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Minha aproximaç

ão com o tema:

E como eu chego ao meu tema de mestrado?

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Minha aproximação com o tema, tem pouco haver comigo, mas com minha caminhada coletiva, com pessoas e histórias que me atravessaram, dores e amores daqueles que me rodeiam.

Para isso, talvez, eu precise retornar um lugar que ao longo do memorial tenha parecido irrelevante, ou um tanto "fanático" compor o memorial: minha trajetória de fé e minha costura nos ambientes religiosos. Ali, encontrei algumas pessoas que fizeram parte dessa trajetória. Participei de inúmeras conversas e ouvi diversos conflitos internos partilhados comigo sobre a identidade de gênero e orientação afetivo-sexual e seus dilemas com a fé. Presenciei conflitos externos também, incluindo o convite a se retirar (eufemismo para expulsão) para um amigo meu da organização missionária que faziamos parte. Desse amigo em particular, Bob, acompanhei suas dores e também suas alegrias. Choramos juntos inúmeras vezes, e, mesmo com a distância São PauloCuritiba, sua história, seus dilemas e suas certezas me atravessaram. Em algum momento, parte da caminhada dele tornou parte da minha caminhada Assisti seu momento de adoecimento mental, mas também presenciei ele se tornando referência para inúmeras pessoas do meio evangélico que são LGBTQIAPN+. Por meio dele, ouvi inúmeras histórias permeadas de dor e violência, dentre elas, essa história que ele narra em um culto:

Nessa trajetória de fé deparei-me também com os escritos e as falas da teóloga queer Ana Ester e com a Reverenda Alexya Salvador, primeira travesti a adotar no Brasil.

Anteriormente, antes dessas vivências durante meu período universitário pude acompanhar amigas que viveram vivenciaram inúmeros conflitos com a família, alguns deles repletos de violências físicas e psicológicas a partir do momento que suas famílias tomaram ciência da orientação afetivo-sexual (dissidente) delas. Conflitos esses intensificados, ainda, pela vivência cristã religiosa de seus familiares.

Somado a tudo isso, ainda, filmes como "Orações para Bob", a leitura de livros como a autobiografia de João Nery e diversos podcasts e vídeos ouvidos ou assistidos como:

Vídeo 6: A filha que eu nunca tive me propiciaram realizar inúmeras mediações Essas histórias me sensibilizaram e me colocaram em lugar de desconforto Como profissional da política de assistência social, ao escutar histórias como a da Naomi, ou a história que Bob relata, surgia uma pulga atrás da orelha perguntando: e cade o poder público? E cadê a assistência social nessas histórias? Quão preventiva a política de assistência social tem potencial para ser? Ou até, cade a política de assistência para ofertar acolhimento e romper com situações de violência? Ao mesmo tempo, ao me deparar com um ofício que solicitava dados sobre atendimento à pessoas LGBTQIAPN+ em meu trabalho eu me deparei com quase a nulidade de dados, o que me causou ainda maior estranhamento e desconforto, com a dúvida: Não estão sendo atendidos ou não há local para os dados serem registrados? Esse desconforto, gerou impactos (dentro dos limites institucionais) em meu trabalho como a inserção de um campo na estatística dos CRAS sobre o atendimento desse público. E ainda mais, deu lugar a esse meu projeto de pesquisa.