Edição de 20/02/2013

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10 Gazeta do Oeste

Mossoró, quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Gerais Governo amplia Bolsa Família para tirar mais 2,5 milhões de pessoas da miséria

SP é a capital onde jovens são menos vulneráveis à violência ABR

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presidente Dilma Rousseff anunciou ontem (19) a complementação do programa Bolsa Família para incluir 2,5 milhões de beneficiários,que ainda permaneciam em situação de extrema pobreza, a partir de março deste ano. Com a ampliação do plano Brasil Sem Miséria, o governo federal pretende tirar um total de 22 milhões de pessoas da extrema pobreza. Os recursos para a medida somam R$ 733 milhões. Segundo critério adotado pelo governo federal, os brasileiros que vivem com renda mensal abaixo de R$ 70,00 estão na linha da extrema pobreza. Já a renda considerada pelo governo para a linha da pobreza é de R$ 70,00 até R$ 140,00 mensais. Para alcançar essas 2,5 milhões de pessoas,que,segundo cálculos do Ministério do Desenvolvimento Social,correspondem a 700 mil famílias miseráveis ainda não estão cadastradas, numa média de 3,6 pessoas por família, o governo vai investir na busca por essas pessoas para que sejam contempladas em programas sociais como o Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida e Luz para Todos. "Não estamos dizendo aqui que não haja nenhum brasileiro ou brasileira extremamente pobre. Infelizmente ainda existem, é necessário encontrá-los e incluí-los para que recebam o beneficio que têm direito. Por isso, a gente fala em

Presidente Dilma Rousseff anunciou a ampliação do programa Bolsa Família

busca ativa, o Estado deve ir atrás, não deve esperar que esses brasileiros batam à nossa porta para que nós os encontremos", afirmou. Até agora, o plano fez com que 19,5 milhões de pessoas miseráveis inscritas no Cadastro Único no início de 2011 saíssem da miséria. O Cadastro Único reúne informações obtidas pelas prefeituras dos mais de 5,5 mil municípios do país, que são responsáveis pela localização dos pobres e pelo preenchimento dos formulários que alimentam o sistema do governo federal. A medida, antecipada pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), foi anunciada em cerimônia no Planalto. "O Brasil Sem Miséria é hoje o plano social mais focado, mais am-

plo e mais moderno no mundo. Ele segue cada vez mais vigoroso,produzindo resultados através de seus eixos,de garantia de renda, de inclusão produtiva e de acesso aos serviços públicos", declarou Dilma. Dilma também afirmou que o modelo de desenvolvimento do Brasil não é compreendido por correntes conservadoras que "quase empurram o mundo para o abismo da crise financeira". "Não estamos apenas conseguindo superar a miséria no nosso país, como exportando para o mundo uma tecnologia social capaz de enfrentar a fome, de combater a miséria e de diminuir a desigualdade.Um fato que nos distingue hoje no mundo e nos diferencia entre as nações", afirmou. A erradicação da pobre-

za extrema no Brasil é uma promessa eleitoral da presidente e, caso seja efetivamente alcançada, deve ser um dos motes da sua campanha à reeleição em 2014. A presidente fez questão de ressaltar a importância do programa Bolsa Família, criado no governo Lula e aperfeiçoado ao longo dos últimos 10 anos. "Só pode celebrar um feito dessa magnitude um país que teve a capacidade e a competência anterior de construir a tecnologia social mais avançada do mundo. Um país só pode tirar 36 milhões de pessoas da miséria com um programa como o bolsa família quando tem capacidade técnica, qualidade de gestão, honestidade moral e coragem política para realizar um feito dessa magnitude", disse. (Com Valor)

Delegado que investigou o caso Gil Rugai diz que desvio de dinheiro evidencia culpa O delegado que investigou a morte de Luiz Carlos Rugai e Alessandra Troitino em março de 2004, Rodolfo Chiareli, disse em depoimento ontem (19) que nenhum outro caminho surgiu nas investigações que desvinculasse Gil Rugai da autoria do crime. Chiareli começou a depor às 13h30, no Fórum Criminal da Barra Funda, zona oeste de São Paulo, até o juiz determinar um intervalo, por volta das 15h, para que a defesa começasse a fazer perguntas. De acordo com o delegado, a principal evidência encontrada foi o desvio de dinheiro da empresa Referência Filmes, de propriedade de Luiz Rugai, relatado por diversas testemunhas. "Não tenho nenhuma dúvida de que Gil Rugai é o autor deste crime", disse o delegado. Indagado pelo promotor sobre a condução de outras investigações du-

rante o inquérito da morte do pai e da madastra de Gil Rugai, o policial resumiu: "a grande maioria dos trabalhos, --que Chiareli presidia na época-- foi suspensa; a equipe inteira ficou neste caso. Todos os dias colhíamos depoimentos, foram três ou quatro meses para colocar tudo em ordem". O depoimento do delegado é aguardado desde o início do júri como um dos mais longos da semana. Foi também, até agora, o que rendeu a maior participação da acusação nas perguntas, a ponto de o juiz determinar um intervalo antes das perguntas da defesa. "Independente do sucesso, é muito grande a admiração pelo seu trabalho. Sua segurança me gera um estímulo muito grande para continuar", declarou o promotor Rogério Zagallo ao delegado. Em entrevista à imprensa no intervalo do julgamen-

to, a defesa do réu insinuou que existem outras linhas de investigação que não foram apuradas pela polícia. Os advogados do exseminarista insinuaram hoje, durante o depoimento de Alberto Bazaia Neto, instrutor de voo de Luiz Rugai, que seu assassinato teria associação com o narcotráfico. Bazaia Neto afirmou que o pai do rapaz havia dito na quarta-feira, quatro dias antes do crime, que Gil Rugai teria confessado desviar dinheiro da empresa do pai, e que por causa disso foi expulso de casa. GIL TERIA MALA DE FUGA Umas das provas contra Gil Rugai apresentada pela acusação foi uma arma encontrada, um ano e meio após o crime, no poço de armazenamento de água da chuva do prédio onde o réu tinha uma agência de publicidade.

