Eurobike magazine #14

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EMOÇÃO

BMW ART CAR COLLECTION (1975 – 2010) Joias de cores e design Por Eduardo Petta | Fotos Carol Da Riva

sua arte. A maquete foi levada à Munique, onde o especialista Walter Maurer transferiu com precisão a obra para o projeto.

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Eurobike magazine

O primeiro carro de arte da coleção BMW data de 14 de junho de 1975. Mas é preciso voltar ao ano de 1973, para rastrear a ousada ideia do curador de arte e piloto francês Hervé Poulain. Apaixonado por velocidade, Poulain sonhou em adicionar “beleza artística às linhas de um objeto já perfeito, como um carro de corrida” — e pensou isso no meio da crise do petróleo, uma época em que o próprio automóvel era vítima de uma visão crítica da sociedade. Poulain desejava pintar o seu carro para a próxima corrida de Le Mans e pediu a ajuda de um amigo, o norte-americano Alexander Calder, um dos escultores mais importantes do seu tempo. Àquela época, Calder já era um mestre da arte em movimento, com suas esculturas em forma de móbile, que ultrapassavam a inércia do objeto, e aceitou o desafio. O que faltava era um carro de corrida adequado para tanto. Foi então que o ferrarista Jean Todt, na época colega de rali de Poulain, deu a dica ao piloto francês: conversar com o chefe da BMW Motorsport, Jochen Neerpasch, outro entusiasta da arte. Neerpasch curtiu o projeto e deu a Poulain luz verde. Poulain adquiriu um modelo de brinquedo de um coupé de corrida da BMW, o 3.0 CSL, e o enviou a Calder. Diante da maquete, o escultor espalhou as cores primárias — vermelho, amarelo e azul — em generosas doses na carroceria e depois trabalhou-as, compondo a

O carro não foi um sucesso de corrida, mas em maio de 1975 já ilustrava o teto de uma exposição no Louvre, em Paris. Foi uma das últimas obras de arte de Calder; ele faleceu em 1976. E o veículo tornou-se a pedra fundamental de uma coleção que ele nem imaginava que poderia prosperar. Mas assim foi. Um ano depois, em 1976, foi a vez do nova-iorquino Frank Stella, outro apaixonado por carros, preencher um BMW com seus padrões digitais matemáticos. Stella foi seguido por uma série de artistas pop: Roy Lichtenstein, Andy Warhol e Robert Rauschenberg. E com exceção da BMW de Rauschenberg, todas estas máquinas participaram da tradicional 24 Horas de Le Mans. Andy Warhol foi o primeiro a pintar pessoalmente um BMW Art Car. “Mande-me as passagens aéreas que irei a Munique pintá-lo pessoalmente”, disse Warhol, que levou exatos 28 minutos vorazes, no ano de 1979, para cobrir o carro com a energia de suas pinceladas. “Eu tentei representar uma experiência real da velocidade. Se um carro é rápido de verdade, todos os seus contornos e cores ficarão borrados na pista”, disse Warhol, que ficou apaixonado pelo carro. “Ele verificou-se ainda melhor do que a minha obra de arte.” Na década de 1980, a colecção buscou inovar, trazendo ar-


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