Olavo e a Flor

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Olavo e a Flor – O Encantamento


Flor massageava os pés cansados na areia da praia e de pé olhava atenta o horizonte a sua frente. Sentado Olavo à admirava encantado. Nunca antes nesses 2 anos de amizade ele a observara como mulher. E nesse momento a imagem que tinha dela o fazia viajar. Olavo e Flor eram parceiros de copo, desses parceiros baladeiros, juntos curtiram inúmeras noitadas, além do mais eram parceiros de canudos. Minha meretriz de pose elegante; Observas a vida como que contida no horizonte, Enriquecendo a alma desse ser errante. Minha meretriz te quero minha amante. Meretriz das belas ancas que me enfeitiça! Sou pobre homem apaixonado. Minha meretriz, de mil amantes... Guardarei essa imagem, esse momento emocionante. Me faça seu homem, adoce minha vida. Quero que nesse momento o mundo congele. Para não desfazer essa imagem. Imagem fascinante! Olavo decidiu quebrar o silêncio nesse instante: — Flor... Quero dizer algo a você! — Sim, querido, digas! — Quero dizer que jamais havia percebido o que percebo agora, e isso me deixa um tanto quanto encabulado. Mas hoje aqui te olhando percebi o quanto és linda, e ainda me atrevo a dizer algo, que pode parecer muito constrangedor: Eu te quero! Lembro-me que nessa manhã Flor estava acabada! Após a noite de sono perdida, a maquiagem teimava em escorrer pelo rosto derretido... Flor nada disse! Seguiram calados a caminho de casa. Olavo por mais que dirigisse, a olhava constantemente... Flor adormecia ao seu lado. Era o primeiro dia... Era a chegada do encantamento!


Olavo e a Flor – O Princípio do Romance Cordialmente ele abriu as portas do carro para ela, num ato de pura delicadeza. Adentraram juntos pelo corredor rumo a varanda de Flor ...lá chegando Olavo não se conteve e pressionou seu corpo ao de Flor se dirigindo a parede - era possível sentir a respiração um do outro enquanto seus corações batiam num único compasso. Estavam aquecidos pelo ar quente de suas bocas sedentas - Olavo precipitou-se pela nuca de Flor que sentiu um arrepio percorrer-lhe o corpo inteiro, ao voltar suas bocas se encontraram e juntos se entregaram num beijo quente, doce e úmido. Um beijo inesquecível! Seja meu eterno guia... Amigo meu! Que nossa honestidade Seja sempre nossa companheira. Se perderes o juízo: Beije-me! Ainda não esqueças de aquecer meu corpo no teu. Que suas mão sejam minhas eternas amigas. E que essa paixão exploda! Como em um vôo perfeito, Numa tarde de abril! Em um gesto audacioso Olavo avançou pelo decote de Flor e pode senti-los! Quentes e rijos, que se ofereciam a ele atrevidamente! — Olavo, calma anjo... Melhor pararmos por aqui. Por favor vamos com calma! — Ai, Flor desculpe-me... Não resisti você está linda demais essa noite! Ainda recobrando a respiração sentaram-se no banco da varanda e começaram a observar as estrelas. Era o segundo dia... Era o princípio do romance!


