Semmais 30 Março 2019

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semmais 2019

Um grafismo em mudança, a referência de sempre.

Região

Diretor Raul Tavares

Semanário Região de Setúbal

Edição n.º 1029 9.ª série

Região elege pouco para o Parlamento Europeu

Distribuído com o

Sábado 30 março

2019

atualidade

TCB investem em frota ecológica Até dezembro circularão no Barreiro 60 autocarros movidos a gás pág. 9

atualidade

Museu Pedro Nunes abre em abril Alcácer do Sal investiu um milhão na requalificação pág. 3 atualidade

Obras no IC1 dentro dos prazos Comissão de Utentes acredita que no verão a obra estará pronta pág. 8

É preciso fazer um certo esforço para identificar eurodeputados oriundos das distritais partidárias ou, de alguma forma, ligados ao distrito. Fomos às memórias e fazemos as contas nesta edição pág. 2

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próximo sábado edição alentejo


enfoque

Carlos Pimenta, PSD, eleito em 1997, foi o primeiro eurodeputado com ligações ao distrito

O Parlamento Europeu e a (in)sustentável leveza dos candidatos oriundos da região A região de Setúbal não tem estado muito presente no Parlamento Europeu. Um problema de falta de peso político? Ou alheamento das distritais para melhor reivindicar posições para as legislativas e estruturas nacionais dos seus partidos? Nem uma coisa, nem outra, são mesmo eleições diferentes. texto raul tavares IMagem dr Conta-se pelos dedos de uma mão o número de eurodeputados que se podem considerar oriundos da região, seja por pertencerem às estruturas partidárias locais ou regionais, seja por terem ligações ao distrito. Carlos Pimenta (PSD), eleito em 1987, nas primeiras eleições realizadas em Portugal, António Vitorino (PS), Eurodeputado em 1994, Joel Hasse Ferreira (PS), em 2005, e Raquel Cardoso (PSD), em 1999, respetivamente, são os únicos nomes a constar neste lote que fica para a história. A eleição de Carlos Pimenta, que ocupou o lugar entre 1987 e 1999, adveio da popularidade alcançada enquanto ministro do Ambiente, no primeiro governo de Cavaco Silva. Militante social-democrata do distrito – neste período vivia no Barreiro -, Pimenta fez parte do grupo de eurodeputados que empreendeu as mais significativas alterações legislativas sobre defesa do ambiente na Europa e é, ainda hoje, um nome reputado nos areópagos internacionais desta temática. Afastou-se, entretanto, da vida partidária. Já António Vitorino, muito ligado à região por ter sido cabeça-de-lista às legislativas portuguesas pelo círculo eleitoral de Setúbal, para além de ter ocupado várias pastas ministeriais nos governos de António Guterres, foi Comissário Europeu para a Justiça e Assuntos Internos da União, entre 1999 e 2014. Os casos de Joel Hasse Ferreira e Raquel Cardoso, ambos militantes partidários no distrito, são diferentes, porque ambos chegaram ao Parlamento Europeu por substituição, sendo que o socialista foi eurodeputado por mais tempo, em 2005. Já a social-democrata assentou lugar por um período mais curto, tendo sido candidata nas eleições de 1999. O caso de Elisa Damião, eurodeputada de 1998-2091 De raspão pode-se considerar o nome de Elisa Damião (PS), 1998-2001, por ser trabalhadora e sindicalista da empresa de reparação naval, Lisnave. Em esforço, são pelo menos cinco os nomes que a história indica de eurodeputados com ligações ao distrito, não mais que isso, situação que é menorizada pela maior parte dos dirigentes políticos da região. A maior parte das fontes contatadas pelo

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O número de lugares para parlamentares portugueses, que foi de 24 nas primeiras eleições e 21 a partir de 2014, dificultam a representatividade regional

Semmais alinham pelo diapasão de que «as listas para as Europeias não obedecem a lógicas distritais», pelo que se torna «mais difícil impor qualquer tipo de representação». Bruno Vitorino, presidente da distrital de Setúbal do PSD e deputado da nação, afirma mesmo que, no fundamental, o importante «não é exigir um lugar com capacidade de ser eleito, mas sim ter um representante da região, por causa das especificidades regionais». E dá o exemplo do que o ‘seu’ candidato, Nuno Carvalho – presidente da concelhia do PSD de Setúbal e vereador na câmara sadina - tem falado nesta précampanha sobre a importância dos fundos comunitários para a península de Setúbal, em cuja NUT’s tem vindo a perder apoios, e sobre as dragagens no Sado. «O nosso eurodeputado Carlos Coelho tem vindo a levantar estas duas questões no Parlamento Europeu», diz Bruno Vitorino. E acrescenta: «Neste caso, não deixa de ser uma voz a favor dos interesses da nossa região». O responsável distrital do PSD diz compreender a «dificuldade» em gerir os poucos lugares em disputa. «Estamos a falar

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de 21 lugares em lista, havendo 18 regiões no continente e dois representantes dos Açores e da Madeira, é fácil de aceitar o que está em causa». Escolhas das cúpulas nacionais ‘preenchem’ os lugares eligíveis No caso do Partido Social Democrata, a tutela nacional do partido informou as distritais que deveriam indicar um nome para figurar acima do 10.º lugar, o que significa, reafirma Vitorino, que nestas eleições «não estão em cima da mesa uma mera representação regional, como deve ocorrer nas legislativas, mas sim uma escolha individual de escala nacional e europeia». Por seu lado, António Mendes, presidente da federação de Setúbal do Partido Socialista e atual secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, prefere mostrar «satisfação» pelo facto de nas próximas eleições europeias, a distrital socialista ter «a sua melhor representação de sempre», casos do ex-ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, militante do PS Montijo, como cabeça-de-lista, e João Albuquerque, militante da concelhia do Barreiro, na 11.º posição da lista do PS.

Uma certa viragem, com cabeçade-lista e muitos candidatos Entre os quatro partidos com possibilidades de eleger eurodeputados, não se pode dizer que, nestas eleições de 26 de Maio, a região se pode queixar. Para além de Pedro Marques e João Albuquerque, pelo PS, e Nuno Carvalho, suplente pelo PSD, há mais candidatos. O CDS-PP, avança com Vítor Caldeirinha, ex-presidente do Porto de Setúbal, ligado ao PSD, que concorre como independente. Recorde-se que, nas Europeias de há quatro anos, a distrital de Setúbal dos centristas esteve à beira de ver eleita Ana Clara Birrento, foi em 7.º lugar da lista de coligação PSD/CDS-PP, que elegeu seis eurodeputados. João Viegas, líder da distrital centrista, considera ser «extremamente importante» que o distrito esteja representado na composição das listas nacionais para o Parlamento Europeu. «Aproximar os cidadãos da Europa e do projeto europeu é um enorme desafio. Pelo trabalho que tem desenvolvido na região, o nosso candidato é uma mais-valia para a lista do CDS-PP», afirma. O PCP/PEV, por seu turno, coloca na lista nacional quatro

militantes, o primeiro, na sexta posição, é Rui Higino, funcionário da Portucel, e ex-vereador na Câmara de Setúbal. Seguem-se, João Geraldes, membro da Assembleia Municipal de Almada, em 12.º, Zoraima Prado, da União de Sindicatos de Setúbal, na 16.ª posição, e Vivina Nunes, atual vereadora da câmara da Moita, em 22.º lugar. Os comunistas e os Verdes do distrito nunca viram nenhum dos seus indicados com assento no Parlamento, mas é a força partidária com mais nomes da região a figurar neste tipo de eleição. Só para referir as Europeias de 2009 e 2014, com três nomes do distrito: Felismina Mendes, da Associação Cabo-verdiana de Setúbal (5.º), João Vicente, empresário (6.º) e Joaquim Judas, ex-edil de Almada (9.º), em 2009, e Rui Paixão, sindicalista das cúpulas da CGTP, já falecido (15.º), Paula Bravo, também sindicalista da CGTP (17.º) e Susana Silva, do PEV e membro da assembleia municipal do Barreiro (20.º). Já a Coordenadora Distrital de Setúbal do Bloco de Esquerda, vê-se representada nestas eleições, por Daniel Bernardino, 48 anos, coordenador da comissão de trabalhadores da Faurecia, no Parque Industrial Autoeuropa.


atualidade

BE Sesimbra discute dragagens no Sado

Palestina no Palmela Spring Camp 2019

O Bloco de Esquerda de Sesimbra promove hoje, pelas 15h00, no Clube Sesimbrense, uma sessão pública sobre as Dragagens no Sado “Que consequências e impacto em Sesimbra?”. A inicia-

Cerca de 20 crianças, com idades compreendidas entre os 10 e os 14 anos, de duas equipas de futebol da Palestina, estão em Palmela para uns dias de férias com atividades várias, convívio e con-

tiva, aberta á população, conta com as intervenções de Anabela Rocha, ativista ambiental, Carlos Macedo, da ArtesanalPesca, Ricardo Santos, da Sesibal e Rui Passos, arquiteto ambientalista.

fraternização. Os jovens, provenientes das cidades de Hebron e Ramallah, integram a Missão Diplomática da Palestina em Portugal, através de uma parceria com o município.

