Zimbro Edição 2012

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Zimbro Associação Cultural Amigos da Serra da Estrela | Dezembro 2012

Glaciação da Serra da Estrela

Para lá do frio Alguns parágrafos sobre a forma como avaliamos o PNSE

O Parque e Nós “Observar para Preservar”

GeObserver Variação da vegetação Luis Mata - Fotógrafo convidado Importância das aves de rapina para os ecossistemas


Ficha Técnica Director José Maria Serra Saraiva (presidente da ASE) Corpo redactorial Tiago Pais José Amoreira Rómulo Machado Composição Paulo Silva

4 | Editorial

Grafismo Bruno Veiga

Estrela

Fotografia de capa Luis Mata

Planaltos, migalhas e a glaciação da Estrela

6 | Variação da vegetação com o aumento da altitude na Serra da 10 | Para lá do frio

14 | GeObserver, Observar para preservar

Colaboraram neste número Bruno Veiga Gonçalo Vieira José Amoreira José Saraiva Luis Moreno Paula Paulino Paulo Silva

Sistema de Informação geográfica para a Serra da Estrela

A “ZIMBRO” online é editada pela Associação Cultural Amigos da Serra da Estrela para os seus membros e a sua distribuição é gratuita.

24 | Montanhas de imagens

Sede e redacção: Rua General Póvoas, 7 - 1º 6260 - 173 MANTEIGAS PORTUGAL www.asestrela.org asestrela@gmail.com

18 | O Parque e nós

Alguns parágrafos sobre a forma como avaliamos o PNSE

23 | Um milhão de carvalhos

FNA - Fraternidade de Nuno Álvares e ASE Luis Mata, fotógrafo convidado

28 | Importância das aves de rapinapara os ecossistmas 32 | Grande rota do Zêzere

Projecto da ASE

33 | ASESTRELA 2012

V edição do maior encontro de montanha do país

Os artigos de opinião são da responsabilidade dos seus autores.

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ASSOCIAÇÃO CULTURAL AMIGOS DA SERRA DA ESTRELA

ZIMBRO - EDIÇÃO DE 2012


EDITORIAL

José Maria Serra Saraiva

Zimbro

A “Zimbro” volta agora em formato digital

A nossa Associação encontrou no “Zimbro”, arbusto rasteiro que predomina na Serra da Estrela acima dos 1.600, o simbolismo para fazer chegar aos associados a informação sobre as suas actividades, perspectivas e preocupações, aproximando-nos para melhor podermos assumir a responsabilidade de defender e proteger a Serra da Estrela. O “Zimbro” começou, nos primórdios da ASE, por ser um policopiado em stencil, depois foi evoluindo para revista, com altos e baixos, com alterações na periodicidade e até na interrupção. Vai surgir agora em formato digital, sem obedecer a períodos fixos. Surgirá quando as circunstâncias o justificarem e, a rede de colaboradores, for mais ampliada melhorando a diversidade de opinião. A Serra da Estrela mantém alguns dos problemas que temos denunciado desde sempre, tendo outros surgido a par da evolução da nossa sociedade. Sem resolver a questão da estrada que rasga o Planalto Superior, a região não desenvolve o turismo nem salvaguarda o Património Natural da Serra. Já ficaríamos satisfeitos se as três autarquias - Covilhã, Manteigas e Seia, se sentassem para estudar a questão e mandassem elaborar um estudo independente para apurar as vantagens e desvantagens para a região com a estrada fechada e aberta entre a Nave de S. António e a Lagoa Comprida. Presentemente algumas realidades e notícias vindas a público merecem a nossa atenção e preocupação. Os parques de produção de energia eólica já se encontram na Serra da Estrela em três zonas o que revela o grande interesse dos produtores e das autarquias pela maior montanha do país e a fragilidade das entidades oficiais do ambiente em o evitar.

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Zimbro, edição de 2001

Dezasseis aerogeradores no concelho de Celorico da Beira, dez na Serra da Alvoaça, sem contar com as da Serra do Açor e quinze nos limites de Famalicão da Serra com Gonçalo. Os presidentes das Câmaras têm vindo a público anunciar muitos mais… podendo a ASE constatar que praticamente todas as linhas de cumeada da Serra da Estrela têm torres para fazer medições do potencial de aproveitamento eólico. Estamos já a promover diligências no sentido de alargarmos os apoios para sensibilizar a opinião pública e as instituições que processam a questão das eólicas para que nem mais um aerogerador seja montado na Serra da Estrela. Uma outra questão que nos irá preocupar e fazer redobrar a atenção, são as notícias sobre a liberalização da plantação de eucaliptos. Independentemente do impacte que tal política vai provocar na biodiversidade e na redução da mancha da floresta autóctone, as consequências para um maior risco de incêndio e a ampliação da área ardida parece

estar a escapar aos responsáveis por tamanha insensatez. É muito triste ter de dizer que a crise económica que o país atravessa nos está a dar tréguas para preparar melhor a acção para combater tais medidas, quando o que gostaríamos de ver era os cidadãos a viver melhor e a classe governante mais sensível para o património natural e a adoção das medidas mais adequadas, para assegurar um desenvolvimento mais sustentado para a sua preservação.

