4 minute read

Para refletir

Verão, tempo de seca. Cidadania, tempo de mudança.

O território continental português está a atravessar um período de seca. No Alentejo e no Algarve, a seca vai ser ainda mais severa. A falta de chuva e as alterações climáticas agravam este cenário. Segundo os especialistas, as secas tornar-se-ão mais intensas, mais frequentes e mais prolongadas. Avizinha-se, pois, mais um verão com falta de água. Ainda que a seca não dependa totalmente de nós e haja setores económicos que gastem muita água como as plantações intensivas de oliveiras e amendoeiras, e o turismo, através, por exemplo, dos campos de golfe, o certo é que o nosso consumo individual de água, se for desregrado, acaba também por contribuir para a falta de água. Com efeito, se em cada casa se desperdiçar, por exemplo, 20 litros diariamente, multiplicando por 500 casas, teremos um resultado de 10.000 litros de água desperdiçados diariamente. 500 casas serão as casas de uma vila pequena. Agora, imaginemos se estivermos a falar de uma cidade com 5.000 casas. O desperdício já iria em 100.000 litros diários. Agora, somemos as casas de todas as aldeias, vilas e cidades do Alentejo, por exemplo. Estaríamos a falar de milhões de litros de água desperdiçados diariamente. Afinal, o nosso desperdício individual também tem impacto no desperdício coletivo. Dada a gravidade do tema, seria bom que cada um de nós mudasse a sua atitude face à utilização da água, sobretudo aqueles que ainda não a usam de forma contida e racional. Eis então alguns exemplos de como poupar água no nosso dia a dia: ao lavarmos as mãos e ao tomarmos duche a torneira deverá estar fechada durante a fase de lavagem propriamente dita, isto é, deverá estar aberta apenas antes da ensaboadela ( antes de colocarmos o gel ou o sabão/sabonete ) e depois, no final do duche, para retirarmos o sabonete, sabão ou gel. O mesmo se aplica à lavagem dos dentes, ou seja, durante a escovagem a torneira deverá estar fechada. Se utilizarmos um copo para fazer o bochecho conseguimos poupar ainda mais água. O tempo destinado ao duche para molharmos o corpo e retirarmos o gel, sabonete ou sabão não deverá ser superior a 5 minutos. Quando tomamos duche, costumamos esperar que a água fique quente, venha ela do esquentador ou do termoacumulador, e para isso é preciso deixá-la correr… Ora, para não desperdiçarmos essa água, que é totalmente limpa, podemos colocar um balde junto à banheira ou ao polibane recolhê-la até ela ficar quente. Com este pequeno gesto pouparemos, de certeza, pelo menos 5 litros de água. Essa água pode depois ser utilizada para deitar na sanita, regar plantas e flores ou lavar o chão. Também podemos colocar outro balde dentro da banheira ou polibanpara aproveitarmos a água que decorre do próprio duche enquanto retiramos o gel ou o sabonete. Essa água pode também ser utilizada para deitar na sanita.

Advertisement

Verão, tempo de seca. Cidadania, tempo de mudança.

Durante o duche podemos, pois, poupar muita água. As descargas do autoclismo também gastam, por vezes, muita água. Se colocarmos uma garrafa com água dentro do autoclismo, iremos reduzir a quantidade de água em cada descarga. Já agora, nunca devemos deitar óleo para a sanita ou para o lava-loiças porque o óleo contamina a água e depois é mais difícil tratá-la nas estações de tratamento de água ( ETAR ) . Para além disso, os óleos usados devem ser colocados nos Oleões para depois serem aproveitados para a produção de biocombustíveis, como o biodiesel. Também não devemos deitar cabelos para a sanita ou para o lavatório porque eles enrolam-se nas turbinas que estão nas estações de tratamento de água, o que dificulta muito o seu processo de tratamento. São pequenas atitudes que fazem uma grande diferença. Mas na cozinha também se pode poupar muita água. Podemos lavar os legumes e as frutas num alguidar e depois aproveitarmos para deitar na sanita ou para regar plantas e flores. Se lavarmos os legumes com água corrente, isto é, mantendo a torneira aberta, estaremos a desperdiçar água. Se lavamos a loiça à mão, devemos utilizar as cubas do lava-loiça, fechandoas e retendo a água, para pouparmos água. Se utilizamos máquinas de lavar roupa e loiça, devemos utilizar os programas de poupança de água ( muitas delas já têm essa opção ) e utilizá-las com a carga máxima para reduzirmos o número de lavagens. A lavagem dos automóveis deve ser feita utilizando um balde e um pano, evitando a utilização da mangueira que conduz a um maior desperdício de água. O mesmo se aplica à rega de plantas e flores de pequenos quintais. E uma vez que estamos a falar da rega, sigamos a máxima que já vem do tempo dos nossos avós: não regar pela hora do calor, porque a água vai evaporar-se mais depressa e vamos desperdiçar mais água… E nos dias de chuva, infelizmente cada vez mais raros no Alentejo, podemos recolher a água da chuva através de baldes ou bidões. Por fim, poderíamos todos utilizar “ o apagão ” da água uma vez por dia, ou seja, destinarmos uma hora em cada dia em que não utilizássemos água. Para isso, teríamos previamente enchido um balde com água para as descargas do autoclismo e outro para a lavagem das mãos. Como teríamos que racionar a água durante essa hora, iríamos decerto poupar água…

A seca, e a consequente falta de água, é um assunto muito sério. Contudo, cada um de nós pode, de facto, contribuir para a diminuição do desperdício de água. Se todos reduzirmos o nosso desperdício individual, haverá uma redução do desperdício global que terá, seguramente, um grande impacto.