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CARA PROFESSORA, CARO PROFESSOR,

Obrigada pela oportunidade de apresentar E o bebê dino? a você!

Nós, da editora Bamboozinho, sempre tivemos o cuidado em publicar livros para a primeira infância que trouxessem a valorização da nossa produção nacional. Acreditamos que as obras voltadas para as crianças, ainda que aparentemente simples, devem trazer conteúdos que aproximem as crianças leitoras do universo dos livros e da literatura, sempre através de textos originais e divertidos e ilustrações vibrantes. Outra característica muito presente em nossos títulos é a admiração e valorização da cultura, fauna e flora brasileiras. Com o livro E o bebê dino? não é diferente. A obra traz uma divertida comparação entre a rotina e crescimento de um bebê humano e um filhote de dinossauro, animal que faz parte do imaginário infantil, e com uma surpresa: estamos falando de dinossauros brasileiros!

Neste Material Digital de Apoio, traremos informações mais aprofundadas sobre o livro e todo conteúdo que ele traz, como rotina, crescimento e desenvolvimento e, também, algumas sugestões para que o momento de leitura seja muito especial, além de propostas de atividades dentro do ambiente escolar e em casa com a família.

Esperamos que você goste do livro e deste complemento digital. Seguimos juntos pela construção de uma educação de qualidade e pela formação de leitores conscientes. Que estejamos sempre nesse movimento: espalhando livros e leitura, formando leitores!

PÚBLICO-ALVO, CATEGORIA E TEMÁTICAS

Título: E o bebê dino?

Autores: Luiz Eduardo Anelli e Celina Bodmüller (texto) e Thomas Hardtmann (ilustração).

Categoria: Pré-escola – crianças de 4 anos a 5 anos e 11 meses.

Especificação de uso: Manuseio dos estudantes (crianças pequenas).

Temas: 1. Cotidiano, relacionamento pessoal e desenvolvimento de sentimentos de crianças nas escolas, nas famílias e nas comunidades (urbanas e rurais); 2. Mundo natural, meio ambiente, plantas, Biologia e Ciências.

Gênero literário: Narrativo – história curta, texto com repetições.

E o bebê dino? é um livro feito especialmente para as crianças e que, pela primeira vez, apresenta os dinossauros brasileiros. A obra aborda temas do dia a dia da primeira infância: o nascimento, a alimentação, o desenvolvimento da fala, o abrigo, o sono, a vida em grupo, as aprendizagens e surpreende os leitores porque os convida a refletir sobre a vida das crianças do ponto de vista de outro animal muito especial, que encanta a crianças e adultos: o dinossauro.

O livro infantil pode e deve trazer um conteúdo especial para os leitores e que favoreça a descoberta de si e da natureza. O livro para criança também pode ser, por que não, interessante para os adultos – incentivando a leitura em família de forma a instigar também a sua curiosidade e o seu desejo de ler. Assim é esse livro: uma narrativa para crianças que encanta a leitores de todas as idades pela sua narrativa textual, pelas ilustrações que apresenta e também pelas temáticas que aborda. Um livro que convida a família a também se envolver com a leitura e a descobrir um pouco mais sobre o fascinante mundo dos dinossauros

– além, é claro, do universo dos livros e da leitura para a criança. Por que dinossauros? Já reparou como muitas crianças não só sabem de cor os nomes complicados animais pré-históricos – Guaibassauro, Oxalaia, Saturnária – como também conhecem seus hábitos alimentares e estão por dentro das novas descobertas de fósseis? Os psicólogos chamam isso de “interesse intenso”, um processo que se inicia por volta dos três ou quatro anos de idade e que, quando estimulado, prossegue nos anos subsequentes do desenvolvimento da criança. Essa paixão por dinossauros pode ajudar a criança a desenvolver a sua capacidade de processar informações e os sentimentos de curiosidade, persistência e autoconfiança. Muitas vezes elas sabem tanto sobre eles – se são carnívoros ou herbívoros, por exemplo – que têm a sensação de estar em um “mundo adulto”. Esses são os primeiros momentos em que começam a perceber a sua autonomia e autoridade, e essa é uma sensação muito poderosa. Além disso, o amor pelos dinossauros é também um amor à natureza em si: é por que conhecemos que aprendemos a valorizar e respeitar.