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Variação da vegetação VARIAÇÃO DA VEGETAÇÃO COM O AUMENTO DA ALTITUDE NA SERRA DA ESTRELA

Vegetação no Outono, encosta de S.Sebastião - Manteigas

A Bioclimatologia, segundo Rivas-Martínez é a parte Climatologia que estabelece a relação entre o biológico e o climatológico. Sendo assim, tornou-se importante para estudos fitogeográficos que têm como objectivos estudar a origem, distribuição, adaptação e associação das plantas de acordo com a localização geográfica e a sua evolução. A Serra da Estrela, ponto mais alto de Portugal com 1993 metros de altitude, é um bom exemplo desses estudos. Paula Paulino


Variação da Vegetação insolação). Devido a estes dois tipos de bioclima e também à altitude podemos ver que existe uma variação da vegetação à medida que nos aproximamos do cume. Sendo assim, dividese a Serra da Estrela em três andares: andar basal, andar intermédio e andar superior. No andar basal, que vai dos 0 aos 900 metros de altitude, poderemos encontrar dependendo da vertente ou das condições de humidade uma vegetação natural formada por bosques de sobreiros (Quercus suber L.); azinheiras (Quercus rotundifolia Lam.), carvalhoalvarinho (Quercus robur L.). Nas zonas com solos mais húmidos poderão ser encontradas florestas de freixo (Fraxinus angustifolia Vahl); nos vales, ao longo dos rios, galerias

O clima Mediterrânico marca a Serra...

O clima Mediterrânico marca a Serra pelas suas irregularidades: Invernos frios e húmidos e Verões secos e amenos...

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Este maciço granítico, situado no CentroEste de Portugal Continental possui dois tipos de bioclimas: Temperado (nas encostas expostas a oeste, a norte e nas partes mais altas) e Mediterrânico (nas encostas mais baixas expostas a este e em alguns vales). O clima Mediterrânico marca a Serra pelas suas irregularidades: Invernos frios e húmidos e Verões secos e amenos (mas com forte

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Paula Paulino

Kuhn); os urgeirais (Erica autralis L.) que são utilizadas para o pastoreio; e por último piornais (Genista florida L.) que se encontram nos sopés das vertentes, onde exista uma maior humidade. O andar superior, acima dos 1600 metros, está coberto por um mosaico de formações vegetais de zimbro (Juniperus communis L.), cervunais e arrelvados. Os cervunais podem ser secos ou húmidos dependendo do local onde se encontrem, mais perto de pontos de acumulação de água temos cervunais húmidos enquanto que mais longe destes pontos temos cervunais secos. Nestes profundos covões, o solo de turfa acolhe espécies vegetais, próprias das zonas frias, como o cervum (Nardus stricta L.). Para além das condições climáticas, também as influencias antrópicas têm vindo a provocar alterações no tipo de vegetação devido ao pastoreio que vai limitando o crescimento de algumas espécies importantes que existem na Serra como por exemplo o zimbro (Juniperus communis L.) que só se encontra em grandes altitudes.

de amieiros (Alnus glutinosa (L.) Gaertn.) e azereiros (Prunus lusitanica L.). Mas, com os incêndios tem havido grandes modificações Paula Paulino na vegetação natural desta área, actualmente, encontram-se pequenas áreas de bosque e vastas áreas de matos rasteiros, urzais (Erica autralis Bibliografia L.) e giestais (Cytisus multiflorus (L*Hér.) Sweet). Por outro lado, o homem intervém S. Rivas-Martínez, “Pisos bioclimáticos de España,” muito nesta causa, com a sua actividade, como Lazaroa, vol. 5, pp. 33-43, 1983. por exemplo na forragem e rega, o que leva a Universidade de Coimbra, “Gramíneas da Serra da Estrela,” ocorrência de prados semi-naturais, em solos 2009. [Online]. Available: http://www.uc.pt/grasses/ relativamente ricos em nutrientes. geologia_e_vegetacao/. [Acedido em 25 10 2012]. Quanto ao andar intermédio ICN, “Instituto de Conservação da Natureza e das (aproximadamente dos 900 até 1600 metros) Florestas- Parque Natural da Serra da Estrela,” 2005. é dominado por bosques de carvalho-negral [Online]. Available: http://www.icnf.pt/ICNPortal/ (Quercus pyrenaica Willd.) que está adaptado vPT2007-AP-SerraEstrela/O+Parque/Valores+Naturais/ ao frio, a elevada humidade e ao gelo; e ainda Geologia+Hidrologia+e+Clima/. [Acedido em 25 10 2012]. em vertentes declivosas, xistosas e raramente J. C. Costa, J. H. Capelo, M. Lousã e C. Neto, “Biogeografia nas graníticas poderemos encontrar também de Protugal Continental,” Quercetea, vol. 0, pp. 5-56, 1998. castinçais (Castanea sativa Mill.). Nos matos E. C. M. Martins, “Geologia, morfologia e vegetação na encontramos os giestais (Cytisus multiflorus Serra da Estrela : aplicações didácticas,” 2006. [Online]. (L’Hér.) Sweet) acompanhados de formações Available: http://biblioteca.sinbad.ua.pt/teses/2007001121. de feto-comum (Pteridium aquilinum (L.) [Acedido em 22 10 2012]. ZIMBRO - EDIÇÃO DE 2012


PARA LÁ DO FRIO

Planaltos, migalhas e a glaciação da Estrela

Gonçalo Vieira

Centro de Estudos/ Instituto de Geografia e Ordenamento do Território, Universidade de Lisboa 40º20´N 7º 35´W. 28 mil anos Antes de Cristo. Um campo de gelo com cerca de 100 metros de espessura cobre o planalto.

