NovaPress Novembro

NOVA PRESS Edição

Edição Online

Editor: Filipe Figueirôa Editor de Conteúdos : Bernardo Gonçalves Editor Adjunto: David Seco Direcção Artística: Miguel Vinagre

Sugestões, Artigos press.su@novasbe.pt

Issue: Novembro 2015

03

ENTREVISTA 01 capa: Editorial: Shaping Powerful Citizens 02 Política: A Crise dos Refugiados 03 Entrevista: João Couto Microsoft 04 Finanças: Cisnes Cinzentos 05

Economia:

O Terror Demográfico

06 Lisboa: LUX 07

cultura:

Paus+Pop Dell’Ate Eagles of Death Metal dEUS B Fachadae Mexefest

MICROSOFT

Novembro 2015 | NovaPress | 00

Índice

01 Editorial Shaping Powerful Citizens 02 Política Je Suis Luaty Os Refugiados e a UE Factos e Mitos Sobre os Refugiados Europa de Aluguer

17 Finanças Rita Brites - Cisnes Negros NIC UD - Private Equity António Catela - O Terror Demográfico 25 Acção Social Maria Inês Alexandrino - Day Off to Volunteer Green Nova

06 Entrevista Engº João Couto General Manager da Microsoft 14 Opinião José Eduardo de Matos - Algo que não tem Nada a ver com Nada

26 Desporto Ultimos Resultados Tabelas Classificativas O Futuro do Surf 29 Lisboa LUX

15 Gestão Nova Junior AIESEC Nova Skills

31 Cultura Hotbox VIIITostaMist啊啊阿阿a Programação de Concertos Cinema - Imitation Game Discos - Another One Livros - Yes Please!

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Editorial

Shaping Powerful Citizens Numa faculdade de Economia e de Gestão há um risco latente: que a discussão e consciencialização para temas fracturantes da sociedade fique confinada a uma análise das suas implicações económicas. As consequências desta potencial falta de amplitude na discussão são especialmente gravosas se considerarmos que um bom gestor é, também, aquele que está alerta para o mundo que o rodeia. O contacto com diferentes realidades é uma necessidade absoluta para a dimensão pessoal que se exige ao gestor que almeja grandes feitos num mercado global. O mesmo é verdade para os Economistas! Já dizia J.M. Keynes: “The master-economist must possess a rare combination of gifts.

He must be mathematician, historian, statesman, philosopher—in some degree (..) No part of man’s nature or his institutions must be entirely outside his regard.” Acreditamos que a Nova SBE deve assumir como seu desígnio criar não só técnicos capazes, mas também cidadãos activos, perfeitamente conscientes da sociedade em que estão inseridos.

A Nova Students’ Union comunga desta visão. Sabe que é, também, sua responsabilidade trazer realidades diferentes aos alunos. Como tal, dedicamos o mês de Novembro aos direitos humanos.

Nos próximos dias 11, 13, 14 e 15 de Novembro a Nova SBE sai á rua para distribuir bens de primeira necessidade a quem mais precisa. O ponto de encontro para estas Noites Solidárias é a Rua Domingos Bontempo, em Alvalade. No dia 26 de Novembro, pelas 11h, convidamos os alunos e restante comunidade

Bernardo Gonçalves

“Numa faculdade de Economia e de Gestão há um risco latente: que a discussão e consciencialização para temas fracturantes da sociedade fique confinada a uma análise das suas implicações económicas.” educativa a debater a situação dos refugiados. No dia 28 voltamos à acção com a recolha para o Banco Alimentar contra a Fome, no El Corte Inglés. Pedimos aos alunos que não deixem passar estas oportunidades para fazer a diferença. O mote de excelência da Nova SBE é “Shaping Powerful Minds”. Para o mês de Novembro, a Nova SU propõe o mote “Shaping Powerful Citizens”.

O critério editorial que guiou a edição de Novembro do Nova Press é prova da convivência que julgamos necessária entre diferentes vertentes da nossa formação: o interesse pelo mundo dos

negócios e contacto com realidades difíceis que moldem o crescimento pessoal dos alunos. Na mesma edição em que debatemos problemas como a situação dos refugiados sírios ou o aparente comportamento totalitário do regime angolano que Luaty Beirão pôs a nu, apresentamos uma grande entrevista com o Engº João Couto, CEO da Microsoft Portugal. A Microsoft é a nova parceira da Nova SU e nesta edição damos a oportunidade aos alunos de conhecer o profissional e o homem que gere os destinos deste gigante mundial em Portugal. Aproveitem!

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Política

Je Suis

Luaty No passado dia 11 de Outubro Ricardo Araújo Pereira, no Governo Sombra “declarou-se” angolano. Tal “declaração” deveu-se à detenção de 15 jovens angolanos acusados pelo seu ministério público de preparar a rebelião e atentado contra o Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos. Entre esses 15 jovens, destaca-se Luaty Beirão, “rapper” angolano, que se encontra em greve de fome desde 20 de Setembro exigindo aguardar julgamento em liberdade, devido a estar em prisão preventiva há mais de 90 dias, o prazo legal segundo as leis angolanas.

São mais de 30 dias de greve de fome, Luatyencontra-se em falência de órgãos e já não consegue beber água. Ao 25º dia de greve Luaty foi deslocado do Hospital da prisão para uma clínica privada, e já não se desloca pelos próprios meios. Este movimento tem afectado todo o mundo, pela coragem demonstrada por Luaty face ao sistema ditatorial angolano.

Não se sabe se Luaty irá sobreviver até à data do julgamento, dia 16 de Novembro, mas de certo que esta greve sensibilizou o mundo, desmascarando a falsa

Idade: 33 Anos Nacionalidades: Angolana e Portuguesa Greve de Fome: Terminada Duração: 36 dias

Manuel Sousa

democracia que se vive em Angola.

Se pensarmos que o ataque ao “Charlie Hebdo” foi um atentado terrorista para tentar gerar o pânico e a censura, por parte do Estado Islâmico. As acções do Ministério Público angolano demonstram o mesmo, apesar de não ser um atentado terrorista é um atentado à digni dade humana. No fundo, eu acred ito, que vamos ser todos Luaty Beirão e derrubar esta injustiça, porque a força da razão irá ser sempre superior à força da opressão.

Irá Luaty so breviver e a ditadura angolana cair? Isso é uma incógnita. Por cá

ficam os ensinamentos de Luaty Beirão.

Acredito que sem liberdade é impossível viver.

Como diziam em França, no ano 1789: “Liberté, Egalité, Fraternité”!

“...porque a força da razão irá ser sempre superior à força da opressão.”

03 | NovaPress | Novembro 2015

Política

Os Refugiados e a UE Ana Grifo Nova Debate

“A crise dos refugiados na União Europeia” ou “A crise da União Europeia evidenciada pelos refugiados”?

Provavelmente a segunda opção será a mais correta. A afluência de tão elevado número de refugiados à União Europeia constitui um problema a ser resolvido, mas a inação da União Europeia é ainda mais grave e pode colocar em causa o seu futuro. Não que estejamos a comparar a vida de pessoas com a vida de uma organização política, mas esta ganha importância quando é considerada o meio para a sobrevivência digna das pessoas.

Contudo, não cremos que este seja o momento para a definição da União Europeia, qual iluminação musicada de milhões de mentes. Não, a União Europeia não vai agir concertadamente face a este problema. A distribuição justa que Angela Merkel tanto desejava deve ser feita noutros moldes: não proporcionalmente mas tendo em conta as capacidades e disponibilidade dos Estados-membros. Isto é, Estados dispostos a acolher mais refugiados (Alemanha, Holanda, Espanha) fá-loão, enquanto Estados mais reticentes (Hungria, Polónia, República Checa, Eslováquia) podem receber o mínimo que desejarem.

De nada serve impor a um país como a Hungria mais uma ordem europeia que será inevitavelmente vista como uma invasão: da Europa e dos refugiados que não partilham da sua identidade magyar tão própria. Por outro lado, os países do Leste estão já a receber refugiados, mas da Ucrânia, afirmando também que não possuem

infraestruturas físicas e mentais para receber refugiados islâmicos.

Sendo esta uma questão tão urgente, de que vale fazer uma cimeira, adiar a decisão para dali a um mês, esperando que nesse período os Estados que se opõem às quotas para

“De nada serve impor a um país como a Hungria mais uma ordem europeia que será inevitavelmente vista como uma invasão”

distribuição de refugiados milagrosamente desejem acolher milhares de pessoas? Claro que o ideal seria a ação coordenada da União Europeia, mas isso não vai acontecer. Neste caso, teremos que nos contentar com uma Europa a diferentes velocidades. É triste, desvirtua o projeto europeu, mas pode salvar vidas.

E isto deve ser feito o quanto antes, não vá a comunicação social arranjar outra matéria de maior interesse. Ainda bem que a crise grega “acabou” e finalmente se começou a prestar atenção ao muro na fronteira da Hungria com a Sérvia que vinha a ser pensado desde o início do ano!

Por fim, não esqueçamos que a história da Europa é uma história de migrações, integração e assimilação, feita de forma mais ou menos pacífica, mas predominantemente sem a imposição de uma entidade supranacional.

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Política

Factos e Mitos “estes refugiados representarão cerca de 0,04% da população residente em Portugal.”

23 de Outubro de 2015: segundo a Organização Internacional para as Migrações desde o início do ano entraram na Europa, por via marítima, 680 928 migrantes e morreram (ou desapareceram) 3 175 pessoas nestas rotas migratórias.

Muitos destes migrantes são refugiados e não migrantes económicos. Os primeiros-ministros da Hungria e da Eslovénia apontam o contrário, indicando mais de 90% de migrantes económicos. Contudo, basta olhar para os locais de origem destas pessoas para perceber que não podem ser apenas migrantes económicos: segundo a ONU, pelo menos 3/4 provêm de países assolados por conflitos.

A destruição do errado pressuposto de que nos encontramos maioritariamente perante um problema de migração económica permite também eliminar a estranha e inútil argumentação de que “estas pessoas não precisam de vir para a Europa porque têm smartphones e pagaram milhares pela viagem”.

E já que estamos nas palavras disparatadas faladas e escritas (agora que a democracia das redes sociais se transformou na ditadura da confusão, incompreensão e intolerância), o que dizer da suposta invasão islâmica na Europa que irá obrigar à conversão de todo o continente à shari’a? O que pensará desta acusação um sírio, habituado a viver num Estado secular, com pluralidade de religiões e que está longe de partilhar da missão do autoproclamado Estado Islâmico?

Se os medos persistirem, olhe-se para os números em Portugal: de acordo com os Censos de 2011, o país tinha 20 640 pessoas que diziam ser muçulmanas (dentro da população residente com 15 ou mais anos). Bem, é consensual que não há um domínio islâmico no país, mas, segundo alguns, isso irá acontecer com as 4574 pessoas que irão chegar, ainda que nem todas sejam muçulmanas, mas todas se encontrem num significativo estado de exaustão. Além do mais, estes refugiados

representarão cerca de 0,04% da população residente em Portugal. Onde está a ameaça?

