437 - MANUAL DE ECONOMIA2

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Em terceiro lugar, é necessário compreender como se relaciona a balança de pagamentos com as contas nacionais, analisadas na seção de macroeconomia. É preciso lembrar que, quando medimos o Produto Nacional de uma nação, estamos medindo a produção corrente de bens e serviços. Assim, a venda de uma casa produzida há dois anos não entra no cômputo do produto. Analogamente, em relação à balança de pagamentos, não são incluídos os itens que se referem à produção de bens e serviços ou de renda relativa a períodos anteriores. Só deve ser incluída a produção corrente de bens e serviços exportados. Se uma firma estrangeira, por exemplo, transfere seu capital, isto é, suas máquinas para o Brasil, esta operação não deve ser considerada no PNB, pois se trata da produção de anos passados. Se o Brasil contrai empréstimos, estes não devem ser incluídos no PNB, pois não se trata de produção. Em conclusão: só devem ser incluídas no cômputo do PNB as transações correntes e não as transações de capital, já que o PNB mede o Produto Corrente de uma nação. Formalmente, o PNB é definido como: PNB = C + 1 + G + X - M isto é, o montante de bens consumidos, mais o montante de investimentos, mais as despesas governamentais, mais as exportações e menos as importações, já que estas não são produzidas no Brasil. A diferença de X - M é exatamente o saldo positivo ou negativo da balança de transações correntes. Agora pode-se dar uma nova explicação para o significado do saldo negativo na balança de transações correntes. A condição de equilíbrio em macroeconomia é: Demanda Agregada = RN ou C+I+G+X-M=C+S+T onde S é a poupança agregada, e T o nível de arrecadação do governo. Cortando C, vem: I + G + X - M = S + T ou 1 = S + (T - G) + (M - X) M - X é o saldo negativo da balança de transações correntes que se soma à poupança interna (privada e pública), permitindo, portanto, um investimento maior. Muitos países subdesenvolvidos apresentam saldo negativo na balança de transações correntes. Normalmente, estes países têm um volume de poupanças pequeno, já que sua renda é pequena, e complementam esta poupança interna por meio de um saldo negativo na balança de transações correntes. Isto não significa que este saldo negativo seja sempre favorável ao país subdesenvolvido; se o saldo negativo for compensado pela entrada de capitais estrangeiros que venham montar firmas no Brasil, mais tarde serão remetidos os lucros destas firmas. Isto não constitui um problema muito grave na balança de pagamentos, pois, se houver escassez de divisas para a remessa dos lucros, quem pagará taxas de câmbio mais elevadas serão as próprias firmas. Se o saldo negativo for coberto por empréstimos, a situação pode ser mais prejudicial, pois os juros deste empréstimo podem se tornar elevados, agravando num período posterior a situação da balança de transações correntes. Se a situação da balança de transações correntes for muito delicada, podem ser contraídos empréstimos a juros muito altos, e prazos muito curtos, o que fatalmente agravará a situação no ano seguinte.

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