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CURVA DE LACTAÇÃO EM VACAS GIROLANDO

Conforto térmico infl uencia na produtividade do rebanho

tolerância ao estresse térmico.

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Quando comparamos as curvas médias de produção de leite de animais Girolando em conforto, em relação aos animais em estresse térmico, foi possível quantificar perdas médias de produção de leite superiores a 1.000kg de leite, considerando uma lactação de 305 dias. Em casos extremos, as perdas produtivas superaram os 2.000kg de leite por lactação. Valores muito expressivos e que demonstram que uma vaca, em uma única lactação, pode deixar de produzir até 34%. Animais mais produtivos tendem a sofrer mais com as variações de temperatura e umidade.

Por meio da avaliação genômica foi possível obter a GPTA (PTA genômica) dos touros para cada combinação de ITU. Após analisar a trajetória das GPTAs de cada touro, os animais foram classificados conforme categorais de sensibilidade ambiental: sensível + (touros cujas filhas reduzem a produção em ambientes mais quentes ou mais úmidos); sensível – (touros cujas filhas aumentam a produção em ambientes mais quentes ou mais úmidos); robusto (touros cujas filhas mantêm produções estáveis, independente da combinação de temperatura e umidade).

Na prática, essa informação servirá como ferramenta auxiliar na seleção dos animais e possibilitará o uso de um genótipo mais adequado para as diferentes regiões do Brasil. Isso significa que a escolha dos touros deve continuar sendo feita com base na produção de leite e demais características de interesse, utilizando a informação de tolerância ao estresse térmico como critério suplementar para a tomada de decisão de seleção.

Em propriedades cujo estresse térmico não é um problema, os produtores podem utilizar o sêmen de qualquer touro que consta no sumário (robusto, sensível + ou sensível –). Em situações onde o estresse térmico é decorrente das altas temperaturas e/ou umidade, é recomendado o uso de touros classificados como robusto e sensível -. Nos sistemas de produção em que as baixas temperaturas e/ ou umidade são prejudiciais, deve ser priorizado o uso de animais robusto e sensível +. Em locais cuja oscilação de temperatura e/ou umidade alcança os extremos ao longo do ano, é aconselhado o uso de animais classificados como robusto.

Outro lançamento apresentado no Sumário de Touros Girolando 2022 foi o Índice de Eficiência Tropical do Girolando (IETG), o qual combina as STAs de cada touro para tolerância ao estresse térmico e longevidade. Esse índice permite avaliar e classificar os animais de acordo com sua eficiência produtiva em clima tropical, identificando os animais mais termotolerantes, produtivos e longevos.

Maiores valores do IETG indicam os melhores animais para eficiência na produção de leite em clima tropical. Desse modo, este índice permite ao produtor identificar animais mais (ou menos) produtivos sob condições de estresse térmico, contribuindo para a seleção ou descarte dos mesmos, gerando impactos positivos e diretos na lucratividade da atividade leiteira.

Os resultados obtidos reafirmam que o estresse térmico é um problema real e pode ser considerado um dos principais vetores de grandes prejuízos na cadeia do leite. No entanto, a raça Girolando mostra grande potencial para seleção de animais tolerantes ao estresse térmico e eficientes em produção de leite. Todas essas pesquisas constituem um conjunto de recursos que permitirão desvendar cada vez mais o potencial e a versatilidade do Girolando, fornecendo argumentos comprovados cientificamente para fomentar o uso de touros Girolando em todas as regiões do País e no exterior.

Referência

NEGRI, R. Inclusão de variáveis bioclimatológicas na avaliação genética de bovinos leiteiros: Abordagem no estresse térmico na seleção animal. Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de Agronomia, Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, Porto Alegre, 166 f., 2021.

GENÉTICA

Darlene Daltro, Renata Negri, Sabrina Kluska, Pamela Otto, Edivaldo Ferreira Junior, Jaime Araujo Cobuci, João Cláudio Panetto e Marcos Vinicius Gualberto Barbosa da Silva. Equipe Embrapa Gado de Leite/Girolando

Uma das principais ferramentas para predizer o desempenho produtivo de vacas leiteiras é a curva de lactação, a qual pode ser definida pela representação gráfica da produção de leite de uma vaca ao longo da lactação. O conhecimento da curva de lactação de cada animal pode ser útil para estimar a produção de leite em qualquer período da lactação. Isso pode se tornar de grande importância, dado que o comportamento da curva média de lactação de vacas de um rebanho nos auxilia na seleção dos animais mais produtivos e no descarte dos animais de baixa produtividade. Além disso, podemos utilizar o conhecimento do formato da curva de lactação para auxiliar na adequação de técnicas de alimentação e manejo do rebanho.