“Será uma ameaça ao sistema de welfare português”. Dificilmente. A integração inicial realizar-se-á com fundos da União Europeia; posteriormente os salários destes cidadãos trabalhadores já devidamente integrados serão pagos pelas respetivas entidades empregadoras, tal como os de qualquer português. Estão, portanto, a roubar postos de trabalho aos portugueses? Portugal necessita de trabalhadores, alguns com qualificação superior (informáticos, por exemplo) outros para empregos que não a exigem.

O problema da natalidade pode também ter na vinda dos refugiados uma pequena parte da solução. O povo que deu novos mundos ao mundo pode assim dar novas vidas a quem precisa.

05 | NovaPress | Novembro 2015

Política

Europa de Aluguer Artigo de Mariana Leão

A imagem do menino afogado na praia turca chocou e revoltou.

São milhões os que deixam para trás uma vida feita e põem em risco aquela que ainda podem ter. Têm os filhos numa mão, pouca comida na outra e os bolsos cheios de esperança. Mas se é certo que este é o cenário na Europa, muitas são as dúvidas que se levantam quanto às suas causas e consequências.

Será que esta crise de refugiados é apenas o resultado da destruição causada pelo autoproclamado Estado Islâmico?

Ou estará a ditadura de Assad directamente associada a este fluxo? Se os danos causados pelo primeiro são claros, os do segundo nem tanto, o que não significa necessariamente que sejam menores — porque não são.

“Mas se é certo que este é o cenário na Europa, muitas são as dúvidas que se levantam quanto às suas causas e consequências.”

Angela Merkel

Por cá, Angela Merkel recebe elogios de toda a parte (incluindo daqueles que ainda não há muito tempo lhe apontaram o dedo pela sua atitude face às negociações com a Grécia) ao comprometer-se a receber quase um milhão de refugiados. Contudo, a proposta de distribuir os migrantes pelos países membros da UE não agradou a todos. Estarão a Hungria e a Áustria a agir bem? Ou estarão a esquecer-se do período da 2ª Grande Guerra? Uma coisa é certa, integrar milhões de pessoas, que embora bem intencionadas e até qualificadas, não é fácil. A religião, língua e costumes são ingredientes que poderão ser insolúveis na cultura e sociedade europeias.

O papel da Alemanha torna-se fundamental para resolver esta crise complexa, onde existem múltiplos trade-offs em jogo. Por um lado, o envelhecimento da população iria ser atenuado com o influxo de “sangue novo” — mas não será este um fenómeno temporário? A maioria dos refugiados quer voltar para o seu país. Por outro, e aqui reside a solução, é necessário reforçar o capital humano nas fronteiras e melhorar o processo de registo. Tais medidas iriam reduzir a probabilidade de entrada de terroristas, assim como a entrada de migrantes económicos. Ou será já tarde de mais?

ENTREVISTA

Fomos até ao Parque das Nações e entrevistámos João Couto, General Manager da Microsoft em Portugal.

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Entrevista

Grande Entrevista João Couto General Manager da Microsoft

BJ: A primeira pergunta que lhe faço é a seguinte: quais são as funções realizadas pelos colaboradores da empresa em Portugal?

Existe alguma contribuição em termos de desenvolvimento dos softwares da Microsoft?

JC: Nós temos vários níveis de contributo. Temos uma unidade de Research and Development (R&D) que faz toda a parte de programação e linguagem para o Cortana, que é a nossa assistente digital que funciona quer no móvel, quer na Xbox, quer agora também com o Windows 10 no próprio PC. E, portanto, todo o tratamento de linguagem, de entendimento e de tradução para linguagem de computação é feito aqui por um grupo que se chama “Microsoft Language Development Center”, que está cá em Portugal e que faz o desenvolvimento dessa língua para 14 idiomas de

14 países. (…)

BJ: Em relação a decisões da empresa, até que ponto a Microsoft em Portugal é autónoma?

JC: Depende do conceito de autonomia.

Eu acho que, numa multinacional, não há um grau de autonomia total, nunca há. Tem de operar sempre de acordo com determinadas regras internacionais, e a Microsoft em Portugal não é exceção. Quais são os graus de autonomia que temos e quais são os que nós não temos? Primeiro, temos autonomia na forma como colocamos as nossas ofertas no mercado. Dando-lhe duas áreas em específico: no nosso tablet, o Surface, fomos claramente um dos países líderes na sua execução a nível mundial e, portanto, houve muita partilha de boas práticas de Portugal para outros países.

Na nossa cloud, a Azure, aconteceu o

Por Ana Beatriz Jardim

mesmo. Agora, relativamente a coisas que nós não conseguimos fazer, por exemplo, nós não conseguimos fazer alterações de produto. Ou seja, se o produto funciona de uma determinada forma, como o Office, que funciona aqui de maneira igual ao que funciona na China ou nos Estados Unidos, nós não alteramos nada. (…)

BJ: E tendo em conta as diferenças que Portugal tem para com outros países, nomeadamente falando da atual crise nacional, qual foi a resposta da Microsoft? Abalou o desempenho da empresa no nosso país?

JC: Primeiro, devo dizer que nós podemos sempre olhar para a crise no sentido de criticar e de nos queixarmos dela ou, pela outra forma de ver as coisas, uma oportunidade. Não só porque algum dia iremos sair da crise, porque há sempre a parte positiva da história, (risos), mas também olhar para ela no sentido de pensar no que é que podemos fazer para ajudar a sair da crise mais rapidamente. E nós definimos um conjunto de apostas que devíamos fazer para acelerar esta saída. Primeiro, fazer uma aposta muito forte na criação de emprego e, portanto, fizemos uma aposta muito forte na criação de competências de pessoas qualificadas em tecnologias de informação, que permitissem suprir as necessidades no mercado. (…)

A segunda aposta foi fortalecer muito o apoio às startups como forma de ter mais jovens empreendedores e garantir que há mais startups com sucesso. E isto é particularmente importante porquê?

Porque estamos a assistir a uma nova

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Entrevista

Prato Favorito: tenho muitos: sushi e tudo o que é asiático, italiano também; português depende, gosto de pratos mais para o leve do que para o pesado/condimentado; gosto muito de peixe. geração de empreendedores e de empresários que olham para as oportunidades, não num contexto português, mas num contexto mundial. E portanto hoje, à medida que as barreiras geográficas se eliminam com o digital e o comércio eletrónico, na prática, qualquer pequena empresa consegue ter todas as soluções de tecnologias de ponta a um preço muito mais reduzido e endereçar o mercado de uma forma global. Exemplos disto: a Farfetch, da qual se tem vindo a falar muito nos últimos tempos (primeira startup portuguesa a valer mil milhões de dólares), a Uber, que tem andado agora “na berra” nos media, tratam-se de empresas que, em poucos meses, chegaram a avaliações de mil milhões de dólares. Ora, há 20 anos atrás isto seria absolutamente impensável. Trata-se de uma mudança de paradigma muito grande porque, de repente, um país que sempre se disse que era “pequenino” e isolado do ponto de vista geográfico aqui no “cantinho da Europa”, passa a estar mais integrado no mercado. (…) O terceiro ponto tem a ver com a internacionalização das empresas, (…) e aí a cloud tem um papel absolutamente chave. Porquê?

Porque eu antes, para fazer a internacionalização de uma empresa, provavelmente tinha que gastar 50 ou 100 mil euros só em sistemas de informação para que as pessoas quando fossempara fora tivessem acesso à mesma in-

formação que eu tenho cá dentro. Se calhar demorar-me-ia 3 a 6 meses a ter a infraestrutura pronta e hoje com a cloud consigo pôr isto pronto numa semana e com um custo que é uma fração destes valores. É uma lógica completamente diferente daquela que existia anteriormente e com requisitos de capital muito diferentes que permite às empresas acelerar os processos de internacionalização.

BJ: Sabendo que a imagem da Microsoft está bastante associada ao âmbito da ação social - Bill Gates faz, muitas vezes, doações de mil milhões de dólares para apoiar projetos filantrópicos - em que medida é que a Microsoft, cá em Portugal, demonstra essa vontade, essa mesma preocupação em ajudar?

JC: Todos os países têm um plano que se chama o National Plan. É um plano integrado do que é que o país vai fazer para contribuir para o país. No nosso National Plan, temo-lo estruturado fundamentalmente em 3 grandes áreas: a criação de emprego como já referi, a parte da educação e depois a parte da responsabilidade social. Na parte da responsabilidade social, nós fundamentalmente atuamos através de parceiros.

Damos apoio às ONG’s, distribuindo o nosso software gratuitamente. Acreditamos que estas entidades podem ter um papel muito importante na requalificação de pessoas desfavorecidas. Por

exemplo, fizemos um protocolo, há cerca de 2 anos atrás, com uma instituição brasileira, CDI, que está presente em 18 países (acho eu) e que trouxemos para Portugal exatamente para que eles pudessem desenvolver também as ações cá. O que é que eles fazem? Na prática é pegar em populações desfavorecidas e dar-lhes formação e preparação ao nível das tecnologias de informação para que elas possam, de facto, depois voltar ao ativo. Outro exemplo: a nível das prisões, tentámos fazer a reciclagem de PC’s para tentar requalificar as pessoas que estão, mais uma vez, em situações desfavorecidas e voltarem outra vez ao ativo. Isto são tudo exemplos de ações que nós temos estado a fazer na área da responsabilidade social, mais na área da requalificação. Mas também temos a área da saúde, dotando hospitais com Surfaces para que as crianças possam, durante os seus períodos de internamento de longa duração, continuar a ter acesso ao ensino.

BJ: Usam os Surfaces, que são os vossos recursos, para ajudar, é engraçado essa junção…

JC: Exatamente, isso é uma das caraterísticas que a Microsoft tem e, já agora, também posso complementar. Nós investimos muito dinheiro a nível da Responsabilidade Social, mas nós não passamos um único cheque, isso é importante. Nós apoiamos os projetos com

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Entrevista

Clube de Futebol: Benfica, sempre foi o Benfica

a nossa tecnologia. Acreditamos que o impacto que nós conseguimos criar é muito maior se assim o fizermos. (…)

BJ: Agora mudando um pouco o rumo da conversa e falando mais sobre a sua carreira profissional. Está aqui, se não estou em erro, há 2 anos e 8 meses.

Como é que chegou a esta posição? Foi desde o início a sua posição nesta empresa – Diretor Geral?

JC: Sim, portanto eu vim para a Microsoft em 2013 e entrei como Diretor Geral. Antes disso, estive no grupo Vodafone, como CFO do Grupo Comercial (…) com responsabilidade pelo mundo todo.

BJ: Como foi o processo para entrar na Microsoft?

