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TEMPO DE FLORES

As flores têm significados e é por isso que gostamos de usá-las em nos rituais da Wica. A Deusa da Lua e das Estrelas é também a Senhora das Flores e da Fertilidade. Para Beltane, há flores que são especiais para as celebrações em significado, ou tradição. Um exemplo é Cowslip, Primula veris, que está associado à adivinhação. Assim como a flor de laranjeira que contêm o simbolismo de pureza e da própria realeza. Um dos costumes mais antigos é fazer uma bola de flores de prímula que era jogada no ar. Seria apanhado, ou largado, à medida que caísse na Terra e durante o processo os nomes de várias ocupações eram falados sucessivamente. Quando a bola de prímula se quebrava, acreditava-se que isso indicava qual profissão o participante alcançaria (Grimassi, 2001). Maio, no hemisfério Norte, é um mês agradável e com bom clima, assim muito propício para festividades e celebrações de casamentos e batizados.

Buque de Noiva , com flores de laranjeira "A laranja é, como todas as frutas de numerosos caroços, um símbolo de fecundidade (nosso melhor exemplo também é a romã). No Vietnã, davam-se outrora laranjas aos jovens casais. Na China antiga, provavelmente, pela mesma razão, a oferenda de laranjas às moças significava um pedido de casamento. " (D.deS.)

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Beltane foi também um festival celta realizado no dia 1º de Maio. Era uma festa alegre, feita no bosque, em que as mulheres usavam coroas de flores e todos dançavam. Na forma de coroas, as guirlandas com folhas, frutos, flores, ervas, etc. adquirem um simbolismo místico solene de honraria e destaque que poderia ser comparado a uma Divindade e a um herói. Especialmente as guirlandas com flores eram usadas em festejos como adornos onde de pessoas e até estátuas poderiam ser enfeitadas na Grécia e Roma. Era bastante comum o uso destas flores em procissões na forma de colares ou guirlandas na cabeça. Malvas, Papoulas e Açafrões (símbolo de fertilidade) na forma de guirlandas também eram usadas para ajudar o nascimento para uma nova vida, ou de um renascimento como visto em cortejos fúnebres e mortuários. Um ponto importante, a flor é um estágio da planta de transição/passagem para o fruto. Desta forma as flores também foram vistas como um símbolo de renascimento, de passagem para um novo estágio da vida, casamento e fertilidade.

A Rosa tem como símbolo o Renascimento. Famosa por sua beleza, sua forma e seu perfume, a rosa é a flor simbólica mais empregada no Ocidente. Corresponde, no conjunto, ao que o Lótus é na Ásia, um e outro estando muito próximos do símbolo da roda de vida, morte e renascimento. O aspecto mais geral deste simbolismo floral é o da manifestação, oriunda das água primordiais, sobre as quais se eleva e desabrocha. Esse aspecto não é, aliás, estranho à Índia, onde a rosa cósmica Triparasundari serve de referência à beleza da Mãe divina. Designa uma perfeição acabada, uma realização sem defeito. Ela simboliza a taça de vida, a alma, o coração, o amor. Pode-se contemplá-la como uma mandala se considerá-la um centro místico. Uma Força da Natureza entre os Romanos, Flora é a deusa que desencadeava a floração das árvores na primavera, e era assim uma divindade da primavera, como ciclo vegetativo de renovação, de tudo o que floresce, dos cereais, das flores, dos jardins e das árvores. Por outras palavras, Flora era a deusa da fecundidade, a própria rosa, a natureza em estado de flor, cultuada durante toda a primavera e também no verão. A rosa tem sido considerada como um símbolo da alma, porque ela, em si mesma, em seu estado natural, é uma flor simples, sem aroma, sem maior beleza; é uma das tantas flores que a natureza produz espontaneamente, mas que foi levada à perfeição como arte, que a caracteriza atualmente graças ao trabalho cuidadoso do jardineiro.

Não há planta ou flor que esteja tão ligada à ideia de amor quanto a rosa. Geralmente oferecemos rosas para expressar nossas mais profundas afeições – elas são as flores preferidas para exprimir o amor.

O mundo foi criado para o amor: disso dão testemunho as rosas e os rouxinóis. (Hafiz).