ALCÁCER DO SAL INVESTIU MAIS DE UM MILHÃO DE EUROS EM MUSEU MODERNO E INTERATIVO

«Este novo equipamento será um marco na oferta cultural do nosso concelho» Uma ambição bastante antiga dos executivos camarários e de todos os alcacerenses acaba de ser concretizada. A renovação do Museu Pedro Nunes, um dos mais antigos do País, visa reforçar o conhecimento histórico e divulgar peças lindíssimas e únicas do período da Idade do Ferro. texto antónio luís IMagem dr

Museu Pedro Nunes abre dia 6 de abril

Consultar num ecrã interativo informações sobre uma peça em exposição ou aceder a mais dados sobre o espólio arqueológico através de smartphone ou tablets com recurso ao sistema de QRcodes são duas das possibilidades disponibilizadas pelo renovado Museu Municipal Pedro Nunes, em Alcácer do Sal, que é inaugurado a 6 de abril, pelas 15h30. «Numa altura em que praticamente ninguém no país inaugura museus, Alcácer prepara-se para abrir as portas do Museu Municipal Pedro Nunes, que mostra o passado desta terra magnífica visto à luz da modernidade», disse o presidente da Câmara Municipal de Alcácer do Sal, Vítor Proença, no dia passado 26, na Pousada do Castelo, na conferência de imprensa de apresentação do espaço museológico, que foi alvo de uma ampla empreitada de requalificação, cofinanciada em 85 por cento por fundos da União Europeia. «É um orgulho ver este projeto concretizar-se após mais de uma década de encerramento do museu e depois de ultrapassados tantos obstáculos, que enfrentámos com garra e determinação. Compensou e, dia 6 de abril, todos poderão ver o resultado dos nossos esforços na inauguração desta casa da cultura, com muito para oferecer e descobrir», sublinhou o edil alcacerense, que não tem dúvidas de que este novo equipamen-

to cultural, daqui para a frente, será um «marco na oferta cultural do nosso município». «Um povo que não protege o seu património não tem futuro. Por isso, queremos mostrar ao Mundo a nossa riqueza histórica e cultural e contribuir para o enriquecimento do conhecimento de todos. É uma ambição bastante antiga dos executivos camarários e de todos os alcacerenses. Recuperámos um património que faz parte da memória afetiva da nossa cidade. É também uma justa homenagem ao grande matemático e cosmógrafo, Pedro Nunes, patrono deste espaço». O recurso a aplicações interativas, que facilitem a transmissão do conhecimento e potenciem a experiência do visitante é uma das apostas deste museu. «No fundo, pretende-se que o utilizador sinta que entrou numa viagem no tempo, cujo limite é a sua imaginação», prosseguiu o autarca, que referiu ainda que, a par do material exposto e de um guia em papel da exposição, os visitantes poderão assistir a um vídeo de making-off do museu, uma experiência maximizada que estará em exibição na zona do coro-alto.

séc. VI a.C. ao séc. XIX, fazendo inclusive referência ao grande matemático Pedro Nunes. Recorde-se o Museu Pedro Nunes encerrou ao público em 2007, devido ao seu avançado estado de degradação. Entre 2008 e 2011 acolheu escavações do Setor de Arqueologia e Museologia da Câmara Municipal e só em 2017 tiveram início as obras de requalificação do espaço, intervenção que, com a inclusão da museografia, ascendeu a 1,5 milhões de euros.

Festa em tenda gigante A inauguração do Museu Municipal Pedro Nunes, dia 6 de abril, conta, às 17h30, com a atuação da fadista Katia Guerreiro e das bandas da Sociedade Filarmónica Amizade Visconde de Alcácer e Progresso Matos Galamba. Na Praça Pedro Nunes será montada uma tenda gigante com capacidade para 200 lugares sentados. O público poderá assistir a um filme realizado por Sérgio Pereira.

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«Lutámos contra o próprio Estado» Já Marisol Ferreira, coordenadora do Gabinete de Arqueologia e Museologia da Câmara Municipal, realçou que «se não fosse o apoio deste executivo nunca conseguiríamos avançar com as obras. É uma ambição bastante antiga. Lutámos contra o próprio Estado. Os nossos técnicos foram excecionais e ajudaram-nos muito». Por fim, Pedro Sobral, do projeto de museologia, sublinhou que o projeto é «audacioso e necessário» para contar a História «fantástica» de uma terra «muito rica» do ponto de vista histórico. «É uma das cidades com mais História para contar», vincou, destacando «as lindíssimas peças únicas da Idade do Ferro, pela sua singularidade» expostas no renovado Museu alcacerense, não tendo dúvidas de que se trata de «um museu cenograficamente apelativo e esteticamente atrativo». Com ênfase em Alcácer, enquanto cidade portuária, e no rio Sado, enquanto elemento determinante no desenvolvimento deste núcleo urbano, o Museu Municipal Pedro Nunes vai ter patente um conjunto variado de espólio recolhido durante os trabalhos arqueológicos na Igreja do Espírito Santo, no Castelo de Alcácer do Sal e na Rua do Rato e que vai do

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atualidade

Núcleo Urbano do Seixal recebe empreendimento turístico de 4 estrelas

Hotel Mundet deverá estar pronto em 2021 Com um conceito indissociável do setor corticeiro, o Hotel Mundet, no Seixal, com 84 apartamentos, vai custar quase 8 milhões de euros. texto eloísa silva imagem dr

Hotel Mundet contará com 84 apartamentos e revitalizará o núcleo urbano antigo da cidade do Seixal

O Hotel Mundet, que foi adjudicado em dezembro último às empresas Marmequer− Empreendimentos Turísticos e Imobiliários, SA e Riverfront−Empreendimentos Turísticos e Imobiliários, SA., será o primeiro empreendimento turístico de quatro estrelas a surgir em pleno núcleo urbano antigo do Seixal. Este novo equipamento, afiança o presidente da câmara Joaquim Santos, «ajudará a suprimir a necessidade sentida ao nível de alojamento para os turistas, que cada vez mais procuraram o concelho», e que fazem com que o número de visitantes tenha aumentado 90%, de 2017 para 2018. Também o número de dormidas aumentou, em mais de 50% relativamente a 2017, pelo que «aumentar a oferta em termos de dormidas é imprescindível». Declarações proferidas pelo autarca seixalense à margem da participação do concelho na Bolsa de Turismo de Lisboa, na qualidade de convidado da organização. O novo Hotel Mundet, com implantação num terreno de 3680 m2, terá 84 apartamentos, estacionamento e serviços hoteleiros. Na sua cobertura, terá piscina e áreas de apoio, bar, solário e zona lounge. Este novo espaço «terá o seu conceito associado ao tema da cortiça, pela memória do espaço em que se insere, terá um prazo de execução de 20 meses e um investimento estimado de 7 539 000,00€», revelou Joaquim Santos. Questionado sobre quais são os próximos projetos que pretende implementar, no âmbito do desenvolvimento económico e do turismo, o autarca referiu que «está a ser preparada pela autarquia a hasta pública para o Porto de Recreio e Hotel do Seixal». Um equipamento previsto, também, para a Baía do Seixal, junto ao núcleo urbano antigo, entre o molhe da antiga ponte-cais da Transtejo e o estaleiro da Navaltagus, com capacidade para 188 embarcações. Em termos de unidades hoteleiras, a autarquia Seixalense pretende ainda desenvolver o projeto do Eco Resort do Seixal, na Ponta dos Corvos, «que se instalará numa área com 90 hectares de reserva ecológica nacional»; o projeto do Hotel da Quinta da Trindade, que prevê «a requalificação do edifício e instalação de uma unidade hoteleira direcionada para a saúde, bem-estar e restauração» e o Hotel e Porto de Recreio de Amora, que irá transformar a área entre o estaleiro da Venamar e a Associação Naval Amorense, «através de um projeto que possibilitará a integração de um porto de recreio associado a uma unidade hoteleira», concluiu.

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O prazo de execução das obras está estimado em 20 meses

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atualidade

Sines com aposta forte na integração de jovens

Projeto Escolhas deste ano é dedicado ao mar Quatro anos depois da última vez que se realizou, o programa “Escolhas” está de regresso ao concelho do litoral alentejano. No seu âmbito, o projeto que vai ser desenvolvido chama-se “Entre Nós – E7G” e tem como base a temática do mar. texto Carlos Ribeiro imagem dr Apesar de estar ainda numa primeira fase de implementação, as crianças e jovens de Sines vão voltar a ter o programa “Escolhas” a si direcionado. Os objetivos incidem na integração dos mesmos, dotando-os de competências sociais, comportamentais e formativas, e apoiando-os na transição para o mercado de trabalho. A câmara municipal de Sines é a entidade promotora. Pela experiência obtida em 2015, o vice-presidente da Câmara de Sines, Fernando Ramos, adiantou ao Semmais que se «observou uma grande adesão», esperando que em 2019 não seja diferente. «Foi uma resposta muito importante para os jovens do concelho, com resultados bastante positivos. Por isso, assim que surgiu oportunidade de submeter novamente candidatura. Tentámos criar as condições necessárias para que a mesma fosse aprovada».

Tecnopólo e Câmara Municipal de Sines são parceiros no Programa “Escolhas”

Com a duração de um ano, renovável por mais um, o “Escolhas” vai proporcionar ações de formação, confeção e reparação de redes de cerco, cursos de nadador-salvador, mergulho amador e introdução à vela, bem como workshops sobre novas tecnologias ligadas ao mar. Ex-

periências reais em contexto de trabalho em profissões relacionadas com a pesca e o turismo são outra das atividades pensadas. «Todo o processo foi desenvolvido em rede, contando com a vontade das entidades parceiras para o levar bom porto. Mesmo nesta fase inicial, recebemos feedback

bastante positivo sobre o seu regresso», vinca o autarca que detém o pelouro do desenvolvimento social. O público-alvo são jovens dos 6 aos 25 anos, descendentes de imigrantes, integrantes da comunidade cigana e, ainda, aqueles que não estudam nem trabalham, designados tecnicamente por “Jovens Neet”. O protocolo que formaliza o início da sétima geração do “Escolhas” foi assinado no passado dia 21 de março, na presença da ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, Mariana Vieira da Silva, e da secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, Rosa Monteiro. A formação faz parte dos pergaminhos do Tecnopólo A entidade gestora, o Tecnopólo de Sines, há 10 anos a trabalhar os assuntos da formação, vai

ser a casa – pelo menos de forma provisória – desta iniciativa. Numa segunda fase vai ser feita uma mudança de cenário, com todos os elementos a passarem, de forma definitiva, para o antigo Centro de Saúde. Aqui, na zona histórica do concelho, vai beneficiar de uma localização estratégica que facilita o acesso a quem participa no projeto. Marta Oliveira, gestora de formação, considera a medida «bastante aliciante». «Esta parceria faz sentido sobretudo pelas suas áreas de intervenção. Por exemplo, a nossa é a formação e a do Entre Nós – E7G tem precisamente essa vertente da formação de jovens». A tútulo de exemplo, a responsável esclarece que «vai começar já, no dia 10 de abril, um curso de Suporte Básico de Vida, que é mesmo nosso, reconhecido pelo INEM e que vai ser levado a cabo em parceria com a associação Resgate», concluiu.