JC: Foi um processo de procura que ocorreu no mercado, em que me contactaram e eu achei a oportunidade interessante. Porque é que eu achei interessante? Fundamentalmente por 3 coisas. Primeiro, porque a Microsoft na altura estava num processo de viragem muito importante, tinha uma imagem um bocadinho de empresa adormecida e eu senti, de todas as entrevistas que fiz, que havia uma vontade muito grande de mudança e que a empresa iria investir [a] sério para fazer esse processo de transformação. Achei que havia aqui uma oportunidade única de ajudar a fazer este processo. Segundo, porque senti

que a empresa tinha um ADN muito forte de crescimento (…) e que não estava presa ou condicionada à estrutura e mercado. Estávamos a pensar como é que nós vamos criar, aumentar e expandir mercados e não deixar-se levar pelo destino, definirmos nós próprios o nosso destino. E isso agradou-me. (…) Terceiro, porque era uma viragem também que eu queria fazer do ponto de vista de carreira: deixar a carreira na área financeira e voltar outra vez para uma carreira na área de negócio. (…)

BJ: E do ponto de vista da Microsoft, quais foram as suas características pessoais que o destacaram para o terem contactado?

JC: Bom, essa pergunta faria mais sentido ser feita ao meu recrutador. (risos) Primeiro acho que a experiência internacional e o facto de ter trabalhado numa multinacional também grande ajudaram. (…) Depois, o meu sentido de negócio pela minha experiência anterior de ter trabalhado muito no mercado empresarial e no mercado de consumo. E, por outro lado, um sentido muito forte de orientação ao detalhe, porque a minha área financeira deume isso também: o ter de ir ao detalhe e perceber porque é que as coisas são assim. Portanto tinha aqui uma componente analítica forte, uma componente financeira forte, o que também é importante numa empresa com a cultura da

Microsoft, onde tudo é medido ao detalhe. Acho que foi uma conjugação destes fatores todos: a experiência internacional, a experiência na gestão duma multinacional, o conhecimento, obviamente, do comércio local e depois um ADN muito analítico, muito financeiro também, que ajudou a que fosse feito o casamento.

BJ: Além dos benefícios que este cargo traz, também acarreta grandes responsabilidades. E eu pergunto-lhe se sentiu que estas responsabilidades influenciaram, de alguma forma, a sua maneira de ser? O facto de ter um cargo tão importante mudou alguma atitude, alguma forma de estar, durante estes anos?

JC: Acho que muda sempre, não é?

Acho que, à medida que nós vamos tendo mais responsabilidade, vamos tendo

Novembro 2015 | NovaPress | 10

Entrevista

Destino de Férias: Maldivas

sempre a necessidade de sermos cada vez mais inclusivos na forma como nós gerimos e tendo cada vez mais atenção à atração, à retenção e à motivação de talentos dentro de uma organização. E isto é uma ciência que não vem escrita em nenhum livro, é algo que se vai aprendendo. Obviamente, há práticas que são melhores e há outras que já se sabe que não funcionam. Mas é algo que cada pessoa acaba por ajustar um bocadinho ao seu estilo; mas é um facto que todas as pessoas que chvegam a estes níveis de carreira e que têm sucesso, normalmente têm sucesso porque criam uma equipa e uma dinâmica de equipa de sucesso, com pessoas que são muito boas e que estão super hiper motivadas para dar o seu melhor. E nós temos de ajustar o nosso próprio comportamento para que isso seja possível. Vou dar um exemplo concreto: eu sou uma pessoa que tem um perfil muito analítico, também vem do meu background em engenharia…

BJ: Engenharia em quê?

JC: Em computadores, mas nunca pratiquei. Mas tenho um background muito analítico e tenho também a minha experiência de consultoria, isto treinou-me para eu desenvolver ainda mais estas capacidades analíticas e, portanto, ter uma capacidade de raciocínio relativamente rápida. Isto, levado ao extremo, poderia significar que, numa reunião, eu

rapidamente poderia ser tentado a colocar a solução em cima da mesa. Porque já percebi quais são os factos e portanto a solução é esta. Ao fazê-lo estou, naturalmente, a condicionar a criatividade e a liberdade das equipas de propor as suas próprias soluções (…). Isso moldou-me, moldou-me porque tento refrear, no fundo, esse meu ímpeto natural, às vezes sem sucesso, (…) de partir para a solução e deixar as equipas proporem as suas próprias soluções, e ouvir e, muitas vezes, reconhecer que estas têm razão e eu não tinha. Vou dar-te um exemplo muito recente: neste momento, temos uma campanha do Office365 que foi iniciada o ano passado. Comparativamente, eu gostava mais da campanha do ano passado do que da deste ano, mas há um facto, e contra factos não há argumentos: a campanha deste ano teve o dobro do impacto do que a campanha do ano passado.

BJ: O que é que mudou?

JC: Muitas coisas. Isto é como a teoria da cerveja: eu não gosto de cerveja, não é? Então não faz sentido eu ir opinar sobre cerveja. O segmento target daquela campanha não sou eu, é o pequeno/ médio empresário português e, portanto, a linguagem que é ali utilizada não faz sentido eu dizer se gosto ou não, é irrelevante a minha opinião, porque o impacto é no decisor. (…) Se nós não tivermos espírito aberto o suficiente, se

não formos capazes de ouvir e de perceber as opiniões das outras pessoas, a organização acaba por ficar asfixiada e completamente hierarquizada dentro de uma pessoa ou de um conjunto de pessoas, e isso é algo que nós temos de tentar evitar. Mas isso é uma coisa que se vai ajustando em termos de comportamento. A organização depois acaba por funcionar por si própria, não é?

Se a pessoas tiverem essa liberdade de ação, a organização começa por criar uma dinâmica própria e as pessoas sentem-se muito mais motivadas para propor ideias.

BJ: Passando os olhos pelo seu historial profissional, é possível observar que, há sensivelmente 16 anos, toma cargos de chefia, logo pressupõe-se que se sente confortável em tomar decisões e a liderar. Por isso, pergunto-lhe se isto foi uma qualidade que sempre teve durante a sua vida. Como é que era o engenheiro João Couto em tempos de estudante, também queria liderar?

JC: Não, não se vive obcecado em ter que liderar, a minha obsessão é aprender. O que me faz correr é superar desafios, de preferência desafios que sejam grandes e que outras pessoas não os consigam superar e, por outro lado, sentir que estou a desenvolver-me. Na minha vida de estudante, por exemplo, havia pessoas que tinham a obsessão de ser o melhor aluno. Eu não tinha a obsessão

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Entrevista

Desporto: Ginásio em casa todas as manhãs antes de ir para o trabalho.

de ser o melhor aluno, nunca tive.

Tinha a obsessão, sim, de ter um bom equilíbrio entre a vida de estudante e a vida pessoal. Quis estar sempre no top quartile, mas garantindo um bom equilíbrio. Portanto, eu tirei o curso no [Instituto Superior] Técnico e a minha regra de análise foi: abaixo de 15 estou na média, para cima de 15 é um campeonato de arrancar olhos, e como eu não quero estar no campeonato de arrancar olhos, vou bater para os 15. Dito e feito, acabei o curso com 15. Depois, quando fiz o MBA, já era uma realidade diferente, foi na [Universidade Portuguesa] Católica, aí sim disse que queria estar no top 10 dos melhores alunos. E, de facto, se não fui o primeiro, fui o segundo, acabei com média de 17 qualquer coisa, mas porque me dava gozo e porque tinha traçado aquele grande objetivo.

BJ: Quando tempo depois do curso tirou o MBA? JC: Eu terminei o curso em 1993 e tirei o MBA em 1996 e acabei em 1998. Portanto foi 3, 4 anos depois de ter acabado o curso.

BJ: Ainda trabalhou durante esse tempo?

JC: Trabalhei no grupo PT e, nos últimos dois anos neste grupo, fiz o MBA que coincidiu com o processo de internacionalização da PT. Fui destacado para ir para o Brasil. Foi uma época gira,

porque andei a fazer piscinas entre Portugal e o Brasil, e a fazer o MBA ao mesmo tempo, portanto aquilo foi uma época engraçada.

BJ: E conseguiu ficar em segundo lugar nos melhores no meio de tantas piscinas... (…) Qual o contributo da sua formação para aquilo que enfrenta atualmente em concreto?

JC: Foi extremamente importante por duas razões. Primeiro, porque abri os horizontes do ponto de vista de competências técnicas, de marketing, financeiras, negócio, isto falando do MBA, que eu não tinha, porque tinha as competências muito invocadas na área

da engenharia e na área de computação, que também foram muito importantes para me darem aquela base analítica que já falámos. Depois também me trouxe uma componente muito forte de trabalho em equipa. Isto com equipas de backgrounds diferentes. Desde pessoas de advocacia a psicólogos, a pessoas de engenharia, pessoas de marketing, e poder juntar estas opiniões, para mim, foi uma coisa importante e cria valor, porque percebi que há diferentes formas de olhar para um problema. E foi exatamente esse o princípio que tentei aplicar na Microsoft. Por exemplo, a equipa de liderança da empresa são 50% mulheres e não foi por acaso. Foi forçado que assim fosse e não comprometemos a qualidade. É um princípio básico, não vamos recrutar mulheres por serem mulheres, vamos recrutar mulheres porque são excelentes profissionais, mas [também] porque queremos ter um bom equilíbrio. A nível da diversidade, quando eu entrei tínhamos 18% e, hoje, somos perto de 29% da representatividade de mulheres, em apenas dois anos que cá estou. E não são funções de baixa qualificação, são também funções de chefia. E porquê? Porque, de facto, têm uma maneira diferente de pensar (…) e isso enriquece as decisões.

BJ: E mudar essa tendência… Houve sempre tendência para colocar mais o sexo masculino em cargos altos. (…)

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Entrevista

Filhos: Tenho dois, uma menina com 8 anos e um rapaz com 1 ano e meio

BJ: Qual foi o seu primeiro trabalho?

JC: O meu primeiro trabalho, por incrível que pareça, foi como explicador de matemática (risos). Devia ter 19 ou 20 anos. Outro trabalho que fiz, quando estava no Técnico, foi fazer livros de exercícios de MS DOS, que é uma coisa fantástica. Já ninguém sabe o que é MSDOS. (…)

BJ: Comparando com a sua profissão atual, de que sente mais saudades nesses trabalhos?

JC: Acho que foram todos importantes.

Não tenho esse tipo de saudades de querer voltar atrás. Há uma pergunta que me costumo fazer de 3 em 3 meses, eu chamo-lhe a pergunta “ácida”: “Se eu voltasse atrás no tempo, tomaria a mesma decisão?”. Curiosamente, vou respondendo que sim. Aqui na Microsoft pergunto-me: “Se voltasse a 2013, sairia de Londres para vir para a Microsoft Portugal?” A resposta é sim - no dia em que for não, está na altura de sair.

Esta é a pergunta “ácida” que costumo fazer, acho que é uma pergunta natural que as pessoas devem fazer, para garantir que, com base numa determinada informação, vão tomando sempre as melhores decisões. (…) Respondendo à pergunta, do que é que eu tenho mais saudades? De nada. A forma como me vejo é como uma pessoa otimista por natureza. E, por isso, eu estou muito mais ansioso com o futuro do que com

o passado. (…)

grande capacidade de resistência.

BJ: O que valoriza mais nas pessoas com quem trabalha?

JC: Em primeiro lugar, há um atributo absolutamente chave, a honestidade e um conjunto de valores que façam, das pessoas, pessoas íntegras. Segundo, serem pessoas ambiciosas, otimistas e com uma permanente vontade de testar coisas novas, mudar e fazer diferente. Isto é o tipo de pessoa que me entusiasma.