No geral, a curva de lactação

típica de vacas leiteiras apresenta inicialmente uma fase ascendente, ou seja, período da lactação em que as produções diárias de leite estão aumentando. Em seguida, cerca de 30 a 60 dias após o início da lactação, a produção alcança pontos máximos, chamado pico e, então, ocorre uma longa fase descendente, que é determinada de persistência na lactação. Assim a curva de lactação pode ser dividida em três fases: produção inicial, taxa de acréscimo da produção até o pico e uma fase de declínio continuada até o fim da lactação.

O pico de produção nada mais é do que a altura da curva de lactação (Figura 1), ou seja, é o volume de leite produzido nos dias de maior produção para uma dada lactação. É um dos principais fatores que determinam a produção total de leite, a duração e o declínio da lactação das vacas. Nas raças europeias, normalmente este

O pico de produção nada mais é do que a altura da curva de lactação (Figura 1), ou seja, é o volume de leite produzido nos dias de maior produção para uma dada lactação. É um dos principais fatores que determinam a produção total de leite, a duração e o declínio da lactação das vacas. Nas raças europeias, normalmente este pico de produção ocorre entre 45 e 60 dias após o parto. Já nas raças zebuínas ou sintéticas, esse pico de produção ocorre pico de produção ocorre entre 45 próximo de 30 dias após o parto. Todavia, nossos estudos com a raça e 60 dias após o parto. Já nas raças zebuínas ou sintéticas, esse pico Girolando, demostraram que o pico ocorreu entre 50 e 55 dias após o de produção ocorre próximo de 30 dias após o parto. Todavia, nossos parto, como pode ser visualizado na representação gráfica abaixo (Figura 1). estudos com a raça Girolando, de mostraram que o pico ocorreu en tre 50 e 55 dias após o parto, como 24 Pico de Lactação Produção de leite (kg) 14 16 18 20 22 12 5 55 105 155 205 255 305

Dias em lactação

Figura 1 – Curva de lactação de animais da raça Girolando. Esse comportamento de curva de lactação observado na raça Girolando demonstram maior proximidade com o formato típico da lactação

pode ser visualizado na representação gráfica abaixo (Figura 1).

Esse comportamento de curva de lactação observado na raça Girolando demonstram maior proximidade com o formato típico da lactação dos animais de raças europeias.

Para que a raça se torne cada vez mais competitiva no mercado é essencial que ocorra a seleção de animais com maior persistência na lactação, o qual é considerado o componente de maior importância da curva de lactação. Ressalta-se que a curva de lactação apresenta variações entre raças, composições raciais e entre os animais individualmente comparados. Essas variações na curva dentro de diferentes composições raciais, por exemplo, podem ser visualizadas na Figura 2, onde são apresentadas as curvas de lactação de duas composições raciais para a formação da raça Girolando (5/8H bimestiço).

É importante ressaltar ainda que a seleção para persistência na lactação modificará a curva de lactação para que ela atinja cada vez mais o padrão ideal de formato, tornando os animais cada vez mais produtivos e eficientes (capazes de gerar maior retorno econômico). Como a persistência na lactação é a capacidade da vaca em manter sua produção de leite após atingir sua produção máxima (ou o pico de lactação), ao obtermos vacas de mesmo nível de produção de leite que apresentarem curva com menor inclinação no período de lactação, serão consideradas possuidoras de maior persistência, pois terão uma distribuição mais equilibrada da produção de leite ao longo da lactação.

A persistência é considerada o componente mais importante da curva de lactação, pois o custo da produção de leite depende em grande parte dessa medida. Portanto, vacas com maior persistência na lactação apresentam várias vantagens, principalmente em relação aos aspectos econômicos, dado que maior retorno é obtido pela produção adicional de leite na lactação. Também há redução dos custos com alimentação, pois elas têm necessidade energética mais constante ao longo de toda a lactação, permitindo a utilização de alimentos mais baratos. Outras vantagens da seleção para maior persistência na lactação é que elas estão sujeitas ao menor estresse fisiológico, devido à ausência de produções elevadas no pico de lactação, o que minimiza a incidência de problemas reprodutivos e de doenças de origem metabólica. Vale ressaltar também que curvas de lactação com maiores persistências podem influenciar, de forma positiva, a longevidade dos animais e adiar o período médio para o descarte voluntário.

