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2 Introdução ao Antigo testAmento

Personagens principais ADÃO / ABRAÃO / MOISÉS / DAVI locais principais ÉDEN / EGITO / SINAI / CANAÃ / JERUSALÉM

Palavra-chave LEI

Tema A História de Israel versículo-chave

Hebreus 1:1 Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, [...]

O Antigo Testamento é o nome que os cristãos dão à primeira parte da Bíblia e é formado pelos livros de Gênesis a Malaquias. Estes livros compõem as Escrituras Sagradas do povo judeu, a “Bíblia Hebraica”. É uma pequena biblioteca composta por 39 livros (929 capítulos / 23.147 versículos1), escrito em Hebraico (em sua maior parte) e Aramaico (apenas 11 capítulosi), abrangendo mais de 4.000 anos de história. O Antigo Testamento se inicia com a criação do universo pelas mãos de Deus, prossegue descrevendo os feitos do Eterno no e por meio de seu povo escolhido e termina com o retorno do povo de Israel do cativeiro na Babilônia (cerca de 400 anos antes do nascimento de Jesus)2. O tema principal é a i Os trechos em aramaico no Antigo Testamento são os seguintes: Ed 4:8 a 6:18 / Ed 7:12-26 / Jr 10:11 / Dn 2:4 a 7:28.

Antiga Aliança que Deus, por meio dos patriarcas e de Moisés, fez com seu povo escolhido (Israel).

No início da história da Igreja, as Escrituras do Antigo Testamento eram os únicos textos sagrados que Jesus e os cristãos possuíam.

O Novo Testamento declara, repetidas vezes, sua inspiração divina: Jo 10:35 / 2Tm 3:16,17 / Hb 1:1 / 2Pe 1:19-21.

Cristo no antigo Testamento

Conforme palavras do próprio Jesus, a sua Pessoa pode ser encontrada de muitas formas (em tipos, figuras e símbolos) representada no Antigo Testamento:

A seguir, Jesus lhes disse: São estas as palavras que eu vos falei, estando ainda convosco: importava se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos. (Lc 24:44)

Em Gênesis, Jesus é visto como o “descendente da mulher” que ferirá a cabeça da serpente (3:15); em Êxodo, ele é representado pelo “cordeiro pascal” que foi morto para nos salvar (12:3-13); em Levítico, o “novilho sem defeito oferecido como oferta pelo pecado” para fazer expiação pelas nossas almas (4:3); em Números, a “rocha que foi ferida” para dessedentar o povo escolhido (20:11); em Deuteronômio, o “profeta” que haveria de vir a este mundo (18:15,18); em Josué, o “príncipe do exército do SENHOR” que nos garante a vitória em nossas batalhas (5:14); em Juízes, o “Anjo do SENHOR” que levanta libertadores para seu povo (6:11-24); em Rute, o “resgatador” divino de nossas vidas (3:9); nos livros de Samuel, o “rei” escolhido por Deus que fará toda a vontade divina (1Sm 16:1); nos livros de Reis, o verdadeiro “herdeiro do trono de Davi” (1Rs 2:12); nos livros de Crônicas, o Deus fiel que cumpre a promessa de manter sempre um “descendente de Davi no trono” (2Cr 21:7); em Esdras, o “escriba versado” , aquele que ensina ao povo a lei de Deus (7:6,10); em Neemias, o “reparador e edificador” de nossas vidas em ruínas (2:3-5); em Ester, a “providência divina” que nos livra da morte (4:14); em Jó, o “Redentor que vive”, a nossa esperança no meio da tribulação (19:25); em Salmos, o “pastor” que nos guia aos pastos verdejantes (23:1,2); em Provérbios, a “sabedoria” personificada (8:1-36); em Eclesiastes, o “Pregador” que nos ensina que tudo é vaidade, exceto o temor a Deus (12:9-14); em Cantares, o “amado” que estende sobre nós seu estandarte de amor (2:4); em Isaías, o “Servo” sofredor que justificará a muitos levando sobre si as iniquidades deles (53:11); em Jeremias, o “Renovo” que reinará e executará juízo e justiça na terra (23:5); em Lamentações, o que nos “consola” no meio da desolação (3:22-33); em Ezequiel, a “figura semelhante a homem” que está assentado no trono celestial (1:26-28); em Daniel, o “quarto homem” andando no meio do fogo (3:25); em Oseias, o “esposo” traído que busca de volta sua mulher infiel (3:1), ou seja, Aquele que nos aceita mesmo depois de o termos abandonado; em Joel, a “salvação” de todo o que o invocar (2:32); em Amós, o “fogo consumidor” que julgará os ímpios (1:4,7,10,12,14); em Obadias, aquele que “derruba” os inimigos do povo de Deus (v.4); em Jonas, o Deus da “segunda chance” (3:1); em Miqueias, o “Rei” que vai adiante de seu povo abrindo caminho (2:13); em Naum, a “fortaleza no dia da angústia” (1:7); em Habacuque, a “Rocha” da nossa salvação (1:12 / 3:18); em Sofonias, o “Rei” que está no meio do seu povo (3:17), poderoso para salvar; em Ageu, o que “abala o céu e a terra” para encher de glória a sua casa (2:6,7); em Zacarias, o “Rei” justo, salvador e humilde que vem montado em um jumentinho (9:9); e em Malaquias, o “Mensageiro da Aliança” (3:1).