Aqui Tem Natureza

E o bebê dino? traz o selo Aqui tem Natureza, indicando que a obra valoriza a integração da criança com a natureza através de uma narrativa que revela o orgulho e sentimento de pertencimento à natureza. Criado no contexto da campanha mundial do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA/ ONU) pela transformação das condições da infância, esse selo tem a função de apresentar às crianças e aos adultos livros que trazem as riquezas naturais do planeta do passado e do presente. Também tenciona conscientizar ainda mais o leitor para a necessidade de proteger a cada bichinho que aqui vive e o seu habitat: as praças, bosques, matas e florestas do mundo todo. A (re)conexão das crianças com a natureza é uma forma de ajudá-las a perceber que fazem parte de algo maior e a crescer com o sentimento de respeito e cuidado em relação ao ambiente!

E o bebê dino? é um li vro concebido para o manuseio das crianças pequenas e que apresenta ilustrações vivas, atrativas e adequadas à faixa etária. Os personagens são retratados de forma clara, sem margem a ambiguidades, e elaborados a partir das características reais dos dinossauros, um recurso para instigar a imaginação das crianças. Elas terão facilidade em identificá-los, reconhecendo os principais elementos que lhes conferem identidade. Os objetos e cenários foram elaborados a partir de cores fortes e com contrastes bem delineados. A presença do fundo branco permite destacar ainda mais a energia e a vivacidade das ilustrações, nas quais o tom de azul predomina como cor base e os tons de marrom e verde rementem à natureza. As ilustrações estão altamente correlacionadas ao texto e ainda apresentam, de forma coerente e consistente ao texto, informações adicionais, conferindo ainda mais graça à narrativa textual.

O texto possui uma estrutura que se repete e é constituído de frases simples e previsíveis, embora ricas e diversas do ponto de vista linguístico. O vocabulário empregado é familiar à faixa etária e está apresentado em contextos que auxiliam na construção de significados pelas crianças. Um texto que elas facilmente se apropriarão e farão uso, espontaneamente, para “ler” o livro mesmo que ainda não saibam ler convencionalmente. Ao longo da leitura do livro e a partir da proposta de trabalho descrita neste guia, as crianças também serão estimuladas a se apropriar desse vocabulário em situações de conversação, ampliando suas capacidades comunicativas. Quando a criança é pequena, o seu desenvolvimento leitor depende do leitor mediador, que lhe apresentará não apenas o texto através da sua leitura em voz alta, mas também lhe servirá como modelo, mostrando-lhes os gestos da leitura e compartilhando com ela importantes estratégias de leitura.

A história por detrás da história

A temática “dinossauros” é clássica dentre as publicações voltadas para o público infantil. Livros com dinossauros são marcantes na literatura para bebês e também nos livros para os maiorzinhos. Entretanto, no Brasil, essa tradição sempre privilegiou livros de autores e ilustradores estrangeiros que, quando não adotam uma estética genérica de um dinossauro meramente ficcional, abordam espécies de dinossauros que existiram em seus países de origem, notadamente relacionados ao imaginário norte-americano da pré-história. Por isso, publicar um livro com dinossauros brasileiros para crianças pequenas sempre foi um sonho para a Editora

Bamboozinho. Quando Luiz Eduardo Anelli e Celina Bodenmüller apresentaram a ideia do livro, logo veio a proposta: publicar um livro sobre os dinos brasileiros que explorasse também o desenvolvimento da criança. De forma poética, E o bebê dino? é um livro que resgata o desenvolvimento do bebê e aproxima a criança pequena dos dinossauros. E no final, a emoção de descobrir que os dinos são como os humanos: animais que fazem parte da natureza e que precisam do apoio para crescer e se desenvolver. Quando a criança entra em contato com um livro que tem um personagem com o qual pode se identificar, com cenários em que pode reconhecer um espaço, uma brincadeira, uma forma ou um sentimento, a leitura pode causar uma sensação de pertencimento ainda maior. Essa é a proposta do livro E o bebê dino?, que traz um bebê que está se descobrindo, assim como aos outros e o mundo ao seu redor. As ilustrações registram a rotina desse protagonista em situações muito conhecidas pelos leitores, como momentos de brincadeira, a hora do banho e da alimentação.

