Sono, insônia e tratamentos

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Neurociência

série conhecimento

Elaine Elisabetsky

Viviane de Moura Linck

Sono, insônia e tratamentos

Sono, insônia e tratamentos

Elaine Elisabetsky

Viviane de Moura Linck

ELAINE ELISABETSKY, VIVIANE DE MOURA LINCK

Sono, insônia e tratamentos

© 2024 Elaine Elisabetsky, Viviane de Moura Linck

Todos os direitos reservados pela Editora Edgard Blücher Ltda. É proibida a reprodução total ou parcial por quaisquer meios sem autorização escrita da editora.

Imagem da capa iStockphoto

Segundo o Novo Acordo Ortográfico, conforme 6. ed. do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, Academia Brasileira de Letras, julho de 2021.

Publisher Edgard Blücher

Editores Eduardo Blücher e Jonatas Eliakim

Coordenação editorial Andressa Lira

Produção editorial Kedma Marques

Preparação de texto Regiane da Silva Miyashiro

Diagramação Thaís Pereira

Revisão de texto Lidiane Pedroso Gonçalves

Capa Laércio Flenic

Projeto gráfico da capa Leandro Cunha

DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)

Angélica Ilacqua CRB-8/7057

Elisabetsky, Elaine

Sono, insônia e tratamentos / Elaine Elisabetsky, Viviane de Moura Linck. – São Paulo : Blucher, 2024. 64 p. (Série Conhecimento)

Bibliografia

ISBN 978-85-212-2067-1

1. Sono 2. Distúrbios do sono I. Título II. Linck, Viviane de Moura III. Série

23-6165

CDD 613.79

Índice para catálogo sistemático: 1. Sono

Rua Pedroso Alvarenga, 1245, 4o andar 04531-934 – São Paulo – SP – Brasil

Tel.: 55 11 3078-5366 contato@blucher.com.br www.blucher.com.br

CONTEÚDO Apresentação 7 As bases fisiológicas do sono 9 Estágios do sono e os sonhos 25 Insônia 31 Tratamentos 43 Sugestão de leitura 61 Sobre as autoras 63

AS BASES FISIOLÓGICAS DO SONO

Por que dormimos, afinal? Para quê? O propósito fundamental do sono é uma das maiores questões da biologia e da neurociência. O sono é um comportamento generalizado entre os membros do reino animal, e a necessidade funcional de dormir regularmente é bem demonstrada pelo fato de que não fazê-lo tem como consequência um amplo conjunto de patologias que incluem prejuízos cognitivos, metabólicos, imunológicos e hormonais. Diz-se que passamos um terço da vida dormindo e há quem fique indignado com isso. Contudo, dormir é desperdício, necessidade ou investimento? O que é dormir bem? Quantas horas, afinal, precisamos de sono? Por que ou para que sonhamos? Ainda não se sabe a resposta para todas essas perguntas. No entanto, o que se conhece até hoje parece indicar que o sono seja do cérebro, pelo cérebro e para o cérebro. Ou seja, o cérebro precisa do sono e, por isso, o promove. Ao contrário do que diz nossa intuição, o sono não é apenas um desligar do acordado, um processo passivo em que o alerta vai diminuindo e sendo substituído pelo cansaço, culminando no sono. O sono é, na realidade, um processo ativo e muito bem regulado. Ou era, antes de acabarmos com a natural divisão do dia entre uma parte com luz e outra sem... voltaremos a isso.

Uma prova da necessidade do sono é que, ao menos em mamíferos, o sono insuficiente interfere na função do cé-

ESTÁGIOS DO SONO E OS SONHOS

Vimos anteriormente que as correntes elétricas cerebrais são a expressão da atividade elétrica gerada pelos neurônios. As correntes elétricas cerebrais também são medidas em Hertz (Hz), uma medida da frequência das ondas cerebrais que podem ser registradas por um eletroencefalograma. Diferentes frequências correspondem a diferentes funções cerebrais e estados de consciência e incluem:

• ondas delta (0,5-4 Hz);

• ondas teta (4-8 Hz);

• ondas alfa (8-12 Hz);

• ondas beta (12-30 Hz);

• ondas gama (acima de 30 Hz).