Com uma drenagem lenta para os vales, o gelo move-se polindo e arrancando pedaços de rocha granítica que podem chegar à

dimensão de uma pequena moradia. Ao ser canalizado nos vales, o gelo acelera, bem como a erosão. Ao precipitar-se nos circos,

que estabelecem o contato entre os vales e o planalto, formamse fendas profundas facilitadoras da drenagem das águas para a base do glaciar. A erosão aumenta e as cabeceiras dos vales

vão-se alargando lentamente, dando origem a profundas formas

em anfiteatro, quase completamente colmatadas por gelo. Aqui e ali, escassas elevações de rocha sobressaem acima do glaciar. Em algumas partes dos vales, há mais de 300 metros de espessura de gelo, que se vai deslocando para jusante, dezenas de metros por

ano, arrastando toda a rocha arrancada. A ação da gravidade e o declive fazem com que o gelo se deforme lentamente e flua.

Itatia eiusciusdae nossit aut dolupti debitatur autem inulparibus reproreiur, con con nost, verit, anditas est, cus velibus aut labo. Onectat occus.


Glaciação Planaltos, migalhas e a glaciação da Estrela

Na base do glaciar, onde o gelo assenta no vale, uma mistura de pedras, areias e partículas ainda mais finas, envoltas em gelo e frequentemente, saturada em água, funciona como almofada, sobre a qual desliza o glaciar. Essa almofada, de propriedades muito variáveis no espaço e tempo, ora tem mais gelo, ou mais água. No primeiro caso, a base do glaciar funciona como uma lixa de enorme potência; no segundo, ajuda a lubrificar o interface gelo-rocha, contribuindo para que o glaciar acelere o seu movimento e flua, escorregando sobre o vale. À medida que o gelo desce nos vales, as temperaturas médias do ar vão aumentando e as condições para a manutenção da neve que caíu na estação fria, vão desaparecendo. Enquanto no Verão, nas áreas altas, a neve do Inverno anterior não chega a fundir, nas partes mais baixas, esta não se vai aguentar. O glaciar começa a perder massa, desaparecendo a cerca de 750-800 metros de altitude. Próximo da margem glaciária, os vales estão juncados de sedimento. Acumulações de blocos, calhaus, areias e silte arrastadas pelos glaciar, como se este fosse um tapete rolante, depositam-se, formando moreias. Ao contrário das áreas altas, onde a rocha é erodida, aqui domina a acumulação. À frente do glaciar, os rios têm forte capacidade de transporte, em especial nos dias mais quentes de Verão. As moreias são mobilizadas, os blocos são rolados e, ao longo dos vales, formam-se acumulações de sedimentos grosseiros, estruturadas pelo fluxo das águas correntes. As encostas, acima dos glaciares que escoam lentamente nos vales, têm um clima frio e húmido, com muita neve. Abundam processos de fraturação da rocha devido à congelação e fusão. Desabamentos, escoadas de detritos e enxurradas contribuem para o fornecimento de mais detritos aos glaciares. Estes, transportam-nos, como se de migalhas se tratassem.

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Nos últimos 100 mil anos, o frio modelou a paisagem da serra da Estrela durante, talvez, 70 a 80% do tempo. É muito tempo! Só mesmo nos últimos cerca de 10 a 15 mil anos é que as condições climáticas se tornaram mais próximas das atuais (embora nem sempre). Os glaciares fundiram, mas a paisagem ainda não recuperou. As marcas glaciárias da Estrela são impressionantes e um verdadeiro parque de diversões para os cientistas da Terra. Mas não é a dimensão dos vales glaciários, nem a raridade das formas encontradas que tornam a geomorfologia da Estrela tão especial, pois esta paisagem é muito frequente nas montanhas das latitudes altas e médias. É sim, a localização geográfica da Estrela no limite sudoeste da Europa, associada aos testemunhos glaciários, que a tornam particularmente interessante. A raridade da Estrela está no modo como surge uma paisagem glaciária tão diversa e com formas tão bem conservadas, no meio de um Portugal temperado e de cariz mediterrâneo. E a causa para isso (e a sorte de todos nós), foi haver um planalto acima de 1700 metros de altitude, capaz de manter a neve mesmo durante o Verão. Fosse a Estrela uma montanha de picos e cristas alpinas, e apenas se teriam desenvolvido pequenos glaciares circo e de vale e nunca teriamos sido brindados com um campo de gelo de 66 km2 (ver figura 1). Viva o Planalto Superior!

Figura 1 - Campo de gelo de planalto da serra da Estrela visto de norte, há cerca de 30 mil anos.