Trabalhar com pessoas que gostam de ficar na sua zona de conforto, que não gostam de tomar riscos, que tudo de novo e diferente vêm como um problema e não como uma oportunidade, isso para mim são coisas que eu vejo com alguma resistência.

BJ: Já disse que no tempo de estudante gostava de manter um equilíbrio, como é que consegue gerir a sua vida profissional e pessoal agora?

JC: Quando entrei aqui na Microsoft, tive a oportunidade de ouvir o Jack Welch da GE, provavelmente o maior grupo de gestão e o melhor gestor dos últimos tempos de longe, e ele disse uma coisa engraçada que me ficou na memória: esta história de work-life balance é um bullshit autêntico, está permanentemente unbalanced, ou eu estou completamente absorvido no trabalho ou eu estou completamente absorvido na família como quando estou de férias. (…) Segundo, ter também a noção que cada pessoa tem o seu próprio equilíbrio.

Não faz sentido eu estar a forçar o meu standart de equilíbrio noutras pessoas.

Terceiro, evitar ao máximo estar a fazer aquilo que muitas pessoas fazem, quando estão em casa, que é estarem fisicamente mas mentalmente não estão.

O meu equilíbrio é esse, quando passo tempo com a família, [com os meus filhos e a minha mulher], passo em quality time, não estou lá só estar presente.

BJ: Acaba por ser um entrave…

JC: É. Porque o mundo está a mudar a um ritmo de tal maneira grande que, se nós não somos capazes de nos adaptar e até de liderar essa mudança, o comboio passa. Isto é uma onda: eu gosto de estar em cima da onda a surfar, a ver o que está à frente e, para isso, tu tens de ter esse [ADN], porque a onda está a andar e, a todo segundo, estás a correr riscos, a testar coisas novas. Se não testas, vais lá para dentro e começas a rezar para que saias vivo. Tem um senão… é que isto é desgastante, consome muita energia o estar permanentemente no limiar, portanto tem de ser uma pessoa com uma

BJ: Tem 45 anos, ainda é uma idade jovem e já está como Diretor Geral da Microsoft, qual é o próximo passo?

JC: O próximo passo é continuar a carreira internacional. Eu gosto de estar

13 | NovaPress | Novembro 2015

Entrevista

Objectivos: Chegar a Presidente da Microsoft e continuar uma carreira internacional.

numa multinacional, de assumir desafios com responsabilidade cada vez maior, seja num país maior ou seja numa função multi-país, responsável por várias geografias. Acho que, neste momento, estão as opções em aberto.

O meu projeto, aqui em Portugal, ainda não acabou, ainda tenho aqui muita coisa para fazer.

BJ: O que lhe provocaria um sentimento de realização?

JC: Chegar a Presidente da Microsoft.

Acho que temos de ser ambiciosos. Não é uma coisa que me tire o sono. Tenho consciência que um projeto como este, por exemplo, que nós iniciamos cá em Portugal, é um projeto que tipicamente vai demorar. Daqui a 5 anos deve estar, eu diria, 80% feito. Neste momento, eu devia estar para aí 25% feito e (…) estamos a completar o 3º ano. Mas ainda há muita coisa para fazer. Acho que a parte mais difícil já está feita que era criar uma dinâmica de crescimento, (…) criar uma dinâmica positiva nos clientes, (…) criar uma dinâmica positiva nos parceiros… Portanto, tudo isso eram coisas que demoravam tempo e que tinham uma resistência maior inicial (…). Agora é uma questão de afinar e acelerar. Portanto, eu diria mais 1 ano, provavelmente, acho que faz sentido estar aqui, máximo 2 anos, e depois seguir carreira internacional. Noutro projeto, acho que vai surgir exatamente a mesma

coisa: provavelmente 3 anos para começar a ver resultados e depois há de ser variar sempre de empresa a cada 5 anos, dependendo da complexidade do projeto. (…)

BJ: Para terminar, e recuando alguns anos, qual o seu sonho de miúdo? E este manteve-se, mudou? Realizou-se?

JC: Eu tenho tantos sonhos de miúdo (risos). Eu acho que tenho realizado os sonhos. Eu tenho por princípio ser super otimista e ser sonhador e tenho outra característica que é sonhar alto. Gosto de pôr a barreira bem lá em cima com coisas difíceis de atingir. E, ao longo de todo o meu percurso, fui tendo sempre esses sonhos, fui sempre lutando por eles e conquistando-os. Isso também

dá um gosto especial. Há pessoas que dizem que o destino é mais forte que tu. (…) Eu não sou apologista dessa teoria.

Sou apologista de que o destino está nas nossas mãos e, portanto, é a nossa dedicação que escreve o destino. Obviamente que podemos ter mais sorte ou mais azar, mas costumo também dizer que mesmo a sorte dá muito trabalho. É sempre fácil dizer “Aquele senhor/ senhora teve sucesso: sorte, sorte, é uma sorte bestial!”. Sorte só jogando o totoloto e mesmo aí também tens o trabalho de preencher o totoloto e ir lá entregar.

Eu não preencho, portanto nunca vou ter essa sorte. (…) Tudo aquilo que eu consegui na minha vida, seja a nível pessoal, amoroso, material, etc., tudo foi construído com o meu esforço e isso dáme valor (…)

Novembro 2015 | NovaPress | 14

Opinião

Artigo de Opinião José Eduardo de Matos

Algo que Não tem Nada a Ver com Nada

Antes de mais, quero expressar o meu incómodo relativamente a algo que sucedeu na passada semana, quando estava eu a pesquisar no Google acerca de Sócrates, o grego, e fui levado para uma série de artigos relacionados com José Sócrates. É com desagrado e alguma frustração que constato fazer parte da minoria da população mundial que, ao “googlar” acerca do douto Sócrates, vê-se deparada com um tal de José Pinto de Sousa, que não nasceu em Atenas nem é filho de Sofronisco.

Nasceu em Alijó e tem como mãe Maria Adelaide, uma senhora que parece ser agente imobiliária com sede fiscal num qualquer offshore.

Contudo, não quero com este artigo incompatibilizar as duas personagens.

Até porque ambos estiveram privados da sua liberdade, apesar do destino do filósofo ter sido mais trágico pois, salvo raríssimos casos, a cicuta faz mais estragos no estômago do que pizza com extra-queijo.

Ultrapassada a minha pequena irritação com o referido motor de busca, lembrei-me de seguir a (curta) tradição deste jornal e falar de política. Já que muito de sério foi escrito sobre as eleições, proponho agora uma panóplia de versões alternativas que pretendem conduzir o leitor a um melhor entendimento do panorama actual:

“Já que muito de sério foi escrito sobre as eleições, proponho agora uma panóplia de versões alternativas que pretendem conduzir o leitor a um melhor entendimento do panorama actual” I. Versão mais simples - a matemática: a “esquerda” está apenas a aplicar o Teorema de Pitágoras: a soma do quadrado dos derrotados é igual ao quadrado dos vencedores.

II. Versão com “assumptions” - a económica: o bem deve ser alocado a quem mais o valoriza. Assim, quem está disposto a fazer mais cedências merece ficar com o bem, leia-se, governar. Assumindo pois, que governar não é um “bad”, o que nem sempre é razoável de admitir.

III. Versão paradoxal - a filosófica: quem perdeu, perdeu, e quem ganhou, também perdeu. Logo, quem perdeu, ganhou. Mas quem ganhou, perdeu! E não saímos daqui…

IV. Versão que recorre à metáfora - a desportiva: estamos perante um “clássico” Barça vs Real Madrid, mas com jogadores do Atlético a jogar também pela equipa do Real.

Neste caso o árbitro é Cavaco Silva e o jogo está claramente comprado pelo Barça.

PS: Gostaria de aproveitar esta oportunidade para prestar uma última homenagem ao meu avô que faleceu em 2010. Faço-o porque o único pesar a que teve direito foi através do Correio da Manhã e eu achei que já era merecida uma menção num jornal decente. Que descanse em paz.

15 | NovaPress | Novembro 2015

Gestão

AIESEC

Nova Junior Miguel Rocha Director do Departamento Comercial

Joana Larsen Communication Manager

A ideia de fazer parte da Nova Junior Enterprise começou ainda antes de fazer parte da Nova SBE. Ainda na Católica, uma amiga falou-me desta junior empresa que desde logo despertou interesse em mim. Hoje, como diretor comercial da NJE, sinto que o facto de ter uma atividade profissional a acompanhar o meu percurso académico, cria em mim uma noção de responsabilidade precoce e ainda um sentimento de relevância. É precisamente neste último ponto que gostaria de focar o meu texto.

Carolina Faustino, aluna da NOVA SBE, é oficialmente a primeira Global Entrepreneur de Portugal. O Global Entrepreneurs é o novo programa de estágios internacionais da AIESEC, em que tens a oportunidade de estagiar entre 6 a 8 semanas numa startup.

A Nex Coworking foi a empresa escolhida por Carolina, que realizou o seu estágio na área de Marketing em Curitiba, no Brasil. Entre as tarefas que realizou contam-se desenvolvimento de business models e de um programa de fidelização de clientes, análise de públicos-alvo e realização de benchmarking competitivo.

“...quando apresentamos um plano de negócio ou um estudo de mercado para um cliente que é dono ou fundador de uma startup, estamos a assegurar ou não a pertinência da ideia do cliente no mercado atual. “ A NJE tem dois tipos principais de clientes, sendo eles grandes empresas e startups. Trabalhar em projetos para ambas as partes é muito interessante e acrescenta valor à nossa equipa de Junior Consultants. No entanto, pegando naquilo que acima referi, é nos projetos para startups que, na minha modesta opinião, o trabalho de consultor tem um sabor especial. De facto quando apresentamos um plano de negócio ou um estudo de mercado para um cliente que é dono ou fundador de uma startup, estamos a assegurar ou não a pertinência da ideia do cliente no mercado atual. É ainda importante realçar que as conclusões a que a nossa equipa chegar acerca daquilo que o cliente procura, vão influenciar de uma forma bastante presente a vida dos nossos clientes e das suas famílias. É por isso fundamental assegurar que o trabalho realizado pela nossa equipa é exemplar.

“Senti toda a liberdade para desenvolver as minhas ideias e estive rodeada de pessoas inspiradoras das mais diversas áreas que, através do networking, trabalham o potencial da inteligência coletiva. A nível pessoal, ganhei amigos para a vida e integrei-me numa cultura diferente, o que me fez crescer e aceitar novas realidades. Se estão a pensar ter a vossa experiência, “arrisquem”, não se vão arrepender!”

Carolina

Faustino

Mais informação em http://www.aiesec.pt/globalentrepreneurs/

Novembro 2015 | NovaPress | 16

Gestão

Nova Skills Negociar não é fácil. O quotidiano dos gestores e dos economistas é marcado pela necessidade de chegar a acordos consensuais, especialmente nas áreas de vendas, serviços financeiros e na elaboração de qualquer contrato legal.