De acordo com Chiareli, a pistola calibre 380 encontrada era idêntica à citada por Rudi Otto, um sócio do réu. Otto disse à polícia que Gil possuía o que chamava de "mala de fuga", com ácido, veneno, roupa e uma pistola preta. Segundo o delegado, o próprio jovem desconfiava do réu após a notícia do duplo homicídio, e na segunda-feira seguinte ao crime foi procurar a arma no mesmo lugar, na agência deles, e não a localizou. Ainda conforme o policial, durante as investigações, a mãe de Gil Rugai apresentou à polícia duas armas de brinquedo que seriam do filho. "Mostramos estas armas ao Rudi e a um amigo deles que também tinha visto a arma na agência, mas Rudi disse ter pego a arma de Gil nas mãos anteriormente, e que não eram as mesmas".

O Fórum Brasileiro de Segurança Pública, ONG que analisa o panorama das políticas de combate à violência no Brasil, divulgou ontem (19) o Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência (IVJ-Violência), que aponta que o Rio de Janeiro é a capital brasileira que mais reduziu a vulnerabilidade juvenil à violência, enquanto São Paulo é a capital onde os jovens são, proporcionalmente,menos vulneráveis. Foram analisados todos os municípios do Brasil que, de acordo com o Censo Demográfico de 2010, possuíam mais de 100 mil habitantes,totalizando 283 cidades. O Estado de São Paulo detém sete das dez melhores cidades do ranking -Araraquara (274°), São Carlos (277°), Limeira (278°), Americana (279°), Birigui (280°), Valinhos (281°) e São Caetano do Sul (282°). Já a Bahia abriga cinco dos dez municípios com maior índice, inclusive a primeira cidade do ranking, Eunápolis. As demais são: Porto Seguro, Paulo Afonso, Lauro de Freitas e Teixeira de Freitas. A capital brasileira cujos jovens estão mais expostos à violência é Maceió (AL), que ocupa a 12ª posição. A cidade menos vulnerável à violência juvenil no país é Pouso Alegre, em Minas Gerais. O Rio,que em 2007 ocupava o quinto lugar nas capitais com mais vulnerabilidade, avançou 153 colocações,passando para a posição 193 e marcando 0,471 ponto. Palmas (102° cidade mais vulnerável),Rio Bran-

co (97°), Cuiabá (75°), Macapá (56°), Porto Alegre (53º) e Maceió (12°) foram as capitais que pioraram no ranking,sendo que Maceió por conta de um problemático indicador de mortalidade por homicídios, é hoje a capital brasileira mais vulnerável à violência. O índice considerou as taxas de violência a que os jovens de 12 a 29 anos de idade estão expostos:homicídios e mortalidade no trânsito,pobreza,desigualdade socioeconômica, frequência dos jovens nas escolas e o acesso ao mercado de trabalho. "Consideramos que,nacionalmente, houve uma importante melhora do IVJ-Violência, possivelmente como resultado das políticas de maior proteção e inserção social dos jovens", disse Samira Bueno, secretária-executiva do Fórum e responsável técnica pelo índice,ressaltando,porém,que ainda há muito espaço para evoluir. O índice é medido em uma escala que varia de 0 (melhor resultado possível) a 1 (pior resultado possível) e classifica em primeiro lugar as cidades mais vulneráveis à violência. Funciona, portanto, como um "ranking inverso",no qual a pontuação mais elevada representa maior vulnerabilidade do município. Ele foi desenvolvido a partir do Índice de Vulnerabilidade Juvenil, da Fundação Seade, de São Paulo, e incorpora em sua dimensão que mede homicídios e acidentes de trânsito a metodologia do Índice de Homicídios de Adolescentes,criada pelo Laboratório de Análise da Violência da UERJ.

Escândalo da carne de cavalo respinga em frigorífico no Brasil A fraude no comércio de carnes na Europa atingiu anteontem a brasileira JBS, maior processadora de carne bovina do mundo. A gigante de alimentos suíça Nestlé disse ter encontrado, por meio de exames de DNA, carne de cavalo em produtos que haviam sido adquiridos da subsidiária da JBS na Bélgica, a JBS Toledo. Os alimentos processados, no entanto, foram produzidos pela alemã H.J.Schypke, contratada pela JBS para atender à Nestlé, que retirou massas produzidas com carne de cavalo de prateleiras na Itália e na Espanha. Segundo a JBS, a Nestlé sabia que a carne partia da Schypke, que enviava o produto diretamente à Suíça. A JBS informou que cancelou contrato com a

alemã e que o abastecimento à Nestlé, a partir de agora, será feito por unidades da própria companhia fora da Europa. BRASIL O Brasil possui um abatedouro de cavalo, mas exporta toda a sua produção. Em 2012, os embarques atingiram 2,4 mil toneladas, o equivalente a US$ 6,8 milhões. A Bélgica foi o principal destino, com 64% do total. Apesar de ser produzida para exportação, o Ministério da Agricultura diz que não há risco de a carne de cavalo ser misturada à bovina no Brasil. Para ser processada, qualquer carne precisa ter comprovação de origem, dada por meio do SIF (Serviço Federal de Inspeção).


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