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Observar para Preservar

Sistema de Informação Geográfica da Serra da Estrela Numa parceria com a Escola Superior de Tecnologia de Setúbal (IPS) a Associação dos Amigos da Serra da Estrela (ASE) desenvolveu um sistema de informação geográfica para o maciço da Serra da Estrela denominado GeObserver (www.geobserver. org). A plataforma tem como objectivo criar uma base de dados georreferenciada da região que sirva de plataforma comum de cooperação e colaboração entre várias entidades, que tal como a ASE, pretendam defender, preservar, estudar e investigar a serra. Adaptado a novos tempos, tecnologias e informação disponível, o GeObserver pretende dar uma nova dimensão aos ideais da ASE: defesa e promoção dos valores naturais, culturais e patrimoniais da Serra da Estrela, transferindo uma parte desse conhecimento para um suporte digital onde podem ser cruzados vários tipos de informação que darão origem a novas análises, sistemas de alerta e decisão, até aqui inexistentes e indisponíveis. Em síntese, a missão do GeObserver é recolher e organizar a informação da Serra da Estrela, torná-la acessível e útil para quem quer saber mais sobre este monumento natural. A informação disponibilizada é recolhida manualmente por técnicos e colaboradores especializados, de várias áreas, e automaticamente através de serviços de

monitoramento disponibilizados por entidades externas. Adicionalmente o GeObserver dispõe de dados exclusivos que a ASE e o Centro de Interpretação da Serra da Estrela (CISE) recolheram e estudaram,

A plataforma tem como objectivo criar uma base de dados georreferenciada da região que sirva de plataforma comum de cooperação e colaboração entre várias entidades... Geologia do maciço central

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Paulo Barbosa da Silva

GeObserver

O empenho da ASE e do CISE é a recolha e disponibilização de dados actuais...

Os dados disponíveis no sistema são do mais variado tipo: meteorológicos, faunísticos, florísticos, hidrográficos, de elevação, edifícios, demográficos, geológicos, geomorfológicos, entre outros. É disponibilizado no site um formulário que possibilita o registo de observações de fauna na serra para posterior visualização e análise no sistema.

informação essa que chega a ter mais de 30 anos, constituindo assim um histórico notável para o estudo da evolução deste conjunto montanhoso. Todos estes dados são tratados e cruzados, recorrendo a algoritmos informáticos desenvolvidos para o efeito, para posterior disponibilização de nova informação (até aqui inexistente) como por exemplo cálculos de condições atmosféricas futuras, possibilidades de derrocadas ou enchentes, alertas de risco de incêndio e secas, desgaste de solos, entre outras. Os dados disponíveis no sistema são do mais variado tipo: meteorológicos, faunísticos, florísticos, hidrográficos, de elevação, edifícios, demográficos, geológicos, geomorfológicos, entre outros. Desta forma o sistema torna-se num instrumento preponderante na gestão do território da Serra da Estrela, dado que todo um vasto conhecimento estará concentrado

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numa única plataforma. Espera-se assim que, mais do que uma fonte informativa, seja uma plataforma de colaboração entre entidades (regionais e nacionais), que podem usufruir de um conjunto de módulos de informação e decisão. Esta plataforma está em constante desenvolvimento e melhoria, contando com a parceria principal do Centro de Interpretação da Serra da Estrela (Câmara Municipal de Seia), e o apoio e colaboração de várias entidades como a Associação Florestal da Encosta da Serra da Estrela (URZE), o Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa, o Grupo de Estudos e Serviços Ambientais da Universidade Federal do Acre (Amazonas - Brasil). Contou ainda com a colaboração não oficial da Universidade da Beira Interior na fase de testes de sistema. Sucesso do modelo A aposta inicial foi na disponibilização da plataforma para estudo e investigação nomeadamente no meio académico e de defesa do ambiente. Esta aposta foi ganha. Ao fim de pouco mais de 3 meses de existência o GeObserver está a ser utilizado por alunos de universidades do país e a solicitação para registo por entidades de preservação ambiental tem sido acima do previsto.

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Está mais que provado que a troca de informação entre entidades, sejam elas públicas ou privadas, é um factor benéfico ao conhecimento e por conseguinte ao sucesso e neste caso uma benesse à preservação ambiental. O crescimento do GeObserver tem mostrado isso mesmo. A inclusão de informação vinda de várias fontes, entidades públicas ou privadas, de maior ou menor dimensão, no terreno ou por satélite, in loco ou virtualmente, enriquece a informação e possibilita o cruzamento de dados que até aqui nunca se tinham “encontrado”. O empenho da ASE e do CISE é a recolha e disponibilização de dados actuais, não que os históricos não sejam importantes, muito pelo contrário, mas porque em primeiro lugar interessa saber o que existe hoje e então depois o que existiu e que acontecimentos ocorreram para que tenhamos as condições actuais, formando-se assim uma base de conhecimento essencial para a previsão e cálculo de situações futuras, podendo ajudar a perceber a origem dos fenómenos mais diversos como alteração de migrações faunísticas, eventos de derrocadas, previsões meteorológicas, risco de incêndio, pragas, entre outras. Porque vivemos numa sociedade de informação em que os cidadãos têm cada vez mais o acesso a meios informáticos, o GeObserver possibilita que cada um de nós possa colaborar com informação que disponha, enriquecendo assim a plataforma e consequentemente ajude

na preservação da Serra da Estrela. Numa primeira fase esta informação é relativa a fauna observada na serra. O sistema disponibiliza um formulário no site onde cada observador pode registar um animal avistado – www. geobserver.org/regist_fauna. Curiosamente as observações registadas no site são feitas por pessoas que visitam esporadicamente a serra. Todas as observações são analisadas e confirmadas por técnicos habilitados que assim garantem a veracidade da informação prestada. Trabalho futuro Entre outras funcionalidades, recorrendo aos dados disponíveis, está prevista a criação de módulos que possam de várias formas ajudar as entidades de protecção civil na prevenção de incêndios ou desastres naturais, assim como fornecer alertas de ocorrências em tempo útil, animais feridos, entre outras funcionalidades específicas. Uma das prioridades é centrada no utilizador e na colaboração que os cidadãos podem dar para o crescimento da plataforma e consequentemente para a preservação da Serra da Estrela. Por esta razão estão previstos módulos e funcionalidades que cheguem mais perto das pessoas, entre elas algumas que estarão disponíveis numa versão mobile. Paulo Barbosa da Silva - Coordenador ZIMBRO - EDIÇÃO DE 2012