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Eleições no maior sindicato do setor bancário decorrem a 10 e 11 de abril

Rui Godinho aposta na transparência e diz-se preparado para os desafios do futuro O atual líder distrital do sindicato, que representa a Tendência sindical Socialista, está apostado num terceiro mandato. Sem «promessas irrealistas», promete renovar equipa e ideias, e garante estar preparado para os novos desafios do setor. As eleições decorrerão dias 10 e 11 de abril. texto Anabela Ventura imagem dr A sua lista apresenta-se sobre a sigla “Responsabilidade e Transparência”, que podem os sócios retirar desta sigla? Eu e os elementos da minha lista, estamos conscientes dos desafios que o sindicato e o SAMS enfrentam. Não apresentamos promessas irresponsáveis, demagógicas e populistas. Estamos preparados para esclarecer todos os sócios sobre a realidade do sindicato e da nossa estrutura de saúde, das dificuldades e dinâmicas que se tem de criar para manter um SAMS solidário e sustentável. Que desafios enfrenta o sindicato e que soluções propõem? A profissão de bancário como existia há 15 anos já não existe, e a que existe hoje não ser certamente a mesma daqui a cinco anos. A redução de efetivos na banca levou a que os sindicatos deste setor sofressem perdas de cerca de 25% de sócios nos últimos 10 anos. No SBSI, que aporta uma superestrutura própria na área da prestação de cuidados e serviços de saúde, perder 25% dos seus contribuintes, principalmente ativos, levantou questões de sustentabilidade reais. Como se deu a volta a essa realidade? A direção do sindicato teve de desenvolver estratégias de sustentabilidade e investimento para poder manter o nível de serviço e prestação. Uma maior abertura a serviços (seguros e ADSE…) externos foi um caminho, a oferta de uma maior rede, através de um prestador de serviços, foi outra uma solução de fidelização. O problema é que, no futuro, com a redução de efetivos ativos bancários e uma grande maioria de reformados, o sindicato terá que procurar respostas para continuar a prestar o melhor apoio possível a todos os beneficiários do SAMS. As outras listas apresentam outros caminhos ou soluções? Substancialmente não apresentam sequer soluções, só redundâncias. Há uma lista que se agarra a uma promessa irresponsável e irreal, sem qualquer ponta de sustentabilidade, algo que só pode enganar quem realmente está muito alheado da realidade.

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O atual líder distrital do Sindicato dos Bancários Sul e Ilhas, Rui Godinho, apresenta uma equipa que diz estar preparada para os muitos desafios que se adivinham

A que promessa se refere? No final de 2016, a Clinica do SAMS em Setúbal fechou. Era uma clínica sem condições de funcionamento, tanto pelas instalações como pelo défice que apresentava. Os nossos beneficiários passaram a dispor de uma clinica parceira SAMS em Setúbal com melhores condições, mais médicos, mais especialidades, horários mais alargados e outras condições que se vão reforçando. O défice que se recuperou foi enorme, permitindo manter o nível de comparticipação e, em alguns casos, até melhorar. A promessa de pedir aos bancários que se gaste dos seus descontos para o SAMS uns milhões de euros para ter uma clinica própria, que nunca seria rentabilizada, é inqualificável e iria comprometer a sustentabilidade do SAMS. Que diferencia, então, a sua lista das outras, para além do que referiu? Apresentamos um projeto de confiança e futuro. Na nossa lista, todos os candidatos se identificam com o projeto e estão dispostos a intervir. Nos primeiros lugares estão dois jovens bancários, o Hermano Carreira, do Santander Totta, e o João Pinto, do Novo Banco, que são reconhecidos pelo seu trabalho e pelo seu bom relacionamento com todos os seus colegas. São

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pessoa preparados para assumir o seu lugar no sindicato, caso os bancários nos concedam a maioria dos votos, uma nova geração de sindicalista, sérios, trabalhadores e lutadores. Mas não são só estes colegas no ativo. Também temos muitos reformados que pertencem à nossa lista, os quais, de igual forma na sua vida ativa e agora na reforma sempre foram e são pessoas reconhecidas pela sua qualidade, humanidade e proximidade com o nosso universo profissional. Surgiram notícias sobre a renúncia do atual presidente da mesa da Assembleia Geral em pleno processo eleitoral, o que sabe sobre o assunto? Fui informado, como foram todos os conselheiros do sindicato, que ele renunciou aos seus cargos por motivos pessoais. É uma situação que pode surgir a cada um de nós por diversos motivos, ele terá os dele. Está no sindicato e na UGT já há alguns anos, que balanço faz desde longo período? Estou no SBSI, em Setúbal, há 13 anos, e sou presidente da UGT Setúbal há 9 anos e 4 meses. Sou dos mais jovens sindicalistas do meu sindicato e da UGT. Posso hoje dizer que conheço razoavelmente bem todo o universo sindical da UGT. Por outro lado,

julgo ter um bom currículo sindical em diversas organizações nacionais e europeias. O sindicalismo tem sido desprezado por diversas organizações da sociedade, e é muitas vezes visto como um parente pobre, revolucionário e pouco flexível no diálogo social, mas isso só é fruto da postura de outra central sindical que optou por ter

«Ser bancário hoje é sofrer pressões e perder orgulho da profissão. A digitalização fez com o que o setor perdesse milhares de trabalhadores».

um “modus operandi” de radicalização e intransigência. Basta perguntar quem é que desde o 25 de abril sempre assinou compromissos para os aumentos do salário mínimo, de estabilidade laboral e contratos sociais com os governos. Ser bancário ainda é uma boa profissão? Depende da espectativa de cada um. Posso dizer que é uma profissão cada vez mais residual, a digitalização fez com que o setor perdesse milhares de trabalhadores. Fecharam dezenas de agências e a contratação é reduzida. Os bancários sofrem atualmente pressões como nunca imaginaram sofrer, perderam em

grande parte o orgulho da sua profissão e vivem angustiados. Recebe algum vencimento do Sindicato? No SBSI, os dirigentes eleitos não recebem nenhum salário além daquele que provém da sua entidade patronal, que são os bancos de onde são requisitados. Um sindicalista deve ser uma pessoa altruísta, ética e responsável. Ser ressarcido das despesas que tem inerentes à sua atividade sindical é natural. Para mim, é uma falta de ética algumas coisas que se sabem de outros sindicatos do setor, onde são pagos elevados salários aos seus dirigentes. Caberá aos que admitem essas situações viver com isso na sua consciência. E o seu futuro? Vai continuar em Setúbal? Estou num momento da minha vida que me sinto disponível para apoiar ou abraçar os projetos que os meus colegas bancários e dirigentes sindicais me permitam vir a ter. Primeiro será importante obter os resultados das eleições de 10 e 11 de Abril e, depois, se a confiança se mantiver forte na minha lista e projeto, abrir os braços para aquilo que me estiver destinado no futuro, seja o que for. Não está nas minhas mão, mas sim nas mãos de quem me quiser reconhecer potencial para fazer algo mais.


atualidade

No Independente há fados e humor a favor da associação The Big Hand

Região une-se em prol de causas solidárias pelo povo moçambicano Desde donativos da renúncia quaresmal, a alimentos não perecíveis ou medicamentos, o apoio a Moçambique, Zimbabwe e Malawi, países afetados pelo ciclone Idai, é tónica dominante no país e na região. A sociedade civil, desdobra-se em campanhas para levar ajuda a uma comunidade em crise humanitária. texto eloísa silva imagem DR A passagem do ciclone Idai em Moçambique, no Zimbabwe e no Malawi fez mais de 780 vítimas mortais, deixou feridas milhares de pessoas, e obrigou toda uma comunidade, por si só já bastante debilitada, a encontrar forças para se reerguer de uma tragédia que não tem cor política. A ajuda mundial começou a surgir dois dias depois de ser conhecida a verdadeira dimensão dos estragos do ciclone. O governo timorense, por exemplo, já aprovou a doação de um milhão de dólares (887 mil euros) para apoio a Moçambique, e o Papa Francisco anunciou uma visita ao país em setembro. Em Portugal, apesar do sentimento de “revolta”, sobre a atuação de algumas entidades e organizações, no processo de angariação e distribuição de bens para as vítimas dos incêndios de Pedrogão, autarquias, associações, a igreja e a sociedade civil estão empenhadas em campanhas e ações que permitam ajudar o povo africano. O bispo de Setúbal, D. José Ornelas, já garantiu que parte da renúncia quaresmal vai ser encaminhada para a Arquidiocese da Beira, em Moçambique, para ajuda às vítimas do ciclone. Numa carta enviada ao clero da diocese de Setúbal, o bispo explica que “os donativos recolhidos nas comunidades católi-

A organização The Big Hand apoia crianças em Moçambique e estendeu o seu apoio às famílias afetadas pelo Idai

cas, durante o tempo de preparação para a Páscoa vão auxiliar a Diocese da Beira a minorar as carências das vítimas do recente temporal”. A autarquia do Barreiro, em parceria com as corporações de bombeiros do concelho, tem a decorrer uma campanha de angariação de bens considerados “mais urgentes” pela embaixada de Moçambique em Portugal. Nas instalações dos Bombeiros Voluntários do Barreiro - Corpo de Salvação Pública - e Bombeiros Voluntários do Sul e Sueste a

“Kids Sapiens Sapiens”, de António Aleixo, vence melhor documentário Sem discurso preparado, nem fotógrafo para registar o momento. Foi assim que o realizador setubalense António Aleixo ouviu o seu nome na cerimónia de entrega dos prémios Sophia, da Academia Portuguesa de Cinema. As aventuras dos filhos durante as férias valeram-lhe o galardão para melhor documentário em curta metragem. Os gémeos Pedro e Carolina, de cinco anos, e Yasmin, de seis, são os protagonistas de uma história despretensiosa que conquistou os realizadores portugueses que votam os prémios Sophia. «Posso quase afirmar que se tratou de um trabalho de voyeur», diz António Aleixo. A nomeação do seu filme foi, desde logo, uma surpresa. O prémio foi algo que não estava absolutamente nada à espera. «Confesso que não esperava o prémio.

