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Economia em compasso mais lento e Reforma Tributária

Após ter crescido quase 3% em 2022, a economia brasileira deve crescer menos neste ano, assim como em 2024. Pelo menos é o que analistas do mercado financeiro esperam, segundo o boletim Focus divulgado pelo Banco Central. Para este ano, as estimativas chegam até 2,5%, enquanto despencam mais de um ponto percentual no ano seguinte, ficando próximas de 1,3%.

Essas previsões levam em consideração outra combinação de variáveis e de fatores que deverão influenciar o desempenho do produto interno mais para a frente. Por exemplo, a inflação, câmbio e a taxa de juros básica, a Selic. Além disso, também afetam o cenário a dinâmica das possíveis políticas públicas, o que acontece com o mundo, política, reformas, comércio exterior, safra agrícola, dentre outros fatores.

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Nesse contexto, espera-se que a inflação siga uma trajetória de queda, ou seja, que cresça menos em relação ao ano anterior. Assim, os especialistas estão esperando que os preços médios evoluam perto de 5,0% no corrente ano; 3,9% no ano que vem; e 3,6% e 3,5% nos dois anos seguintes.

A dinâmica do comportamento dos preços dos bens e serviços poderá ser acompanhada com a sucessiva queda da Selic, panorama tão especulado pelas autoridades para que o crescimento possa ser constituído de maneira sustentável. Isso significa que sendo a inflação mais baixa, estável e controlável, os juros praticados pelo Banco Central poderão decrescer continuamente para os anos vindouros. Eles podem encerrar este ano em 12,0%, mas passar para 9,5% em 2024; e 9,0% e 8,5% em 2025 e em 2026, respectivamente.

Na conjuntura de crescimento econômico menor, em face das perspectivas apontadas pelas estatísti- cas do mercado, o mundo real apresentou encolhimento das vendas do comércio varejista no mês de maio, -1,0%; ao passo que houve subida do faturamento do setor de serviços no mesmo período, de 0,9%.

Ajudam a explicar a queda do volume de vendas o alto endividamento das famílias, o pesado nível de juros, o crescente comprometimento da renda das pessoas com o pagamento de juros e prestações, mercado de trabalho mais resfriado e a confiança dos consumidores para os gastos com serviços. A contrapartida das compras de bens também pode ser observada no aumento do consumo de serviços em maio.

Enquanto os comerciantes vêm sendo afetados pelas decisões e escolhas dos consumidores, a tão aguardada reforma tributária avança nas casas do Legislativo, com perspectivas de efetividade para até o fim deste ano ou começo do ano que vem.

Sob diversos aspectos, a reforma tributária pode ser considerada positiva e deve merecer apoio na medida em que atende anseios das atividades produtivas, trazendo benefícios e se mostrando moderna. É tema de discussão do Estado Nacional desde a década de 90. Como está concebida hoje, a reforma eliminará a guerra fiscal entre Estados; diminuirá o custo para as operações de pagamento de impostos; permitirá maior eficiência do governo na arrecadação; diminuirá a sonegação; tornará mais transparente o sistema tributário; não haverá acumulação de impostos nas etapas de produção e consumo; será criado o imposto sobre valor agregado, cuja incidência se dará sobre o consumo de bens ou serviços; e irá facilitar o planejamento dos investimentos produtivos, aqueles que fazem a economia crescer.

Uma das datas mais importantes para o comércio no segundo semestre do ano, o Dia dos Pais está movimentando o comércio carioca. Segundo uma pesquisa realizada pelo Clube dos Diretores Lojistas do Rio de Janeiro - CDLRio e pelo Sindicato dos Lojistas do Comércio do Rio de Janeiro - SindilojasRio, a estimativa é que haja um crescimento de 4% nas vendas referentes ao Dia dos Pais.

Foram entrevistados 250 lojistas de diferentes segmentos, como roupas, calçados (incluindo tênis e sandálias), joias e relógios, livros, eletroeletrônicos, celulares, artigos esportivos, perfumes e acessórios masculinos (cintos e carteiras).

Para 70% dos lojistas, o movimento está melhor do que o do ano passado. Eles estimam que o preço médio dos presentes deve ficar entre R$ 110,00 e R$ 130,00 por pessoa.

De acordo com Aldo Gonçalves, presidente do CDLRio e do SindilojasRio, o comércio varejista do Rio de Janeiro tem enfrentado com resiliência as circunstâncias da conjuntura econômica. Esta é uma característica marcante da atividade, inerente ao processo de distribuição de bens junto à sociedade, a despeito do dia, se a data é comemorativa ou não. Para isso, muitos esforços são necessários.

