JORNAL MARTIM-PESCADOR 130

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Outubro 2014

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José Adelson, o japonês

Jornalista da Coluna Sol Nascente no BoqNews conta como nasceu sua paixão pela cultura japonesa A infância vivida em contato com a comunidade japonesa no bairro da Ponta da Praia em Santos fez com que José Adelson de Souza criasse laços afetivos e grande admiração por essa cultura, daí o apelido japonês. Embora não seja descendente de japoneses, essa ligação está presente em sua vida e em sua coluna Sol Nascente no jornal BoqNews. Nascido em Santos em 1942, morou na rua Silva Jardim e em 1954 mudou-se para a rua rei Alberto em 1954. “Tive uma infância sadia brincando com a criançada na Ponta da Praia”, lembrase. “Eu gostava de nadar, atravessava de um lado para o outro, saía do ferry-boat em Santos ia até o lado do Guarujá a nado”, lembra-se. Junto com a meninada da rua pescava com puçá e pegava robalo com varinha de bambu. “Aprendi até a fazer rede em casa de japoneses”, detalha. As brincadeiras incluíam jogar bolinha de gude, subir

em árvore e rodar pião. Atravessando para o lado do Guarujá era quase tudo mangue, onde catavam caranguejo. Outra diversão era o futebol. Adelson jogava no Botafogo contra o Estrela de Ouro, time da comunidade japonesa. “Naquela época na Ponta da Praia só tinha barco de pesca e mato”, explica. A comunidade japonesa vivia em chalés de madeira com telha francesa. Alguns japoneses tinham chácaras na Epitácio Pessoa, onde plantavam chuchu, ou machuchu, na linguagem da época. “Os filhos de japoneses falavam um pouco de japonês, aprendi palavras isoladas”, diz mostrando como nasceu o gosto para estudar a língua milenar. Em 1988 começou a aprender japonês. Hoje, além de dar aulas particulares, também leciona na Universidade Santa Cecília e Escola Treinasse. Deu muita aula particular para descendentes

de japoneses que iam trabalhar no Japão, os dekassegui, na década de 90, e também para garotada que faz mangá. Em 1996 dava aula para brasileiros nas dependências do asilo japonês Kosei Home e doava o dinheiro ganho para a entidade. Faz também traduções de textos não oficiais. Tem verdadeira paixão pela língua japonesa e se encanta com suas curiosidades. Gosta de observar as palavras portuguesas que foram assimiladas por essa cultura oriental. Cita alguns exemplos como tempurá, que vem da palavra portuguesa temperado, e a expressão “né” querendo dizer, “não é?”. José Adelson explica que a influência veio com a visita de Francisco Xavier, que teve um forte impacto no Japão, tendo sido o primeiro jesuíta a visitar o país em missão em 1549. Por essa ligação com a cultura oriental, o jornalista

Gordurinhas? Zumba nelas!!! As mulheres de Ilha Diana encontraram uma forma agradável de manter a forma. Moradoras de uma comunidade de pescadores na área continental de Santos, elas entraram no ritmo da zumba. Criada pelo personal trainer e coreógrafo colombiano Beto Perez há mais de 10 anos, a Zumba mistura salsa, merengue, mambo e axé em seus exercícios. Segundo o professor de dança e música Sérgio Fernandes da Secretaria de Esportes de Santos (Semes) é possível um gasto de mil calorias em uma aula de uma hora, aliada à dieta. Para complementar as aulas, as nutricionistas da Prefeitura de Santos orientam as alunas para uma dieta saudável. Segundo o professor Sérgio, além de Ilha Diana, as aulas são ministradas no Parque Rebouças, Arena Santos, Centro Esportivo M. Nascimento. “Melhor qualidade de vida vem através do esporte”, conclui o professor.

ganhou o apelido de japonês. “Peço para me chamarem de sensei”, brinca, falando a tradução da palavra em japonês. “Sou sócio no 152 da Associação Japonesa de Santos”, diz com orgulho. Casado há 41 anos com Maria José, tem três filhos, Adelson

Tipos de Salga em pescado Parte II

Professor Sérgio Fernandes

A salga é um processo que tem por objetivo conservar o pescado pela penetração do sal e a saída da água. Durante o período em que o pescado é mantido em solução salina, é determinado o tempo de salga ou tempo de cura pelo sal. Na edição anterior falamos sobre a qualidade do pescado salgado, que mantém a mesma quantidade de ferro, cálcio e vitaminas do produto fresco. Agora iremos abordar o processo da salga e seus diferentes tipos. Os peixes salgados e/ou salgados secos devem ser convenientemente embalados e armazenados em temperatura não superior a +5 graus Celsius, sob a qual o produto deverá ser mantido durante o transporte, estocagem e distribuição até o momento de sua venda final. Para a obtenção de produto salgado é necessário passar por três etapas: na primeira o pescado é exposto à alta pressão osmótica que leva à penetração do sal e com isso provoca a saída de água, havendo inclusive considerável perda de peso. Na segunda etapa a quantidade de sal que penetra é semelhante à taxa de água que sai. Na terceira etapa a quantidade de sal que entra no pescado é muito pequena. Neste momento a concentração de sal na carne do peixe é igual à concentração de salmoura. Há três tipos de salga a ser considerados:

José, 39 anos, Raquel, 35, Arthur José 31 anos. Apenas o filho mais novo gosta de aprender japonês. De sua paixão pela língua, José Adelson cultiva grande amizade na comunidade japonesa e em sua coluna divulga sempre essa milenar cultura. Augusto Pérez Montano - Médico Veterinário, membro da Comissão de Aquicultura do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo

Salga seca: neste processo o sal cristalizado é depositado alternadamente com as camadas de peixes, que ao dissolver forma uma solução concentrada, que é drenada, sem entrar em contato com o produto. Este processo é indicado para peixes magros, a fim de se evitar a rancidez. Salga úmida: consiste na imersão do pescado, numa solução saturada de sal e água, denominada salmoura. Este método é indicado tanto para peixes gordurosos quanto para peixes magros. Salga mista: consiste numa combinação da salga seca e úmida, sendo que a salmoura produzida não é drenada. Este método é o mais utilizado pelas grandes indústrias pesqueiras, principalmente as sardinheiras. A salga é um método de preservação do pescado, porém só a ação do sal não constitui prevenção definitiva contra a deterioração. Para concluir este processo é necessário submeter os produtos salgados à secagem, refrigeração ou defumação. O produto final deve apresentar aparência, cor, odor, sabor, textura semelhantes aos da espécie processada.


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