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As consequências

JORGE CORREIA Cronista do jornal

Na semana passada abordei a possibilidade de dissolução da assembleia com a consequente demissão do governo, praticamente única arma efetiva da parte de um presidente da república pela constituição. Mas há outra arma: o poder de influência, que se pode exercer de variadíssimas formas, sendo a palavra a mais comum. Para um presidente, que por definição do seu papel encontra-se numa posição delicada, pois só tem duas armas, uma mais passiva e outra sobre a forma de uma autêntica bomba atómica, é importante o seu desempenho ao longo do mandato por forma a manter o devido distanciamento e por conseguinte habituar a sociedade a uma certa sobriedade, para essencialmente valorizar a sua palavra e a sua intervenção.

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Infelizmente Marcelo Rebelo de Sousa, demasiado rápido nas suas intervenções e demasiado compro- metido com situações que os portugueses já começaram a descobrir que são meras ilusões na sua associação com um governo que está em ruínas, ficou facilmente encurralado como consequência de um comportamento que vem desde o início dos seus mandatos. Já sabemos como funciona o primeiro ministro António Costa: basta ver o seu comportamento com o então líder do partido socialista, António José Seguro, que na altura em pleno debate televisivo não se inibiu de acusar António Costa de traição, sem que este pestanejasse ou se sentisse incomodado. As personalidades são o que são e demonstram-no pelo seus comportamentos mas acima de tudo pelas ideias que sustentam os seus atos.

E Costa demonstrou-o bem com todo este episódio da TAP e seus ministros, adjuntos, etc.

Ainda fica por desvendar a situação da intervenção do SIS, a meu ver extremamente grave em termos democráticos, que está a passar um pouco ao lado da opinião pública mas que penso poderá dar mais material explosivo dentro em breve. Marcelo esteve bem em não dissolver a assembleia ou demitir o go-