EM TEMPO - 21 de abril de 2013

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DIEGO CAJA

MANAUS, DOMINGO, 21 DE ABRIL DE 2013

JOEL ROSA

Nelson Neto e sua bicicleta: experiências compartilhadas via site sobre cicloturismo selvagem

Diários de

bicicleta Montado em sua “magrela”, o paulista Nelson Neto alia conhecimento e aventura viajando pela América Latina e postando suas histórias no site Cicloturismo Selvagem

I

CHRIS REIS Equipe EM TEMPO

magine alguém viajando sozinho de bicicleta por toda a América Latina e, ainda, ter tempo e disposição para escrever em um site, diariamente, toda essa experiência, mas com doses didáticas de como chegar em cada lugar; dicas dos aspectos geográficos, econômicos e culturais; além de impressões pessoais de tudo. Essa pessoa existe e está em Manaus, é o cicloviajante Nelson Neto, um paulista que resolveu cruzar a América Latina em cima de uma “magrela” e criou o site Cicloturismo Selvagem (www. cicloturismoselvagem.com. br), onde narra suas aventuras. Após passar por Boa Vista (RR), ficará na cidade por algumas semanas em Manaus e depois segue para Belém (PA). Formado em história, Nelson conta que no final de 2006, ainda no segundo ano de faculdade, surgiu a oportunidade de visitar a família

em outra cidade. Na época estudava em Marechal Rondon (distante 175 quilômetros de Curitiba, onde a família morava). “Nem tinha ideia do que era cicloturismo. Levei aproximadamente 24 horas numa viagem que não duraria, com os conhecimentos que tenho hoje, mais de 8 horas. Entre os erros que cometi, comecei a empreitada às 12h e levei uma garrafa de água congelada. São situações impensáveis atualmente”, revela. Nesse período, descobriu pela internet outras pessoas que faziam viagens assim. Após 1 ano já estava de “malas prontas” para seguir em direção ao Chile, onde chegou após 17 dias, saindo de Foz do Iguaçu (PR). Começava então a história do cicloviajante. Para começar a aventura, Nelson explica que trabalhou arduamente durante 1 ano e guardou uma quantia suficiente para bancar a viagem. Ele conta que anda com cartão de débito, mas usa um macete para qualquer eventualidade.

“O meu dinheiro está no banco, pois se por acaso eu for assaltado - o que espero que não aconteça nunca-, não fico desprovido”, revela. Na bagagem, o aventureiro leva, além de disposição,

INÍCIO

Para começar a aventura, Nelson Neto explica que trabalhou arduamente durante 1 ano e guardou uma quantia suficiente para bancar a viagem pela América Latina a bordo de sua bicicleta

aproximadamente 50 quilos divididos entre roupas, saco de dormir, colchão inflável, ferramentas, produtos para beber e comer e um guia dos lugares por onde passa. Distante de casa Há nove meses longe de

casa, Nelson garante que já conheceu todos os países da América Latina e, claro, agora está completando o percurso (que deve demorar ainda cerca de quatro meses) conhecendo os Estados brasileiros. Ele destaca a Bolívia como país que mais o atraiu. “As pessoas se enganam e pensam que não há nada na Bolívia, porém é um lugar extremamente rico culturalmente”, avalia, completando que conheceu o maior deserto de sal do mundo, viu neve no Peru, esteve a mais de 4 mil metros de altitude na Cordilheira dos Andes e pedalou em Machu Picchu. “São experiências únicas”, constata. No Brasil, Nelson cita o Pantanal como lugar que o encantou. “Pedalei ao lado de jacarés e vi os tuiuius”, diz. Porém ele também cita Manaus como um lugar que adorou conhecer. “Destaco a variedade de frutas, que no Sul é algo restrito a quem tem dinheiro, e também achei interessante algumas expressões peculiares. Por aqui voltei ao Brasil, mas me

sinto em outro país”, analisa, lembrando que conheceu o Teatro Amazonas, o campus da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) - onde está pensando em fazer mestrado em história -, a praia da Ponta Negra e outros lugares não menos importantes, segundo ele. Entretanto, apesar de já ter inclusive encontrado um amor por aqui (que merece um capítulo extra), não deixou de perceber os problemas de Manaus. “O trânsito é complicado, a pavimentação das ruas deixa a desejar, os motoristas não respeitam os ciclistas. Porém, mesmo levando em conta tudo isso, a cidade me agrada muito”, constata. Experiências A ideia de fazer um site, segundo Nelson, surgiu em 2010, quando sentiu a necessidade de compartilhar tudo que vivenciava. Para postar, usa um notebook e no final de cada dia faz um relato. No diário virtual têm preços de passagens, valores de hospe-

dagens, informações sobre distância, trajetos, dicas de lugares para visitar, além de aspectos econômicos e culturais do lugar e, claro, as impressões pessoais não faltam – afinal, é um diário. Nelson conta que os posts são lidos em mais de 60 países e têm em média 3 mil acessos mensais. Não existe patrocínio, de acordo com Nelson, para a viagem e nem para o site. Mas no endereço eletrônico existe um espaço para quem deseja apoiar com algum valor a iniciativa. “Parte da viagem é bancada com esse dinheiro, de pessoas que acham interessante e apoiam”, explica. Na opinião dele, muitas pessoas desejam fazer o mesmo e o tem como inspiração, mas ele enfatiza que a atitude requer certa determinação. “Não é só pegar uma bicicleta e sair pedalando por aí. Antes de partir, fiz um estudo e também me preparei fisicamente”, conclui.


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