Por várias razões, nomeadamente, o cariz descomprometido do filme em si. Sinceramente fui à cerimónia com o meu prémio já no bolso; a nomeação. E fui numa perspetiva de rever colegas e amigos. O prémio foi inesperado e, também por isso, teve um sabor extra». Sendo um prémio atribuído entre pares, tem um valor ainda maior, uma vez que se trata do reconhecimento por parte dos seus colegas de profissão, confessa o realizador. «Nos Prémios Sophia não existe um júri. São os membros da Academia, profissionais como eu, que votam. E por isso é para mim um enorme orgulho o prémio, tal como tinha sido já a nomeação. Quanto ao futuro? É fácil. É continuar a fazer filmes e de uma forma sincera. Simples», garantiu o realizador. ES

população pode entregar material médico e produtos similares. No Seixal decorre, esta noite, um concerto solidário com os HMB, no âmbito da iniciativa Março Jovem, durante a qual serão recolhidos alimentos não perecíveis e medicamentos. Os produtos serão, depois, encaminhados através das entidades oficiais nacionais, nomeadamente o Instituto Camões da Cooperação e da Língua Portuguesa. A autarquia de Setúbal, no âmbito da sua geminação com

a cidade de Quelimane, e com o apoio dos BV de Setúbal, também avançou com uma campanha de recolha de bens alimentares não perecíveis, engarrafados ou enlatados, artigos para bebés e crianças até aos 7 anos, como farinhas lácteas e não lácteas, fraldas de pano e roupas. Produtos de higiene e limpeza, como sabão, detergente e lixívia, material de proteção para técnicos de saúde e artigos escolares são, também, bens necessários que podem ser entregues no quartel dos BV de Setúbal, na Avenida

José Mourinho. Também em Setúbal a ajuda vai ser direcionada à instituição The Big Hand, fundada por um “filho da terra”. The Big Hand é um projeto, do setubalense David Fernandes, apoiado pela Fundação + Mais, cujo principal foco é a proteção das crianças moçambicanas que vivem em risco. Perante as circunstâncias atuais o apoio, vocacionado às escolas das aldeias de Messica e Matsinho e do bairro Nahurir — Chimoio, está a ser alargado a famílias que foram afetadas pelo ciclone. A The Big Hand irá receber a totalidade das verbas angariadas no espetáculo que está marcado para dia 7 de abril, no Grupo Desportivo “O Independente” a partir as 16h00. As fadistas que integram o projeto Cantar Setúbal em Fado são apenas umas das muitas convidadas deste evento solidário que contará com teatro, dança, pinturas ao vivo e muitas surpresas. Tendo tomado conhecimento da onda de solidariedade que se gerou em torno de uma instituição “tão meritória”, David Fernandes referiu ao Semmais estar “extremamente orgulhoso” do empenho das gentes da sua terra, lamentando “a dimensão da tragédia que não pode deixar ninguém indiferente”.

Mesa da Assembleia Municipal de Jovens de Sesimbra é eleita dia 2 de abril

AMJ elege mesa da 16ª edição dia 2 de abril e a sessão final decorre a 11 de maio

O Cidadão/Cidadã do Século XXI – Que Competências? é o tema da 16.ª Assembleia Municipal de Jovens (AMJ) de Sesimbra, projeto de promoção da cidadania dinamizado desde 2003, pela Assembleia Municipal, que se destina aos jovens do 3.º ciclo do ensino básico dos cinco Agrupamentos de Escolas do concelho.

Depois de os jovens que integram o projeto terem passado um dia com os presidentes de junta e da câmara municipal chega agora a altura de eleger o presidente e os secretários da mesa e apresentar propostas no âmbito do tema proposto pela organização. A eleição da mesa da AMJ decorrerá no dia 2 de abril, no de-

curso de uma atividade que vai integrar uma visita de estudo a diferentes espaços económicos e culturais do Concelho, e culmina com um colóquio, no cineteatro municipal João Mota, subordinado aos temas “Turismo, a Pesca, Novas Tecnologias, Desporto, Ambiente e Comunicação Social”. As propostas, de cada uma das escolas, serão apresentadas e votadas dia 11 de maio, durante a sessão final da AMJ. Esta é uma atividade que segundo a presidente da Assembleia Municipal, Odete Graça, “desperta muito interesse junto da comunidade educativa, não apenas porque constitui uma experiência única para os alunos, mas também porque lhes permite perceber as funções, as exigências, e os mais variados aspetos que têm de ser ponderados nas decisões dos autarcas, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida no concelho”. ES

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atualidade

Valorizar os produtos locais de excelência

Queijo, Pão e Vinho celebra as bodas de prata O festival Queijo, Pão e Vinho, orçado em 40 mil euros, serve o famoso queijo de Azeitão, um dos mais afamados do País, não esquecendo os vinhos regionais, o pão caseiro, a doçaria, entre outras iguarias. As Corridas de Ovelhas são um dos pontos altos do certame que decorre em Palmela de 5 a 7 de abril. texto antónio luís imagem DR

Ângelo Machado, presidente da Adega de Palmela

A edição deste ano do Festival Queijo, Pão e Vinho, que decorre em S. Gonçalo, Palmela, de

Jaime Quendera, um dos diretores da Adega de Pegões

5 a 7 de abril, celebra as bodas de prata, com 55 expositores e muita animação, numa organi-

zação da Associação Regional de Criadores de Ovinos Leiteiros da Serra da Arrábida (ARCOLSA),

em conjunto com o município de Palmela. A Câmara atribui apoio financeiro de 4 mil euros, sem contar com o apoio logístico, que chega aos 15 mil euros, estando o certame orçado em 40 mi euros. São esperados entre 14 a 16 mil visitantes, que poderão levar para casa os melhores vinhos, o famoso queijo de Azeitão, pão, fruta, mel e doçaria local. Também há gastronomia e exposição de animais. Em paralelo, decorrem 36 atividades, que vão da gastronomia à música, dança e desporto. Para Francisco Macheta, da ARCOLSA, a famosa Corrida de Ovelhas é «um dos pontos altos do festival e algo único no nosso país», bem como as tosquias de ovelhas e também o Concurso de Queijo de Azeitão/DOP que, este ano, vai também premiar a melhor Manteiga de Ovelha e Queijo Seco. O certame conta ainda com o habitual programa equestre, dinamizado pela Escola de Equitação “Quinta dos Barreiros”, e com o “Especial Gastronomia”, do qual se destacam os workshops dinamizados por alunos da Escola de Hotelaria do Estoril. No certame, as empresas podem adotar uma ovelha de raça Saloia, contribuindo com uma pequena jóia e um valor mensal destinado a comparticipar a sua alimentação e os cuidados necessários. O edil Álvaro Balseiro Amaro, sublinha que estão reunidas todas as condições para «mais uma edição de sucesso, para valorizar os nossos excelentes produtos locais».

A Junta de Freguesia de Quinta do Anjo também deu uma ajuda ao festival, criando «novas infraestruturas» para receber com dignidade os visitantes. «Festival maduro» Henrique Soares, presidente da CVRPS, saudou esta edição das Bodas de Prata, sublinhando que estamos na presença de um festival «maduro, que já faz parte da agenda cultural da região e também da Área Metropolitana de Lisboa». Na sua ótica, a longevidade e o sucesso do festival deve-se «ao muito interesse do público mas também dos expositores». E aproveita para formular votos de «muito sucesso e longevidade» a um evento que está consolidado «há muito tempo». Já Ângelo Machado, presidente da Adega Cooperativa de Palmela, diz que é «fundamental» que a sua empresa marque presença num certame que «dá visibilidade» aos vinhos de excelência e que está «consolidado em termos de visitantes». Todavia, reclama um parque de estacionamento próprio para os visitantes do festival, para evitar os estacionamentos «perigosos» à beira da estrada. Por sua vez, Jaime Quendera, da Adega Cooperativa de St.º Isidro de Pegões, realça que o Queijo, Pão e Vinho é «um dos mais importantes» eventos, além da Festa das Vindimas, onde a empresa marca presença. «Tem a vantagem de ligar o queijo, pão e vinho, o que resulta na perfeição. É, sem dúvida, um dos mais importantes certames da região».

Troço entre Alcácer e Grândola obriga a muitas paragens

Obras no IC1 estão a decorrer a bom ritmo Os automobilistas que se deslocam entre Alcácer do Sal e Grândola são obrigados a fazer muitas paragens naquela extensão de 13 quilómetros da estrada nacional (EN) 120. Esse troço do Itinerário Complementar 1 (IC1) está a ser intervencionado pela Infraestruturas de Portugal (IP) e «parece que a obra está a ser regular e poderá cumprir os prazos previstos». É essa a leitura de Manuel Rocha, coordenador da comissão de Utentes do IC1. Em setembro de 2018 o, então, ministro do Planeamento e das Infra-estruturas, Pedro Marques, antevia a conclusão da obra

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para o verão deste ano e, depois de «avanços e recuos» que duraram meses, «a obra nesta parte do itinerário está, aparentemente, a decorrer a bom ritmo», refuta Manuel Rocha enquanto fala com o Semmais «parado num dos semáforos temporários de circulação alternada, colocados na chamada “estrada da morte”. Reforçando que a comissão de utentes do IC1 também «trava muitas lutas de âmbito mais local, relativas a estradas municipais da responsabilidade das autarquias, o responsável admite que a preocupação mais premente continua a ser o IC1, na sua totali-

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Troço da EN 120, que integra o IC1, já está em obras. Comissão de utentes continua a exigir intervenção também da EN 5

dade». Nesse sentido, a comissão já requereu uma audiência com o novo ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, para lhe entregar o dossier das prioridades levantadas junto da população e autarcas locais. «A intervenção na EN 5, entre

Alcácer e Palma, tem que ser concretizada. A última reunião com a IP foi há um ano e, desde então, não soubemos mais nada. Nem sobre a EN 5 nem sobre a EN120 que, apesar de já estar em obras, sofreu uma redução de custos de 6,2 milhões de euros para 4,6 mi-

lhões», lembra Manuel Rocha. A luta das populações, representadas pela comissão de utentes do IC1, «não se finda com as obras que estão em curso. Iremos continuar a exigir a melhoria das vias que trazem desenvolvimento à nossa região». ES


atualidade

Até ao final do ano os TCB vão ter uma frota nova e amiga do ambiente

Já está no Barreiro o primeiro de 60 autocarros movidos a gás A cerimónia de apresentação da Estratégia Nacional para a Mobilidade Ativa, onde se inclui a renovação da frota dos TCB, foi o ato oficial que marcou o início de uma nova era na mobilidade ecológica na região. Em 2020 o Barreiro conta ter a circular pelo concelho 60 autocarros movidos a gás. O primeiro já está “em casa”. texto eloísa silva imagem DR Foi apresentada esta quinta feira, no Barreiro, a Estratégia Nacional para a Mobilidade Ativa (ENMA) na qual se integra a renovação total da frota de 39 autocarros dos Transportes Coletivos do Barreiro (TCB). A empresa vai contar com 60 novas viaturas movidas a gás natural comprimido, decorrente de uma candidatura apresentada ao POSEUR, e a primeira já está no parque da empresa. A cerimónia de apresentação da ENMA contou com a presença do primeiro Ministro, António Costa, dos ministros do Ambiente e Transição Energética, Matos Fernandes, e da Administração Interna, Eduardo Cabrita, além do secretário de Estado Adjunto e da Mobilidade, José Gomes Mendes e da presidente da Comissão Diretiva do POSEUR, Helena publicidade

