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NOSSAS LINDAS – E DIFERENTES – PONTES

foto CARLOS BORTOLOTTI foto CARLOS BORTOLOTTI

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Pontes Anita Garibaldi e Hercílio Luz: semelhantes na essência, diferentes no estilo NOSSAS LINDAS – E DIFERENTES –PONTES

foto EDUARDO VALENTE

texto LU ZUÊ fotos CARLOS BORTOLOTTI e EDUARDO VALENTE A eterna beleza da Hercílio Luz

Santa Catarina é um estado reconhecido pela diversidade cultural, pelo espírito empreendedor de seu povo e pela força econômica que nos permitiu fechar o ano de 2021 com crescimento de 8,3% do Produto Interno Bruto (PIB), superando o percentual brasileiro e o de São Paulo (4,6% e 5,7% no ano, respectivamente). Mas, antes de mais nada, o que sempre chama a atenção é a inigualável e exuberante beleza natural, que grava na memória das pessoas imagens de praias, montanhas, florestas de Mata Atlântica, serras e planaltos.

Por isso, quando se ouve a pergunta: “Santa Catarina tem belezas naturais?”, a resposta é uma só: “E como tem!”.

Mas, curiosamente, foram “esculpidas” pelas mãos dos homens – com largo intervalo de tempo e também por isso diferenças de estilo construtivo – duas grandes estruturas que deixam o cenário catarinense ainda mais bonito, e cumprem a missão de facilitar deslocamentos, unir comunidades, e homenageiam dois grandes catarinenses que bem representam a força de nossa gente: as pontes Hercílio Luz (ex-governador que determinou a construção da primeira ligação entre a Ilha e o Continente) e Anita Garibaldi (lagunense ilustre, conhecida por sua participação na Revolução Farroupilha e no processo de unificação da Itália).

Especial em sua beleza e história repleta de idas e vindas, a Hercílio Luz está sempre marcando presença aqui nas páginas da Mural. Também, não poderia ser diferente: somos fãs de carteirinha da “Ponte Velha”, que renovada por um longo e tumultuado processo de recuperação está mais linda do que nunca.

Já a outra, a Anita Garibaldi, faz sua mais que merecida estreia, trazendo imagens que criam o belo e significativo contraste entre duas estruturas tão semelhantes em sua essência e ao mesmo tempo totalmente diferentes em seu estilo.

Com 96 anos que se completam no dia 13 de maio, a ponte Hercílio Luz é, sem dúvida alguma, ú-ni-ca. É a maior ponte suspensa do Brasil (são 74 metros de altura e 821 metros de extensão, com um vão pênsil de 339 metros) e a maior ponte pênsil sustentada por um sistema de barras de olhal ainda existente no mundo.

Imponente, a Hercílio Luz foi inaugurada em 1926 (foram quase quatro anos de obras), e é considerada o cartão postal de Florianópolis. Aliás, não é exagero dizer é também um dos pontos turísticos mais lembrados do Estado. Reconhecida como um marco da engenharia, ela carrega com competência o título de monumento, e como personagem de destaque no desenvolvimento da cidade presenciou muitas histórias, fez parte de outras e acompanhou a passagem do tempo, com jeitinho de moderna para a época em que foi construída, e tombada como patrimônio histórico, artístico e arquitetônico em 1992.

Por quase cinco décadas foi a única ligação entre a Ilha e o Continente, e só em 1975, quando a ponte Colombo Salles passou a lhe fazer companhia, é que ela teve uma “folguinha” no vai e vem dos carros.

Em janeiro de 1982, após relatório de inspeção realizada pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT), a ponte foi interditada pela primeira vez. Seis anos depois foi liberada para tráfego de pedestres, bicicletas, motocicletas e veículos de tração animal, e em julho de 1991, nova interdição total. Recuperada, foi “devolvida” aos catarinenses no dia 30 de dezembro de 2019 com uma grande festa que reuniu quase 200 mil pessoas. Desde então, ela voltou a participar ativamente da vida das pessoas, e tornou-se personagem campeã de presença em fotos e vídeos.

A ponte é linda! E as fotos comprovam.

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PASSAGEM Moderna, eficiente e estaiada

Entregue para a população em julho de 2015, a ponte Anita Garibaldi é outro exemplo de cartão postal que a engenharia tornou possível em Santa Catarina. Construída sobre o canal de Laranjeiras, em Laguna (Sul do Estado), a estrutura foi projetada para pôr fim ao congestionamento que castigava moradores e quem viajava por aquela região da BR-101.

Na época, com a rodovia federal duplicada, a travessia do canal seguia em pista simples, criando um gargalo com milhares de veículos que passavam por ali a cada dia. Há anos uma nova travessia era esperada, e em 2012 a construção teve início.

Moderna, é a primeira ponte estaiada (ou atirantada) em curva do País. Esse nome diferente define um tipo de ponte suspensa por cabos, constituída de um ou dois mastros, de onde partem os cabos de sustentação. A “nossa” ponte estaiada é grande: tem 2.830 metros de extensão (400 metros no vão central com estais), dois mastros de sustentação com 63 metros de altura e 136 estacas escavadas.

Tudo bem que em relação ao traçado original da rodovia, a distância é praticamente a mesma, mas as pistas duplicadas ampliaram a segurança e permitiram manter uma velocidade constante de 110 km/h num trecho antes bastante lento. Resultado: trânsito fluindo com tranquilidade.

Vamos lembra que o trecho Sul da BR-101 é o principal corredor de acesso aos países do Cone Sul do Mercosul, e a principal ligação rodoviária entre São Paulo e Buenos Aires. Ou seja, a ponte Anita Garibaldi tem importância para o desenvolvimento econômico, para a indústria turística e – claro – trouxe um charme extra para o trecho.

Se de dia a paisagem já ficou infinitamente mais bela, à noite a iluminação é um show à parte, com destaque para a parte central (onde ficam os mastros de onde saem os estais), que especialmente vistos à distância se destacam no escuro do céu como uma escultura futurista.

O que nos resta dizer: bem-vinda às páginas da Mural, ponte Anita Garibaldi. E vida longa e plena!

CARLOS BORTOLOTTI fotos

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