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A fotografia reinventada

Ainteligência artificial está entre nós há mais de 60 anos. O conceito foi proposto pelo matemático britânico Alan Turing na década de 1950, mas o primeiro projeto de inteligência artificial foi apresentado em 1956 pelos pesquisadores Allen Newell, Cliff Shaw e Herbert Simon. Eles criaram um programa chamado The Logic Theorist, que imitava as habilidades de um ser humano na resolução de problemas. Desde então, a inteligência artificial, IA , vem sendo pesquisada e desenvolvida em diversas áreas e aplicações.

Só que no final do ano passado a tecnologia rompeu os limites da academia e das áreas de P&D das organizações. Num movimento impressionante, um protótipo de IA capaz de conversar sobre diversos temas, o ChatGPT, virou assunto mundial. Desenvolvido e disponibilizado a qualquer pessoa pela Open AI, o chatbot online precisou de apenas cinco dias para alcançar um milhão de usuários. Na esteira de seu lançamento, várias ferramentas baseadas em inteligência artificial ganharam visibilidade, algumas delas específicas para a criação de imagens, como o Midjourney, Leonardo e Dall-e.

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A discussão sobre as vantagens e malefícios do uso indiscriminado desses serviços apenas começou e quem diz ter todas as respostas está mentindo. Longe da polêmica, muitos estão encarando tais plataformas de maneira prática, enxergando-as como instrumentos poderosos para geração de conteúdo.

Entre esses profissionais está Chico Audi, talento reconhecido na fotografia publicitária brasileira. Com uma carreira de quase 30 anos, ele já participou de inúmeras campanhas e nos anos 2000 ficou conhecido como o fotógrafo das celebridades e dos cavalos de raça.

Chico Audi une experiência, técnica e comandos precisos para abrir novas possibilidades na fotografia com o uso da inteligência artificial.

Por: Tânia Galluzzi

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL + SENSIBILIDADE Interessado em inovações tecnológicas, em 2022 o paulistano Chico Audi resolveu testar os serviços de inteligência artificial que geram imagens a partir de descrições textuais. Na contramão de boa parte dos usuários, ele optou pelo realismo, criando cenas que podem muito bem figurar num editorial de moda ou numa peça de divulgação de um restaurante. Tudo está em seu devido lugar, em composições perfeitamente belas e equilibradas, que se projetam em ambientes deslumbrantes.

Nada ali é real. Nem a modelo em seu vestido de festa, nem o suculento pedaço de atum disposto numa cumbuca esmaltada, ladeado por acompanhamentos igualmente apetitosos. A realidade está na criatividade de Chico Audi. E a beleza do trabalho na habilidade do fotógrafo de empregar todo o seu conhecimento técnico e a sua bagagem visual na elaboração dos comandos que configuram as imagens.

O ponto de partida, conta Chico, pode ser uma imagem referencial ou um briefing. De comando em comando, o fotógrafo vai agregando informações, ajustando a iluminação, as cores, as texturas, corrigindo distorções, até chegar ao resultado que mais lhe agrada. Tirante a ética profissional, não há limites. E essa liberdade é justamente o grande trunfo da IA na fotografia, segundo Audi. “O meu dia a dia continua tomado pela fotografia tradicional. Montei um estúdio móvel, que pode ser armado em qualquer locação ou mesmo dentro das empresas, e continuo fazendo fotos de produtos e pessoas”, afirma Chico. A IA chega para viabilizar trabalhos com orçamentos mais enxutos, prazos apertados ou em situações complexas de serem organizadas na vida real. A tecnologia, assim como tantas já utilizadas na manipulação de imagens, surge como um suporte, um meio para atender as necessidades do mercado. “Estamos no começo, mas acredito que a demanda vai crescer. Quem entra em contato e vê as possibilidades fica maravilhado.”

Questionado sobre a hipótese de a inteligência artificial substituir o trabalho do fotógrafo, Chico não acredita que isso vai acontecer. “A IA é um acessório que exige comandos precisos para poder gerar imagens profissionais. Os fotógrafos devem se apropriar dessa tecnologia e ampliar as suas possibilidades.”

Por: Tânia Galluzzi

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