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Porque será que o Profes

O pinião

MIGUEL CORREIA* Nosso Senhor de caixa aberta

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Os católicos devotos – sejam os mais assíduos ou aqueles que só recorrem ao Divino em alturas de aperto – reconhecem a importância (e simbologia) do número quarenta para a fé cristã. Jesus Cristo, antes de iniciar a sua vida pública, retirou-se no deserto por quarenta dias e noites sem comer. Como se não bastasse, ainda teve de aturar o Mafarrico e suas falsas promessas. O equivalente aos políticos da era moderna! Curiosamente, nos dias que correm, um vírus de origem malévola remeteunos, católicos ou não, a um regime de confinamento e solidão domiciliária durante pouco mais de quarenta dias. Ao contrário do episódio bíblico, seguramente ninguém fez jejum, mas verificou-se uma total dependência de programas televisivos e redes sociais demoníacas! A situação agravou-se quando, para respeitar o isolamento, o Governo decidiu encerrar as igrejas… Mas a resiliência e perseverança da Igreja é sobejamente conhecida e, mesmo de portas fechadas, encontrou forma de mostrar que está activa…

Aceitaram a adesão massiva às redes sociais e programas televisivos (basicamente, venderam a alma ao Diabo) sem esquecer, de igual modo, as visitas regulares aos fiéis devotos. Os mesmos que, outrora, eram excomungados na Missa de Domingo porque ficaram, em casa, a ressonar! A fé move-se por caminhos misteriosos e, com o aproximar da Páscoa, foi preciso reforçar a crença aos pobres de espírito que cumprem os dias em prisão domiciliária. Uma carrinha de caixa aberta foi a solução encontrada pelos senhores de batina que, munidos do tradicional crucifixo e megafone, aceitaram o desafio de espalhar a palavra pelas aldeias, tendo sempre em atenção os arranques e travagens mais bruscas de quem conduz a carripana: não vá Nosso Senhor arrancar e o padre cair de costas! As televisões foram convocadas para dar testemunho destas visitas pascais inéditas e, nas redes sociais, as partilhas ajudaram a espalhar a boa nova. A prova de vida que a Igreja procurava desesperadamente! Porque, nesta luta do Bem contra o Mal, é imperativo aproveitar todos os meios para divulgar e partilhar estes gestos sagrados. Para trás fica a importância dos profetas que, naquele tempo, limitaram-se e escrever o que podiam numas folhas de papel, a que chamaram evangelho…

ECONOMIA \\ Pagamento aos fornecedores com prazo médio de cinco dias

Dívida da autarquia caiu 20% de 2018 para 2019. Em 10 anos, baixou 64%.

ᐅᐅ Câmara Municipal da Maia divulga a “boa saúde” financeira do município, com a dívida a baixar 64% nos últimos 10 anos. 2019 fecha com um saldo positivo de mais de 23 milhões de euros.

Os números comprovam a melhoria na situação financeira da Câmara Municipal da Maia que vê a dívida a baixar 20% de 2018 para 2019. Numa década, a dívida diminuiu 64%.

O município está a pagar aos fornecedores num prazo médio de cinco dias, tendo as contas de 2019 fechado com um saldo de gerência de 23,4 milhões de euros, num orçamento de 93,3 milhões de euros. As contas foram aprovadas na reunião do executivo do passado dia 18 de maio, onde o presidente da Câmara António Silva Tiago destacou a boa saúde financeira do município, referindo tratar-se de «uma referência a nível nacional», o que, diz, permitiu assumir um extenso e profundo pacote de apoios aos munícipes na resposta à COVID-19.

A execução da receita cifrou-se em 103% dos montantes orçados, enquanto a despesa ficou nos 78%. A execução orçamental alcança assim, uma vez mais, níveis de execução de referência, reforçando de forma significativa o saldo final para a gerência seguinte que atinge os 23,4 M€.

O documento agora aprovado demonstra que a capacidade de financiamento da autarquia volta a subir, com a dívida individual do município a reduzir em 23,5 por cento, para 18,4 milhões de euros. A dívida total do município – inclui o passivo de médio e longo prazo de natureza não orçamental resultante da operação de cessão de créditos das rendas da habitação social (9,6 M €) – teve um decréscimo de 20% (6,9 M€), situandose em 27,9 M€. A dívida de curto prazo é inferior à faturação mensal do município.

O esforço de consolidação orçamental que tem sido levado a cabo continua a permitir uma forte diminuição da dívida. Os resultados obtidos pelo município ao longo destes anos, em matéria de endividamento, revelam que o município conseguiu superar com sucesso os desafios inerentes ao contexto macroeconómico de austeridade profunda que caracterizou a última década. Em 2010 a dívida era de 76,9 M€ tendo passado a 27,9 M€ em 2019, o que significa uma redução de 64 %.