Segundo Thomas Adamsii, “Cristo é o resumo de toda a Bíblia, profetizado, tipificado, prefigurado, exibido, demonstrado, presente em cada folha, quase em cada linha, sendo as Escrituras, por assim dizer, como as faixas que envolveram o menino Jesus”3.

Divisões do antigo Testamento

Os livros do Antigo Testamento da Bíblia Protestante não estão organizados em ordem cronológica, mas tematicamente, e podem ser divididos em quatro partes principais: LEI, HISTÓRIA, SABEDORIA e PROFECIA.

ii Thomas Adams (1583-1652) nasceu na Inglaterra, foi um conceituado pregador calvinista, também chamado “o Shakespeare dos puritanos”.

Gênesis Êxodo Levítico Números Deuteronômio

Josué Juízes

Rute

1 e 2 Samuel

1 e 2 Reis

1 e 2 Crônicas

Esdras

Neemias Ester

Salmos

Provérbios

Eclesiastes

Cantares

Isaías / Jeremias

Lamentações

Ezequiel / Daniel

Oseias / Joel / Amós

Obadias / Jonas

Miqueias / Naum

Habacuque

Sofonias / Ageu

Zacarias / Malaquias

Porém, na Bíblia Hebraica, a divisão é diferente4:

Gênesis Êxodo Levítico Números Deuteronômio

Josué / Juízes / Samuel

Reisiv/ Isaías / Jeremias

Ezequiel / Os Dozev impérios Mundiais dos tempos Bíblicos

Salmos / Provérbios / Jó

Cantares / Rute

Lamentações / Eclesiastes

Ester / Daniel

Esdras-Neemias / Crônicas

A história do povo de Deus, no Antigo Testamento, desenvolve-se paralelamente à ascensão e queda de vários impérios mundiais. Para uma compreensão mais adequada da narrativa bíblica, é necessário conhecermos esses impérios e sua época de domínio5: iii Em Lc 24:44 esta 3ª parte é chamada de “Salmos”, pois este livro é o primeiro desta divisão. iv Os livros de Josué, Juízes, Samuel e Reis são chamados de “Profetas Anteriores”. v Os livros de Isaías, Jeremias, Ezequiel e “Os Doze” são chamados de “Profetas Posteriores”.

O Livro “Os Doze” se refere ao conjunto dos doze profetas menores: Oseias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miqueias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias.

Império Egípcio (capital: Mênfis/Tebas) - 2000 a 1200 a.C.

Residência e cativeiro do povo escolhido por 430 anos.

Império Assírio (capital: Nínive) - 1080 a 620 a.C.

Conquistou e deportou as 10 tribos do norte (Israel) em 722 a.C.

Império Babilônico (capital: Babilônia) - 620 a 537 a.C.

Invadiu as duas tribos do sul (Judá) e destruiu Jerusalém em 586 a.C., tendo levado cativo o povo judeu para a Babilônia por 70 anos.

Império Persa (capital: Susã) - 537 a 333 a.C.

Permitiu a volta dos judeus para a terra prometida e a reedificação de Jerusalém.

Império Grego (capital: Atenas) - 333 a 64 a.C.

Período intertestamentário. Seu legado cultural foi o helenismo.

Império Romano (capital: Roma) - 63 a.C. a 636 d.C.

Período intertestamentário e de todo o Novo Testamento.

