Revista GBC Brasil #1

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água

LIVROS. Segurança da água O químico Marcos Bensoussan, sócio da consultoria em sustentabilidade Setri, que avalia o risco e planeja a segurança da água, além de analisar o ar de ambientes internos, lança o e-book Legionella Na Visão de Especialista e alerta que esta bactéria mata cinco mil pessoas por ano no Brasil, mais que a AIDS. “Pode não ter legislação específica para ela, porém a falta de cuidado implica em infração à lei ambiental, o que pode acarretar penalidades de um a cinco anos. As vítimas podem ser ainda mais, pois muitos adoecem por conta dela, mas não sabem: não é uma doença notificada.” A Legionella provoca doença respiratória com febre alta e problema nos pulmões, que os médicos no geral acusam como virose, além de pneumonia e ser muito agressiva, porém mulheres são mais resistentes e pessoas com mais de 40 anos mais suscetíveis. Ela só pode contaminar por pulverização e spray. “No chuveiro, maquininha do dentista, fonte decorativa, ventilador de balada que espirra água e máquinas que refrescam frequentadores de parques, por isso é mais perigoso se contaminar em ambientes urbanos que rurais”. Bensoussan trabalha com água há 37 anos, só com Legionella há mais de 15. Em abril do ano passado organizou o 1º seminário internacional sobre este tema, no qual o GBC participou e contou com ONGs e organizações governamentais. Em agosto, o consultor deu palestra em Portugal, viu que tinha carência de informações sobre este problema e lá mesmo deram a ideia desta publicação com outros especialistas: há artigos em espanhol, inglês e português lusitano. “Nos Estados Unidos morre ainda mais gente, pois há mais centros urbanos”. Biólogos, médicos e advogados deram suas visões sobre esta questão e o download é gratuito. A própria Setri montou e diagramou. “É o 1º e-book que reuniu vários especialistas em uma única obra e foi lançado em Washington”. As áreas de turismo e hospitalar são as que mais podem ter contaminações. “Na rua, um prédio com resfriamento pingando nos pedestres pode adoecer estas pessoas”. É possível ler o material em Mac, Windows, tablet e celular e a Anvisa apresenta o livro digital. Para o especialista, prédio sustentável é diferente dos que tem somente as certificações Leed e Aqua, pois a forma como operam pode ou não trazer benefícios ao meio ambiente, à rede elétrica e de água. “Os edifícios só podem se classificar como verdes cuidando da saúde de quem mora, visita, trabalha ou é vizinho deles, têm que ter segurança para minimizar os riscos e o ar interno precisa ser sustentável, não podem espirrar Legionella em quem se aproxima”. Bensoussan afirma que o risco sempre existe e só pode ser minimizado com avaliações de especialistas que orientam como aprimorar as operações. A certificação Leed nem toca neste assunto, porém a Aqua determina apenas a temperatura da água.

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Soluções sustentáveis com a água Atualmente há uma lei em São Paulo que determina que novos prédios, segundo a área de seus terrenos e num determinado volume, retardem água da chuva, depois de 30 ou 40 minutos que a pancada termina, uma bomba pode ser acionada por dispositivo eletrônico e este líquido é bombeado para o meio fio. “São como piscinões”, esclarece Sérgio Benedetti, proprietário da Proje Hidro, empresa de projetos hidráulicos de São Caetano do Sul. Ele afirma que a legislação poderia modificar e autorizar projetos que represassem essa água para abastecimento de bacias sanitárias. “A lei não prevê e a concessionária de água não tem como cobrar essa água reaproveitada”. Benedetti cita projeto que reaproveita água da chuva em reservatório, do qual saem tubulações, que abastecem as bacias sanitárias. “Fiz projetos que reaproveitam água em jardinagem”. Em São Caetano do Sul, as praças e jardins são lavados com água de reuso, num acordo da

prefeitura com o Departamento de Água e Esgoto (DAE). “Quando projetamos reaproveitamento de água de chuva para lavar áreas comuns prevemos o trancamento da torneira que dará vazão a este líquido, para evitar que crianças bebam entre uma brincadeira e outra”. Benedetti comenta de um prédio em Santo André cujo lençol freático está mais próximo da superfície e é enviado para longe, para não encher o terreno. “Porém esta água descartada fora de onde fica a edificação poderia ser tratada para reuso”. Ele vê as antigas fossas interioranas e seus sumidouros como precursores sustentáveis. “Elas tratavam o esgoto primário em níveis, filtravam e isso ia para o sumidouro, melhor que os esgotos a céu aberto de comunidades carentes”. Há tratamentos anaeróbicos e com filtros biológicos. Segundo o especialista, é urgente que a legislação estimule reuso e tratamento da água para esgoto, jardinagem e lavagem de áreas comuns, ainda mais em época de crise hídrica e pouco investimento no setor.

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