Devido a importância da persistência na lactação para atividade leiteira e objetivando aumentar a produtividade do rebanho Girolando, trazendo maior retorno econômico para os criadores inserimos essa característica no Sumário de Touros da raça Girolando, publicado em julho de 2022.

A característica persistência na lactação foi incluída em um índice chamado de Índice de Produção e composições raciais e entre os animais individualmente comparadosPersistência na Lactação (IPPL), . Essas variações na curva dentro de diferentes composições raciaiso qual possibilita o uso de touros cujas filhas tenham maior nível de , por exemplo, podem ser visualizadas na Figura 2, onde são apresentadaspersistência e de produção de leite as curvas de lactação de duas composições raciais simultaneamente. No IPPL, as características persistência na lactapara a formação da raça Girolando (5/8H bimestiço). Figura 2 – Curva de lactação de duas composições raciais que compõem a raça Girolando. A) Vacas 3/4 HOL + 1/4 GIR; B) Vacas 3/8

HOL + 5/8 GIR. É importante ressaltar ainda quea seleção para persistência na lactação modificará a curva de lactação para que ela atinja cada vez mais o padrão ideal de formato, tornando animais cada vez mais produtivos e eficientes

ção e a produção de leite em até 305 dias foram calculadas como habilidade prevista de transmissão padronizada (STA), para que nenhuma dessas características não apresentasse maior influência no Abaixo, pode ser encontrado um exemplo do IPPL, com seus valor do índice em razão da sua respectivos pesos (ou ponderadores): unidade. Abaixo, pode ser encontrado um exemplo do IPPL, com seus ����������������=(�������������������� ∗(����.��������)+����������������305 ∗(����.��������)) respectivos pesos (ou ponderadoCom o IPPL res): Com o IPPL é possível classié possível classificar os animais de acordo com sua ficar os animais de acordo com sua habilidade para transmitir um habilidade para transmitir um balanço da persistência na lactação e balanço da persistência na lactaprodução de leite em até 305 dias ção e da produção de leite em até , possibilitando alterar o desempenho médio 305 dias, possibilitando alterar da população. o desempenho médio da popula-De outra maneira, podemos concluir que o uso deste índice ção. De outra maneira, podemos pelos criadores tornará possível concluir que o uso deste índice pelos criadores tornará possível selecionar touros que transmitam às filhas incremento de produção total selecionar touros que transmitam às suas filhas incremento de proe acréscimo de produção nos estágios dução total e acréscimo de produção nos estágios posteriores ao posteriores ao pico de lactação, além de uma boa produção de leite ao pico de lactação, além de uma boa decorrer de múltiplas lactações produção de leite ao decorrer de , em razão da modificação do formato da múltiplas lactações, em razão da curva de lactação das vacas. modificação do formato da curva de lactação das vacas.

MATÉRIA DE CAPA

Larissa Vieira

Sucesso total

Cerca de 1300 animais participaram da Megaleite

Com faturamento de R$200 milhões, a Megaleite 2022 confirmou ser a maior exposição de pecuária leiteira da América Latina

A espera valeu a pena. Após dois anos sem ocorrer, por conta da pandemia, a Megaleite (Exposição Brasileira do Agronegócio do Leite) reuniu criadores de oito países no Parque da Gameleira, transformando Belo Horizonte/MG, entre os dias 15 e 18 de junho, na capital nacional do leite.

A 17ª edição do evento foi sucesso de negócios, público e tecnologias apresentadas, além de confirmar que as raças leiteiras seguem em constante evolução genética.

A abertura oficial contou com a presença de diversas autoridades, lideranças rurais e pecuaristas. Entre os presentes estavam o vice-governador de Minas Gerais, Paulo Brant, o prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman, o vice-presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, deputado estadual Antônio Carlos Arantes, e o presidente da Faemg (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais), Antônio Pitangui de Salvo.

