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Emigrar

Cresci com uma avó emigrante. Cresci com as despedidas no aeroporto ou na rua da casa onde morava de volta do carro de matrícula estrangeira que a levava para parte incerta no meu pequeno mundo e que me fazia pensar quando a voltaria a ver outra vez. Cresci com a minha mãe, a ir aos correios do rossio uma vez por semana, para falar com a mãe dela, por telefone e trazer noticias de longe. Cresci com a saudade presente todos os dias, porque a vida é feita de presenças de carne e osso.

hoje já não seja mais só a mesma miúda.

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Cresce quem parte e quem fica, porque a aventura não é apenas para os que vão, também fica o desafio para quem fica. Claro que hoje tudo parece mais fácil. A língua já não é barreira, as novas tecnologias ajudam a apaziguar a saudade e existe sempre um voo com meia dúzia de escalas que facilita as idas e voltas nos abraços e na vontade de se estar.

A vida continua sempre mesmo com a falta dos que que não estão. Claro que hoje passados tantos anos e que a minha avó já regressou, a vida madrasta continua a trazer-me o desafio daqueles que décadas depois da minha avó ter partido, também eles escolheram ir para outras paragens. E o ciclo repete-se sempre, mesmo que seja em outros tempos e que eu

Somos um povo assim, onde vive a saudade, e onde de geração em geração a palavra emigrar faz parte do vocabulário das mesas de quem está e de quem está…um pouco mais longe.

MARIA MELO LIFE COACH PROFESSORA DE MEDITAÇÃO

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