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CARVAJAL

O Brasil tem sido uma parte importante da sua jornada como atleta de patins. Pode nos contar um pouco mais sobre as amizades, as experiências culturais e os aprendizados que você encontrou nesse país?

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Para mim, o Brasil é uma grande escola. Aqui, estou aprendendo e crescendo em todos os aspectos. Estar em contato com pessoas que sempre admirei desde criança é inspirador. Poder patinar e aprender com elas é gratificante. Por exemplo, o Felipe Zambardino me ensinou muito sobre marketing digital, e trabalhar na Go Roller me permitiu ver o mundo da patinação de uma perspectiva diferente. Recebi muito acolhimento dos brasileiros desde que cheguei, o que me motiva ainda mais.

Como está sendo o processo de regularização no Brasil? E como você acredita que a entrada nas federações de patinação e jockey pode impulsionar sua carreira e abrir novas oportunidades?

O processo de regularização no Brasil tem sido um pouco complexo. Por ser um imigrante, a regularização tem levado bastante tempo, mas estou trabalhando nisso e atualmente estou fazendo os procedimentos para obter a residência brasileira e ter os direitos de um cidadão comum aqui. Acredito que entrar na federação do Brasil é essencial para poder participar das competições e representar o país em torneios internacionais. Isso trará mais visibilidade e, consequentemente, mais oportunidades para a minha carreira.

Com uma carreira de 17 anos como patinador, quais foram os momentos mais memoráveis e as competições que mais te marcaram até agora?

Existem várias competições memoráveis ao longo dos meus 17 anos de carreira. Uma delas foi em Lima, onde fiquei em primeiro lugar na categoria de acesso. No campeonato brasileiro de 2022, conquistei o segundo lugar no pódio, ao lado de Danilo Sena e Felipe Zambardino, na categoria Elite. Além disso, vencer o Super Rival foi muito emocionante, pois essa competição era um sonho desde que a vi pela primeira vez no Youtube quando ainda morava no Equador. Levar o cinturão para casa foi realmente incrível.

Além do seu talento e dedicação, quais são as marcas e empresas que estão apoiando sua jornada como atleta? Como esse suporte tem influenciado seu desenvolvimento? No momento, tenho o apoio de fisioterapia do Breno Wanderley, mas não tenho patrocínio ou apoio de empresas relacionadas aos patins. Isso tem sido desafiador para seguir no esporte com alto rendimento. Gostaria muito de ter mais suporte para poder dedicar mais tempo aos treinos, participar de mais campeonatos e eventos.

Ao longo da sua carreira, você teve a oportunidade de patinar com muitos atletas talentosos. Existe algum encontro especial que você gostaria de compartilhar conosco e como isso impactou sua visão sobre o esporte? Em 2010, aconteceu o WRS em Playa Villamil, no Equador, e tive a chance de assistir a vários patinadores que já admirava. Poder estar presente e aprender com figuras como Kaleo Hipolito, Billy O’Neil, Carlos Loras, Mark Wojda, Dimitrios George, Yuri Botelho e Daciel de Jesus foi muito inspirador para mim. Aqui no Brasil, conheci Carlos Pianowski, uma lenda do patins, e também tive a oportunidade de patinar com a nova geração, como Danilo Sena e Nicole Machado, que estão quebrando barreiras e inspirando muita gente. Tudo isso me mostrou o quanto a América Latina tem atletas talentosos e de alto nível. Desde criança, eu me inspirei ao ver os brasileiros andando de patins, e realizar o sonho de vir para cá e patinar com eles foi incrível.

Quais são os lugares que você ainda sonha em patinar no futuro? Existe alguma competição ou evento específico que está na sua lista de desejos?

Tenho o sonho de patinar em Barcelona, onde a cena do patins é muito forte. Quanto a eventos, desejo muito competir na Fise e em eventos das federações, como o Mundial de Patins e o Sulamericano.

Além do aspecto esportivo, quais são as metas e objetivos que você tem para sua vida pessoal e profissional? Como você concilia todas essas áreas e busca a felicidade em cada uma delas?