Graficamente, podemos visualizar estes impérios em sua sequencia e extensão cronológica, da seguinte forma:

Cronologia do antigo Testamento

Cronologicamente, o Antigo Testamento se inicia em Gênesis e termina no livro de Neemias. Portanto, os livros das duas primeiras partes (LEI e HISTÓRIA) estão dispostos como um relato histórico contínuo (com algumas exceçõesvi). A terceira parte (SABEDORIA) está agrupada tematicamente e pertence à época de apogeuvii da nação vi As exceções são: (1) O livro de Rute está inserido dentro da história de Juízes (livro anterior); (2) Os dois livros de Crônicas são um resumo seletivo desde Gênesis até o livro anterior (2Rs); (3) O livro de Ester está inserido historicamente dentro do livro de Esdras. vii Com a exceção do livro de Jó, que está situado na época dos patriarcas, no livro de Gênesis. de Israel. A quarta parte (PROFECIA) reúne os escritos proféticos e se encaixa, em sua maior parteviii, na época em que a nação foi dividida em duas (Israel e Judá).

Portanto, as quatro partes do Antigo Testamento estão dispostas cronologicamente da seguinte maneira:

Diferenças de forma e conteúdo do antigo Testamento

Os livros do Antigo Testamento da Bíblia Protestante são os mesmos da Bíblia Hebraica. Porém, quanto à forma, na Bíblia Hebraica, o Antigo Testamento é composto por 24 livros e na Bíblia Protestante há 39 livros. Esta diferença de 15 livros é devido à divisão de alguns livros da Bíblia Hebraica para a Bíblia Protestante:

Bíblia Hebraica Bíblia Protestante

Samuel → 1Samuel / 2Samuel

Reis → 1Reis / 2Reis

Crônicas → 1Crônicas / 2Crônicas

Esdras → Esdras / Neemias

Os Doze Profetas → Oseias / Joel / Amós / Obadias

Jonas / Miqueias / Naum / Habacuque

Sofonias / Ageu / Zacarias / Malaquias viii Os 3 últimos livros proféticos (Ag / Zc / Ml) estão situados após o cativeiro na Babilônia.

Quanto ao conteúdo, algumas versões antigas da Bíblia (Septuagintaix e Vulgatax) incluem, no Antigo Testamento, alguns livros que não se encontram na Bíblia Hebraica de Israel e nem na Bíblia Protestante6. A Igreja Católica Apostólica Romana e a Igreja

Ortodoxa Grega os aceitam e os chamam de “Deuterocanônicos”, isto é, pertencentes a um “segundo cânonxi”, sendo que os Protestantes os chamam de “apócrifosxii”. Todos estes livros foram escritos no período intertestamentário e são os seguintes:

1º Esdras

Judite Tobias

Livros de Macabeus

Oração de Manassés

Sabedoria de Salomão

Eclesiástico

Baruque

Acréscimos a Daniel Acréscimos a Ester

Carta de Jeremias

Salmos de Salomãoxiii ix Tradução do Antigo Testamento para o grego, realizada em Alexandria (no Egito) em aproximadamente 200 a.C., para atender aos judeus que haviam se espalhado por todo o mundo mediterrâneo. Muitos destes judeus já não conheciam o hebraico, mas somente o grego. O nome “Septuaginta” em latim significa “setenta”, pois, segundo a tradição, setenta estudiosos realizaram esta tradução. Ela foi a primeira de todas as traduções da Bíblia. Praticamente todas as citações no Novo Testamento de trechos do Antigo Testamento foram retiradas da Septuaginta (MILLER, 2006, p.49) x Tradução da Bíblia para o latim (língua oficial do Império Romano), realizada por Jerônimo, em 405 d.C., para atender os cristãos da época, que não conheciam nem o hebraico do Antigo Testamento, nem o grego do Novo Testamento. Ela recebeu este nome por ter sido traduzida para a língua comum (ou vulgar - de onde vem a palavra latina “vulgata”) dos cristãos da época. Foi a Bíblia oficial da Igreja Católica Apostólica Romana por mais de 1500 anos. xi A palavra “cânon” tem o significado de “padrão de medida” ou “referência” e é usada para designar a lista oficial de livros considerados como autênticos, sagrados e divinamente inspirados, tanto do Antigo quanto do Novo Testamento. xii A palavra “apócrifo” que, em grego, significa “oculto”, com o passar do tempo, adquiriu o sentido de “sem autenticidade” ou “falso”, ou seja, que não eram divinamente inspirados. Estes livros foram escritos no chamado “período intertestamentário” (400 a 6 a.C.). xiii Considerado como livro “Pseudepígrafo”, palavra que significa “falso autor”, ou seja, que foi escrito por alguém, mas sua autoria foi atribuída a outra pessoa, geralmente algum autor importante, com o objetivo de dar credibilidade à obra.