Revista VIVA! Porto - edição dezembro 2018

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Revista gratuita trimestral, dezembro 2018 Diretor: José Alberto Magalhães

U.PORTO Cultura ganha nova vida

MÁRCIA LIMA “O teatro é para o povo”

LUCIANA Abreu

O segredo da autenticidade Sem ideias para a ementa Sem ideias de Natal? para a ementa de Natal? saiba mais no interior.

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E D I T O R I A L

Paulo Cunha e Silva Por onde passava deixava marca. Já tinha sido assim na Faculdade de Medicina (excelente aluno, era conhecido como o Paulo dos vintes...), depois em Serralves, no Porto 2001 e na vereação da Cultura da Câmara do Porto, entre muitos outros cargos de destaque. O “Fórum do Futuro”, que programou para a cidade do Porto, continua hoje como uma prova viva da qualidade do seu pensamento. Ele não inventou as “pontes”, mas teve o mérito de saber pô-las a mexer. Para ele, a arte era para todos. Bom apostador de talentos era o primeiro a acreditar nas pessoas, conciliando vontades com orçamentos quase sempre muito apertados. Só não foi ministro da Cultura porque a morte, inesperadamente, o levou. Viver depressa, mobilizar pessoas de diferentes áreas, fazer as coisas acontecerem e marcar a agenda cultural e mediática. Era este o programa de vida e de ação de Paulo Cunha e Silva. Possuía uma capacidade invulgar de colocar em rede, de forma criativa, pessoas, objetos, lugares e situações. Tinha uma personalidade forte, de sólidas convicções e com uma tendência natural para o diálogo. Nos dois anos em que esteve à frente da vereação, cargo para que foi convidado por Rui Moreira, o Porto conheceu um renascimento cultural: quer com os muitos projetos que lançou, quer no intenso trabalho em rede com múltiplos agentes e espaços culturais da cidade. Entre as suas realizações, esteve também a devolução à cidade do Teatro Rivoli, local onde decorreram as cerimónias fúnebres após a sua inesperada morte em 2015, aos 53 anos, vítima de um enfarte do miocárdio agudo. Responsável pelas áreas do Pensamento, Ciência, Literatura e Projetos Transversais no âmbito do “Porto 2001 Capital Europeia da Cultura”, colunista residente do Diário de Notícias, comentador residente do programa televisivo Choque Ideológico na RTPN, diretor do Instituto das Artes do Ministério da Cultura, conse-

lheiro cultural da Embaixada de Portugal em Roma, coordenador científico dos Estudos Contemporâneos da Fundação de Serralves, Paulo Cunha e Silva vai ser homenageado pela Universidade do Porto (U.Porto), ao longo de 2019, através de um ciclo de conferências e da publicação de artigos científicos inéditos. A U.Porto quer mobilizar toda a comunidade académica para este tributo ao legado da obra do médico, pensador e professor catedrático e atrair, também, iniciativas espontâneas dos cidadãos. A Universidade do Porto junta-se, assim, à Câmara do Porto – que em 2016 atribuiu a Paulo Cunha e Silva, a título póstumo a Medalha de Ouro da cidade e criou o Prémio Paulo Cunha e Silva, que visa produzir e apoiar a exposição inédita de um artista - na homenagem a uma figura que mudou para sempre a forma como os portuenses olham e absorvem a cultura. Mais recentemente, em junho último, a autarquia lançou o livro “751 Dias - O Tempo Não Consome a Eternidade”, uma obra que perdurará na memória de todos que, direta ou indiretamente, foram tocados pela sua genialidade. Na ocasião Rui Moreira lembrou que o seu antigo braço direito para a Cultura, o amigo ou simplesmente “o Paulo” deixou uma cidade “diferente e que tem a obrigação de assim continuar”. Não sei que opinião teria Paulo Cunha e Silva sobre a relevância das touradas e qual o IVA que deveria ser aplicado aquele tipo de espetáculos. Profundo homem da cultura, Paulo era frontal, corajoso, resiliente, competente e determinado. E incansável... Autor de belas faenas (culturais) ao longo da sua vida, foi um homem que pegou os touros (leia-se cultura) pelos cornos... Deixou imensas saudades e um vazio difícil de preencher...