“Ao levantar as portas do seu estabelecimento todos os dias, sobre o negócio incidem inúmeros custos e outras variáveis que exigem do comerciante capacidade de adaptação e tornam a rotina empresarial um esforço hercúleo para manter a estrutura organizacional ativa. Assim, o lojista vai acompanhando a dinâmica das mudanças do mercado em compasso com os acontecimentos que recaem em seu ambiente operacional. No caso particular do Rio de Janeiro existem componentes que indicam um quadro de recuperação tanto em nível municipal quanto estadual. Além disso, regionalmente o nível de emprego vem crescendo, com reflexos sobre o aumento da renda e as expectativas de consumo”, diz ele.

Ainda segundo o presidente das duas entidades, não se espera uma explosão de consumo. "Verificamos expectativas boas porque a confiança de certa forma vem subindo. Por isso a performance esperada de vendas dá ânimo aos lojistas em relação a um início de segundo semestre mais promissor e acréscimos nos ganhos. Para o comerciante, isso tem a ver com o que a economia fluminense tende a oportunizar de investimentos em turismo, startups, energia e nas indústrias de infraestrutura e óleo e gás, e com seus impactos estimados sobre o consumo.” concluiu o presidente.

Os juros altos, que tornam o crédito mais caro e restrito, aliados aos elevados índices de inadimplência e de endividamento das famílias, inibiram o consumo, de certa forma afastaram o consumidor das compras e, seguramente, foram as principais causas do baixo desempenho das vendas do comércio carioca no primeiro semestre deste ano.

É o que mostra a pesquisa realizada pelo Clube de Diretores Lojistas do Rio de Janeiro - CDLRio e pelo Sindicato dos Lojistas do Comércio do Município do Rio de Janeiro – SindilojasRio, junto a 250 lojistas da cidade, a respeito da percepção dos negócios e do faturamento nos primeiros seis meses de 2023.

Não bastassem os aspectos econômicos, para 60% dos entrevistados a violência influenciou e afastou o cliente das lojas, principalmente as de bairro. Já 35% apontaram o comércio ilegal e a desordem urbana como entraves e 15% disseram que a excessiva carga tributária e a burocracia também prejudicaram vendas.

Segundo o presidente do CDLRio e do SindilojasRio, Aldo Gonçalves, para reverter o cenário ainda adverso para o comércio local, o momento exige das entidades representativas da sociedade e do poder público a agregação em torno de um único propósito: a recuperação econômica do Rio de Janeiro.

“Hoje, grande parte dos lojistas do Rio luta contra sucessivos revezes, enfrentando dificuldades para manter seus negócios. Assim, para superar adversidades, o apoio do poder público é fundamental, considerando problemas antigos e recorrentes. Tanto para coibir a violência e a desordem que afastam os consumidores dos estabelecimentos comerciais, como para criar ambiente favorável aos negócios, reduzindo custos. Nesse sentido, um viés poderia ser a redução da carga tributária e a oferta de incentivos que dessem fôlego financeiro às empresas, estimulando novos investimentos e facilidades para ações empreendedoras. Essas condições poderiam ser interessantes para a recuperação do comércio fluminense, diante da conjuntura de consumo meio morna”, destaca Aldo Gonçalves.

Expectativa para o segundo semestre

Em relação às expectativas para a segunda metade deste ano, o presidente do CDLRio e do SindilojasRio afirmou que os lojistas apostam em resultados melhores, ainda que possam vir a ser moderados. Mas não serão fáceis, na medida que dependem de outros fatores, como a queda da inflação e dos juros; da inadimplência e das dívidas das famílias; bem como do maior combate à violência e à desordem urbana; juntamente com a desejada diminuição de impostos e de custos operacionais.

Aposta no Brasil - A H&M, varejista de moda de origem sueca, vai abrir lojas físicas e um e-commerce no Brasil em 2025. A marca de roupas abriu a sua primeira loja na América Latina em 2012, no México. Hoje, já está presente no Peru, Uruguai, Chile, Colômbia, Equador, Guatemala, Panamá e Costa Rica. “Com uma população de mais de 210 milhões de pessoas no Brasil e uma grande valorização da moda, vemos um potencial considerável de expansão nesse mercado”, afirmou a empresa em comunicado. A H&M está fazendo uma parceria com o Dorben Group, empresa que opera negócios de varejo em dez países diferentes na América Central e do Sul, para ajudar na sua expansão para o Brasil.