Azevedo. Durante a sessão o edil do Barreiro, Frederico Rosa, enalteceu a relevância do “momento simbólico, que marca uma nova era nos TCB”, que se vem juntar à “revolução nos passes sociais”, medida implementada recentemente pelo governo, em estreita colaboração com a Área Metropolitana de Lisboa. Só falta, nas palavras de Frederico Rosa, “repor a carreira de motorista de transportes públicos, adequando a especialização, a exigência e o nível de serviço que pretendemos a uma carreira profissional própria”, enfatizou. Realçando o esforço financeiro de 15 milhões e meio de euros do município na renovação da frota dos TCB, cujo investimento total cofinanciado pelo POSEUR está estimado em 18 milhões,

O presidente da câmara, Frederico Rosa, afiança que até ao final de 2019 os TCB já terão os 60 novos autocarros a gás

Frederico Rosa admitiu que o procedimento foi moroso e bem calculado. “Desde o início do processo, em janeiro de 2017, passando pelo lançamento do concurso público em novembro desse ano, a adjudicação e assinatura do contrato em junho e julho de 2018, até ao visto do Tribunal de Contas em novembro último,

não foi um processo fácil. Tivemos que ajustar a candidatura para a pagar em menos 5 anos, e retirar mais de 3 milhões do bolo do financiamento”. Uma disponibilidade de tesouraria que só é possível “com uma gestão saudável”, elogiou. A apresentação da Estratégia Nacional para a Mobilidade Ativa esteve a cargo do secretário

de Estado José Gomes Mendes que, com o primeiro ministro António Costa e o ministro Matos Fernandes, entregou aos TCB a chave do primeiro de 60 autocarros movidos a gás, que irão estar a circular no Barreiro até ao final deste ano, contribuindo para uma expectável redução de emissões de gases com efeito de estufa para a atmosfera.

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local

Alcochete avança com obras na vila

Sesimbra avança com férias jovens

A câmara aprovou, por unanimidade, na reunião do dia 20, a adjudicação das empreitadas de requalificação da rua do Láparo, e de reabilitação e ampliação da EB do 1.º ciclo n.º 2 do Valbom, ambas

As Férias Jovem, programa de ocupação de tempos livres destinado a crianças e jovens dos 6 aos 13 anos, decorrem, pelo 28.º ano consecutivo, de 1 a 26 de julho. O programa divide-se em qua-

em Alcochete. A primeira obra está orçada em 659.900 euros e tem um prazo de execução de 180 dias, enquanto a segunda custa aos cofres do município 1.850.150 euros.

tro semanas temáticas e distribuem-se por sete núcleos. O valor de inscrição inclui a participação nas atividades, alimentação, transporte e seguro de acidentes pessoais.

CENTRO DE INTERPRETAÇÃO DA ARRÁBIDA VAI SER CRIADO No ESPAÇO FORTUNA

«Queremos dar visibilidade ao património da Arrábida» Com investimento de 620 mil euros, o “Janela da Arrábida – Palmela”, vai ter a sua empreitada adjudicada no segundo semestre deste ano, para dar a conhecer, passear e sentir os aromas únicos da Arrábida. texto António luís imagem dr Conhecer, observar, passear e sentir os aromas da Arrábida em simbiose com o património natural envolvente é a proposta da Janela da Arrábida - Palmela, o projeto que foi apresentado no dia 22, em conferência de imprensa, no Espaço Fortuna, e que visa a criação de um Centro de Interpretação da Arrábida na freguesia de Quinta do Anjo. «Depois de muito trabalho, finalmente temos o projeto pronto. Depois de muitas negociações com entidades externas e de muita concertação, necessária nestas questões do planeamento do ter-

Construção de Centro de Saúde na Moita aprovada Foi aprovado este mês, em reunião de Câmara, o contrato -programa para a instalação da Unidade de Saúde da Baixa da Banheira. A aprovação, por unanimidade, deste contrato, entre a Câmara e a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, visa a definição das condições de cooperação técnicas e financeiras para a instalação da Unidade de Saúde da Baixa da Banheira, que implica um encargo global previsto para a ARSLVT de 1.704.000 euros. Ao município cabe, entre outros aspetos, ceder, gratuitamente, em regime de direito de superfície, o lote de terreno onde será construído o equipamento. A nova Unidade de Saúde vai ser construída na Zona Sul da Baixa da Banheira.

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ritório, finalmente chegou a altura de falarmos sobre este projeto, já anunciado quando o candidatámos ao Pacto da AML, e que se chama Prarrábida – Janela da Arrábida Palmela», referiu o edil Álvaro Amaro. Dar mais visibilidade ao património natural Arrábida, com destaque para as especificações locais de cada território, é o intuito desta intervenção que vai permitir transformar este espaço numa área multifuncional que, com recurso a diferentes abordagens multidisciplinares, uma forte componente de interpreta-

ção audiovisual e diferentes utilizações do espaço, vai privilegiar a relação entre a cultura, a natureza, a memória e os sentidos da Arrábida. A oferta de serviços já existentes, como a cafetaria, restauração, loja de produtos regionais, olaria, será valorizada com uma zona de merendas, com introdução de elementos naturais e de jogos tradicionais no solo para as crianças, zona destinada ao caravanismo, aluguer de bicicletas, identificação de percursos pedestres e equestres, a criação de um jardim sensorial, de zonas

Almada prova caldeiradas da Costa Arranca hoje, dia 30, na Costa da Caparica, a 15.ª edição do Concurso de Caldeiradas. Trata-se de uma das mais importantes tradições da região promovida pela Junta de Freguesia e que se realiza anualmente há mais de 25 anos. A famosa Caldeirada à Pescador é um prato típico da freguesia da Costa da Caparica, e que atrai todos os anos milhares de pessoas à cidade, captando a atenção nacional e internacional, sendo um dos maiores símbolos do património enquanto herança cultural e gastronómica Caparicana, a par da Arte Xávega, o seu expoente de topo. Abril será o mês oficial de preparo, da degustação e de (re)descoberta da melhor caldeirada da Costa da Caparica e uma das melhores de Portugal. Até ao dia 5 de maio, o público pode provar as deliciosas caldeiradas nos restaurantes Camões; Café Camping; Atlântico; OHHHTQ!; Só Grelhados; Cabana do Pescador; A Transmontana; Praia do Castelo; Borda d’Água; Marreta e O Leça.

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Alcácer pede obras em estrada da Comporta Após contínua pressão do município, as bermas da EN 253, entre Alcácer e Comporta, vão ser alvo de intervenção em abril. Os trabalhos vão decorrer no mesmo troço em que foi feita intervenção ao nível do pavimento, numa extensão de 5 quilómetros. A informação foi dada pela IP, na semana passada, acrescentando a empresa que a obra «ainda não tem data concreta de início definida». A regularização consistirá no nivelamento da zona da berma por forma a corrigir depressões e/ou zonas altas pontuais, garantindo que a berma fique à cota do pavimento.

O projeto “Janela Arrábida-Palmela” foi apresentado pelo edil Álvaro Amaro

de identificação da fauna e flora locais e da Alameda do Pomar, com a plantação de várias árvores de fruto. Quanto a espaços interiores, o espaço será reorganizado com vista a potenciar a sua funcionalidade: na olaria será concretizada uma intervenção de

fundo do ponto de vista estrutural com o intuito de melhorar as atuais condições de trabalho e serão colocados um telheiro e painéis fotovoltaicos, que permitirão uma poupança energética e a Casa dos Artistas será igualmente intervencionada e relocalizada.

Santiago quer requalificar a Praça D. Manuel I

Montijo abre candidaturas à Universidade

A apresentação pública do projeto de requalificação da praça D. Manuel I e ruas envolventes, em Alvalade, teve lugar ontem, dia 29, na Casa do Povo local. Justifica-se a requalificação urbanística desta praça por se tratar de «uma área fulcral da origem histórica da vila, onde se encontram as construções mais antigas. Valorizar e requalificar o espaço público e o edificado envolvente são objetivos da intervenção para devolver a sua centralidade no contexto atual», sublinhou o edil Álvaro Beijinha. As obras abrangem a praça D. Manuel I, as ruas Duque da Terceira, 31 de Maio de 1834, 25 de Abril; de S. Pedro, e o largo 25 de Abril. A intervenção integra-se no PEDU, no âmbito do Alentejo 2020, Portugal 2020.