José Alberto Magalhães Diretor de Informação


Campanha vรกlida de 13 de Novembro a 31 de Dezembro de 2018, em Portugal continental. Salvo ruptura de stock ou erro tipogrรกfico.

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S U M Á R I O

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PERFIL LUCIANA ABREU

FIGURA DÉBORA SÁ

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SONS JAFUMEGA

HÁ 20 ANOS TELEVISÃO

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MISERICÓRDIA HABITAÇÃO

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R EQ UA L I F I CAÇÃO E S C A R PA DA SERRA DO PILAR

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DESCOBRIR LOJAS HISTÓRICAS DO PORTO

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A T R AV É S D O S TEMPOS NATAL


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ÍNDICE Revista gratuita trimestral, dezembro 2018

0 03 E D ITO RIAL 02 2 E N OTECA 024 U.P O RTO 036 P O RTGÁ S 050 W E RA STO R E 052 CO M ES & BEB ES 062 ROSA M OTA 066 M O M E N TOS 070 P O RTO CAN A L

FICHA TÉCNICA Propriedade de: ADVICE - Comunicação e Imagem Unipessoal, Lda. Sede: Rua do Almada, 152 - 2.º - 4050-031 Porto NIPC: 504245732 Tel: 22 339 47 50 - Fax: 22 339 47 54 advice@viva-porto.pt adviceredacao@viva-porto.pt www.viva-porto.pt Diretor Eduardo Pinto Diretor de Informação José Alberto Magalhães Redação Irene Mónica Leite Fotografia Inez Cortez Sérgio Magalhães Marketing e Publicidade Eduardo João Pinto advicecomercial@viva-porto.pt Célia Teixeira

078 M ÁRCIA LIMA

Produção Gráfica Diogo Oliveira

088 P O RTO F Ó LI O

Impressão, Acabamentos e Embalagem Multiponto, S.A. R.D. João IV, 691-700 4000-299 Porto

09 0 M E TRO P O LI S – M ATOS I N H OS

Distribuição Mediapost

094 M E TRO P O L I S – SA N TO T I RSO

Tiragem Global 120.000 exemplares

096 M E TRO P O L I S – PA RA N H OS 0 98 HU M O R

Registado no ERC com o nº 124969 Depósito Legal nº 250158/06 Direitos reservados Estatuto editorial disponível em www.viva-porto.pt Lei 78/2015

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O segredo da autenticidade


LU C I A N A A B R EU

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Após uma gravidez de risco, e o nascimento recente das gémeas, Luciana Abreu reforçou os seus votos de fé, através de outro grande amor, a música. Numa conversa com a VIVA!, em que passou em revista todo o seu percurso profissional, Luciana explicou-nos o seu ‘segredo’: a autenticidade. Texto: Irene Mónica Leite Fotos: Cedidas por Luciana Abreu