Quando a criança entra em contato com um livro que tem um personagem com o qual pode se identifIcar, com cenários em que pode reconhecer um espaço, uma brincadeira, uma forma ou um sentimento, a leitura pode causar uma sensação de pertencimento ainda maior.

Mais do que isso, elas também refletem o crescimento e desenvolvimento natural do ser humano, sempre comparando cada um desses momentos ao desenvolvimento de outro bebê: um filhote de dinossauro. O texto, quando lido em voz alta, apresenta uma sonoridade interessante que igualmente prende a atenção do leitor: sempre há uma informação afirmativa sobre o desenvolvimento e a rotina do bebê, acompanhada de uma pergunta que se repete em todas as páginas: “e o bebê dino?”. Esse texto repetitivo pode proporcionar uma identificação por parte da criança leitora, que estará atenta à resposta e poderá fazer três comparações com as informações que recebe ao longo do livro: com o bebê protagonista, com o filhote de dinossauro e com o seu próprio desenvolvimento e a sua própria rotina, embarcando em um jogo interpretativo que favorece a percepção de si e do outro, além da descoberta da natureza.

Qual é mesmo a história?

Um narrador curioso levanta os fatos da vida de um bebê humano: como ele nasceu, onde ele dorme, o que ele come... Mas também se indaga a respeito da vida de um bebê dinossauro. Será que esse bebê dino é muito diferente dos bebês humanos? Para a surpresa dos leitores, parece que a infância desses antigos animais não era muito diferente. Nesta obra, imaginação e ciência se mesclam para compor uma narrativa poética acerca das infâncias de dois animais muito diversos no tempo e no espaço, revelando que, afinal, os dinossauros nascem, crescem e se desenvolvem de forma muito parecida com os humanos.

Quem? Quando? Onde?

Há três personagens nessa história: o bebê humano, o bebê dino e o narrador, que assume uma posição de destaque na medida em que, a cada dupla de páginas, apresenta a questão que é o elemento conectivo da narrativa: “ e o bebê dino?”.

O bebê humano: quem é ele, personagem ou leitor? Enquanto personagem, o bebê da história é um bebê menino que provavelmente tem entre 10 e 15 meses. Onde ele está? Em casa, junto à família – essa é uma das interpretações possíveis. E quando essa história se passa? No presente, mas também em qualquer tempo que a imaginação das crianças fantasie. Mas esse bebê também pode ser confundido com o próprio leitor: em um jogo de transferência, meninos e meninas podem se identificar com o protagonista e projetar o seu próprio “eu” no personagem, em um processo de identificação fundamental para a construção da própria identidade durante a primeira infância. O outro personagem é o bebê dino. As ilustrações do livro mostram que o bebê dino não é sempre o mesmo: ele muda de uma página para outra, revelando diferentes espécies de dinossauros e assumindo uma multiplicidade de personagens. Quem são eles? Onde eles estão? Quando eles viveram? Essas questões estimulam a interpretação lúdica da criança, despertando a sua fantasia a respeito dos dinossauros. Mas ela ainda poderá interpretá-lo de forma surpreendente: atribuindo uma única identidade a esse personagem. Aqui, é o lado afetivo da criança que dominará a sua interpretação, seguindo as características emocionais e cognitivas dessa fase do seu desenvolvimento. Ah, mas não estranhe... Alguma criança, após a leitura do livro, poderá sair grunhindo como um dinossauro, identificando-se ela também com esse personagem!

Virando a página

A estrutura do livro foi planejada de modo que o próprio projeto gráfico fornecesse pistas que favorecessem a construção inicial de importantes procedimentos de leitura, como a antecipação e a localização – além das múltiplas inferências e extrapolações que podem ser elaboradas a partir da leitura da obra.

O leitor sempre encontrará na página par, a página da esquerda, o texto que se refere ao personagem humano da narrativa. Na página ímpar, da direita, o texto que trata do personagem dinossauro. No livro para infância, é sempre importante apresentar marcas gráficas ou estruturais que favoreçam a apropriação não apenas dos gestos da leitura como também do seu conteúdo escrito. Para o leitor que ainda não domina o sistema de escrita plenamente, essas referências são um apoio fundamental para que ganhe confiança e autonomia para “ler” mesmo quando ainda não sabe ler convencionalmente, estreitando seus vínculos com o objeto livro e com o ato de ler.