Alguns parágrafos sobre a forma como avaliamos o PNSE

Torre

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O PARQUE E NÓS José Amoreira

É relativamente vulgar ver o PNSE (os seus serviços e os seus funcionários) ser acusado de “fundamentalismo ambientalista”. As preocupações com o ambiente não são uma coisa má, tanto assim que já ninguém, nem mesmo os que fazem estas acusações, tem a coragem de afirmar publicamente o desprezo pelo ambiente. O que se considera errado (justificadamente ou não) é uma (alegada) hiper-valorização das questões ambientais por parte do PNSE, acompanhada de uma falta de atenção por outras variáveis, consideradas tão ou mais importante para a vida e o desenvolvimento das populações da beira-serra. Pessoalmente, não compreendo este tipo de críticas. As sociedades modernas muniram-se de diferentes tipos de instituições, cuja principal função é darem atenção a um determinado tipo de problemas. Assim, as instituições de saúde preocupam-se especialmente com as questões ligadas com a saúde das populações, e dão a essas questões uma importância especial, porque é essa a sua função; as forças de segurança preocupamse com a ordem pública e a segurança dos cidadãos e põem essas preocupações acima das outras e assim deve ser, é isso que esperamos dessas instituições. Mas, se consideramos isto natural, se achamos até que é assim que as coisas devem ser, faz sentido acusar (justificadamente ou não, não é isso que agora está em questão) o PNSE de “fundamentalismo ambientalista”? ZIMBRO - EDIÇÃO DE 2012


assuntos, quer por ser essa a sua função, quer por querer por elas tirar dividendos (autarquias, governo, CCDRC, associações comerciais e industriais, de desenvolvimento ou de beneficiência, etc.)?! Têm essas outras instituições feito muito mais pelo desenvolvimento económico da área da Serra da Estrela? E o que têm elas feito pelas nossas povoações? Pois sim, mas a culpa é do PNSE...

Caramba, ao fim e ao cabo, não é para serem isso mesmo que lhes pagamos? 2. O mesmo se pode dizer acerca das acusações de entrave ao desenvolvimento económico ou as considerações sobre o PNSE “nunca ter feito nada pela minha povoação”. O PNSE não foi criado especificamente para promover o desenvolvimento económico nem para introduzir melhoramentos nas povoações. Para isso existem outras instituições. O PNSE foi criado para proteger o ambiente na serra da Estrela e é nisso que deve focar a sua acção, mesmo que assim se constitua como obstáculo a alguns empreendimentos. E será a proteção ambiental um verdadeiro entrave ao desenvolvimento? Mesmo que o seja, se-lo-á mais do que a proteção dos direitos dos trabalhadores, a dos dos consumidores, a dos das populações, as regras urbanísticas, o respeito pelos direitos

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de propriedade e mais um sem número de regras e de imposições que devem ser satisfeitas pelos empreendedores e pelos seus empreendimentos?

4. Não, não concordo com as críticas que normalmente são dirigidas ao PNSE e aos seus serviços. A avaliação que faço do PNSE rege-se por outros critérios, que estão especificamente ligados à função do PNSE, tal como está definida na lei. Por exemplo, o ponto 2 do Artigo 2º do Plano de Ordenamento do Parque Natural da Serra da Estrela (Resolução do Conselho de Ministros nº 83/2009, DR nº 175, Série 1 de 2009-09-09) diz o seguinte:

“2 — Constituem objectivos gerais do POPNSE: a) Assegurar a protecção e a promoção dos valores naturais, paisagísticos e culturais, em especial nas áreas consideradas prioritárias para a conservação da natureza; b) Corresponder aos imperativos de conservação dos habitats naturais, da fauna e da flora selvagens protegidos nos termos do Decreto-Lei n.o 140/99, de 24 de Abril, com a redacção que lhe foi dada pelo Decreto-Lei n.o 49/2005, de 24 de Fevereiro; [...]” Estes objectivos gerais são no ponto 3 do mesmo artigo complementados com objetivos específicos de teor semelhante. Pois bem, entendo que os serviços do PNSE devem ser avaliados, em primeiro lugar, em função da razão da sua criação. E pergunto-me se tem o PNSE assegurado

3. E algumas destas acusações são, no caso específico do PNSE, terrivelmente injustas. Então o PNSE financia e dirige as obras de adaptação de edifícios na Torre e na Lagoa Comprida a funções comerciais, para instalar mais condigna e confortavelmente o comércio que antes se fazia na rua, muitas vezes ao vento e à chuva, e é acusado de não contribuir para o desenvolvimento económico?! Então o PNSE aceita o encargo da recolha do lixo no seu território (função que, de outro modo, incumbiria aos municípios) e isso é “não fazer nada pela minha povoação”?! E a instalação de painéis fotovoltaicos em casas isoladas?! E, caramba, serão estas funções específicas do PNSE?! E quem efetivamente deveria tratar desses

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Um milhão de carvalhos Decorreu nos dias 1, 2, 3 e 4 de Novembro mais uma jornada de trabalho, inserida na campanha “um milhão de carvalhos para a Serra da Estrela”, concretamente, no âmbito do protocolo de cooperação entre a FNAFraternidade Nuno Álvares e a ASE.

