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Adaptação escolar: embrulhar o mundo e oferecê-lo, sem medo!

Oque é habitar um território? Como sentir-se pertencente, ainda mais se for um lugar ainda desconhecido? Quais sentimentos permeiam a entrada da criança na escola?

O início do ano escolar é sempre permeado por muitas expectativas e sentimentos diversos que afetam todos os envolvidos, sejam as crianças, suas famílias e os educadores.

Para que a adaptação, ou readaptação àquelas que já frequentavam a escola, se estabeleça de maneira consistente, torna-se preciso estabelecer elos de con ança entre família e escola, compreendendo que todos têm os mesmos objetivos: o bem-estar da criança e a sua aprendizagem, além das vivências e experiências signi cativas.

Edilaine Balbino e Giselle Barros, coordenadoras pedagógicas do Colégio Parthenon Vila Augusta, consideram que habitar um novo território consiste em lidar com o desconhecido, com sentimentos que se manifestam por meio do choro, da insegurança ao deixar um familiar, euforia, alterações no sono, alimentação ou do receio em enfrentar os desa os que a vida no coletivo sugere. A validação e o acolhimento de alguns sentimentos devem ser considerados e a oferta de um abraço, diálogo ou colo são sempre bem-vindos, com a certeza de que essa fase não irá durar para sempre. Como cada criança é única e possui uma história e os ritmos e tempos para adaptar-se são diferentes, os educadores desenvolvem um olhar humano, com escuta, acolhendo os sentimentos das famílias e dos pequenos, para além de um planejamento consistente. A escola cuida das singularidades em meio à coletividade.

Em relação às crianças, vale sempre uma conversa franca e verdadeira, mesmo com as bem pequenas, além de envolvê-las nesse movimento que é a chegada à escola, seja pela primeira vez ou retornando a um espaço já conhecido.

As que estão estreando podem ser convidadas a conhecer o espaço escolar, fazer o uso de objetos de transição ou apego (chupeta, bonecos, carrinhos ou paninhos), participar da organização do material escolar e preparar juntos a lancheira. Essas simples ações oferecem protagonismo às crianças e as envolvem de maneira signi cativa, reverberando sentimentos de pertença.

A família é um ponto de fundamental importância e, gradativamente, a parceria com a escola vai sendo estabelecida; ambos se conhecem, rmam-se os elos de afetividade e de transparência. No caso das crianças bem pequenas, um adulto de referência – mãe, pai, avós, por exemplo, permanecem no espaço até que a criança se sinta segura. Mostrar-se con ante de sua escolha e de sua decisão também ressoa con ança na criança.

Pertencentes ao espaço, elas darão sinais de que está tudo bem e frequentar a escola, rever os amigos e educadoras será um grande prazer, pois irão sentir-se parte e habitarão o território plenamente. Marcelo Cunha Bueno, pedagogo e psicólogo, diz sobre o ingresso na vida escolar: “Ato de amor, de con ança, de carinho. De dar ao mundo, pela segunda vez, a luz da vida dos nossos lhos. Aproveitem o momento. Apesar do receio, é essencial para nós e as crianças. O mundo é o maior presente que podemos ofertar a elas. Embrulhe-o e ofereça-o, sem medo!”