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Palavra do Bispo UM PAÍS SEM ABORTO, SEM FOME E SEM MANIPULAÇÕES

“Ouvistes o que foi dito aos antigos: Não matarás, aquele que matar terá de responder no tribunal. Eu, porém, vos digo...” (cf. Mt 5,21-26).

Não matar é imperativo, é mandamento claro da fé cristã. Não podemos admitir, como cristãos que somos, e antes mesmo, como seres humanos, que seja tirada a vida a qualquer ser humano, em qualquer fase em que ela se encontra, seja a partir da concepção, seja durante o seu desenvolvimento ou até mesmo quando está condenada por alguma doença. A ordem dada pelo Divino Criador não permite ao ser humano arvorar-se em juiz da vida humana, decidindo sobre quem vive e quem morre e quando isto deve acontecer.

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Quando comentou este mandamento, Jesus o estendeu (vale a pena ler Mt 5, 21-26), dizendo que era preciso ir muito mais além do que matar alguém, mas também não odiando de modo algum uma pessoa, não lhe desejando mal, não denegrindo sua existência. Se considerarmos sua posição acerca da vida humana, ele disse que seu desejo era que todos tivessem vida de maneira plena, e que tinha vindo para isto, como se pode ler em Jo 10,10: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância. ”

Ora, se Cristo, que cremos ser Deus com o Pai, quando veio ao mundo, cuidou da vida de todas as formas, curando, libertando, ressuscitando mortos, e, por fim, dando a sua própria vida em troca da vida de todos, não podemos entender que seu desejo seja outro que não o de que o imitemos, defendendo a vida de todas as maneiras, cuidando, nós também, para todos tenham vida plenamente.

Assim, se queremos que o Brasil seja um país que agrade ao Senhor, não podemos permitir que nele aconteçam abortos provocados, mas também, não podemos permitir a morte de milhares de pessoas vitimadas pela fome, sejam elas moradoras de comunidades carentes do Rio de Janeiro ou São Paulo, ou de qualquer cidade brasileira; sejam elas habitantes de cidades ou das nossas florestas, como os índios Ianomâmis, humanos tão portadores de direitos quanto qualquer brasileiro. É inadmissível que o Brasil, país de maioria cristã e um dos mais ricos em recursos do planeta admita que a morte de qualquer ser humano, causada por aborto, pela fome ou pela violência, seja justificada por qualquer argumento que se queira utilizar.

Tendo em vista que a vida em nosso País tem sofrido tanto, é mais do que hora de deixar claro que governantes, le gisladores, magistrados e quaisquer funcionários públicos são colocados em seus cargos para defender a vida do seu povo, para promover o seu bem e não para promover ideologias, sejam elas de esquerda ou de direita, que não estejam a favor da vida de todas as pessoas, em todas as fases da sua existência.

Os brasileiros não podemos permitir que uma nação inteira continue se tornando joguete de brigas de poder, mas antes, devemos exigir que qualquer governo deste País não faça outra coisa senão promover saúde para todos, alimentação de qualidade na mesa de todos, educação suficientemente boa para formar nossas crianças, adolescentes e jovens como cidadãos dignos, conscientes e capazes de gerir a própria vida e a vida do seu país com responsabilidade, altruísmo e sabedoria no amanhã que lhes caberá na vida.

Precisamos fazer toda a classe política entender que não são senão funcionários a serviço do povo, eleitos pelo povo, pagos pelo povo, para servir o povo e não para se servirem do povo vor próprio ou a serviço de grupos econômicos que os estejam financiando, dividindo o Brasil com ideologias ora de direita, ora de esquerda.

Não queremos ideologias, queremos empregos para a nossa gente, queremos justiça social, queremos liberdade e paz para viver e nos tornamos um país decente. Basta de divisões, de ódios, de mentiras sem fim! Política e partidos são necessários, mas não estamos a serviço de nenhuma classe política ou de qualquer partido, mas, ao contrário, é a classe política e os partidos que devem estar a serviço do seu povo.

Dom Walter Jorge Bispo Diocesano