Mitologicamente, a rosa é a flor consagrada às deusas grega e romana do amor (Afrodite e Vênus). Para os gregos, Afrodite nascera das espumas do mar e estas teriam tomado a forma de uma rosa, na cor branca. Eis a razão pela qual a rosa branca expressa a pureza e a inocência. Segundo a tradição helênica, a cor vermelha surgiu quando Adônis se achava envolto pelo manto negro da morte e Afrodite ao sair em seu auxílio picarase nos espinhos das rosas a ela consagradas, tingindo-as com seu sangue. Assim, a rosa vermelha passou a simbolizar o sangue, a carne, a regeneração, a paixão no seu apogeu e, desde a antiguidade são depositadas também nos túmulos, cuja cerimônia específica ficou conhecida como “Rosália” . A simbologia da flor é das mais antigas e profundas de toda a humanidade. Simboliza a beleza, a perfeição, o amor, a glória e a alegria, mas também a entrega a Deus, a evolução espiritual e a própria alma.

Fotografia Coven Caldeirão de Cerridwen

O GRANDE RITO

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O Grande Rito deve ser uma experiência suprema da Religião, vivência o êxtase Divino com a própria Divindade. A Wica é uma Religião da Natureza e que segue os seus fluxos, portanto, negar o Sexo é negar seus fundamentos. A União das Polaridades está presente em tudo ao nosso redor., estando então toda a conformidade com a natureza Divina. Geralmente quando o temas sobre magia sexual, sempre deparamos com indicações da junção dos polos negativo e positivo, alimentados por certa exaltação mística.

O Grande Rito é o casamento do masculino com o feminino, do Deus com a Deus, e é considerado um ato sagrado no qual a polaridade do gênero do Iniciado é unida com seu oposto. Em épocas antigas isto era chamado Hieros Gamos, o Casamento Divino. Na Grécia antiga o casamento sagrado era celebrado para marcar o matrimônio de Zeus e de Hera, e mais tarde, muitas seitas de Mistérios incorporaram o ritual do casamento da divindade. Hieros Gamos (grego ιερός γάμος, "casamento sagrado"), ou Hierogamia, refere-se ao acoplamento de deuses e deusas ou representantes da terra, muitas vezes tendo um significado relacionado à fertilidade e geralmente realizado durante a primavera e verão. Também pode se referir à união primordial dos princípios masculino e feminino na divindade. O ser humano era considerado parte indivisível de um complexo sistema, e a celebração do “Casamento Sagrado” , ou Hieros Gamos, presente em textos mesopotâmicos, narravam a conjuração carnal do Rei com a Deusa Ishtar, tornou-se uma prática muito difundida na sociedade antiga. O fato é que existem Ritos Sexuais na Wica, isso porque se trata de uma religião que prega a fertilidade essencial para existência da própria vida, e toda forma de criação.

"A Wica é uma Religião centrada nos Gêneros de Polaridades Opostas e Complementares – o Deus e a Deusa; o Homem e a Mulher; o macho e a fêmea; o positivo e o negativo; o Sol e a Lua –e é através de sua união que todas as coisas de originam. Uma Religião de Fertilidade e da Natureza que, naturalmente, cultua o Sexo como sagrado porque ele é uma Dádiva Divina. Cultuar o Sexo é cultuar a Vida. ” O ato da criatividade contínua é expresso em padrões de atividade sexual, que é percebida como repleta de um sentimento de amor completamente transcendente. Assim com no Trantra, que é uma das tradições e caminhos de descoberta da "iluminação" que se também se baseiam no princípio sexual. A existência do mundo é considerada o nascimento contínuo da yoni (vulva) - o princípio feminino, que é o resultado da infusão contínua do sêmen masculino através do prazer sexual. Na Wica, Wicca ou Witchcraft, não apenas seus ritos centrais são sexuais, mas todo comportamento é um cruzamento sexual de tabus e fronteiras. Nas religiões é sempre é dito que "o Amor é a única lei universal" , e entre esses escritos são sempre acompanhados de costumes nupciais ou liturgias expressas em sua "estrutura mágica" , na religião dos Wicas não é diferente, em vista que estão pre-

