2 minute read

em conflito

acatadas e outras adaptadas no modelo da UFU, mas muitas caíram por terra”, relembra o estudante de Biomedicina.

Para ele, problemas como a troca constante de responsáveis nas diretorias, a falta de um conhecimento mais aprofundado sobre as necessidades específicas de cada aluno estrangeiro por parte da Universidade e o atendimento presencial limitado são fatores que dificultam o processo de integração.

Advertisement

De acordo com o pesquisador, psicólogo e psicanalista José Lucas Nunes, quando o amparo a estes estudantes é falho, há somente um resultado: a evasão. “Essas pessoas vêm para estudar e não conseguem concluir sua trajetória acadêmica. A Universidade precisa se preparar para receber todos. O modelo atual se mostra excludente e priva alunos da participação ativa no meio universitário." Para o psicólogo, pensar em uma só UFU é algo que não existe e não deve existir, uma vez que esse modelo ressalta a necessidade de dominação entre todos aqueles que compõem o ambiente universitário.

Entre o doce e amargo

Apesar do gosto amargo que o café preparado pela universidade possa ter, a relação que os alunos estrangeiros têm com aqueles de seu país, ou com os brasileiros, é o que torna a degustação mais aprazível. Frank e Yeyner sempre comentam como eles foram bem recebidos desde o começo. “A cultura colombiana é mais conservadora e fechada. No Brasil, vocês têm mais liberdade de expressão para ser quem são, até mesmo com os professores, vocês são mais próximos. Na verdade, eu que precisei me atentar a algumas coisas”, comentou Frank. Os colombianos também falam sobre como encontrar pessoas do seu país é reconfortante. Muitas vezes eles se reúnem para almoçar juntos no RU ou para comer comidas típicas e matar a saudade do país. “Às vezes prejudica para aprender melhor o português quando ficamos muito entre nós, mas também é o momento que lembramos de casa e de tudo o que deixamos para trás. Não temos como visitar sempre que queremos”, completa Yeyner. Levy compartilha da mesma percepção, mas também relata um sabor muito próprio, que só é provado por aqueles que tiveram que se acostumar com os olhares pouco receptivos e os dedos taxadores do racismo: “Eu sinto que existe um tratamento diferente com os estudantes que vêm de países africanos. Também passei por situações de assédio e as pessoas falam que é normal, mas não é bem assim.” O psicólogo José Lucas Nunes ressalta que a realidade observada no campus Santa Mônica é apenas uma parte daquilo que pode ser visto na sociedade, onde a comunidade vê os estrangeiros como diferentes e alheios a tudo o que é conhecido, automaticamente tomando ações excludentes.

A Universidade se mostra carente de ações realmente efetivas que garantam que todos estejam equitativamente confortáveis em seus assentos. Alguns provam de um café adocicado e podem se recostar em uma confortável almofada. Outros ficam de pé, aguardando uma poltrona que nunca chega, não são servidos e tudo que escutam é: “Já estamos providenciando um lugar”.

Vencido pelo cansaço, Levy está prestes a sair sem ver as mudanças que buscou, com certo amargor que talvez nunca deixe sua boca. Frank e Yeyner ainda esperam um lugar à mesa, observando de longe os sorrisos de quem pode provar do banquete. E Marimou prefere não prestar atenção às adversidades que a cercam, para que elas não atrapalhem seus planos de encontrar seu lugar ao lado dos demais. 