Durante a solenidade de inauguração, o vice-governador Paulo Brant destacou a importância econômica da Megaleite para a cidade, tanto na geração de empregos quanto no turismo, além do impacto tecnológico. “O leite é um dos símbolos de Minas Gerais e temos o desafio de manter o produtor rural no campo. E, para isso, precisamos levar mais tecnologia para as fazendas”, destacou Brant, que visitou vários estandes da feira e os pavilhões onde estavam expostas as oito raças bovinas participantes.

O presidente da Faemg, Antônio Pitangui de Salvo, também ressaltou

Presidente da Girolando Odilon de Rezende Barbosa Filho durante discurso de abertura da Megaleite

a necessidade de ampliar a assistência técnica aos pequenos produtores. “Com a melhoria da qualidade do leite, poderemos aumentar nossa participação no mercado internacional. Isso faremos com boas práticas de produção e melhoramento genético”, assegurou.

Para o presidente da Girolando, Odilon de Rezende Barbosa Filho, a união das raças leiteiras e do setor produtivo em um único evento só reforça a importância da Megaleite como a principal vitrine dos avanços do segmento. “Tivemos quatro dias de muitas inovações, com os pavilhões do Parque da Gameleira repletos dos melhores exemplares das oito raças presentes. Fizemos uma Megaleite histórica, integrando campo e cidade em um único espaço e mostramos que é possível produzir com sustentabilidade e com qualidade”, destacou o presidente da Girolando.

E o faturamento final da Megaleite confirma isso. Os negócios realizados pelas mais de 80 empresas expositoras e pelos promotores de leilões e shopping de animais atingiram faturamento estimado de R$200 mi-

Leilões da Megaleite tiveram grande liquidez

lhões, contra R$30 milhões de 2019 (ano da última edição presencial).

Desse montante, mais de R$8 milhões vieram da comercialização de bovinos nos oito leilões e em dois shoppings, contra cerca de R$4 milhões da edição anterior. A Caixa Econômica Federal, que realizou 289 atendimentos ao longo da feira, prospecta R$103 milhões em propostas ligadas às linhas de crédito rural, como Pronaf e Pronamp.

A Megaleite 2022 contou com o apoio do Governo de Minas, por meio da Codemge (Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais) e da Seapa (Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). O evento teve como Parceiro Premium a Embaré, Parceiros Master Allflex, Tortuga, uma marca DSM, Agener União, Ucbvet, Sobcontrole Fazenda, Rúmina, Berrante, Agroceres Multimix, Zoetis, Mosaic Fertilizantes, Canal Master Terraviva e Apoio Master Bebamaisleite.

Alcance internacional

Com a presença de estrangeiros de oito países, a Megaleite foi palco do anúncio do Projeto Internacional de Certificação da raça, que será conduzido pela Associação de Girolando, permitindo que exemplares nascidos em outros países sejam certificados. A primeira ação deve ocorrer nos Estados Unidos, ainda neste ano.

No total, a Megaleite recebeu um público de cerca de 70 mil pessoas, inclusive de países como Bolívia, Colômbia, Equador, Itália, México, Nicarágua e Venezuela.

Dia Nacional da Raça Girolando

Criadores presentes na Megaleite participaram da Audiência Pública Extraordinária para discussão do Projeto de Lei 1.229/2022, de autoria do deputado federal Emidinho Madeira, que tem por objetivo instituir no Brasil o “Dia Nacional da Raça Girolando”. Todos manifestaram apoio à iniciativa por acreditarem ser de grande relevância para a promoção e fomento da raça pelo País. A ata da audiência será incluída na tramitação do projeto. Caso seja aprovado pela Câmara dos Deputados, o Dia Nacional da Raça Girolando será comemorado em 1º de fevereiro, data em que o Girolando foi reconhecido oficialmente como raça pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Homenagens

A Megaleite abriu espaço para o reconhecimento do trabalho de quem atua em prol do avanço da pecuária leiteira. O Mérito Girolando 2022 homenageou: ex-ministro Alysson Paolinelli (Mérito Liderança Nacional), deputado Estadual Antônio Carlos Arantes (Mérito Personalidade do Ano), Maria Inez Cruvinel Rezende (Mérito Mulher), Rubio Fernal Ferreira e Sousa (Mérito Criador), Paulo Emílio R. do Amaral (Mérito Produtor de Leite) e Paulo Victor Sousa Machado (Mérito Jovem Criador).

Homenageados do Mérito Girolando e autoridades na Megaleite

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