Com as condições atmosféricas ideais para a plantação dos carvalhos e menos para os plantadores, as plantas iniciaram os seus dias nas serra com uma boa chuvada, o que os deixa sem razão de queixa sentindo-se assim “obrigados” a crescer e a puxar pelos outros para que, a zona da Albergaria e os demais locais de plantação, sejam motivo de alegria para os milhares de cidadãos que se têm deslocado à Serra da Estrela para dar o seu contributo na reflorestação.

O Parque e nós “a protecção e promoção dos valores ambientais, paisagísticos e culturais” da Serra da Estrela, ou se tem correspondido aos “imperativos de conservação dos habitats naturais, da fauna e da flora selvagens protegidos”. Com toda a franqueza, dados tantos pareceres favoráveis que o PNSE deu e dá a mais e mais asfaltações de estradas “para desenvolver o turismo”, a ampliações de parques de estacionamento ou da estância de esqui, a barragens, linhas de alta tensão ou a parques eólicos, dado o empenho com que promoveu a definição de zonas de caça dada no interior da área protegida, dada a tibieza com com que lida com alguns actores locais irresponsáveis (ou aparentemente

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irresponsabilizáveis, pelo menos), dada a impotência que demonstra em muitas situações em que deveria actuar com firmeza, considero que a resposta à minha pergunta só pode ser não.

As jornadas, desta vez, incidiram não só na acção de plantação mas tambem na mitigação dos efeitos da erosão associados a alguns trilhos menos preparados para aguentar o ambiente da Serra. As imagens dão uma ideia do antes e depois da intervenção. Por agora a água vai ter mais um travão que irá reduzir a sua dinâmica e o consequente

aprofundar da vala, mas a solução vai ter de passar pelo seu enchimento com pedras e assim estabilizar o percurso. O corte de matos para encher a vala permitiu criar áreas de plantação e as plantas passaram a ter uma função sinalizadora do percurso já que foram colocados carvalhos desde a Albergaria até às Candeeirinhas onde, claro, o solo o permitia.

A partir de agora também os caminhantes passam a ter disponível uma fonte de água que foi recuperada durante esta jornada, no cruzamento da vereda da Albergaria com a da Candeeira. Esperemos que se mantenha assim por muitos anos! Pudemos constactar que existem alguns carvalhos na zona das Candeeirinhas com 6 anos de idade e já com mais de 2 metros de altura, muitos vidoeiros a suplantarem as giestas, alguns com mais de 4 metros dealtura e muitos carvalhos a precisarem de se libertar dos matos para crescerem. Uma tarefa a que precisamos de meter ombros antes que outros se antecipem e reduzam tudo a cinzas! J.Maria Saraiva

5. Em resumo, eu também tenho dos serviços do PNSE uma opinião bastante negativa. Mas não é por protegerem de mais o ambiente e a paisagem. É porque considero que os protegem de menos.

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Montanhas de imagens | Luis Mata

Luis Mata Fot贸grafo, Lisboa

Fotografia | Comecei

a fotografar para recordar as viagens que fazia. Quando comprei uma reflex da Canon em 2008, o prazer de fotografar deixou de ser apenas para fixar na mem贸ria determinado lugar.


Portefólio “A Serra da Estrela tem sido um dos locais mais fascinantes para fotografar”

Em 2009, fiz um workshop com o Joel Santos que me mudou a forma de ver e de captar o mundo que me rodeia e que me motivou a melhorar a técnica fotográfica. Sou médico radiologista de profissão, vivo rodeado de imagens, mas a imagem fotográfica funciona como um escape para o desgaste da vida diária. Continuo apaixonado pela fotografia de viagem, da paisagem natural e urbana. Na fotografia sou um autodidata, selecionando informação em livros e na internet. Dos fotógrafos de natureza que mais me influenciaram, para além dos grandes mestres da fotografia de paisagem a preto e branco como Ansel Adams, destaco os britânicos Joe Cornish e David Noton. Os livros de David duChemin e as conversas com o João M. Gil tiveram também um papel importante na evolução da minha visão fotográfica. Tenho participado nalgumas exposições coletivas. Em Portugal, a Serra da Estrela tem sido um dos locais mais fascinantes para fotografar e tento transmitir a sua beleza e as suas mutações ao longo do ano. Imagens de Luis Mata Todos os direitos reservados

Covão D’Ametade

O Vale do Rossim no inverno. A rota das faias, perto de Manteigas

Uma árvore nua no vale glaciar do Zêzere.

As cores do outono perto do Poço do Inferno.