Responsabilidade Social - A Americanas alcançou a marca de 100% de aprovação dos fornecedores nacionais de produtos têxteis, obtendo o status “Pleno” do Programa da Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abvtex) que combate o trabalho em condições análogas à escravidão, o trabalho infantil e a contratação irregular de estrangeiros na indústria da moda. Para alcançar o objetivo, a Americanas monitorou mais de 40 fornecedores diretos e 280 indiretos. Todos os fornecedores contratados pela marca devem ser aprovados pelo programa e, caso percam o selo, que precisa ser renovado anualmente, são suspensos. O protocolo da auditoria abrange aspectos trabalhistas, legais, ambientais, de saúde e segurança no trabalho.

Loja Container - A Love Gifts, rede de franquias de presente criativos, incluiu o formato de loja container em seu portfólio de unidades. O modelo permite rápida implantação e conta com a mesma arquitetura e design de todas as lojas da marca. “Para viabilizar menores custos e pensando na sustentabilidade, o container nasceu como uma ideia de modelo de negócio enxuto e versátil”, comenta Fábio Farias, sócio-fundador da Love Gifts. O formato compacto permite a montagem em ambientes com grande circulação de pessoas, como condomínios, shopping centers, supermercados e praças, maximizando a lucratividade do franquiado. A Love Gifts possui mais de 70 unidades e oferece mais de dois mil itens, que vão de copos e canecas até bolsas, jogos para casais e almofadas, entre outros. O ticket médio de consumo é de R$100 e a fabricação de um terço dos produtos é feita pela própria rede que, em 2022, ultrapassou a marca de R$ 16 milhões em faturamento. A expectativa é de chegar a 100 lojas até o fim deste ano.

Reestruturação concluída - A Marisa concluiu o seu processo de reestruturação. A varejista fechou 88 lojas e focou na preservação de pontos nos quais foram implementadas melhorias que deverão resultar em maior eficiência operacional. Agora com 246 unidades, que mantêm a presença da rede em todos os estados, o foco será maximizar a produtividade e o resultado operacional, com suporte do braço digital e inovações no modelo operacional, explicou a varejista em fato relevante. Com a primeira parte do processo de redução de despesas gerais e administrativas concluída, a Marisa projeta uma geração extra de caixa de R$ 35 milhões/ano, após revisão da estrutura organizacional e do ajuste do modelo operacional. No segundo semestre serão otimizados os serviços terceirizados e outras despesas, o que deverá gerar uma economia adicional de pelo menos R$ 10 milhões por ano.

Expansão - A Enjoei anunciou a aquisição da Elo7, plataforma que conecta vendedores de produtos artesanais e personalizados a compradores. Em fato relevante, a empresa informou que as plataformas vão continuar atuando com marcas independentes, aproveitando ganhos de sinergia nas operações e em tecnologia e logística. As operações da Elo7 representam um relevante volume de vendas e base ativa de usuários, com GMV (gross merchandise value) de cerca de R$ 500 milhões em 2022, bem como 3,6 milhões de transações, 1,6 milhão de compradores ativos e mais de 50 mil vendedores profissionais ativos. A aquisição permitirá ampliar a base de vendedores profissionais do Enjoei, acelerando a expansão do negócio. A conclusão da operação está sujeita à aprovação por assembleia de acionistas da companhia.

Barbie - As pequenas empresas esperam que suas estratégias de marketing e de mídia social as ajudem a lucrar com a febre provocada pelo filme recém-lançado. De artigos para decoração até bandanas para cães e coquetéis rosa-choque, passando por roupas e acessórios, muitos donos de pequenos negócios se apegaram a produtos inspirados na boneca para atrair mais atenção para os seus sites e mídia social, aproveitando o lançamento de “Barbie”, filme que já se tornou uma sensação cultural. A marca icônica da Mattel fez parceria com grandes empresas, como Zara, Airbnb e Google, para lançar merchandise e produtos licenciados. Mas, à medida em que o marketing e os produtos licenciados da Barbie inundam as lojas de grandes empresas e as mídias sociais, as pequenas empresas também buscam lucrar com a onda. Até o dia 19 de julho, a hashtag Barbie havia sido usada 14,1 milhões de vezes no Instagram e tinha 50,5 bilhões de visualizações no TikTok, tornando-se o principal alvo de pequenas marcas em busca de mais visibilidade on-line.