Luciana Abreu é uma atriz, apre- cida do grande público. Nesse de autógrafos. sentadora e cantora portuguesa concurso interpretou diversos O seu papel foi um enorme sude renome, que atravessa, aos 33 temas como ‘Fallin’ (Alicia Keys), cesso e, atualmente, ainda é reanos, uma grande fase na sua ‘Povo que Lavas no Rio’ (Amália conhecida por essa personagem. carreira. Sucesso é a palavra de Rodrigues - Pedro Homem de “A Floribella será eternamente um ordem. Mello, Joaquim Campos), ‘Run fenómeno que todos vivemos. É uma artista multifacetada. to You’ (Whitney Houston), ‘I Estará sempre no meu coração”, “Abraço as fusões, a união, as Will Survive’ (Gloria Gaynor) e frisou Luciana Abreu. relações multicores, não fosse ‘Sympathy for the Devil’ (The Com o olhar de menina a que eu uma descendente de sangue Rolling Stones). sempre nos habituou, Luciana africano e brasileiro”, revelou. Ainda em 2005 viria a representar atravessa uma nova fase na sua Cantar, dançar, representar ou Portugal no Festival Eurovisão carreira. Abraçou com toda a paiapresentar. “Há alguma área que da Canção, em Kiev, com a can- xão e entrega o gospel, e promete tenha mais importância no seu ção ‘Amar’, em conjunto com levar essa força para fora do país, percurso profissional?”, pergun- Rui Drummond no duo 2B. A nomeadamente ao Brasil. tamos. “Todas elas tiveram um canção era da autoria de Ernesto A artista define o projeto “Lupapel fundamental na minha Leite, Zé da Ponte e Alexandre ciana Abreu Gospel” como uma vida. Apesar do meu talento nato, Honrado. “gratidão” em relação ao “mie de ser, de facto, uma autodida- Em 2006 foi convidada para lagre” que experienciou. Após ta, todas contribuíram para a protagonizar a novela da SIC, uma gravidez de risco, as filhas diferença que faço sempre que Floribella. Deste projeto foram Amoor e Valentine nasceram piso um palco pelo mundo fora”, lançados três CDs, em que a saudáveis e com uma história garantiu. maioria das músicas são canta- feliz para contar. A estreia de Luciana aconteceu das por Luciana. Foram ainda Luciana sente que aprendeu em 1999 no programa da SIC comercializados dois DVDs de “mais uma lição que lhe tem ‘Cantigas de Rua’, que venceu karaoke e um vídeo-jogo da servido para ajudar, apoiar e com as interpretações dos temas Floribella. encaminhar cada vez mais pes‘Lusitana Paixão’, de Dulce Pon- Ainda à volta da novela foi soas que vivem momentos de tes, na cidade do Porto e ‘Papel desenvolvido um musical, RI- desespero”. Principal’, de Adelaide Ferreira, -FIXE - O Musical Floribella, e A artista acrescentou ainda que na final em Guimarães. que também lançou um DVD, pretende “acabar com o preconMas foi pela sua participação no além dos diversos Showtógrafos ceito e o medo de mencionar a ‘Ídolos’ (versão portuguesa do - um conceito criado pela SIC que palavra ‘Deus’ bem alto, para ‘American Idol’) que ficou conhe- aliava um concerto a uma sessão que todos a oiçam. Neste moREVISTAVIVA,DEZEMBRO 2018


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“O meu berço será sempre o meu rico Porto”

mento estou a atuar com o meu entre Portugal e Brasil. Mas tem projeto gospel em várias igrejas em mente chegar a África. “Prepelo país. Na primeira semana senteei África com uma música de dezembro também estarei no dedicada a uma santa milagrosa Brasil, assinalando os meus 20 chamada Muxima. É a Nossa Seanos de carreira”. nhora de Fátima de África. SintoQuando lhe perguntamos se o -me lisonjeada pela inspiração Brasil faz parte do seu futuro que me é dada para continuar profissional, Luciana respon- a manter as chamas da fé e da deu com a sua humildade já esperança acesas”. característica. “Só Deus sabe. Em termos nacionais há também No que depender da minha luta boas notícias, no âmbito desta e entrega, lá estarei na primei- tour. “Estamos a preparar espera semana de dezembro, com táculos no Norte, conciliando divulgação em algumas rádios tudo com a minha exlusividade e programas de tv”. com a SIC”. No âmbito da tour para 2019, sa- A eterna “borboleta” e “flor” bemos já que a “borboleta” voará admite que ainda hoje tem fãs

que assim a tratam carinhosamente, especialmente “as duas fãs número um que tenho em casa (risos)” [as primeiras duas filhas, Lyonce e Lyannii]. Em 2011 participou também no programa de humor ‘Último a Sair’, da RTP, onde fez parte do elenco de um ‘Reality Show’, no qual interpretava uma das personagens que acabou por ser finalista, juntamente com Bruno Nogueira e Roberto Leal. Foi a grande vencedora, em 2012, no programa ‘A Tua Cara Não Me é Estranha’, interpretando o tema ‘Listen’, de Beyonce. Luciana recorda a vitória “como