Está a decorrer a fase de candidaturas aos cursos de 1.º ciclo (licenciaturas) da Universidade Aberta, nas modalidades de acesso específico e maiores de 23 anos. As candidaturas a ambas as modalidades de acesso, referentes ao 1.º semestre, estão abertas até 14 de maio e são formalizadas através de candidatura online. Para as modalidades de acesso direto, mudança de curso/instituição e reingresso, as candidaturas iniciam a 7 de maio e terminam a 9 de julho. Paralelamente, têm também início as candidaturas aos cursos de 2.º e 3.º ciclos para o ano letivo 2019/20, cujas condições de acesso estão disponíveis nos planos de estudos dos respetivos cursos de mestrado e de doutoramento.


local

Sines conta com 7,5 milhões para qualificar e expandir a Zil 2 A Comissão Diretiva do programa operacional Alentejo 2020 aprovou, no início do ano, duas candidaturas com incidência na ZIL 2 - Zona de Indústria Logística. São cerca de 7,5 milhões de euros de investimento para qualificar e expandir a principal zona de acolhimento de empresas de responsabilidade municipal. A 1.ª operação vem responder à necessidade de qualificar uma infraestrutura com mais de 25 anos onde se encontram as principais PMEs com atividades económicas ligadas ao complexo industrial e ao porto de Sines. O crescimento das principais empresas do concelho levou à criação de novas oportunidades de negócio e, simultaneamente, criou novas exigências às infraestruturas de acolhimento, como, por exemplo, o acesso a infraestruturas de telecomunicações fiáveis. A execução da operação irá criar adicionalmente condições para dar resposta a procura de espaços industriais, permitindo acolher cinco empresas e gerando pelo menos 50 postos de trabalho. A operação “Qualificação da ZIL II” é um investimento com um investimento elegível de 6 072

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A Zil 2 vai ser qualificada e expandida graças a um importante apoio

875,50 €, cofinanciado à taxa de 85 por cento por fundos FEDER / União Europeia, no âmbito do programa Alentejo 2020 / Portugal 2020, o que se traduz numa contribuição comunitária de 5 161 944,17 euros. A elevada procura de espaços para acolhimento de atividades empresariais conduziu à ocupação total da atual ZIL II, gerando, assim, a necessidade de expansão da área original. A execução desta operação irá criar condições para dar resposta procura existente, permitindo, com a sua implementação, aco-

lher mais 43 empresas. Sendo que estes lotes serão criados para dar resposta, sobretudo, às dinâmicas de procura de espaços para fins industriais, a operação facilmente contribuirá para a criação de 430 postos de trabalho. A operação “Qualificação da ZIL II” conta com um investimento elegível de 1 457 535,15 euros, cofinanciado à taxa de 85 por cento por fundos FEDER / União Europeia, no âmbito do programa Alentejo 2020 / Portugal 2020, o que se traduz numa contribuição comunitária de 1 238 904,88 euros.

Setúbal evoca Sebastião da Gama

Barreiro tem água de qualidade

O 95.º aniversário do nascimento de Sebastião da Gama é assinalado em Setúbal a 10 de abril com um programa que evoca a memória e a obra do poeta azeitonense. As comemorações incluem poesia, no museu; a cerimónia de deposição de flores na estátua erigida ao poeta, na Praça da República, em Vila Nogueira de Azeitão; e uma romagem ao cemitério local.

No 4.º trimestre de 2018, todas as análises realizadas à água pública apresentaram resultados em cumprimento dos valores paramétricos. Evidencia-se, deste modo, a boa qualidade da água distribuída em todas as zonas de abastecimento do concelho. A gestão da qualidade da água no sistema de abastecimento do município é garantida através da aplicação de inúmeras medidas rigorosas.

Seixal abre moinhos ao público

Grândola faz obras na circular de Vale Figueira

Seixal comemora o Dia dos Moinhos. A 5 de abril, realizase a visita “À Descoberta de Um Moinho”, das 10 às 12 ou das 14 às 16 horas. Já no dia 6, das 9h30 às 16h30, tem lugar a visita “O Mosteiro do Carmo e Corroios”, destinada ao público em geral, que inclui deslocação a Lisboa e ao Moinho de Corroios. No dia 7, haverá a visita À Descoberta de Um Moinho, das 15 às 17 horas, ao Moinho de Corroios.

O município de Grândola, no âmbito da requalificação da rede viária do concelho, irá arrancar com a obra da Nova Circular de Vale Figueira, no início do mês de Abril. Esta intervenção terá um custo aproximado de 135.000,00 euros e contempla trabalhos de remodelação da rede de águas, construção da rede de pluviais, execução de passeios e pavimentação em alcatrão da nova circular.

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cultura

“Romeu e Julieta” faz doces em Palmela

Concerto solidário dos HMB no Seixal

O Teatro Praga apresenta a peça “Romeu e Julieta”, este sábado, às 21h30, no auditório de Pinhal Novo. Num ambiente divertido de uma cozinha dentro do palco, os atores guiam os jovens espec-

O concerto de encerramento do Março Jovem, com a banda portuguesa HMB, este sábado, às 22 horas, no multiusos de Paio Pires, tem teor solidário perante a trágica situação que se vive em Moçam-

tadores participantes pela história deste romance maldito, misturando-a com a feitura de um delicioso cheesecake que leva o nome dos dois protagonistas shakespeareanos.

bique, através de uma campanha de recolha de alimentos não perecíveis e medicamentos. Os bens recolhidos serão encaminhados para Moçambique através das entidades oficiais nacionais.

DIA MUNDIAL DO TEATRO FESTEJADO NA REGIÃO COM A ESTREIA DE NOVAS PRODUÇÕES

Textos originais com uma atualidade impressionante e caricata O Dia Mundial do Teatro, que se celebrou no passado dia 27, foi aproveitado pelo TAS e pela ArteViva, de Setúbal e do Barreiro, respetivamente, para a estreia de novas produções. Personagens da BD e fanáticos por televisão vão estar a animar os palcos da região. texto António luís imagem Simões da Silva “Vamos comprar um poeta”, do TAS, destina-se ao público juvenil, numa adaptação para teatro de um texto de Afonso Cruz, para ver no Teatro de Bolso. Segundo Célia David, diretora da companhia, «é originalmente uma novela e não uma peça de teatro. É a primeira vez que abordamos a obra deste autor, tão atual, criativo, poético e crítico». A peça retrata a história de «uma família marcadamente materialista que se vê confrontada com a realidade da poesia ao decidir adotar um poeta, como se fosse um animal de estimação. As consequências dessa de-

cisão são surpreendentes». A encenação assenta numa «estética relacionada com o livro ilustrado, como cenário, e as personagens de BD». Mais uma vez, «apresentamos um texto original e um autor em estreia absoluta, de modo a divulgar e promover textos e autores de expressão portuguesa». A peça faz uma crítica ao «consumismo desenfreado, à obsessão do lucro, uma sociedade excessivamente comercial e financeira em que tudo é quantificado e patrocinado, em que as pessoas não têm nomes mas números». Já a ArteViva estreou “O Ani-

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A Secretária de Estado da Cultura leu a mensagem do Dia Mundial do Teatro na estreia da peça “Vamos comprar um poeta”

mador”, uma comédia de Rodolfo Santana, com encenação de Luís Pacheco. Trata-se de um texto de 1972, mas que mantém «uma atualidade impressionante e que nos remete para uma profunda reflexão sobre o papel dos meios de comunicação de massa como agentes sociais», vinca o encenador Luís Pacheco.

Carlos e Marcelo são os protagonistas desta tragicomédia que «nos faz pensar e repensar na génese e brutalidade do humano enquanto ser vivente e pensante». «O lado mais negro das realidades que os vários canais de televisão nos apresentam, vem à tona nesta trepidante comédia». Carlos cresceu em frente à

TV, alienado da realidade. No entanto, Carlos pretende ressuscitar a televisão que de alguma forma considera estar morta e, para tal rapta Marcelo, o director do Canal 9, de que é fã. Debaixo de uma ameaça constante e sempre de pistola apontada, Marcelo vê-se obrigado a vivenciar as ficções que criou para salvar a sua vida.

agendacultural SESIMBRA ÁRIAS DE ÓPERA A Temporada de Música da Casa de Ópera do Cabo Espichel, que decorre até 20 de abril, no concelho, apresenta o concerto com Rita Marques (soprano) e Yan Mikirtumov (piano). JUNTA DE FREGUESIA DA QUINTA DO CONDE, 30.MAR.19, 21h30

MOITA FEIRA DELL´ARTE

MONTIJO LINDOS DIAS

O Teatro Meridional apresenta a peça “Feira Dell´Arte”, no âmbito dos festejos do Dia Mundial do Teatro, com entrada

Com encenação de Sandra Faleiro e interpretação de Cucha Carvalheiro e Luís Madureira, não perca a peça “Lindos dias”, um clássico de Samuel

gratuita, para maiores de 12 anos. fÓRUM JOSÉ MANUEL FIGUEIREDO, 30.MAR.19,21h30

Beckett. TEATRO JOAQUIM D’ALMEIDA, 30.MAR.19,21h30

ALCOCHETE ESCRITORA BLOQUEADA Alexandra Leite e Cláudia Negrão dão corpo à peça “No fim da linha”, que conta a história de uma escritora que se sente bloqueada e não consegue escrever uma linha. FÓRUM CULTURAL, 30.MAR.19, 21h30

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cultura

RAIO-X_ALEXANDRE ANTUNES

«Gostava de trabalhar a partir de casa» O ator da ArteViva, companhia de teatro do Barreiro, que exerce a profissão de Designer, sonha em poder trabalhar a partir de casa. Tem 38 anos, pertence ao signo Caranguejo e reside no Barreiro. texto antónio luís Imagens dr Qual o seu maior sonho profissional? Trabalhar a partir de casa. E pessoal? São imensos. Cidade preferida? Barreiro. Qual o local que gostaria de conhecer? Todos aqueles que ainda não conheço. Um desejo para 2019? Só um? Quem convidaria para um jantar a dois? A minha mulher. Quem é a mulher mais sexy do Mundo? A minha mulher. Complete: A minha vida é… Um turbilhão. O que não suporta no sexo oposto? Que pergunta sexista... Comida e bebida preferida? Choco frito e cerveja. Qual o seu maior vício? Tecnologia. Que livro anda a ler? jogo de Massacre, de Eugéne Ionesco. Qual o último filme que viu? Star Wars: Episódio VIII - Os Últimos Jedi Melhor peça de teatro? Das que vi, Dámabrigo.

Melhor música de sempre? Mr. Jones, Counting Crows. Qual a sua maior virtude? Sou bom amigo. E defeito? Sou péssimo em auto análise. Como se chama o seu animal de estimação? Não tenho. O que levaria para uma ilha deserta? Família e amigos. Dia ou noite? Ambos. O que mais teme na vida? Ser irrelevante. A quem ofereceria um presente envenenado? A ninguém. O maior desgosto da sua vida? É privado.

cinema

Snu Data de lançamento: 7/03/2019 Nacionalidade: Portugal Género: Romance Elenco: Pedro Almendra, Inês Castel-Branco e Eric da Silva Realizador: Patrícia Sequeira Duração: 94 minutos

Snu é dinamarquesa e a fundadora da D. Quixote, publicando livros que desafiam a censura do Estado Novo. Francisco é um dos mais carismáticos políticos portugueses. Ambos são casados. Ele tem cinco filhos e ela tem três. Snu Abecassis conhece Francisco Sá-Carneiro a 6 de Janeiro de 1976. Apaixonam-se irremediavelmente e decidem assumir esse amor num Portugal em plena reconstrução das cinzas do fascismo, abalando as convenções nacionais. Partilham valores e ambição, lutam juntos pela democracia, deixando a sua marca na política e na sociedade. Morrem tragicamente em 1980. Para ver no cinema City do Alegro.

