Purgatório- em Prosa

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espírito.” Como diferem essas passagens daquelas do Inferno! Aqui se entra com cantos e lá com lamentos ferozes. Enquanto subíamos por aqueles degraus sagrados, eu já me sentia mais leve, até mais do que quando eu estava no chão plano. — Mestre — perguntei — dize-me, que peso me foi levado? Me sinto tão leve que nem fadiga impediria minha subida. — Quando os “P” que restam em sua testa forem apagados como o primeiro — respondeu —, teus pés se moverão sem esforço algum. Não sentirão mais o peso do cansaço, mas terão vontade de subir mais. E então eu fiz algo que qualquer um faria. Levei minha mão até a testa e com os dedos senti apenas as seis letras que restavam. Me observando, o mestre sorriu.

Purgatório 39


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