Trabalho Médico Nº 14 - Outubro/2012

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Saúde do Médico

Burnout, a síndrome do esgotamento profissional Denise Teixeira

N

ada em exagero faz bem ao corpo e a mente. O trabalho em excesso, principalmente, pode causar danos irreparáveis à saúde. A situação se torna ainda mais séria se, além de trabalhar sem parar, você quiser ser sempre o melhor em tudo, ter necessidade de demonstrar alto grau de desempenho, cobrar-se demasiadamente e dedicar praticamente todo o tempo do seu dia à atividade profissional. Se você se encaixa no quadro descrito no parágrafo anterior, cuide-se enquanto é tempo, pois pode ter sido acometido pela síndrome de Burnout, também conhecida como Síndrome do Esgotamento Profissional. Médicos, enfermeiros, professores, jornalistas, policiais, bombeiros e controladores de tráfego aéreo são alguns dos profissionais mais propensos a adquirir a síndrome de Burnout, que foi descoberta em 1970 pelo psicanalista norte americano Herbert Freudenberger, primeira pessoa a ser atingida por esse mal, “que acomete mais frequentemente profissionais que mantêm uma relação constante e direta com outras pessoas, em especial quando a atividade é considerada de ajuda, como a dos médicos”. Segundo estudo publicado no jornal acadêmico Psychological Reports, “os médicos têm a proporção mais elevada de casos de Burnout. A pesquisa constatou que 40% dos entrevistados apresentavam altos níveis da doença. De acordo com cientistas que analisam a síndrome, um dos problemas mais frequentes nos pacientes é que “eles medem a auto-estima pela capacidade de realização e sucesso profissional. O que tem início com satisfação e prazer, termina quando o desempenho não é reconhecido. Nesse estágio, necessidade de se afirmar e o desejo de realização profissional se transformam em obstinação e compulsão”.

nout com estresse, pois “Burnout envolve atitudes e condutas negativas com relação aos usuários, clientes, organização e trabalho, enquanto o estresse aparece mais como um esgotamento pessoal com interferência na vida do paciente e não necessariamente na sua relação com o trabalho”.

Hospitais públicos

A categoria médica é uma das mais atingidas pela síndrome de Burnout

Sintomas Dor de cabeça, insônia, depressão, tontura, falta de ar, oscilação de humor, comportamento agressivo, esgotamento físico e emocional, falta de concentração, tremores e problemas no aparelho digestivo são alguns sintomas da síndrome de Burnout. Cientistas suíços constataram que há dificuldade em estabelecer uma diferença entre a síndrome de Burnout e outras doenças, pois se manifesta de forma muito variada. Já foram descritos cerca de 130 sintomas. “Uma pessoa apresenta dores estomacais crônicas, outra reage com sinais depressivos; a terceira desenvolve um transtorno de ansiedade de forma explícita”, disse o professor de psicologia do comportamento Manfred Schedlowski, do Instituto Superior de Tecnologia de Zurique.

Burnout e estresse Os pesquisadores da doença defendem que não se deve confundir Bur-

Um estudo realizado em hospitais públicos da cidade de Corrientes, na Argentina, comandado pelos pesquisadores Adriana María Alvarez, María Lourdes Arce, Alejandra Elizabet Barrios e Antonio Rafael Sánchez de Coll, no qual foram entrevistados 80 médicos, sendo 42 do sexo feminino e 38 do sexo masculino, entre 25 e 50 anos, constatou que a síndrome de Burnout predominou no sexo feminino, com um total de 22 profissionais classificadas na categoria cansaço emocional. Com relação à idade, o grupo que se encontrava na faixa dos 25 aos 34 anos foi o mais afetado, com um total de 36 profissionais (45%) . Quanto à situação conjugal, os mais atingidos foram os que se encontravam em união estável, na variável cansaço emocional, totalizando 16 dos médicos entrevistados (20%). Em se tratando de tempo de exercício profissional, os que tinham menos de 10 anos de atividade foram os que apresentaram maior índice da síndrome, com um total de 37 (46,25%).

Tratamento Há diversas formas de tratamento para a síndrome de Burnout. Entre elas, a psicoterapia, terapia de grupo, o uso de antidepressivos, a prática de atividades físicas regularmente, e os exercícios de relaxamento, como a yoga, por exemplo.n

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