Pode-se ver que são tipos de onda cada vez mais rápidas, associadas sucessivamente a sono profundo, relaxamento, criatividade, concentração, vigília, atenção, alta concentração, processamento sensorial e cognitivo. Os padrões de atividade elétrica de indivíduos saudáveis em diversos graus de alerta, definidos a partir de milhares de eletroencefalogramas (EEG), permitem que esse exame seja útil no diagnóstico de várias condições neurológicas, como epilepsia, tumores cerebrais, encefalopatias e distúrbios do sono. A descrição das diversas ondas cerebrais será útil para entendermos a arquitetura do sono, já que este é estruturado em quatro estágios, caracterizados

INSÔNIA

Vimos que o sono não é apenas um desligamento progressivo da vigília, e sim um processo ativo de indução que resulta em mudanças nas atividades cerebral e corpórea. Esse processo é regulado principalmente pelo NSQ, que determina a produção e a liberação de melatonina pela glândula pineal. Considerada o segundo transtorno mental mais prevalente, a insônia refere-se a distúrbios do início, da manutenção ou da qualidade do sono. Episódios agudos de insônia podem acompanhar circunstâncias várias em que há estresse, excitação cognitiva ou emocional. Esses episódios pontuais de insônia não são doentios, e sim o resultado da excessiva mobilização psíquica, por excesso de preocupação, antecipação (de eventos bons ou ruins) ou o recordar de eventos marcantes (bons ou ruins). No entanto, a cronicidade de problemas com o sono, contrastando com o padrão de sono anterior do paciente afetado, é condição de considerável morbidade e propensa a tratamento.

O Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais – já em sua quinta versão, conhecido como DSM-5 –, a Classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde – em sua décima versão, conhecida como CID-10 – e o documento Classification of sleep disorders (ICSD) trazem diferentes classificações para a insônia, cujo diagnóstico permanece clínico. Todas essas classificações incluem

TRATAMENTOS

Um método hipnótico ideal teria a propriedade de facilitar a indução do sono, manter o padrão de sono o mais parecido possível com o natural e ser destituído de efeitos adversos e residuais na manhã seguinte. Contudo, como sabemos, o ideal e o real diferem muito. Para cada uma das opções de manejo da insônia, há que se considerar indicações, contraindicações, efeitos colaterais e duração prevista do uso; somente assim é possível selecionar o melhor tratamento a ser adotado para cada paciente específico. Os objetivos do tratamento da insônia devem ser melhorar aspectos qualitativos do sono em suas várias fases, reduzir a angústia e a ansiedade associadas à antecipação de um sono ruim e melhorar a função diurna. Os tratamentos da insônia podem ser classificados em duas grandes categorias: não medicamentosos e medicamentosos. Estudos mostram que os primeiros são preferidos pelos pacientes, mas dois terços dos pacientes que decidem tomar hipnóticos, seja como primeira opção ou após outras tentativas, relatam ao menos satisfação moderada.

Entre as medidas não farmacológicas, os tratamentos cognitivo-comportamentais (TCC) se destacam, com foco nos fatores psicológicos, comportamentais e cognitivos que perpetuam os

Dormir é uma atividade rotineira, comum a todos os animais e essencial desde o início das nossas vidas.

No entanto, ainda há diversos questionamentos sobre o sono. Por que dormimos, afinal? O que são os sonhos? Por que as vezes é tão difícil dormir? Como as telas afetam nosso sono? Quanto tempo precisamos dormir? Como funcionam os medicamentos usados no manejo da insônia?

Este livro responde a essas perguntas de maneira fácil e bem-humorada. Além de discutir sobre as bases fisiológicas e os estágios do sono; como a insônia afeta a nossa saúde e como tratá-la. Os temas são abordados de forma acessível para quem não tem conhecimento sobre neurociência, mas quer entender como o cérebro controla o sono e como o sono influencia no seu funcionamento.

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