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Discurso no dia 5 de maio sobre os 70 Anos de Emigração Portuguesa para o Canadá por Paula Ferreira,

Bem-vindos a esta Casa dos Açores, no Dia Mundial da Língua Portuguesa, para celebrar um marco histórico, os 70 anos da emigração portuguesa para o Canadá, com um toque açoriano. Esta noite, como mulher emigrante, falando do fundo do meu coração, convido-vos a imaginar por um segundo a chegada ao Canadá, há 70 anos, dos nossos pioneiros. A primeira vaga oficial em 1953 e a segunda em 1954.

Imaginem por um momento, 3 jovens, amigos da mesma aldeia, a embarcar num navio grego com destino a Halifax, Nova Escócia, isto em 27 de Abril de 1954. Estes 3 jovens eram da Ribeira Quente em São Miguel. Chegaram a 2 de Maio a Halifax e, à chegada, foram separados de acordo com os empregos que lhes foram atribuídos. Cada um foi enviado para uma parte diferente do Canadá e não se viram durante meses. Um deles foi enviado para o sul do Quebeque para trabalhar numa quinta, fazendo algo que nunca tinha feito antes, cuidar de vacas.

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Depois de muitos meses de maus tratos, sem saber a língua, ficou farto e fugiu para Montreal com a ajuda de um agricultor. Em Montreal, o nosso pioneiro, encontrou-se com os outros dois amigos que tinham sido enviados para Montreal. Em 1956, a mulher e o filho do jovem pioneiro juntaram-se a ele. Foram dos primeiros a viver em Montreal, na Rua Elizabeth. Segundo o filho, a vida não era cor-de-rosa, a comunidade portuguesa estava a começar. O desconhecimento da língua e a ausência de amigos eram muito difíceis para as famílias. Lembra-se de ter sido um dos primeiros portugueses a viver em Montreal nessa altura e que os seus primeiros amigos eram chineses. Mais tarde, quando cresceu no East End de Montreal, os vizinhos eram franceses, polacos e italianos.

Junte-se a nós nas festividades da comissão de Festas do Senhor Santo Cristo.

Este jovem pioneiro da Ribeira Quente trabalhou para "Les confitures Alphonse Raimond" até 1972, altura em que a empresa foi vendida. Graças às suas poupanças e investimentos, depois viveu confortavelmente e ajudou muitas outras famílias a emigrarem para o Canadá.

Manuel foi um dos três amigos que em 1954 deixaram a Ribeira Quente para o Canadá, na esperança de um futuro melhor. Anos mais tarde, o filho deste pioneiro, visitou o agricultor que tinha ajudado o pai a fugir. Senhoras e Senhores, o filho do pioneiro em questão é Manuel António da Costa Vieira e está connosco esta noite.

O único filho do nosso pioneiro, concluiu o colégio em 1972, conheceu o amor da sua vida, Fernanda, e tiveram dois filhos. Hoje os filhos e os 3 netos, são descendentes de Manuel Amaral Vieira e Regina da Costa.

Obrigada Manuel por partilhares connosco a história da emigração da tua família em memória dos teus queridos pais que tanto se sacrificaram pela sua família e descendentes.

Esta noite, honramos a coragem destes pioneiros. Arriscaram tudo pela hipótese de um futuro melhor para as suas famílias, e a maior parte deles conseguiu. Para além disso, eles e os seus descendentes contribuíram para o sucesso do Canadá. As nossas comunidades, construídas ao longo dos últimos 70 anos, reforçam e contribuem para o multiculturalismo do Canadá. Um país diversificado e pacífico que consideramos a nossa casa.

Convidamos senhoras que querem se juntar a magnífica equipa das Malassadas, são muito bem vindas. Também convidamos todos que querem levar o andor do Senhor Santo Cristo são bem-vindos.

Juntos e que conseguimos manter as nossas festas.

Muito obrigado!

Podem contactar: Jerry Arruda: 5149926753

Roberto Carvalho: 514-237-3994

Viva o Senhor Santo Cristo!

Quando há 70 anos, os nossos pioneiros não podiam comprar um único produto português, hoje os nossos produtos são bem conhecidos em todo o Canadá. A SAUDADE aliada ao empreendedorismo, ao talento e ao trabalho árduo, recriou um Portugal além fronteiras. Hoje, em terras canadianas, Portugal e os seus arquipélagos nunca foram tão conhecidos. Os nossos produtos, restaurantes e artistas são procurados pelos nossos vizinhos e amigos. Os Açores, a Madeira e Portugal Continental são destinos de eleição. E isto graças aos nossos pioneiros e aos seus descendentes. Hoje, 70 anos depois, já não somos estrangeiros no Canadá. Integrámo-nos bem e somos respeitados pelo nosso trabalho árduo e honesto. Hoje, ocupamos o lugar que nos é devido nas esferas mais elevadas da nossa sociedade. Cada um de vós aqui presente, descendentes das primeiras e várias vagas de emigração, orgulha os vossos antepassados emigrantes, seguindo as suas pegadas, trabalhando arduamente e, por sua vez, proporcionando um futuro melhor às vossas famílias. Também dignificaram a vossa terra natal, seja ela os Açores, a Madeira ou o continente português. Alguns de vós foram mais longe, destacando-se nas suas respectivas áreas profissionais e dando a conhecer a nossa comunidade a nível local, nacional e internacional.