Olavo e a Flor – A Entrega

Houve a noite em que estavam reunidos com Flor: Elisa sua irmã, Augusto e Olavo. Se bem me lembro era o vinho que os aqueciam. A conversa fluia em torno da embriagues que os dominavam. Num dado momento Elisa e Augusto saíram por alguma bobagem - acho que para tentar comprar mais vinho? Ou seria uma outra dose? Não me recordo bem! Ficaram a sós após 15 dias de distância - Olavo trabalhava numa plataforma de petróleo e sua folga era quinzenal - Olavo animado não parava de falar e Flor não tirava da mente os últimos momentos que havia passado ao seu lado antes do embarque! Meu Moreno de desejo ardente, Menino feliz, que de tanto decorar conheço. Seu cheiro que me embebeda não esqueço... Perto de você não há tempo! Horas não me satisfazem; Nem mesmo as reconheço. Meu moreno amante! Tome posse de minha essência de vida, Quero hoje ser sua mulher, sua amante. Tomemos da dose do amor a que nos pertence! Serei sua nessa noite de prazer... Seja meu veneno, meu amante! Flor atrevidamente levantou-se e calmamente caminhou para perto de Olavo. Delicadamente dirigiu seu dedo indicador aos lábios de Olavo, como quem solicita silêncio! Nesse instante ele ficou boquiaberto, pois a moça se aconchegou em seu colo. Mais uma vez ele sentia o seu corpo no de Flor se aquecendo mutuamente... Era delirante! Num impulso incontido levantou-se enlaçado ao corpo de Flor derrubando uns bibelôs, pressionou Flor contra a parede! Seus lábios, sua força, sua pele... Tudo, era sedutor, convidativo, envolvente e muito provocante. Naquele beijo louco, desenfreado se entregavam os amantes. Suas mãos percoriam seus corpos involuntariamente e ao longe ele avistou o sofá da sala,.Suavemente pousou o corpo nu de Flor no pequeno espaço, se precipitando sobre ela. Ali, naquela noite, se entregaram um ao outro. Como se tivessem sede um do outro. Era o décimo sétimo dia... Era a entrega!


Olavo e a Flor – A Decepção Na semana seguinte logo ao chegar em casa Olavo se deparou com Márcia, sua noiva. Embora surpreso torceu um sorriso para o lado esquerdo da face. Márcia por conhecê-lo bem, percebeu que o noivo não estava à vontade. Ele fora agradável com a moça. Márcia grávida de 5 meses estava preocupada com a situação, mas de forma inteligente e conveniente disfarçou a preocupação. Numa forma de compensar a ausência de mais de uma semana Olavo a convidou para um passeio pela orla. Para sua surpresa a moça sugeriu o pub local. — Olavo, desde que engravidamos não temos vida noturna e eu gostaria muito de conhecer um pub que tem aqui pertinho. Soube através de um jornal que hoje haverá um tributo ao meu cantor favorito. Não havia dúvidas: Márcia desconfiava de algo, pois ela sabia que Olavo era freqüentador do local e o Scooby era um pub localizado na esquina da casa de Flor. — Márcia e seu estado? Um lugar fechado pode te fazer mal e ao bebê também... — Querido se me sentir mal voltaremos para casa! Olavo não teve mais por onde escapar da insistência da noiva e cedeu-lhe o passeio. Flor que cantarolava em um karaokê com amigos enquanto aguardava Olavo, estava animadíssima e bela como sempre. Pode se dizer que a meretriz não era possuidora de talento musical algum, mas valia por sua ousadia. Logo que cansou resolveu sair para tomar um ar puro. Olhando para a rua observou um carro preto, importado se aproximando. Ela não conhecia o carro, mas pode notar que o motorista lhe era bem conhecido, logo o reconheceu pelas mãos longas e peludas... Era Olavo! E ao seu lado... Que mulher seria aquela? Indagava Flor ao perceber Márcia ao lado de seu amor. Olavo mais que rapidamente fechou as janelas do veículo, porém era tarde, Flor havia o reconhecido.

A quem trai o meu amado? Traidor de sua alma! Está traindo seu coração, indo contra a vontade de sua pele. Atrevo-me a questionar: De quem vem essa prostituição? Prostituta eu... Que vendo meu corpo? Michê o meu amado, que vende seu coração. O que faremos com a paixão? A venderemos nas esquinas, com preço tabelados por hora?