Segundo a Forbes, quase 90% das pessoas afirmam sentir-se desconfortáveis no momento de negociar o seu salário. Mesmo 20% dos profissionais desta área não tiram qualquer satisfação das negociações que levam a cabo diariamente. É surpreendente constatar que a maioria das pessoas usa o mesmo método de abordagem em diferentes cenários de negociação. A principal técnica é tentar guiar-se pelas ofertas iniciais da outra parte e mostrar-se rígido ou colaborativo conforme o outro lado da mesa transpareça rigidez ou desejo de colaboração.

Este é um assunto que não deve ser confiado ao senso-comum. Existem estratégias bem mais complexas e assertivas que variam de cultura para cultura, mas que resultam transversalmente num outcome mais favorável, especialmente para os menos especialistas na área.

No mês de novembro, a NOVA Skills oferece aos alunos de 2º ano de licenciatura a oportunidade de terem a sua primeira experiência formativa na área da Negociação, com Rafael Garrido, Key Account Manager na Unilever e ex-aluno da Nova SBE. Uma oferta que não poderás recusar.

Rita Ubaldo Presidente

“Existem estratégias bem mais complexas e assertivas que variam de cultura para cultura, mas que resultam transversalmente num outcome mais favorável, especialmente para os menos especialistas na área.”

17 | NovaPress | Novembro 2015

Finanças

Rita Brites NIC MiF

Um cisne negro consiste num fenómeno que raramente acontece e que, por isso, dificilmente se consegue prever. Trata-se de um acontecimento que se situa nos extremos da distribuição padrão que, curiosamente, apenas em raras exceções é um modelo fidedigno da realidade.

A conotação de cisne negro remonta aos tempos em que se julgava que todos os cisnes eram brancos e a sua importância advém do impacto na sociedade de conclusões precipitadas sobre o desconhecido. Esta questão assume outra preponderância para economistas, analistas financeiros, entre outros, cujas previsões são baseadas em não tão extrapoláveis modelos estatísticos.

A questão em que me quero focar, no entanto, são os cisnes cinzentos.

O meu primeiro cisne diz diretamente respeito à volatilidade característica do sistema financeiro mundial. Recentemente, na abertura da sessão de trading do S&P 500, e muito devido à atual crise na China, o índice de volatilidade VIX disparou momentaneamente para níveis semelhantes aos de 2008. De facto, os mercados financeiros são uma espécie de organização irracional: sofrem infinitas oscilações em proporções variadas, mas, ocasionalmente, quer seja por um dia ou por meses a fio, ficam fixos num equilíbrio inexplicável.

Ora, o S&P 500 encontra-se à data em níveis expressivamente superiores aos máximos que antecederam a crise de 2008 sem que haja alguma razão fundamental para que tal aconteça.

Cisnes “sofrem infinitas oscilações em proporções variadas, mas, ocasionalmente, quer seja por um dia ou por meses a fio, ficam fixos num equilíbrio inexplicável.”

Em que é que os baixos preços das commodities influenciam as decisões dos bancos centrais na conquista deste seu objetivo? Sendo as matérias-primas a base de uma grande diversidade de produtos, os seus preços refletem-se em todo o mercado, tendo assim um peso direto na inflação. Se por um lado os preços baixos são sinal de uma economia em desaceleração, por outro são um estímulo à mesma. É importante saber os impactos dos baixos preços das matérias-primas nas decisões dos bancos centrais, que têm como principal mandato a estabilidade de preços. Focando-nos no FED, que tem estado em vias de adotar uma política monetária mais restritiva, apercebemo-nos do alto risco associado a uma subida das taxas de juro num cenário incerto no mercado de commodities. Num cenário de matérias-primas baratas, e possível adicional descida dos seus preços, uma subida das taxas de juro irá criar ainda mais

Não se registaram avanços tecnológicos ou melhorias de produtividade significativas que pudessem estar na origem de tal crescimento. Na verdade, o que se passa nos Estados Unidos é, arrisco-me a dizer, em grande parte fruto da política monetária que o governo americano tem levado a cabo desde 2008. Refiro-me ao tão abordado alívio quantitativo que tem vindo a injetar milhares de milhões na economia americana e assim fomentando o consumo da sua população.

Tal como nos Estados Unidos, também na China se têm vindo a verificar contínuos cortes nas taxas de juro e, mais uma vez, a injeção de liquidez.

Pois bem, no espaço de um ano, o seu índice representativo mais do que duplicou tendo neste verão as quedas sido sistemáticas. Num mundo global já não será tão óbvio que os Estados Unidos subam as taxas de juro ainda este ano; que a recuperação económica na Europa seja mais notória ou que de

Novembro 2015 | NovaPress | 18

Finanças

Cinzentos

uma vez nos despeçamos globalmente da crise a que estamos apegados há já sete longos anos.

Já num outro registo, as mais recentes vagas migratórias de pessoas vindas do Médio Oriente e do Norte de África têm aterrorizado os líderes europeus que agora se entreolham impotentemente à procura de soluções que não chegam para um problema que não antecipavam.

Cisne negro?

A política externa levada a cabo pelos países desenvolvidos para esta região preocupou-se apenas em defender ideais ocidentais sem que nenhum esforço tenha sido feito para desenvolver estas economias. Com guerras, problemas económicos, medo e sem esperança, estas pessoas iriam procurar algo melhor, tal como todos já o fizemos.

Lamento. Não era assim tão difícil

de prever que os níveis americano e chinês não eram sustentáveis e que teriam, e têm, de se reajustar. Não podíamos achar que os agora migrantes iriam assistir impávidos ao seu infortúnio. E não, não podemos assumir que as recentes melhorias da economia portuguesa se deveram necessariamente ao esforço dos últimos anos (note-se, alívio quantitativo!).

Estes eventos não eram cisnes negros. Eram bem mais claros. Eram cinzentos! Por mais que profissionais das diferentes áreas não os tenham conseguido prever, se tivéssemos observado o que tinha vindo a acontecer e tomado uma posição diferente quanto a isso, talvez estas questões não se teriam perpetuado ou até efetivado. Como tal, por vezes temos de dar um passo atrás e ver o que está à frente dos nossos olhos. Deixar a nossa teimosa inocência e assumir de vez que há cisnes que não são francamente imprevisíveis.

“A política externa levada a cabo pelos países desenvolvidos para esta região preocupou-se apenas em defender ideais ocidentais sem que nenhum esforço tenha sido feito para desenvolver estas economias.”

19 | NovaPress | Novembro 2015

Finanças

Private Equity NIC UD

Um dos fenómenos que melhor evidencia a globalização económica dos últimos anos é a expansão do Private Equity (PE). Esta classe de ativos abarca, sobretudo, os investimentos realizados diretamente em empresas não cotadas em bolsa ou em cotadas que, geralmente, deixarão de o ser com PE, afigurando-se como alternativa ao tradicional financiamento bancário. As Sociedades de Capital de Risco, empresas que desenvolvem este tipo de investimento, tomam participações em empresas onde reconhecem potencial, procurando valorizar o seu negócio.

Os retornos deste investimento não estão garantidos e podem demorar até 10 anos (tratam-se de ativos ilíquidos);

porém, estão acima da média dos mercados bolsistas: 20% a 30% de taxa interna de rentabilidade. Uma das atividades mais características das gestoras de PE são as Leveraged Buyots (LBOs): a aquisição do controlo acionista de uma empresa através de uma grande parcela de endividamento, para, uma vez consolidada a sua situação financeira, vender essa posição por um valor bastante superior. Blackstone, Apax, Goldman Sachs e Apollo (que este ano adquiriu a Tranquilidade) contam-se entre as maiores gestoras de PE do mundo. Em termos de carreira, esta área tem a particularidade de associar as competências financeiras da banca de investimento ao pensamento estratégico da consultoria.

“Blackstone, Apax, Goldman Sachs e Apollo (que este ano adquiriu a Tranquilidade) contam-se entre as maiores gestoras de PE (Private Equity) do mundo.”

Novembro 2015 | NovaPress | 20

Economia

O Fim de Uma Era Miguel Costa Matos NEC

e a Próxima por Nascer

Este outono celebram-se 7 anos desde o crash de 2008. Volvido tanto tempo, não conseguimos dizer que a crise acabou. Não é só a China que nos alerta para o esmorecer das ditas economias emergentes, e, apenas o boom da bolsa consegue pôr um sorriso na cara dos economistas. A juntar-se a esta crise, vivemos uma encruzilhada nas políticas económicas.

Esta encruzilhada é mais visível na política monetária, com a expectativa de renovação do Quantitative Easing europeu e a insistência do Fed em manter taxas de juro baixas. O economista-chefe do Bank of England propõe eliminar o dinheiro em numerário, para assim conseguir taxas de juro negativas que acredita necessárias. Não obstante algumas vitórias (e.g. Draghi e as dívidas soberanas), os banqueiros centrais não conseguem alimentar o sistema monetário de forma sustentada. Não se trata de falta de dose – não houve choques económicos que desfizessem tamanha expansão monetária – mas da dose perder-se entre o prato e a boca. O problema está nos intermediários (financeiros) que deveriam transmitir esse estímulo à economia ‘real’ mas que o têm utilizado indiscretamente na especulação.

Na política fiscal também temos esta encruzilhada. Outra vez, não por o Estado (no geral) investir de mais ou de menos na economia mas, pela não-transmissão dos estímulos para a economia real. Os apoios à banca dissipam-se em ‘deleveraging’, as políticas activas de trabalho tornam-se em apêndices à economia,

financiados pelo Estado – assim que começa a doer, tira-se. Desde a precarização à privatização, sem esquecer a reforma fiscal, o Estado procura estimular o investimento privatizando tudo o que lucra e assumindo qualquer factura.

O problema desta política de ‘keynesianismo privatizado’ (como a chama Colin Crouch) é que gera habituação e dependência nos agentes económicos.

Como nos alerta Mariana Mazzucato, acabamos com um sector privado parasita.

“Desde a precarização à privatização, sem esquecer a reforma fiscal, o Estado procura estimular o investimento privatizando tudo o que lucra e assumindo qualquer factura.”

O significado desta dupla encruzilhada é o fim dum paradigma de políticas económicas. Tal como nos anos 70 as políticas keynesianas deixaram de produzir efeito, também as políticas contemporâneas estão ultrapassadas. Hoje, faz falta à economia o que então não faltou – um gene de crítica política e social, e uma veia de engenharia. Foi essa também a mensagem do recente debate do NEC sobre o futuro desta nossa disciplina. É esse também o papel das universidades – professores e estudantes.

Temo bem que no seio desta crise esteja o mesmo problema dos anos 70 – uma queda nas taxas de lucro das empresas. Então, o aumento do preço do petróleo e outros choques estruturais forçaram um aumento de preços e crescimento do desemprego, a famosa ‘stagflation’. Seguiram-se desregulações, privatizações, descidas de impostos e afins, com o intuito de garantir lucro fácil. A compressão salarial, que gera lucro, era compensada por uma explosão de crédito também ela lucrativa. Fomos ‘comprando tempo’ mas claro que ficávamos cada vez mais frágeis a eventuais choques. Essa fragilidade desenrolou-se espetacular embora, tragicamente, nesse outono de 2008.