A narrativa textual, toda ela registrada em letra bastão para garantir uma padronização do desenho das letras do alfabeto, recebeu uma tipologia fina e delicada que é coerente com a opção gráfica das ilustrações: o traço linha delineia as representações dos personagens e os elementos dos cenários. Texto e imagem estão claramente dispostos em um fundo claro no qual cada qual ganha o seu espaço, tornando ainda mais evidente para a criança o que é escrita e o que é desenho.

O recurso linguístico se repete ao final do texto da página par: “e o bebê dino?”.

O mesmo acontece com a página ímpar: é sempre a mesma frase que introduz a sequência da narrativa: “o bebê dino...”. Essa repetição não é algo aleatório: sabemos que os elementos repetitivos em uma narrativa para a primeira infância servem como elementos conectivos entre as várias partes do texto, além de permitirem também uma apropriação oral (e por que não da escrita também) do texto. Servem como apoio para o avanço da leitura e conferem ainda uma maior graça à leitura.

A repetição não é algo aleatório: sabemos que os elementos repetitivos em uma narrativa para a primeira infância servem como elementos conectivos entre as várias partes do texto, além de permitirem também uma apropriação oral do texto.

As ilustrações foram feitas a partir de dados reais dos dinossauros: a forma dos corpos (cabeça, tronco, membros, garras, dentes), a textura da pele, as cores e até mesmo o cenário têm correspondência aos estudos paleontológicos sobre o assunto. Claro, por ser um livro ficcional, detalhes como o brilho nos olhos e o rosto sorridente foram introduzidos para despertar ainda maior empatia com os leitores, desmistificando a ideia de que os dinossauros eram “maus” ou “bravos” – atribuições equivocadas da indústria de entretenimento.

Ao final, o nome de cada dinossauro é apresentado, apenas como título de curiosidade, e ilustrações divertidas mostram o tamanho real dos dinos mostrados no livro, sempre comparado com crianças e adultos para que se possa ter uma ideia do quão grandes (ou pequenos) eles eram.

Destaque

O texto apresenta uma frase que se repete ao longo da narrativa que certamente encantará as crianças: “e o bebê dino?”. Como um bordão, ela poderá receber um destaque especial do leitor adulto durante a leitura em voz alta, permitindo que as crianças se apropriem dela tanto do ponto de vista literário (um texto escrito a ser reproduzido oralmente), como também do ponto de vista lúdico. Essa apropriação textual favorecerá uma multiplicidade de interpretações do texto e de correlações entre o ele e o dia a dia da criança. Afinal, será que o bebê dino também escova os dentes? Gosta de brincar de esconde-esconde? E de se aninhar no colo dos pais? Essa pergunta vai levar a criançada bem longe!

Sobre os autores

Celina Bodenmüller é escritora de livros infantis e juvenis de ficção e não-ficção, radialista e brinquedista. Apresenta o programa “Era uma vez” na rádio e TV Mega Brasil Online e escreve no Blog Dinossauros do jornal O Estado de São Paulo. Foi a livreira fundadora da Livraria PanaPaná, especializada em literatura para a infância e brinquedos criativos. Foi jurada da Revista Crescer para a escolha dos 30 melhores livros infantis do ano. Já teve livro de sua autoria como representante brasileiro na Feira do Livro de Bolonha na Itália e outros foram adotados em escolas norte-americanas, onde a língua portuguesa é estudada como segundo idioma e como língua de herança. Foi vencedora do IV Prêmio AEILIJ de Literatura em 2021 na categoria Adaptação ou Reconto.

Luis Eduardo Anelli é paleontólogo e professor no Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo. Vencedor do prêmio Jabuti em 2018 na categoria infantojuvenil, é autor de diversos livros para adultos e crianças sobre dinossauros brasileiros.

Thomas Hardtmann é alemão de nascimento e brasileiro de coração. É ilustrador, designer gráfico e diretor de arte. Quando mudou-se com a família para o Brasil, conheceu a Celina e o Luiz e as portas se abriram para uma grande paixão da sua infância: os dinossauros.