sentes em seus textos litúrgicos específicos. O corpo é a nossa melhor e maior ferramenta nos trabalhos mágicos, e é através dele que aprendemos a gerar e manipular Energia (o Poder). Se os Deuses nos deram essa capacidade, essa benção, não deveríamos negar. Paschal Beverly Randolph comentou em seu livro “Magia Sexual”: "A mais poderosa força da Natureza é o Sexo. " “A união sexual deve ser considerada como um sacramento. ” “O ato sexual perfeito eleva a união do homem e da mulher a todos os níveis de seus seres e suas energias aumentam de forma extraordinária. ” Em “A Arte da Magia Sexual” , Margo Anand comentou: “Provavelmente você já sabe que o sexo pode ser uma experiência mágica, mas talvez você não saiba que a Magia pode ser uma experiência sexual. É verdade: a Magia que é impregnada do poder orgiástico gerado pelo Amor Sexual adquire uma intensidade e potência inigualadas por qualquer outro método. Quando você adquire domínio sobre a Arte da Magia Sexual, você adquire domínio sobre a forma mais poderosa de Magia que existe. ” Podemos afirmar que na Wica o culto de Sexo e Morte estão presentes inegavelmente, no infinito Ciclo de Vida, Morte e Renascimento na Natureza. Assim, é comum identificar os Ritos

Sexuais na Wica por se tratar de uma Religião de Fertilidade e Polaridades. Lamond, iniciado "Gardneriano" no coven Bricket Wood em 1957, disse: "Ritual com intercurso sexual no Círculo - não necessáriamente diante dos outros membros do Coven - supõe-se jogar um grande papel na Elevação de 3°Grau, que permite à recém Elevada Alta Sacerdotisa, sair e formar seu próprio Coven. Se ela transcendeu seu ego e se identificou totalmente com a Deusa, ela deveria estar apta para celebrar o Casamento Sagrado com qualquer Sacerdote Wiccano que tivesse também transcendido seu ego e se identificado totalmente com o Deus de Chifres. A Wica é uma religião duoteísta, está centrada no culto da Deusa da Lua e do Deus de Chifres, e isso quer dizer existem DUAS Divindades supremas centrado nos gêneros das polaridades. A Alta Sacerdotisa Viviane Crowley, em seu livro "Wicca: The Old Religion in the New Age" comenta também sobre o grande rito: "O objetivo do Rito (o Grande Rito) envolve a ligação do macho e da fêmea, do Deus e da Deusa. O simbolismo interno é a união do Iniciado com a Anima e Animus. O Casamento Sagrado é aparentemente o casamento de duas pessoas, mas interiormente ele é um casamento de dois em uma pessoa. " O Casal que representa o GRANDE RITO está oferecendo a si mesmo, com reverência e alegria, como expressões dos aspectos de Deus e Deusa da Fonte Suprema. 'Como é acima, é abaixo. ' Eles estão fazendo de si próprios, no máximo de suas capacidades, canais para aquela Polaridade Divina em todos os níveis, do físico

ao espiritual. Esta é a razão de chamar-se o Grande Rito" . Hoje em dia, infelizmente, o Grande Rito e qualquer tipo de Magia Sexual ainda são vistos como um tabu (significado de tabu: "São situações ou fatos rejeitados ou discriminados por parte da sociedade"). Todo o Fundamento da Wica é o da união das Polaridades para realizar a Criação, dentro dos padrões estabelecidos da Teologia e da cosmologia da tradição. O foco do ritual do Grande Rito é a união e integração do eu interior, mas ele é a expressão física e mágica da união das energias polares. É a abertura do portal do ventre da Deusa, pelo qual o "Eu" poderá renascer – e nós todos nascemos da união sexual. O sexo é divino, e a energia primal do sexo tem em si o reflexo da Deusa e do Deus, unidos eternamente em um abraço de amor sexual. Existem covens que realizam o Grande Rito de forma simbólica, pela colocação de uma lâmina sagrada em um cálice, por inúmeros motivos, entretanto deixam muitas duvidas do qual certo seria o real motivo de não realizar o ritual conforme é exigido. Gerald Gardner, elevou algumas de suas Altas Sacerdotisas, ao 3°Grau, realizando o Grande Rito simbólico, talvez devido a idade avançada e estar com uma saúde

frágil, mas com a condição de que elas procurassem um bom parceiro (uma pessoa apropriada) que o iniciassem e que realizassem o Grande Rito real, como deveria ser, na primeira e mais rápida oportunidade. O Grande Rito é tencionado a ser uma união espiritual e a passagem da natureza divina da Deusa e do Deus dentro dos participantes, e também por isso a confiança mútua e amor são pedras fundamentais na Wica / Bruxaria.