Este esforço levou entidades externas de reconhecida competência técnica a reconduzir o Município da Maia para níveis de eficiência financeira assinaláveis, traduzidos num vasto conjunto de rácios que permitem avaliar a gestão financeira, económica, patrimonial e orçamental, retratados no Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses de 2018, publicado pela Ordem dos Contabilistas Certificados, ao posicionar o Município da Maia nos lugares cimeiros em termos de pontuação global, em 2.º lugar do ranking global do Distrito do Porto e em 13.º lugar do ranking global dos melhores municípios de maior dimensão.

Além do mais, a consolidação tem vindo a ser feita a par com o aumento de eficiência. O Município da Maia é, também, o melhor da Área Metropolitana do Porto e o quarto do país com melhor serviço à população em 2018 para a Ordem dos Economistas.

RICARDO FILIPE

OLIVEIRA*

Uns heróis que toda a gente conhece, mas ninguém vê!

Vivemos tempos interessantes. De um momento para o outro acordamos e somos confrontados com uma nova realidade. Os pessimistas apontaram esta pandemia como o início da grande desgraça de todos, enquanto os optimistas apontaram a COVID 19 como apenas uma “gripezinha”.

Concorde-se ou não com a atitude de quem nos governa, a verdade é que o SNS ficou aquém da sua saturação. Assim, podemos concluir que quer as entidades governamentais, quer a Saúde Pública souberam em conjunto e individualmente dar as orientações correctas e adequadas ao contexto que vivemos.

No entanto, neste conto da cigarra, muitos se têm esquecido de valorizar as verdadeiras formiguinhas da linha da frente.

O pinião

Os colegas que me perdoem, sobretudo os hospitalares, particularmente os da Medicina Interna, mas a verdade é que quem tem mantido um trabalho imenso, silencioso, de vigilância, de prevenção, de tratamento da doença aguda e mesmo seguimento das patologias dos grupos vulneráveis e de risco, como os hipertensos, diabéticos, gravidas, crianças, entre tantos outros foram os especialistas em Medicina Geral e Familiar, ou seja, o seu Médico de Família!

Não falo daqueles que, como tão sabiamente os ditos populares caracterizam como “ratos de porão”, se esconderam atras das suas próprias vulnerabilidades arranjando desculpas e sobrecarregando os colegas... mas há disso em todas as áreas... e mais uma vez, perante situações limite assistimos ao emancipar das verdadeiras vocações, ao emancipar dos verdadeiros heróis, ao emancipar daqueles que queremos contar quando precisarmos de contar.

As receitas correntes, ao totalizarem 66,5 M€, aumentaram 2,4 M€ em valor o que corresponde a um aumento de 3,8 %. A receita total, e excluindo o saldo da gerência anterior, ascendeu a 75,4 M€, o que traduz um acréscimo de 1,1 M€ face a 2018.

O grau de autonomia financeira do município mantém-se elevado, já que continuam a ser as receitas correntes a assumir a maior preponderância no cômputo global cobrado, representando cerca de 93,4% do total arrecadado no exercício.

Para António Silva Tiago, presidente da Câmara Municipal da Maia, «o cuidado permanente com que mantemos na gestão dos dinheiros públicos permite que a Maia seja hoje uma referência a nível nacional». O autarca destacou ainda que «é esta gestão cuidada e responsável que nos permite hoje fazer face às exigências de resposta à pandemia, tendo uma intervenção ativa na luta sanitária, mas também apoiando as famílias e as empresas da Maia».

A Medicina Geral e Familiar soma o trabalho de vigilância, anteriormente entregue à saúde pública, às consultas normais. Somou contactos com novos programas informáticos. Somou mais contactos telefónicos. Somou mais consultas dedicadas à COVID. Aquilo que já era complicado fazer normalmente, tornou-se nalguns casos sobrehumano, mas mesmo assim mantém-se estoicamente presos à sua vocação e ao seu gosto de nunca deixar o seu doente e a sua família desamparados, pois afinal são isso mesmo, o seu primeiro e muitas vezes dos poucos recursos que têm.

Pena, mesmo muita pena... que tal não tenha sido devidamente reconhecido, devidamente valorizado...

Agora que sabemos quem são os heróis desta linha de frente, que nunca abandonaram a luta, e que se mantêm a segurar toda estrutura, seria importante ouvirem o que têm a dizer... Ainda por cima... julgo que têm tanto para dizer.

Pessoalmente, agradeço a todos e cada um dos que sempre me souberam compreender... que me permitiram manter o meu forte intacto e continuar a prestar cuidados de proximidade. Que me compreendem quando estou perto do limite e nessa altura me dão a mão... que me tratam como um herói, quando afinal apenas faço o que gosto, e pela qual julgo ter vocação...

Mas lembre-se ... ainda não acabou... por isso mais vale saber que existem estes heróis que toda a gente conhece, mas ninguém vê!

Médico; Doc. Universitário UP; Lic Neurof. UP; Mestre Eng. Biomédica FEUP, med.ricardofilipeoliveira@ gmail.com www.ricardofilipeoliveira.com

Não escreve ao abrigo do novo acordo ortográfico.

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