatro continuaram intrigados com o desaparecimento da bola. De repente, o Sr. António lembrou-se que, precisamente no último fim-de-semana o seu neto tinha brincado no sótão. Foi então perguntar à D. Fátima se ele teria mexido no baú. Ela confirmou que tinha ajudado o menino a procurar um velho tractor e que, de dentro do baú saltara uma pequena bola que ao sair pela janela se transformou numa esfera cintilante e desapareceu no horizonte. Muito surpreendidas, as crianças foram à procura do dinossauro mas já não o encontraram à porta do quartel. Os pais dos miúdos tinham chegado porque se aproximava a hora de jantar. A gastronomia daquela região era bastante apetecível e por isso decidiram pedir a uma opinião ao Sr. António que lhes sugeriu o restaurante «Sabores do Pão».

Quando chegaram ao restaurante ficaram maravilhados com tantas variedades de pão acompanhado com de queijo, enchidos, presunto e tantas outras iguarias que parecia impossível saboreá-las todas. 44


No fim de jantar, os pais ficaram na conversa, enquanto os meninos no jardim do restaurante observavam as estrelas. Naquele momento a os amigos avistaram no cume da montanha uma luz e a saltitar atrás dela surgiu o Rex muito animado.

A noite estava fria e a Lua resplandecia no céu. De repente uma imensa claridade atraiu a bola e o dinossauro correndo atrás dela regressou à Dinolândia. 45


O Joel, o SimĂŁo, a Beatriz e a Maria ficaram muito contente porque o seu amiguinho tinha regressado ao seu paĂ­s.

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Entretanto os pais saíram do restaurante e chamaram os filhos: - Maria, Beatriz, Joel, Simão, vamos para casa porque a noite está fria e já é muito tarde.

- Esperem um pouco. Nós só vamos buscar o Piruças e o Bobi, que estão no canil do restaurante. Ao subirem a encosta da Serra da Estrela para se dirigirem para o hotel, sentiam-se um pouco tristes, porque no dia seguinte, seria o último dia daquelas maravilhosas férias de Natal.

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Com as caras pegadas aos vidros da carrinha olhavam com melancolia o extenso manto branco que cobria os montes das bermas da estrada, quando avistaram os seus amigos; o esquilo e o coelho, que lhes diziam adeus acenando, com as suas peludas patinhas.

Quando chegaram ao hotel os pais disseram-lhes: - Vão lavar os dentes, vestir o pijama, e, cama. - Ó mãe, podemos ler um livro sobre dinossauros? – Perguntou a Maria. - Sim, podem ler, mas só até às vinte e duas horas. Como só havia um livro, decidiram que cada um deles leria uma página em voz alta. O primeiro a começar seria o Joel. - Era uma vez um dinossauro chamado… 48


- Que soneira – disse a Maria, abrindo a boca. Quando o Joel acabou de ler a primeira página do livro, olhou em redor, ficando admirado porque os amigos já tinham adormecido, sentados no sofá. Ele arrumou o livro, chamou pelos companheiros e foram todos para os seus quartos dormir.

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Na manhã seguinte, os pais foram acordar o Simão, a Beatriz, a Maria e o Joel e disseram – lhes: - Meninos hoje é o dia de regressar a casa, estão a acabar as férias de Natal. - Não me apetecia nada. - Disse o Simão. - Meninos arranjem-se e vamos tomar o pequeno-almoço para depois fazermos as malas. - Está bem mãe. - Disse o Joel. Todos juntos tomaram o pequeno-almoço e arrumaram as malas no carro. Já estavam todos dentro do carro e a Beatriz lembrou – se.

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- Não nos despedimos do Senhor António. - Está bem, vamo – nos despedir dele. - Disseram os pais. Chegaram ao quartel e andaram à procura do Senhor António. Quando o encontraram disseram – lhe que as férias de Natal estavam a acabar e tinham de regressar a casa. Despediram – se dele e todos iam ter saudades dele e disseram que iriam voltar. Depois partiram de regresso a casa. Pelo caminho pensaram e conversaram sobre as suas aventuras na Serra da Estrela e como o Senhor António tinha sido gentil e amigo. Chegaram a casa e no dia seguinte era dia de ir para a escola. Tinham muitas aventuras para contar aos seus amigos…

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