É importante ressaltar que os rituais, de um modo geral, devem ser realizados com certa seriedade, onde absolutamente ninguém deve ser forçado a fazer nada que não queiram, não existem qualquer trocas de favores ou pagamentos financeiros, não se trata de uma festa e nem um "oba-oba" . O coven deve ser coeso, e por isso os novos adeptos são observados e escolhidos por uma "seleção" onde se trabalha com confiança, honestidade e responsabilidade. Wica segue os gêneros de polaridade naturais, onde o macho é ativo/penetrante e a fêmea é passiva/receptiva. O maior Mistério da religião, o Grande Rito, é uma representação real da união entre macho e fêmea.

OAK, ASH E THORN

O Sacerdote e a Sacerdotisa conduzem o Coven em uma dança até o Mastro em Beltane. Cada um dos integrantes do Coven apanha uma fita e dança com ela ao redor do Mastro, entrelaçando-se com os demais. Isso continua até que todas as fitas estejam totalmente entrelaçadas ao redor do Mastro, simbolizando a União do Macho e da Fêmea; a junção de tudo. "O Livro Completo de Bruxaria (Raymond Buckland). Uma canção adequada é encontrada no Livro de Gardner. É a versão de Gerald Gardner para um poema de Rudyard Kipling: "Oh, não vá contar nossa Arte aos Padres Pois eles dirão que é pecado. Mas todos estaremos nos bosques esta noite Enquanto o Verão é conjurado. E trazemos boas notícias, de boca em boca Para mulheres, grão e gado. Agora o sol vem subindo do sul Com Carvalho e o Freixo e o Espinheiro Sagrado.

Sobre isso, o Casal Farrar também comenta em "Oito Sabás para Bruxas": "Oh, não contai ao Padre da nossa Arte, Ou ele de pecado a estará chamando; Mas estaremos nos bosques toda a noite, Do Verão a vinda invocando! E nós, de boca, novas vos estamos trazendo Para as mulheres, o gado e o cereal Agora está o Sol do Sul aparecendo Com Carvalho, e Freixo e Espinheiro como tal!"

Havia uma crença de que os deuses habitavam em árvores era generalizada, ou também era uma crença de que o espírito da vegetação residido em certos tipos de árvores, especialmente no carvalho, freixo e espinheiro. "É uma tríade de poder na sabedoria Celta, formando uma trilogia mágica na Tradição das fadas. É uma antiga crença de que as fadas podem ser vistas e interagir com os mortais no lugar em que essas árvores cresçam juntas. Os Druidas acreditavam que o Carvalho possuía a energia masculina e o Espinheiro continha a energia feminina. O Freixo equilibrava e focalizava estas Polaridades e permitia que as suas energias mágicas fossem prontamente arremessadas e direcionadas.

Na Wica e na Bruxaria moderna a frase "Pelo Carvalho, pelo Freixo e pelo Espinheiro" tornou-se um ritual de benção e também é usado no lançamento de feitiços para assegurar a carga de poder. " - Grimassi O carvalho é, sem dúvida, uma das árvores consideradas sagradas pela maior parte das civilizações antigas europeias, destacando-se, de entre elas, os celtas e os vikings. Uma árvore que chega a viver mais de 1000 anos, o carvalho representava o poder, a sabedoria, a força e a resistência, ela alcança os céus graças à sua altura (chega a 40 metros), resistindo às mais duras intempéries. O Freixo era, para os Celtas, a Árvore associada à Renovação e à Ressurreição. Os Druidas consideravam esta árvore a fonte da cura e a protetora das crianças. Na mitologia nórdica o freixo conhecido como Yggdrasil também é conhecida como a Árvore do Mundo. É a árvore do universo, do tempo e da vida. O espinheiro, é conhecido também como pilriteiro, arbusto de maio, flor de maio, ou árvore de Maio. Na Irlanda, o pilriteiro (espinho branco) é uma árvore profundamente mágica. É a árvore da sexualidade e da fertilidade e é a flor clássica para decorar um mastro. Na Grécia antiga, em casamento os casais usavam coroas feitas deste espinheiro. AS três árvores no coração do Celtic Tree Alphabet, a Faery Triad, 'Oak, Ash e Thorn' . Carvalho, freixo e espinheiro.

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