Hoje, limitados pelo pesado legado de dívida, os ‘mercados’ ficam-se pela renda e pela especulação. Os lucros que a economia não-financeira promete são, ou não grandes o suficiente ou demasiado incertos. Teremos dinheiro ou a receita para uma espécie de “Viagra” que novamente garanta lucro para estes mercados? Não havendo, é a hora de pensarmos em novas formas de fomentar o crescimento e o emprego. Estaremos à altura do desafio?

21 | NovaPress | Novembro 2015

Finanças

Commodities

NIC UD

Não é novidade a recente queda dos preços das commodities. Não é também difícil justificar tais descidas.

Desaceleração da economia mundial, excesso de oferta, conflitos em países produtores destas matérias-primas, mudança de mentalidade, etc.

O impacto deste clima de preços baixos na economia não é assim tão fácil de enumerar. Por um lado todos ficamos mais contentes depois de atestarmos os nossos carros por menos.

Por outro, isto acontece porque não há agitação económica suficiente para manter estes preços registados anteriormente.

Tudo começou com a crise do mercado imobiliário e do sector bancário que atingiu os EUA. O abalo foi tal que a Reserva Federal Americana viuse forçada a descer as taxas de juro, de modo a incentivar a economia, diminuindo de certa forma a poupança.

O abrandamento da economia mundial é uma das principais razões pelas quais a inflação se têm mantido baixa.

Este clima económico influencia negativamente os preços das matérias-primas, pressionando negativamente a inflação, chegando-se ao problema do ovo e da galinha.

A inflação apontada como ideal nos EUA, RU, UE, Japão, entre muitos outros países do Mundo, anda à volta dos 2%. A inflação nos EUA foi em Setembro de 0,0%; no RU de 0,0%; na UE de 0,1% (Agosto); no Japão 0,3%; todos eles longe do alvo dos seus bancos centrais contrariamente aquilo que os mesmos têm batalhado.

“O abrandamento da economia mundial é uma das principais razões pelas quais a inflação se têm mantido baixa. Este clima económico influencia negativamente os preços das matérias-primas, pressionando negativamente a inflação, chegando-se ao problema do ovo e da galinha.”

Em que é que os baixos preços das commodities influenciam as decisões dos bancos centrais na conquista deste seu objetivo? Sendo as matérias-primas a base de uma grande diversidade de produtos, os seus preços refletem-se em todo o mercado, tendo assim um peso direto na inflação. Se por um lado os preços baixos são sinal de uma economia em desaceleração, por outro são um estímulo à mesma. É importante saber os impactos dos baixos preços das matérias-primas nas decisões dos bancos centrais, que têm como principal mandato a estabilidade de preços. Focando-nos no FED, que tem estado em vias de adotar uma política monetária mais restritiva, apercebemo-nos do alto risco associado a uma subida das taxas de juro num cenário incerto no mercado de commodities. Num cenário de matérias-primas baratas, e possível adicional descida dos seus preços, uma subida das taxas de juro irá criar ainda mais

pressão deflacionista na economia.

Num outro cenário, em que a economia volte a gerar atividade suficiente para levar a uma retoma dos preços, veremos certamente melhores perspetivas para a nossa tão estimada inflação, e mais espaço a uma política monetária mais restritiva.

No mercado monetário, baixos preços de commodities levaram a uma forte desvalorização de moedas de países produtores de matérias-primas.

Estas foram arrasadas pela diminuição de moeda necessária para obter tais produtos. Além deste facto, a inexistência de um fim previsto aos programas de easing de outros aglomerados monetários e de toda a perspetiva que houve de uma subida nas taxas de juro dos EUA, a competitividade de preços norte americana está posta em causa, deixando qualquer medida da Fed em standby.

Novembro 2015 | NovaPress | 22

Finanças

Trans-Pacific NIC UD

O TPP, também conhecido como Trans-Pacific Partnership, é o maior acordo regional da história assinado, envolvendo 40% da economia global e duas das três maiores superpotências mundiais: Estados Unidos e Japão.

O objetivo deste acordo é essencialmente facilitar o comércio internacional entre os países da costa do Pacífico envolventes, sendo eles: Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Perú, Singapura e Vietname. Nesta lista, salienta-se a ausência da China. A verdade é que o TPP trata-se também de uma estratégia geopolítica e pretende fazer frente à influência chinesa especialmente na região envolta do Pacífico. Contudo, este foi criado de forma a possibilitar a entrada de novos países e a entrada da China pode vir a ser uma possibilidade, juntamente com outras importantes economias como a Coreia do Sul. O TPP, resultado de dez anos de negociações, assenta em diversos pilares. Além da redução e abolição de tarifas alfandegárias e quotas, assenta também em temas relacionados com condições de trabalho e ambientais, regras de propriedade intelectual e até transferência de dados pela internet. Nestes aspetos destacam-se: os direitos de propriedade intelectual de 8 anos sobre medicamentos biológicos; a adoção de regras de trabalho internacionais, como a implementação de um salário mínimo, afetando países como a Malásia e o Vietname; e também o estabelecimento de regras respeitantes ao meio ambiente, numa tentativa de diminuição do tráfico de espécies em extinção e da sobrepesca.

“assenta também em temas relacionados com condições de trabalho e ambientais, regras de propriedade intelectual e até transferência de dados pela internet.”

Quem beneficia diretamente deste acordo são as empresas produtoras de automóveis como as japonesas Toyota e a Honda, que terão um acesso mais barato aos maiores exportadores, os Estados Unidos. As exportações de automóveis dos Estados Unidos também podem vir a aumentar, devido à redução de tarifas alfandegárias nos mercados emergentes como é o caso do Vietname. Os produtores agrícolas serão igualmente beneficiados, visto que as tarifas vão ser abolidas

em 98% dos alimentos, incluindo o açúcar, vinho e arroz. Para este tema destacam-se a Austrália e a Nova Zelândia, grandes exportadoras de produtos alimentares.

Existem, porém, bastantes oponentes a este acordo, o que pode dificultar a execução do mesmo. Para o TPP ser posto em prática necessita da validação de todos os países envolventes, estando também nas mãos da aprovação do Congresso dos Estados Unidos. As maiores críticas são dirigidas ao aumento da concorrência no mercado de trabalho, ao secretismo das negociações e também ao provável aumento dos preços dos produtos farmacêuticos. Países como o Canadá, a Austrália e os Estados Unidos são dos que encontram maior resistência.

Apesar de tudo, a conclusão das negociações do TPP em si, representam já boas notícias para as negociações entre a UE e os Estados Unidos: o foco no TTIP (Transatlantic Trade and Investment Partnership) será maior. O TPP tal como o TTIP podem vir a ser modelos para futuras parcerias a nível do comércio global.

23 | NovaPress | Novembro 2015

Economia

Artigo de Opinião de António Capela

Portugal é o país com o menor índice de fecundidade de toda a UE. O número médio de filhos por mulher em idade fértil é 1,2; sendo que a reposição de gerações seria assegurada com 2,1 (que não atingimos desde 1983). O cenário é, pois, bastante negro e não há sinais de reversão para os próximos anos.

A população portuguesa está a alcançar, por esta altura, os seus máximos, começando a diminuir por 2016-2017.

Na campanha eleitoral esteve vincadamente presente o assunto da sustentabilidade da Segurança Social (SS), no entanto, nenhum partido foi capaz de apresentar o tema com clareza. A SS faliu. Chegou a um ponto de insustentabilidade e, a cada ano que passa, a situação mais se vai agravando e inclusive aumenta a própria velocidade de degradação. Já não existem soluções fáceis, já não bastam reformas de longo prazo – são precisas medidas fortes cujo adiar só representará um agravamento exponencial dos custos futuros.

2030

O Terror “já não bastam reformas de longo prazo – são precisas medidas fortes cujo adiar só representará um agravamento exponencial dos custos futuros.”

Notemos que a população idosa ultrapassou os 20% da população total, representando cerca de 30% do total do eleitorado português.

Contudo, com o avançar do tempo, a proporção da população idosa irá aumentar, isto significa que o seu peso no total do eleitorado crescerá também, daqui se conclui, que o adiar, das medidas de alteração ao regime da SS, só as tornará ainda mais difíceis de tomar.

Os sistemas de segurança social foram desenhados numa Europa em que conviviam duas realidades: crescimento económico e uma população jovem. A alteração no

panorama demográfico leva, por consequência lógica, a uma revisão inevitável do actual cenário da SS. O Estado Social não é posto em causa por um bando de neo-liberais que assaltaram o governo. O Estado Social é posto em causa pela diminuição da natalidade, pela diminuição da população activa (repare-se que nos últimos 30 anos a Esperança Média de Vida em Portugal aumentou 10 anos, estando hoje acima dos 80 anos), o que levou a nossa SS a um ponto de insustentabilidade e de rotura.

Tenham-se em conta duas agravantes de peso: Primeiro que a população idosa afecta expressivos custos adicionais em políticas de saúde; segundo que a dívida pública é também bastante pesada. A dívida, hoje paga por 6 904 000 activos, será suportada daqui a 20 anos (em 2035) por aproximadamente 5 200 000 activos; o que implica um aumento de encargos por activo na ordem dos 32% (sem distinção de empregados e activos)! E não esqueçamos, que à altura, estas mesmas pessoas terão

2040

Novembro 2015 | NovaPress | 24

Economia

Demográfico de sustentar a crescente população idosa, que quase atingirá os 3 000 000. Um autêntico filme de terror! Continuamos a viver acima das nossas possibilidades (leia-se endividados), e, no entanto, o envelhecimento da população, por norma, devia levar-nos a poupar! Adiar é agravar! É evidente que já vamos tarde nas medidas estruturais, todavia, como é sabido – mais vale tarde do que nunca.

Neste caso urgem medidas de curto prazo, (que revolucionem toda a SS) coordenadas com medidas de longo prazo – são imprescindíveis e urgentes políticas verdadeiramente agressivas que invertam o actual cenário da demografia em Portugal. Neste sentido, carecemos de políticas que promovam a família. Seria crucial que o Estado pudesse apoiar uma instituição que favorecesse a natalidade – de tal depende a sustentabilidade da dívida pública, do SNS e do Estado Social!

– A propósito, durante muitos anos, tal instituição amiga, matriz e motor da natalidade, hoje tão espezinhada e deturpada, chamou-se Casamento.

2050

2020

“Neste sentido, carecemos de políticas que promovam a família.

Seria crucial que o Estado pudesse apoiar uma instituição que favorecesse a natalidade”

2060

25 | NovaPress | Novembro 2015

Acção Social

Maria Inês Alexandrino

Day Off To Volunteer

Tudo o que tínhamos era uma tarde, boa disposição e uma vontade imensa de ajudar o próximo. Tudo o que demos, sentimos sempre que foi pouco em comparação com aquilo que acabamos por receber.

No passado dia 9 de Outubro, 30 estudantes da NOVA SBE deram folga ao seu estudo e rumaram em direção ao Lar Infanta D. Mafalda, em Campolide, onde foram desafiados a pintar as paredes exteriores e ainda a ajudar com diversos trabalhos de jardinagem.