Além do patins, tenho o objetivo de continuar minha evolução no Brasil, estudando e expandindo o projeto Radical Soul. Acredito que posso contribuir significativamente para a cena do esporte. Conciliar todas essas áreas é um desafio, mas busco a felicidade nas coisas simples do dia a dia, como andar de bike, fazer trilhas e estar na natureza. Ter boas companhias, poder patinar e, principalmente, ter saúde e estar vivo são motivos para minha satisfação pessoal e profissional.

FOTÓGRAFO: ALEXIS DEMARCO - @ALEXISHXC

Seu estilo de patinação é único e inspirador. Quais são suas principais influências no esporte e como você se mantém criativo para inovar nas suas manobras?

Minhas principais influências no esporte vêm de diversos patinadores que admiro. Assistia a muitos vídeos de atletas antigos, como Mike Johnson Murda e Brian Aragon. Também sou inspirado por nomes como Frank Morales, Chris Farmer, Alex Brosco, Pedro Pedigree, além de patinadores brasileiros, como Sandro Timóteo. Acredito que o segredo da criatividade é ter um vasto repertório técnico, como conseguir executar manobras com as duas pernas e para os dois lados. Isso me permite inovar nas minhas manobras e criar meu próprio estilo.

Todo atleta enfrenta desafios ao longo do caminho. Quais obstáculos você teve que superar e como eles moldaram sua determinação e resiliência?

Um dos maiores desafios para um atleta é enfrentar lesões e se recuperar completamente, tanto física como emocionalmente, para voltar ao esporte. Eu passei por um momento difícil quando tive uma queda em 2021 e perdi o dente da frente. Isso afetou bastante minha autoestima, pois o tratamento dentário era muito caro. No entanto, tive muita sorte, pois algumas pessoas se ofereceram para me ajudar, e consegui o tratamento necessário. Essa experiência me ensinou a ser mais forte nas situações da vida e a lidar com as adversidades.

Antes das competições, você tem algum ritual ou preparação especial para manter o foco e a concentração? Se sim, poderia compartilhar conosco?

Antes de entrar na pista em um campeonato, eu sempre envio um beijo para cima, agradecendo à minha família e à vida. Também faço um alongamento e aquecimento adequados, pois isso me ajuda a estar mais preparado fisicamente e mentalmente para competir.

Além das vitórias e reconhecimento, o que mais te motiva como atleta de patins? Quais são os momentos mais gratificantes que você já experimentou nessa jornada?

O que mais me motiva é ver crianças se inspirando no que eu faço. Adoro transmitir o conhecimento que tenho no esporte e incentivar mais pessoas a se envolverem na cena. Os momentos mais gratificantes foram poder viajar e conhecer vários países da América Latina graças ao patins, além de sentir o acolhimento da comunidade patinadora. Morar no Brasil é um exemplo disso, pois isso também foi possível graças ao esporte.

Para os jovens que estão começando a praticar patins ou qualquer outro esporte radical, qual conselho você daria com base na sua experiência?

Meu conselho para quem está começando em qualquer esporte radical é fazer tudo com sentimento e buscar a felicidade naquilo que faz. É importante destacar a importância de usar proteções para ter mais segurança e coragem ao tentar manobras novas. Muitas vezes, as pessoas desistem no início após se machucarem, mas a segurança é fundamental para uma evolução mais segura e constante.

Além da patinação, quais outras atividades físicas ou esportes você gosta de praticar? Como eles complementam seu treinamento e trazem equilíbrio para sua vida?

Além da patinação, eu amo andar de bicicleta e já viajei muito dessa forma, com um carrinho para carregar minhas coisas. Também pratico malabarismo com clavas, o que me ajuda a ter mais coordenação motora e destreza. Fazer trilhas e estar em contato com a natureza em Florianópolis é algo que me traz equilíbrio. Além disso, faço fisioterapia semanalmente para uma melhor recuperação do meu corpo.

Existe algum projeto social ou iniciativa com a qual você está envolvido e gostaria de compartilhar conosco? Como você acredita que o esporte pode impactar positivamente a sociedade?

No momento, não estou envolvido com nenhum projeto social específico, mas adoraria participar de um. Projetos sociais são muito importantes, tanto para disseminar o esporte quanto para ajudar atletas que não têm recursos para continuar se dedicando. O esporte pode impactar positivamente a sociedade ao promover valores como disciplina, respeito, trabalho em equipe e determinação, além de incentivar a prática de hábitos saudáveis.