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IMPORTÂNCIA DAS

AVES DE RAPINA

PARA OS ECOSSISTEMAS Luís Moreno Fauna | Em Portugal ocorrem várias espécies de aves de rapina, diurnas e nocturnas, dividindo-se as primeiras em Accipitrídeos (águias, milhafres, tartaranhões, abutres, gaviões e açores), Falconídeos (falcões) e Pandionidae (aguia pesqueira). As nocturnas estão divididas em Titonideos (coruja das torres) e Estrigídeos (bufos, mochos e corujas), existindo ainda dentro destas as migratórias e as autóctones. Estas aves sempre despertaram a admiração do homem, sendo lembradas desde tempos remotos da antiguidade como símbolos de força, nobreza, agilidade, independência e perfeição. Este tipo de aves é fundamental no equilíbrio dos ecossistemas. São predadores de topo, eliminam insectos e animais nocivos ao homem, presas velhas, doentes e feridas, que não conseguem sobreviver, criando assim estabilidade no ciclo das espécies. Além disso, as aves de rapina não matam por crueldade mas seguem as leis invisíveis da natureza, caçando para se alimentarem e regulando assim a vida dos ecossistemas por mais sensíveis que sejam. Cada tipo de ave tem a selecção de presas tão bem definida e a sua evolução no sentido de as caçar que nenhuma espécie interfere ou se substitui na cadeia alimentar. As diurnas como é o caso do Falcão Peregrino (Falco peregrinus), evoluiu de forma a alcançar grandes velocidades em voo picado podendo atingir mais de 300km/h. As aves em fuga morrem muitas vezes na consequência do enorme golpe desferido.


Fauna Luis Moreno

O Milhafre-preto (Milvus migrans), por outro lado, tornou-se numa ave oportunista, alimentando-se muitas vezes em lixeiras e de pequenos animais que encontra mortos, como peixes ou coelhos. As nocturnas por exemplo, evoluíram para caçar ao crepúsculo e á noite, estão perfeitamente dotadas para esse género de vida, como é o caso da Coruja das torres (Tyto alba), e do Mocho-galego (Athene noctua), para tal estão capacitadas de visão nocturna consequência do elevado número de células fotossensíveis da sua retina que lhes aumenta a luminosidade. A audição destas aves é também extraordinariamente sensível, conseguem detectar um rato a caminhar a grande distância, além do mais as suas penas de voo são muito suaves e o bordo externo das rémiges são dentados com barbas para amortecer as correntes de ar, permitindo-lhes voar silenciosamente. Todas as aves de rapina alimentam-se de carne, mas nem todas evoluíram para matar, já que os abutres sobrevoam nos céus a planar em permanência aproveitando as correntes térmicas ascendentes para encontrar animais mortos, como ovelhas e mesmo javalis, que desventram graças ao seu forte bico, limpando assim as carcaças expostas ao abandono. Em Portugal ainda que em pequeno número também ocorre a Águiapesqueira (Pandion haliaetus) que evoluiu e se especializou na pesca, quer seja em água salgada como em água doce. Esta avista o peixe e precipita-se na água com as garras em riste.

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ASSOCIAÇÃO CULTURAL AMIGOS DA SERRA DA ESTRELA

Todas as aves de rapina, sejam nocturnas ou diurnas, têm em comum o bico e garras fortes, que utilizam para matar e desventrar as presas de que se alimentam. Estas aves podem ser vistas a nidificar consoante a espécie e o habitat, no solo, nas árvores ou nas rochas. Apesar de todo o equilíbrio que estas magníficas aves representam para os ecossistemas, os seres humanos continuam a atentar contra a sua existência, já que por muitos, são vistas como rivais na caça, não se apercebendo que estas além de comerem animais doentes e velhos também eliminam outros predadores como raposas, sacarabos entre outros, que muitas vezes destroem invadem território humano para se alimentarem de galinhas e outros anomais domésticos. Temos o exemplo do Bufo-real (Bubo-bubo), que é o maior predador de outras aves de rapina. É necessário uma mudança de opinião e sobretudo de mentalidade sobre estas aves, e pensar que de uma forma geral elas necessitam da nossa protecção e não do nosso ódio.

A minha primeira experiência com uma ave de rapina

São predadores de topo, eliminam insectos e animais nocivos ao homem, presas velhas, doentes e feridas, que não conseguem sobreviver, criando assim estabilidade no ciclo das espécies.

Em Agosto de 1994 tendo eu 13 anos tive a minha primeira experiencia com uma ave de rapina, já por esta altura sentia uma enorme paixão e admiração por aves, mas pouco entendia de aves de rapina, o que aconteceu nessa linda manhã veio mudar para sempre a minha vida, já que hoje em dia sou falcoeiro de profissão. Todos os anos no Verão ia passar uns dias numa casa no campo em pleno baixo Alentejo perto da fronteira com Espanha, junto com os meus pais. Uma dessas manhãs fui dar um passeio por entre os vales e montados de azinho com o meu cão arraçado de podengo pequeno,

Este tipo de aves é fundamental no equilíbrio dos ecossistemas. sempre no rastro dos coelhos e eu por outro lado a olhar para as árvores e para o céu no intuito de observar fosse que ave fosse. Depois de algum tempo de caminhada, estando eu afastado uns 30 metros do cão olhou para o céu e a uns 150 a 200 metros de altura vejo algo a descer a grande velocidade, como se fosse uma pedra a cair, quando se aproximou mais consegui ver que se tratava de uma grande águia em voo picado e sempre a vir na minha direcção, a aguia passou por entre as azinheiras e nisto, ouço o cachorro a ganir, fui a correr na sua direcção e ai estava a grande aguia a agarrar o pequeno cão. Ao verme tão perto a aguia assustou-se e voou deixando o animal no chão para meu alivio. Tudo se passou muito rápido, em questão de segundos, mas aquele grande momento de natureza selvagem perdurou até aos dias de hoje na minha memória, tal foi o meu fascineo. Sei que pode parecer um pouco cruel, porque o cão foi a vítima, mas todas as manhas seguintes fiz o mesmo percurso na esperança de ver de novo a grande águia. Mas ao fim de tantos anos que nunca mais vi uma águia tão grande a vaguear por estes campos. Hoje em dia sei que se tratava de um juvenil de águia-real (Aquila chrysaetos), a grande rainha dos nossos céus, provavelmente um macho de passagem procurando novos locais onde se estabelecer. Luis Moreno Falcoeiro - FalconFinis