Ganhe convites para a revista “ParqueMania” Temos convites para oferecer aos leitores para irem assistir à divertida revista do Teatro Maria Vitória, em Lisboa. “ParqueMania”, com Paulo Vasco, Miguel Dias, Rosa Villa e Susana Cacela, entre outros, no elenco. Peça convites através do 918 047 918.

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opinião

Heróis cRÓNICAS DISTO E DAQUILO cATARINA tAVARES DIREGENTE SINDICAL HÁ DIAS foram vandalizados, no Seixal, vários outdoors do CDS, PS e PSD. Não é a primeira vez que tal acontece. Trata-se de uma actividade criminosa, mas quem são estes criminosos? Imagino-os a sair da clandestinidade de uma noitada de copos. Calças de ganga convenientemente velhas, lenço enrolado ao pescoço. Seguem corajosamente rumo aos alvos. Vai ser uma madrugada de luta, luta anti-fascista pois então! No seu pequeno círculo aclamados como heróis. E o gozo dos dias que se seguem? Todos suspeitam quem são os autores da proeza, ninguém o sabe. A polícia acabará por arquivar mais este crime, tal como aconteceu no passado. Nunca tiveram a sorte dos graffiters da Vida de Brian porque nem se atrevem a escrever, limitam-se a esborratar. Montam-se numa carrinha desengonçada e lá partem. Beleza de noite, as “bjekas” também não estavam mal! Agora enche-os a

adrenalina de saberem que vão praticar um crime. Anima-os a esperança de serem admirados. Afinal, nesta terra de Abril ainda há revolucionários. Chegados ao local, rapam do escadote arrumado na caixa aberta e erguem-no, um sobe o outro segura. Escolhida a tinta é fazer pontaria à figura. Ou, será um método mais moderno, porventura mais eficaz, tipo paint-ball? O dia seguinte, com as indignações em rede e as inevitáveis queixas na polícia, deixalhes um gostinho a resistência à séria. Mas não deixam de sentir sobre si os olhares invejosos dos que pertencendo ao círculo dormiram pela madrugada dentro o sono dos justos. A alegria do combatente no regresso a casa ileso, apesar dos perigos!! Se perguntados diriam que são a favor da Liberdade, das liberdades. Talvez, até se julguem democratas! Desiludam-se. São criminosos e vândalos da espécie

que os ditadores mais apreciam: aquela que pode ser soprada e manipulada até explodir como a rã da fábula. Todas as ditaduras tiveram “heróis” destes, gente que queimou livros, destruiu comida e medicamentos e perseguiu pessoas em nome de projectos de poder. A intolerância tornou-se viral. As indignações, quantas vezes precipitadas, tornaram-se vulgares. Desta ânsia de reagir nascem polémicas escusadas: por um lado, temos cidadãos com uma hiper-sensibilidade às palavras, por outro temos o culto do “labrego”. A intolerância cresce nos campos onde a cultura democrática é escassa. Como pode haver dúvidas sobre o carácter anti-democrático de regimes como os da Venezuela ou da Coreia do Norte? Como se pode ser complacente face a regimes totalitários? Para qualquer regime totalitário o controlo da informação é muito apetecível. Digamos que

CRÍTICA DE MÚSICA

sonegar, condicionar e manipular a informação está entre as prioridades de qualquer aspirante a déspota. Os media, o quarto poder, têm-se revelado mais vulneráveis do que poderíamos ter imaginado há apenas alguns anos. Um pouco por toda a parte, acentuou-se a dependência dos media relativamente ao poder económico ao mesmo tempo que, a informação online, maioritariamente gratuita, contribuiu para reduzir ainda mais os proventos. E como se não bastasse, eis que (res)surgiram líderes políticos, mais ou menos autoritários e populistas, para os quais a independência da informação é um susto. Pior, para alguns destes líderes e seus seguidores é o vale tudo na tentativa de descredibilizar e manipular a opinião pública. E assim, com objectivos inconfessáveis chegámos até à propagação de mentiras, agora chamadas de “fake news” ou “verdades alternativas”.

Em todos estes casos, tratando-se de limitar o acesso à informação, trata-se de limitar a nossa liberdade enquanto cidadãos porque não há democracia sem cidadãos informados e sem uma imprensa livre e independente. Só em 2019 foram assassinados 5 jornalistas (7 se contarmos com bloggers e colaboradores). Não posso deixar de lhes prestar homenagem a eles, e aos mais de 400 que se encontram presos, por se empenharem em desocultar realidades que doutra forma desconheceríamos. Apreciando o seu trabalho percebe-se que Clark Kent fosse declaradamente um jornalista empenhado e corajoso felizmente, para ele, dotado de superpoderes. Os heróis reais, são homens e mulheres que colocam a “história” à frente do seu conforto e bem-estar, e desta forma contribuem para a construção de uma sociedade democrática e pluralista, uma sociedade livre.

NOTA DE RETIFICAÇÃO

ONIL ALMADA EDUARDO Isaac, um génio na interpretação e um mágico nos registos e timbre, explora cada milímetro da sua guitarra ao serviço da arte musical. Mestre, catedrático argentino, pedagogo e concertista, consagrou no dia 21 de março, no Auditório Municipal do Seixal, todos os atributos concedidos por críticos de música, jornais e revistas de guitarra. O Mestre, demonstrou porque é considerado um dos mais reputados guitarristas da atualidade a nível mundial. Possuidor de uma técnica extremamente refinada, direciona-a a uma suprema musicalidade recheada de uma paleta de cores e a um conjunto de timbres com invejável textura acompanhada de um notável sentido rítmico, que por sua vez, lhe concede um fraseado angélico, muitas vezes, acima de ilustres concertistas solistas de outros instrumentos. A complementar todos estes predicados, Isaac, arrisca e enfrenta com ostentação os limites físicos da guitarra, quer nas “poderosas” notas graves quer nos divinos pianíssimos repletos de essência. O concertista apresentou um programa de concerto notoriamente pensado para um público generalista, não descorando a parte académica da guitarra. Com notas de introdução de cada obra e compositor, o pedagogo complementou o recital com uma exercitação didática importantíssima. O concerto foi aberto com uma sintética, mas expressiva, apresentação pelo conhecido

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compositor português António Victorino d’Almeida. Após a apresentação, as duas primeiras obras interpretadas foram de compositores “Segovianos”. Se os “Castillos de España” do espanhol F. Moreno Torroba foram interpretados de forma soberba e celestial, patenteadas ao estilo da música espanhola, não se encontram palavras para adjetivar a exímia execução dos três andamentos de “Platero y Yo” do compositor italiano Mario Castelnuovo-Tedesco. Inefável, abarrotada de magia e sem qualquer dúvida a melhor interpretação que até esta data escutei ao vivo ou em registo fonográfico. A penúltima obra da primeira parte foi um chamamé de Walter Enrique Heinze, que foi professor do mestre quando este tinha 9 anos de idade, exprimida com uma performance incrível. Para ovação do término da primeira parte, “Choro de Juliana” do brasileiro Marco Pereira, numa simbiose de saudosismo e um tratado de composição rítmica e melódica. A perfeição e direção das escalas contidas nesta obra, nos dedos de Isaac, são majestosas e inigualáveis. A segunda parte abre uma vez mais com António Victorino d’Almeida, desta feita para falar sobre o teor e história da sua composição “Pequena Suite” Op.30, uma obra com três andamentos composta com mais de cinquenta anos, reescrita e dedicada ao Mestre argentino Eduardo Isaac. Esta obra teve a primeira audição absoluta e estreia mundial no Auditório do Seixal. Uma suite complexa, de

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difícil interpretação e execução que Eduardo soube superar com elevada mestria. Um conteúdo linguístico utilizado nos anos 60, nitidamente escrita ao piano, onde em alguns andamentos notam-se perfeitamente duas linhas melódicas, livres, plenas de libertinagem, fugindo nitidamente das regras académicas, convencionais e consensuais, denotando-se uma imensa liberdade de espirito criativo pela parte do compositor. Uma ideia a repetir – faça-se música. Um outro trabalho também dedicado ao argentino e interpretado neste concerto foi “Paisajes Argentinas” de Carlos Aguirre, compositor argentino. Em algumas destas composições, o mestre conseguiu, com suprema performance, confundir todo o auditório. Se existiram falhas de memória ou improvisação, no meu entender as duas, mas só um experiente e notável concertista consegue este efeito. Para terminar, Eduardo Isaac, tocou Piazzolla, Gardel e Plaza. Se “tango es pasión” foi com este sentimento aditado à sua musicalidade que fechou um concerto inolvidável e que perpetuará na memória de quem assistiu. O Município do Seixal está de parabéns na aposta cultural/musical de altíssimo nível, assim como na incrementação da criação de novos públicos, fez-se história no Seixal. A guitarra do luthier Santiago de Cecília, correspondeu na íntegra às múltiplas exigências de um dos mais conceituados guitarristas clássicos do mundo, Eduardo Isaac.

