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416 — Uma análise evolucionária da parturição e do desenvolvimento infantil em mamíferos

Alguns resultados indicam que o contato íntimo com o bebê facilita a formação do apego mútuo, mas os bebês prematuros podem exibir um pequeno aumento da temperatura retal (36,9o para 37,3o C), uma diminuição do fluxo respiratório regular (14%), associado com maior incidência de bradicardia e hipoxemia, provavelmente devido ao estresse térmico (BOHNHORST et al., 2001). Do ponto de vista psicológico, a técnica mãe-canguru facilita o vínculo afiliativo entre os indivíduos da tríade (mãe, pai e bebê), pois os casais se tocam mais e exibem olhares direcionados, entre eles ou em direção ao bebê, e a tríade permanece mais tempo em proximidade física (FELDMAN et al., 2003). Entretanto, a fragilidade e a susceptibilidade dos bebês prematuros a choques térmicos são fatores que devem ser considerados quanto adotamos tais procedimentos, principalmente quando realizados no ambiente doméstico. Cuidados aloparentais e a função do “marsúpio social” Animais de pequeno porte geralmente vivem menos e procriam o ano inteiro, como roedores; os custos da procriação recaem integralmente sobre as mães, mas em algumas espécies os machos auxiliam a fêmea, seja direta (transferência de calor ou recuperação de filhotes quando estes se afastam do ninho, por exemplo), seja indiretamente (afastamento de predadores e arrumação do ninho, por exemplo). Todavia, em primatas sociais, os partos ocorrem em períodos delimitados do ano e vários membros do grupo exibem interesse pelo evento. Os filhotes exibem baixa capacidade motora, as mães não permitem que eles saiam de seus braços, e ambos passam a maior parte do tempo em contato físico; os filhotes dependem do leite materno, e um afastamento longo pode causar prejuízo ao seu desenvolvimento. Com poucas semanas de vida, eles gradativamente começam a explorar o ambiente ao seu redor, sempre encontrando um indivíduo adulto que o acolhe, principalmente fêmeas jovens e nulíparas; o filhote pare que cresce numa espécie de “marsúpio social”. Entre os mamíferos que dão à luz simultaneamente, as fêmeas se ajudam mutuamente na criação dos filhotes, e outros indivíduos adultos ou subadultos transportam, limpam e proporcionam segurança aos indivíduos mais jovens do grupo. Em chacais (Canis mesomelas), a fêmea e o macho caçam juntos e deixam para trás os filhotes, sob os cuidados de outros indivíduos adultos; a taxa de sobrevivência dos filhotes está positivamente correlacionada com o número de ajudantes (MOEHLMAN, 1989). Revista de Ciências Humanas, Florianópolis: EDUFSC, n.34, p.395-439, outubro de 2003


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