ZIMBRO - EDIÇÃO DE 2012


Grande rota do Zêzere A ideia anunciada pela ASE no dia 11 de Dezembro de 2007, em Cambas, Oleiros, aos municípios que fazem parte da bacia hidrográfica do rio Zêzere, para a criação de um percurso “Da Nascente à Foz”, denominado GRZ – Grande rota do Zêzere, está agora na fase de iniciação dos trabalhos.

V edição do maior encontro de montanha do país

A ocupação do solo na bacia reparte-se por 25,9% de área agrícolas, 72,1% de áreas florestais e semi-naturais, 1% de áreas artificiais e 1% de meios aquáticos e planos de água.

Ao longo do seu percurso 32 localidades são banhadas pelas águas do rio O projecto, co-financiado pelo PROV- Zêzere, possuindo um classificado pela ERE das ALDEIAS DO XISTO, envolve UNESCO, os “Meandros do rio Zêzere”. 10 municípios e tem já obras adjudicadas, cabendo a liderança do processo à Câ- Para desfrutar das espectaculares paisagens mara Municipal de Figueiró dos Vinhos. que o percurso do rio, sinuoso, torna possível, o projecto contempla também, algumas Tanto quanto nos foi dado saber, apenas os estações intermodais, possibilitando aos fumunicípios do Fundão, Covilhã e Manteigas, turos caminhantes a opção de realizar algumas ainda não lançaram os concursos para dar partes do percurso por canoa/barco e bicicleta. sequência à continuidade do projecto comum, o que poderá acontecer em breve, pos- A ASE, sempre convidada a participar em sivelmente com adjudicações individuais. todas as reuniões preparatórias para a elaboração do projecto, nunca teve dúvidas quanAs obras incluídas nesta fase do processo, to à sua concretização. Se dúvidas houvesse, referem-se à limpeza, abertura, sinalização, ficaram solvidas logo no primeiro enconconstrução de atravessamentos de linhas de tro, pela reacção dos convidados da ASE. água (pontões), estações intermodais, estruturas de segurança e respectivas instalações. Estamos em crer que estará já a ser pensada uma maneira de dar aos caminhantes que Esta rota, a primeira a ser construída em venham a realizar a rota um documento Portugal com 358,5 quilómetros de exten- que ateste a passagem por todo o percurso. são, irá ligar a nascente do rio Zêzere, lo- Foram pensadas alternativas por terra e por calizada 300 metros a NNE do Malhão da água, através das estações intermodais. LemEstrela a 1.976 m de altitude, no concelho bramos da possibilidade de mais uma, que de Manteigas e a Foz junto à vila de Con- não necessita de qualquer tipo de investistância a 26 m de altitude. Com um desnív- mento e que apenas carece de ser estudada el de 1.950 m e uma extensão de 214 kms, pelo município de Manteigas, a possibilidade a sua bacia hidrográfica abrange uma área de o fazer também por via aérea, através de de 5.043 km2, o que lhe garante volumes de parapente ou asa-delta. Deixamos a sugestão! água, por vezes superiores a 10.000 m3/s! Uma notável riqueza para o país, nem sempre tratada com o respeito que lhe é devido.

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ASESTRELA 2012

ASSOCIAÇÃO CULTURAL AMIGOS DA SERRA DA ESTRELA

O “ASESTRELA 2012 – Encontro com a Montanha”, realizou-se de 17 a 20 de Fevereiro! Esta foi a 4ª edição do encontro invernal de montanha, organizada pela ASE – Associação Cultural dos Amigos da Serra da Estrela, onde se defende os interesses da Serra e das populações locais, a promoção do uso sustentável dos seus recursos e o respeito pela sua identidade cultural. Trata-se de um encontro invernal no Covão d’Ametade aos 1.420 metros de altitude, aberto a montanhistas e a todos os que sabem e querem apreciar o que a Serra tem de melhor. Foram levadas a cabo várias actividades de montanha, um desafio fotográfico e o tradicional “fogo de campo”, um momento de convívio, reflexão e discussão de temas relacionados com a Serra da Estrela e as actividades de Montanha.

Desafio fotográfico Resultados no tema “Luta de Titãs”: Apraz-nos publicar os resultados do Desafio Fotográfico de 2012. O Júri dá os parabéns aos premiados e faz votos de sempre melhores fotografias e de muito boas atividades na Montanha, sempre em respeito pelas boas práticas! 1º Prémio: O Júri considera não ter havido fotografias merecedoras de reconhecimento de valor suficientes para receber este prémio 2º Prémio: Fotografia “CantaroMagro 17h30 19Fev” de Pedro Janeirinho

Foto de Pedro Janeirinho, Segundo classificado

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ASE

30 ANOS A DEFENDER E A PROMOVER OS VALORES NATURAIS, CULTURAIS E PATRIMONIAIS DA

SERRA DA ESTRELA

Observar para preservar www.geobserver.org


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