Todavia, ao longo da tarde, no decorrer das nossas tarefas, tivemos agradáveis surpresas como os sorrisos de habitantes e funcionários do Lar, que queriam dar-se a conhecer e deixar-nos a sua marca, e o lanche que todos os funcionários nos prepararam carinhosamente.

“Todavia, ao longo da tarde, no decorrer das nossas tarefas, tivemos agradáveis surpresas como os sorrisos de habitantes e funcionários do Lar” Em suma, chegámos a casa com o sentimento de dever cumprido, e era mesmo esse o objectivo pretendido pela NOVA SU com esta iniciativa, a missão era sairmos da zona de conforto e estendermos a mão a quem precisasse, e foi exatamente isso que fizemos.

Obrigada Larv Infanta D.Mafalda! Obrigada Voluntários!

Teresa Monteiro Presidente

Green Nova

Nuno Duarte Presidente

Muitos de nós passam mais tempo na faculdade do que na sua própria casa. Um dos maiores desafios do GreenNova é provar aos alunos que é possível conjugarem as suas atividades e ao mesmo tempo terem um impacto reduzido no ambiente.

Porquê deixar um copo de café numa mesa do pátio quando há um caixote do lixo a menos de 2 metros? Este é um exemplo dum comportamento que achamos pouco adequado em qualquer sítio e que queremos mudar.

A implementação de pontos de reciclagem foi o primeiro passo que demos numa tentativa de estimular uma maior sustentabilidade ecológica num espaço onde passamos tantas horas por dia.

“Somos o único clube que tem como preocupação tanto uma vertente ambiental como também procura ter um impacto social positivo na nossa comunidade.”

Somos o único clube que tem como preocupação tanto uma vertente ambiental como também procura ter um impacto social positivo na nossa comunidade. Um dos projetos principais, que levou à criação do clube, é a parceria com o Banco Alimentar na campanha Papel por Alimentos. A campanha consiste em ajudar famílias carenciadas e instituições de solidariedade convertendo cada tonelada de papel recolhido em 80 euros em alimentos para os mais carenciados.

Nas próximas edições pretendemos introduzir temas relacionados com a sustentabilidade na nossa faculdade e em que aspetos a transição para o novo campus poderá ser ecologicamente viável.

Outubro 2015 | NovaPress | 24

Desporto

Acção Social

Ultimos Resultados Futebol 11

Andebol Masculino

AECLSBE 0-4 AEFEconomia AEFEconomia 0-4 ISTécnico

AE ISEG 22 – 29 U.Nova

Voleibol Masculino

Voleibol Feminino

U. NOVA 3-1 FAIPL

ISEG 3-1 AEFEconomia AEFEconomia 1-3 AECLSBE

Basquetebol Masculino Basquetebol Feminino UNL 32 - 62 AEISTécnico AEFCT 61 – 58 UNL

U.Nova 79 – 22 FAIPL

Próximos Jogos Andebol Masculino

Basquetebol Masculino

AAIPS – U.Nova - 18/11 U.Nova – AEISTécnico - 30/11

AE ISEL – UNL - 17/11 UNL – AE ISCTE - 30/11

Futebol 11

Voleibol Feminino

ISCAL vs AEFEconomia – 16/11 AEFEconomia vs ISEG – 23/11

AEFEconomia vs AEFCT - 12/11 ISTécnico vs AEFEconomia – 24/11

Basquetebol Masculino

Voleibol Masculino

AEFMV – U. Nova - 11/11 U. Nova – AEISTécnico - 23/11

U. NOVA vs AEFCT – 19/11 AAULusófona vs U. NOVA – 30/11

27 | NovaPress | Novembro 2015

Desporto

Desporto Universitário A Associação de Estudantes tem vindo a trabalhar com o objectivo de tornar o desporto na nossa faculdade algo com maior importância e notoriedade, algo que tem sido progressivamente atingido graças ao nosso esforço mas também, e talvez mais importante ainda, ao empenho e dedicação de todos os nossos alunos/atletas. Um muito Obrigado a todos ! Actualmente, a NOVA SU tem sob a sua tutela as equipas de Voleibol feminino, Futebol 11 e Futsal masculino (denominadas de AEFEconomia nas tabelas abaixo). As restantes modalidades (denominadas de U. Nova ou UNL) abrangem também outras faculdades da Universidade Nova, que estão sob tutela da reitoria da universidade.

A NOVA SU trabalha no sentido de proporcionar todas as condições para que os estudantes possam conciliar os estudos com a actividade desportiva regular da melhor maneira e, até agora, temos recebido um feedback muito positivo. Aqui mostramos as tabelas classificativas ( a 26/10) bem como os resultados dos últimos jogos e a calendarização dos jogos de Novembro das equipas inscritas na 1ª divisão. A única equipa que aqui não está presente é a do Futsal Masculino pois encontra-se na 2ª divisão, pelo que começa mais tarde o campeonato.

Basquetebol Feminino

Futebol 11

Voleibol Feminino

Basquetebol Masculino

Andebol Masculino

Voleibol Masculino

Novembro 2015 | NovaPress | 28

Lisboa

O Futuro do Surf Tomás Portas Surf Club

O surf é hoje em Portugal um desporto maior do que alguma vez foi. Temos a Ericeira reconhecida como a 2ª reserva mundial de surf no mundo, a 1ª na Europa. Somos nós também um exemplo disso mesmo, onde no seio académico surge um clube de surf. Clube esse que é talvez o mais reconhecido por alunos estrangeiros da faculdade. Esse mesmo clube faz agora uma análise de opinião sobre o mercado em que se insere.

Todo este crescimento não veio do nada, mas infelizmente, pouco esteve relacionado com as pessoas deste meio: os surfistas, os donos de escolas de surf, representantes associativos, etc. O surf cresceu devido ao sucesso da modalidade em si e ao sucesso da sua divulgação a nível mundial. Cresceu em Portugal devido à naturalidade com que ele aparece em cidades costeiras - Portugal inteiro.

Se há 20 anos era visionário abrir uma escola de surf, ajudando o crescimento do surf, hoje é só mais um projecto de tempos livres de um prof. de educação física. Esta falta de profissionalismo está um pouco por todo o lado na actividade económica do surf, e põe em causa o seu crescimento. Esta falta de profissionalismo está 100% na gestão destas actividades económicas, e não nos conhecimentos para o ensino da prática. Não é tornar a formação de instrutores de surf em rocket science que resolverá o problema, é sim formar os gestores das

Manuel Antunes Surf Club

“A falta de imaginação e competência de gestão por parte da maioria dos agentes económicos do surf põe em causa o sustentável crescimento deste desporto.”

actividades económicas do bê-à-bá da gestão.

A falta de imaginação e competência de gestão por parte da maioria dos agentes económicos do surf põe em causa o sustentável crescimento deste desporto.

As provas mundiais de surf são um bom exemplo do passo a seguir: desde 2009, quando voltaram a Portugal, cresceram sustentadamente, nunca deixando o país e tendo o seu auge em 2014 com 5 provas realizadas em Portugal, com um impacto de mais de €46m só em Portugal Continental.

O objectivo tem de ser encontrar oportunidades e fazê-las crescer de forma sustentada, seguindo exemplos de marcas de surf Portuguesas como a Deeply e a Janga; surf camps reconhecidos internacionalmente como o Dream Sea ou o Lapoint; serviços inovadores como o Westcoast Campers ou Surf in Portugal; ou de marcas de acessórios tecnológicos como o Tuga Mount.

Se pensarmos que a maioria do mercado de novos praticantes portugueses já foi alcançado, daqui para a frente o seu potencial crescimento será constante e pequeno, tão pequeno como a taxa de natalidade, não fazendo sentido continuar a apostar em mais escolas de surf. É por isso que Portugal, estando na boca do mundo como o destino Europeu de surf, terá de se focar na qualidade e originalidade dos seus projectos garantindo a sustentabilidade dos seus passos.

Lisboa

Novembro 2015 | NovaPress | 30

Lisboa

LUX Lux. A cereja no bolo da noite Portuguesa. Com 17 anos de história, ainda atrai multidões todas as semanas, com pessoas de todo o mundo, já que é considerada uma das casas “a-não-perder” no circuito europeu.

Apesar de ter um dos ambientes mais diversos (confiem em mim: conseguem encontrar todo o tipo de personalidades mirabolantes e incríveis lá dentro), a melhor palavra para a política de entrada é exclusividade. O meu conselho? Se não se comportarem talvez oiçam um “boa noite” prematuro do porteiro em vez do desejado “bom dia e obrigado”.

Desde o terraço cool onde podem ter uma das vistas mais incríveis sobre o Tejo enquanto bebem um dos vossos gins preferidos, à alegre pista do meio (onde podem conhecer dois ursos polares que dançam toda a noite, literalmente) e pelas escadas até ao inferno

Robert Hood

Artigo de Tamara Mangericão

Anja Schneider

13 21 NOV NOV Robert Anja

Hood Schneider

quente da cave techno; com os lineups mais variados, juntamente com DJs de renome internacional, desde o Zouk Bass (nas famosas Hard Ass Sessions) ao Heavy Techno, podem ter três noites completamente diferentes simplesmente por mudarem entre pisos.

Claro que o potente sistema de som ajuda à viagem, mas o design é também um dos pontos altos e diferenciadores: mudando de tempo em tempo, de detalhes minimalistas a clássicos, e por vezes é até possível encontrar peças de diversos artistas expostas. Oh, e já mencionei os ursos polares dançantes?

Por fim, quando o teu corpo não puder mais (seja por ter “partido todo o chão” do Lux ou por talvez ter mais alcool que sangue…) não há como perder isto: ver o nascer do sol pelo gradeamento do parque de estacionamento. Clássico.

31 | NovaPress | Novembro 2015

Cultura

HotBox

Algures durante o segundo semestre do ano passado, o nosso Dj residente Gonga, veio falar comigo e com outros amigos nossos sobre a possibilidade de organizarmos uma festa de música electrónica na Nova. Mal podíamos imaginar que o projeto iria chegar ao nível que apresentámos na ultima edição.

A nossa versão beta teve o nome de Boiler Nova. Temos todos uma grande admiração pelo projeto Boiler Room e tentámos recria-lo num contexto universitário, não podíamos ter encontrado melhor espaço. A Associação de Estudantes da Faculdade de Economia é um espaço com características únicas em termos de som e proximidade com os artistas, factos que contribuem para o sucesso do projeto. A primeira festa foi uma acumulação de erros logísticos que na sua confusão conseguiram mesmo assim proporcionar uma noite única.

Seguem-se mais duas edições que mostram uma clara evolução. A Associação de Estudantes dedicou-se bastante ao evento e com a ajuda de outros colaboradores

colaboradores conseguimos elevar a fasquia. O conceito evoluiu, neste momento contamos com mais de 15 artistas e queremos contar com muitos mais. O nosso objectivo é conseguir lançar jovens músicos do panorama universitário Lisboeta e proporcionar uma rede de contactos para os ajudar no seu desenvolvimento.