Nota de retificação enviada por Fidelino Pereira, atual presidente (recandidato proposto pela lista B) da direção da Real Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Sesimbra, a propósito da notícia publicada na última edição com o título “Bombeiros de Sesimbra vão a votos dia 8 de Abril”


opinião

Um Funchalense na Elevação de Setúbal a Cidade

Editorial

eFEMÉRIDES Raul Tavares Diretor

A Europa e a importância do seu Parlamento As decisões que ocorrem na União Europeia têm uma importância decisiva em Portugal e, como tal, na nossa região também. Por isso, as eleições para o Parlamento Europeu, de maio, estão longe de ser eleições menores. Uma parte substantiva dos eleitores lusos, não as têm entendido dessa forma, embora, como se sabe, os abstencionistas no nosso país e na Europa constituam uma mancha gigante no quadro eleitoral de qualquer eleição, o que inclui aqui as Legislativas. Não será por falta de informação. Tem havido um esforço relevante das tutelas e dos responsáveis para tornar mais visível, pública e notória essa importância de votarmos na Europa e pela Europa. É, mais, um alheamento consciente, sinal de que os eleitores têm a perceção de que é na Comissão e no Conselho de Ministros Europeu que se decidem as grandes diretivas da política comum. O Parlamento Europeu e os seus eurodeputados afiguram-se, aos olhos dos cidadãos do Continente, uma segunda linha, mais política e partidária. E esse fator alivia o stress do voto e a ‘obrigação’ da escolha. Mas, na verdade, é no Parlamento, em Bruxelas ou em Estrasburgo que, para além dos orçamentos comunitários, são ratificadas a maior parte das diretivas, tal como o recente e polémico Art.º 13, sobre Direitos de Autor na Internet, que vai ter importância para todos os europeus. Pode ainda aprovar medidas financeiras relevantes, como seja os reforços para o Fundo de Solidariedade da União, igualmente essencial para países periféricos como o nosso. Trata-se, portanto, não de uma eleição menor, mas ao contrário, muito importante no quadro da nossa vida comunitária comum. E por isso mesmo, as escolhas dos nossos representantes têm uma valia que não é despicienda. No nosso caso, são apenas 21 eurodeputados, mas cada um deles ganha uma força e peso superiores quando se trata de questões que podem ter um efeito positivo ou nefasto para a especificidade da nossa economia, da nossa cultura e da nossa identidade. Acresce que é também daquelas eleições onde o perfil de cada um dos eleitos deve ter uma dimensão acrescida, uma vez que o trabalho do eurodeputado se reflete, e muito, nas inúmeras comissões de trabalho e na autoria de relatórios sobre os mais diversos temas e assuntos. Um eurodeputado com experiência, conhecimentos do país e da Europa, pode tornar-se decisivo na luta reivindicativa das questões nacionais. Logo, a sua escolha como candidato, impõe critérios mais apertados. Por isso mesmo, há eurodeputados que “caíram no goto” e continuam a ser reconhecidos na nossa Europa, como Carlos Pimenta ou António Vitorino, só para citar dois nomes, e outros nem por isso. Fizeram uma certa travessia no deserto.

fRANCISCO cORREIA hISTORIADOR ASSINALAM-SE no próximo mês de Abril, os 159 anos sobre a data de elevação de Setúbal à categoria de cidade, por decreto de 19 de Abril de 1860, prova do relevante lugar ocupado por Setúbal, em meados do século XIX, no conjunto dos agregados urbanos do país, nomeadamente em termos económicos, sociais e demográficos. Na representação enviada ao rei D. Pedro V, em Junho de 18581 , pedindo esta mesma elevação a cidade, a Câmara Municipal de Setúbal argumenta: “Com efeito Senhor, Setúbal, conhecida em toda a parte do mundo pela extensão de seu commércio de sal, laranja, cortiça e cereaes, compreendendo o seu concelho mais de sete mil fogos, com perto de trinta mil almas, rivaliza em população e grandeza com todas as cidades do Reino, exceptuando Lisboa e Porto”. Há números oficiais que provam esta relevância demográfica, apesar de diferentes dos que foram apresentados nesta petição: 4310 fogos e 15060 habitantes2 para o concelho de Setúbal, segundo o censo da população realizado em 1849; quinze anos depois, no primeiro recenseamento geral da população portuguesa, já com base em regras internacionais, e reportado a 1 de Janeiro de 1864, só a cidade de Setúbal contava com 12 747 habitantes, sendo a 4ª maior cidade do continente, só atrás de Lisboa, Porto e Braga, e à frente de cidades como Coimbra, ou Évora3. Refira-se que, entre estes dois censos, o concelho de Setúbal tinha sido reforçado, em termos demográficos, com a anexação de dois antigos concelhos, o de Azeitão e o de Palmela4, extintos em 1855, por um decreto de 24 de Outubro. A vila de Setúbal vive, no mesmo ano em que solicita a elevação a cidade, um dos seus mais dramáticos episódios, o terramoto de 11 de Novembro de 1858, causador da ruína de muitas casas da vila: 35, na freguesia de S. Sebastião; 24, na freguesia de S. Maria; 52, na freguesia de S. Julião; e na freguesia de Nossa Senhora da Anunciada, a mais afectada e onde

está inserido o bairro do Troino, com o derrube de 90 casas, e em vias de queda, 59, a ruína de 282 e a abertura de rachas e queda de telhados, em 175 casas5. É neste contexto que surge o decreto passado pelo rei D. Pedro V, em 19 de Abril de 1860, ordenando ao então Ministro e Secretário de Estado do Reino, António Maria de Fontes Pereira de Melo, a sua execução. Diz assim o documento:” … fazer mercê à villa de Setúbal de a elevar à categoria de cidade, com a denominação de cidade de Setúbal…”6. A Câmara Municipal de Setúbal envia carta de agradecimento ao monarca, datada do dia 25 de Abril de 1860. Faziam parte do executivo os seguintes elementos que assinam a mesma: Aníbal Álvares da Silva, presidente; José Joaquim Correia, vereador fiscal; Francisco Joaquim Pais, vereador; João Sesinando de Freitas, vereador; João José Salgueiro, vereador; José Pereira da Silva, vereador; e Joaquim Maria Guerreiro, vereador. Aníbal Álvares da Silva, presidente da Câmara Municipal, à época da elevação de Setúbal a cidade, foi a figura cimeira deste processo e dele falaremos um pouco. Nasceu na cidade do Funchal, a 29 de Maio de 1819, segundo consta do seu registo paroquial de baptismo: “Em os sette de Junho do anno de mil oitocentos e dezanove, eu o Beneficiado António Marcellino de Freitas e Vasconcelllos, cura nesta Igreja e Collegiada de Santa Maria Maior fis os exorcismos, baptizei e pus os santos óleos a Anibal que nasceo a vinte e nove de Maio próximo passado, filho legetimo de Vitorino Alvares da Silva, capitão marítimo e de sua mulher Justina Angelica da Silva, ambos naturaes desta freguesia e nella moradores na Roxinha de Cima (…)”7. Em 1837, Aníbal Álvares da Silva matriculou-se na Faculdade de Direito de Coimbra, tendo concluído o curso de Direito, em 18428. Teria estabelecido banca de advogado em Setúbal, por volta do ano de

1844, segundo informação de um seu contemporâneo, João Carlos Almeida Carvalho9. Ainda segundo este último, Aníbal Álvares da Silva teria ocupado diversos cargos em Setúbal, nomeadamente, o de administrador do Concelho e de presidente da Junta Popular, em 1848, foi co-fundador da Sociedade Arqueológica Lusitana, em 1849, para além de ter ocupado, por várias vezes, os cargos de vereador e de presidente da Câmara Municipal. Diz, ainda, Almeida Carvalho, sobre Aníbal Álvares da Silva, que “à influência que soube adquirir obteve também ser eleito pelo respectivo círculo deputado às Cortes, sendo presidente da Câmara e deputado durante muitos anos.”10. Manuel Maria Portela dedica-lhe um poema, aquando desta nomeação para deputado às Cortes, cuja 1ª quadra diz assim: “É d’um povo livre, é teu este dia/ Feliz te julgo por tão alta glória!/ Teu nome o povo vai por sympathia/ Com lettras d’ouro escrever na história”11. Aníbal Álvares da Silva, primeiro proponente na petição de elevação de Setúbal a cidade, foi um deputado activo e não deixou de defender nas Cortes os interesses desta região. Foi o grande defensor, nas mesmas Cortes, da restauração dos concelhos de Azeitão e Palmela, extintos em 1855, nomeadamente nas sessões de 22 de Fevereiro, 7 de Abril, e 9 de Abril de 1864. São suas estas palavras ditas nas Cortes, nesta última sessão de 9 de Abril: “… veja o paiz que sou presidente da câmara municipal de Setúbal e sou eu que apresento aqui representações no sentido de emancipar aquelles povos, porque é esse o seu desejo e são essas as suas conveniências, e sou o primeiro a reconhecer que eles não devem estar sujeitos à administração da Câmara Municipal de Setúbal.”12. Porque mais do que interesses próprios ou do seu grupo, Aníbal Álvares da Silva mostrou ser um político que defendia a justiça. E justiça era o que tinha sido feita com a elevação de Setúbal à categoria de cidade.

ANTT. Ministério do Reino. Decreto da Elevação da Vila de Setúbal a Cidade, mç. 1388, doc. 56. Silveira, Luís Nuno Espinha da (coord.) - Os Recenseamentos da População Portuguesa de 1801 e 1849. Vol. III, Lisboa: Instituto Nacional de Estatística, 2001, p. 743. 3 Instituto Nacional de Estatística. Censo no 1º de Janeiro de 1864. Lisboa: Imprensa Nacional, 1868 (separata do Diário da República de 1864), p. VIII. 4 A restauração do concelho de Palmela verificar-se-á em 1926, através de portaria datada de 1 de Novembro, e após 70 anos de anexação. Por compensação, Setúbal será sede de um novo distrito, o de Setúbal, decretado em 22 de Dezembro de 1926. 5 Carvalho, João Carlos de Almeida – “Considerações sobre o terremoto de 11 de Novembro de 1858 na villa de Setúbal”. Revolução de Setembro. Lisboa, nº 4989, 1858, Dezembro,10, p. 1-2. 6 ANTT. Ministério do Reino. Decreto da Elevação da Vila de Setúbal a Cidade, mç. 1388, doc. 56. 7 Arquivo Regional e Biblioteca Pública da Madeira. Paróquia de Santa Maria Maior (Funchal) – Registo de Baptismo, livro nº 3, 26/01/181227/04/1824, f. 139 r. 8 Arquivo da Universidade de Coimbra. Atos, n.º 17, fl. 41 e nº 18, f. 103 e 196. 9 Arquivo Distrital de Setúbal. Arquivo Pessoal Almeida Carvalho Cota: 12/435/pt. 14/14, f. 18. 10 Idem. Ibidem, f. 19. 11 Idem. Ibidem. Cota: 12/446/pt. 54/30, f. 9. 12 Gazeta de Lisboa. 1864, Abril, 9, p. 1088. 1

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