Existe ponto de venda de amoroso? Existe por acaso bordel emocional? Quem seria o cafetão do amor? Compraremos amor em saquinho, ou até mesmo ganharíamos o amor como brinde nas compras acima de duzentinhos? Olavo correu para casa e sem dar muitas explicações rompeu o noivado com Márcia. Parecia uma loucura mas ele não suportaria levar uma relação por status ou apenas para criar filhos sem culpas. Márcia com toda emotividade de uma gestação se entristeceu, porém calou-se. No dia seguinte a noite Olavo resolveu procurar Flor, ao chegar à casa da cocote não a encontrou, sua irmã Elisa informou que Flor havia retornado a fazer programas. Decepcionado resolveu esperá-la. Flor que via em Olavo um motivo para parar com a profissão ficara desencantada ao saber que o seu amigo e amante era noivo com casamento marcado. A verdade veio por intermédio de Augusto namorado de sua irmã e amigo de Olavo. Ao chegar em casa e se deparar com Olavo, Flor ficou surpresa: — Olavo! O que você está fazendo aqui? Eu já sei de toda verdade... Te vi ontem acompanhado de sua noiva. Estou surpresa por você ter a coragem de vir em minha casa. — Você pensa saber de verdades Flor, mas na realidade você não vê a verdade tal qual ela é... — Só falta você negar Olavo... Por favor não seja inescrupuloso comigo, lembre que antes de tudo somos amigos, ao menos era o que eu pensava. — Flor nada tenho a dizer! Não queria que as coisas tomassem esse rumo, mas não posso voltar no tempo. E honestamente nem sei se seria uma boa alternativa no momento. Olavo levantou-se e saiu sem mais nada dizer. Flor nada entendeu! Era o vigésimo quarto dia... Era a decepção!


Olavo e a Flor – Uma Visita Indesejada Provavelmente você acredite que Olavo fosse fraco, covarde e talvez ele o seria de fato. Após todo o desconforto e mal estar conseqüente da descoberta do triangulo amoroso, ele decidiu voltar para Márcia por acreditar que Flor jamais largaria a prostituição e pesou também o fato de ter um filho a caminho. De Flor fez sua amante! Pois sua fraqueza não permitiria abandonar um grande amor, ou um grande e verdadeiro desejo. Flor por sua vez deixou-se levar por essa situação acreditando que poderia recuperar a confiança perdida e que tudo seria válido para estar ao lado de seu amado! Havia dias em que Flor e Olavo, sensíveis como eram, decretavam como dias sem leis. Dias em que tudo era permitido,: Tanto no sexo, quanto em seus vícios... E sem pensar em conseqüências davam vazão aos seus delírios! Em seus pensamentos esses dias seriam breves, divertidos apenas, eles não contavam com uma visita inesperada e indesejada. Não, não pense em Márcia os flagrando, não é isso... — Minha linda! Trouxe uma parada alucinante só para nós dois! Essa noite, será inesquecível! Assim disse Olavo ao suspender Flor num rodopio pelo ar, eufórico e vibrante como uma criança quando compra doces saborosos. — Hoje não Olavo, esqueceu que fomos dormir as 7 da manhã, virados? Estou esgotada! Passei o dia só na água de coco! — Ah, Flor! Você vai me deixar na mão? Dá só uma olhada nessa parada! Ao ver o pó branco em trilhas pares sobre a mesa, canudo em sua direção e toda animação do amante, Flor não mais hesitou e se entregou ao vício uma, duas, três... Tantas vezes fossem necessárias para que ela chegasse!

Flor: Escarlate! Era o meu olhar. Insistente ele se apagava... Eu não mais conseguia ver as cores; As vozes que eu já não mais ouvia iam se dispersando; A dor no peito não mais me permitia respirar! Enquanto minha cabeça soava como um sino estridente... O desespero me tomou completamente. Balbuciei algumas palavras... E ela me amparou em seus braços! Eu parecia escorregar, mas ela era paciente; Domando-me pouco a pouco fez que tudo se apagasse!


Era o meu adeus!

Olavo: Em meu colo o corpo dela adejava trêmulo! Seus lábios violáceos não conseguiam respirar. Desesperado mergulhei com ela na piscina; Enlaçado em seu corpo gélido, pálido... Sem saber o que fazer, chorei! Tentei trazê-la de volta, Massageando o mesmo corpo que outrora amara. Em seu último suspiro... Me olhou e num sussurro disse: — Adeus meu amor... Era o último dia... Era a morte quem os visitara!


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Rosangela Ataíde


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