Além da música o que destaca a nossa festa é o ambiente. A nossa visão inicial, à qual somos sempre fieis é a de uma festa Low Cost Premium. Bebidas de boa qualidade sem a margem exploratória das discotecas, entradas baratas e ambiente familiar. Estamos a conseguir cumprir com cada vez mais qualidade! Podem esperar novidades nas próximas edições, tal como o segundo palco apresentado na ultima, queremos que o conceito esteja em constante evolução.

Se tiverem ideias ou quiserem juntar-se ao grupo não hesitem em contactar a AE da Faculdade de Economia, queremos englobar todo o tipo de artistas, este é um projeto de alunos para alunos.

Artigo de Nadir Silva

Novembro 2015 | NovaPress | 32

Cultura

VIIITostaMista Cláudia Liberato Membro da Fortuna

Para dar início ao novo ano lectivo, nos passados dias 16, 17 e 18 de Outubro, a ForTuna fez as malas e aventurou-se por terras distantes, rumo à cidade de Viseu. Desta vez, teve o prazer de participar no VIII Tosta Mista – Festival de Tunas Mistas da cidade de Viseu, organizado pela Estudantina Universitária de Viseu. Como nunca está sozinha nestas aventuras, contou também com a presença de tunas vindas de Coimbra, Leiria e Porto.

A noite de serenatas marcou o início do festival, na qual as tunas cantaram e encantaram o público, no recinto da Câmara Municipal de Viseu.

No dia seguinte, Viseu foi presenteada com o bom espírito tunante.

As tunas caminharam pelas ruas da cidade enquanto realizavam diversos jogos e partilhavam momentos de convívio e animação conjugados, evidentemente, com as emblemáticas “guitarradas”.

Trajados e com os instrumentos nas mãos, os membros da ForTuna pisaram

“A tuna académica da Nova School of Business and Economics levou para casa os prémios de melhor serenata, melhor pandeireta, melhor estandarte e melhor tuna.” pela primeira vez o palco da Aula Magna do Instituto Politécnico de Viseu. Com alegria e afinação, cativaram a plateia com o seu repertório.

Desta forma, conseguiram, conjuntamente com as outras tunas, proporcionar à comunidade de Viseu um espetáculo memorável. Após o término das atuações, chegou o momento da distribuição dos prémios. A tuna académica da Nova School of Business and Economics levou para casa os prémios de melhor serenata, melhor

pandeireta, melhor estandarte e melhor tuna. Para além dos prémios ficam as amizades criadas e as vastas histórias partilhadas com as restantes tunas.

Este tipo de festivais confere à ForTuna a oportunidade de expandir os seus horizontes, marcando no mapa uma nova cidade onde pode divulgar o seu bom nome assim como o da sua faculdade.

Com um sentimento de saudade a família ForTuniana está de volta à sua terra, Lisboa, aguardando e começando a prepara-se para as aventuras quese avizinham.

33 | NovaPress | Novembro 2015

Cultura

Programação de Concertos Filipe Figueiroa

5 Paus + Pop Dell’Arte 6 Dezembro

Sábado 21:00 15€ CCB - Centro Cultural Belém

10 Eagles of Death Metal 10 Dezembro

18

Quinta-feira 21:00 26€ Espaço Armazém F

19

Axwell & Ingrosso 18 Dezembro

Sexta-feira 21:30 32.50€ MEO Arena

dEUS

19 Dezembro Sábado 21:00 26€ Aula Magna

Novembro 2015 | NovaPress | 34

Cultura

PAUS Pop Dell’Arte 6 Dezembro Sábado 21:00 15€ CCB - Centro Cultural Belém O projecto que começou como uma dupla de bateristas tem vindo a crescer e a tornar-se cada vez mais um nome a seguir na música portugesa.

No CCB poderemos reviver as suas melhores músicas dos ultimos albuns assim como dar uma espreitadela às músicas que estão preparadas para o seu próximo album, a sair em 2016.

Também vamos ter a oportunidade de ouvir Pop Dell’Arte, um projecto mais antigo com um som que nunca deixa de ser avant-garde.

Desde 1985 que os Pop Dell’Arte primam pela originalidade e pelo vasto leque de influências que trazem consigo para cima do palco.

Não sabemos bem o que esperar, sabemos só que é uma excelente oportunidade para celebrar o qu ede melhor há na música portuguesa.

Eagles of Death Metal 10 Dezembro Quinta-feira 21:00 26€ Espaço Armazém F A gigante dupla composta pelo semi-deus do rock, Josh Homme, dos Queens of the Stone Age, e o sem-deus Jesse Hughes.

Vêm apresentar o mais recente album, “Zipper Down”, lançado a 2 de Outubro e que é o primeiro album da banda desde 2008. O single “Complexity” mostra como a banda se mantém fiel a si mesma, com um estilo que contraria o nome e não chega - nem de perto - a ser death metal.

Cheio de melodias que se prendem como ganchos, “Zipper Down” é um album que vale a pena escutar, primeiro em casa e depois no Armazém F.

Axwell & Ingrosso

dEUS

18 Dezembro

19 Dezembro

Sexta-feira 21:30 32.50€ MEO Arena

Sábado 21:00 26€ Aula Magna

O Parque das Nações vai-se encher de música electrónica com Axwell ^ Ingrosso.

Vamos poder ter um cheirinho do tão adorado Tomorrowland aqui em Lisboa.

Embora a dimensão e a espectacularidade do Festival seja intransponível para um sala de espectaculos como o MEO Arena, tanto Axwell como Sebastian Ingrosso vão lá estar com a mesma energia contagiante.

Será uma verdadeira experiência de entretenimento e diversão, com som, luz, video e pirotecnia com nomes de luxo da música electr´nica de dança internacional.

Este evento faz parte do conceito “Where’s the Party” promovido pela Carlsberg que já fazem parte do roteiro de festas.

Os dEUS estão de volta à Aula Magna, concerto inserido na tournée ‘Soft Electric Tour’. Esta pretende mostrar ao público um lado completamente novo e refrescante da banda de indie rock do anos 90 Ao longo desta digressão, dEUS vão deixar de lado a sua vertente acústica e dar especial atenção a alguns temas elétricos mais suaves e raramente tocados ao vivo. Desta maneira, prometem uma experiência diferente para os amantes da banda, já que vai ser possível assistir a momentos que não estiveram presentes em concertos passados da banda.

Será um brinde à relação que a banda tem com o público português, numa sala excelente e que permeite um nível de intimidade inalcançável em grandes concertos.

35 | NovaPress | Novembro 2015

Cultura

Cinema: Imitation Game Carolina Carvalheira

Benedict Cumberbatch volta a dar cartas no “Jogo da Imitação”, um filme do norueguês Morten Tyldum que retrata a vida do matemático Alan Turing.

Em plena Segunda Guerra Mundial, uma incrível máquina de criptografia produzida pelos alemães - o Enigma - afastava cada vez mais os aliados da vitória. Entretanto, algures em campos ingleses, Benedict Cumberbatch, no papel de Alan Turing, lidera uma equipa de génios cujo objetivo é descodificar o aparentemente indecifrável código nazi.

Ao longo do filme, Cumberbatch internaliza as preocupações de um homem obcecado pelo seu trabalho, socialmente incorreto e dono de um segredo que acabou por lhe custar a vida: a homossexualidade, na altura proibida por lei em Inglaterra. Entre peripécias e desafios, são abordadas várias temáticas desde a genialidade do Homem e a complexidade das máquinas até à aceitação da homossexualidade na sociedade, que deixam espaço para reflexões mais profundas sobre, por exemplo, a forma como é medido o valor dos homens ou o impacto da máquina na sociedade.

A história da invenção de Turing já tinha sido contada várias vezes no cinema, mas nunca com tal enfâse na vida do seu criador: um homem que, ao decifrar o Enigma, diminuiu a guerra em cerca de 2 anos e evitou milhares de mortes, moldando de uma forma única a segunda metade do século XX. Não deixa de ser irónica a forma como a tecnologia, por vezes, parece evoluir mais depressa que o preconceito ou o modo como o enorme feito de Turing foi relativizado quando posto lado a lado com a sua sexualidade.

Todavia, trata-se de um filme feito para as massas e contém, por isso, bastantes clichés que diminuem o suspense e permitem antever algumas cenas. Apesar de tudo e de uma forma geral, é um filme que não podem deixar de ver, nem que seja para encontrarem a inspiração que precisavam para não desistirem à primeira das demonstrações no exame de Cálculo II.

Novembro 2015 | NovaPress | 36

Cultura

Discos:

Livros:

Another One

Yes Please!

Mac Demarco

Amy Poehler

Duarte Marques do Carreiro

Inês Ascenso

O rapaz herói do indie-rock volta aos discos com um mini álbum de oito canções pop, recheadas de guitarras flutuantes, percussão simples, letras sobre corações partidos, e as vicissitudes que o amor consigo traz. Em Another One, Mac é fiel a si mesmo: honesto e cru; expondo o seu coração ao mundo como só o próprio consegue fazer.

Este LP (de não-tão-longa-duração) abre com The Way You’d Love Her; fala do quase-amor, daquilo que poderia ter sido, mas não foi. Mac chega mesmo a confessar os seus sentimentos, “but never really got the chance to show her what it really means to love her”. Este album não apresenta grandes diferencas do seu antecessor Salad Days, nem mostra para onde DeMarco se encaminha; mas, por sua vez, complementa Salad Days, da mesma maneira que este o fazia para 2.

Em contraste com Salad Days, Mac abandona o “eu” que até ai caracterizava as suas faixas e aborda a dicotomia amorciúme (Another One), a frustração (A Heart Like Hers) e a saudade (I’ve Been Waiting For Her), de uma perspectiva mais universal, atingindo todos e cada um de nós onde mais dói, no coração.

O álbum termina com uma instrumental My House By The Water, onde Mac nos dá a sua morada e nos convida para um café.

Já o avisei, sou bem capaz de por lá aparecer.

Link:

https://www.youtube.com/watch?v=9-qppKnZi3U

“Yes, Please!” foi uma leitura leve, que me fez rir e chorar, que me fez pensar, mas que, sobretudo, foi refrescante.

Amy Poehler fala-nos da sua vida, desde a infância até aos seus dias no Saturday Night Live, começando por dizer que escrever este livro deu-lhe mais trabalho do que alguma vez pensou que daria, tendo em conta que estava no meio de um divórcio, de um novo namoro, a atuar para uma série televisiva, e, no topo disto, com dois filhos pequenos. No entanto, este começo dita bastante bem o tom do livro: honestidade.

Inspirada por Tina Fey, Lena Dunham e outras colegas impressionantes, Amy Poehler dá-nos a conhecer um pouco mais da sua vida, falando-nos dos seus sonhos e aspirações, das suas conquistas, e dos seus fracassos e momentos mais baixos, proporcionando sempre boas gargalhadas.

Recomendo fortemente este livro, que me proporcionou momentos completamente livres de stresse, e me inspirou a seguir os meus sonhos, como a autora o fez.

Título Original: Yes Please Autor: Amy Poehler Língua Original: Inglês Publicado: 2014 Género: Biografia / Humor ISBN: 9781743534748