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um abraço sem dimensão dado pelo público”. De regresso à SIC fez parte do elenco fixo do programa ‘Vale Tudo’, apresentado por João Manzarra e interpretou, entre outras, a personagem ‘Fatinha’ em ‘Sol de Inverno’, cujo genérico foi também cantado por Luciana, com o tema original de Simone de Oliveira. Em 2014, recebeu o troféu de melhor humorista, na Gala TV7 Dias. Também neste ano tornou-se a primeira portuguesa a cantar o hino dos EUA, numa festa para a comunidade portuguesa residente na Califórnia. A SIC é, por si só, uma casa muito especial para Luciana Abreu, que teve a oportunidade de trabalhar com os mais diversos profissionais, nomeadamente no programa ‘Grande Tarde’. “Todos tiveram um papel fundamental na minha vida. Tiro sempre o melhor partido de todas as experiências que vivi, mas o João Baião… tem um lugar muito especial no meu coração e na minha vida”, disse. Já se estreou em cinema num filme realizado com o seu querido Diogo Morgado, ‘Malapata’. “Gostei imenso e apesar dos convites que me continuam a surgir, ainda não tive a oportunidade de abraçar mais nenhum projeto cinematográfico”. “O que lhe falta fazer?”, perguntamos. “Um livro, pois uma árvore já plantei” (risos). Refere que a conduta que abraça diariamente é que justifica o facto de ser muito querida em Portugal. “Para sermos acarinhados temos de o merecer e para REVISTAVIVA,DEZEMBRO 2018


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sermos respeitados/admirados temos de nos dar ao respeito”, frisou. As filhas são o seu “verdadeiro tesouro, o maior presente que Deus me poderia ter dado”. Em termos de colaborações musicais, Luciana Abreu tem alguns sonhos. “Gostava imenso de ter conseguido a oportunidade de cantar com grandes nomes como Célia Cruz, Juan Luís Guerra, a dar e de agarrar um dos meus Frank Sinatra, Céline Dion, Mi- sonhos. Mas o meu berço pertenchael Bublé… Como futurista que cerá sempre ao meu rico Porto”. sou, tenho em mente aliar-me, O regresso da “Fatinha” um dia, a todos os que foram exemplo para mim e alimenta- A “Fatinha” é uma personagem muito querida dos telespectaram este meu sonho que nasceu comigo, o de ser uma artista. To- dores, tendo regressado, para alegria de muitos fãs. O seu hit dos aqueles que pouco se ouvem chegou a 23 de novembro na SIC nas nossas rádios, que fizeram história e nos abriram caminhos. generalista e SIC Internacional (no ‘Alô Portugal’). Esta persoLuís Represas, Madredeus, Dulce Pontes, Jorge Palma,...”, revelou. nagem consta, também, como rubrica no programa online É do Porto, mas hoje faz vida na capital. “Foi uma viagem de “Quem sou eu? Luciana Abreu mochila às costas pelo mundo. Online”, que abrange política, entretenimento, música e que Estava determinada em abraçar lançará novas empresas no a oportunidade que me estavam

mercado. Quanto ao desempenho de um papel de cariz mais cómico, Luciana Abreu é perentória. “O improviso é a minha ciência (risos) A sátira não faz parte da comédia. Para se ser cómico, não precisamos de menosprezar nem de diminuir os outros, ou de nos fazermos valer das suas desgraças. Por isso, recriei a personagem ‘Fatinha’, precisamente para retratar o nosso quotidiano em todas as condições sociais. A comédia é das artes mais difíceis de desempenhar. Causar dor e tristeza em alguém é fácil, mas fazer rir e sorrir…”



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“Causar dor e tristeza em alguém é fácil, mas fazer rir e sorrir…” Do Porto com amor “Nasci no Porto, é a minha terra... o meu porto de abrigo, a minha cidade. Gostava que fizessem programas culturais sobre ela, que explicassem porque nos chamam tripeiros e porque temos um prato denominado tripas à moda do Porto, por exemplo. Faz parte da nossa cultura”, observou Luciana Abreu. Nesta cidade, Património Mundial da Humanidade, declarado pela UNESCO, Luciana defendeu que se poderiam fazer vários programas. “Por exemplo, visitar os bairros históricos, a Sé, a Ribeira, S. Nicolau... O Porto não tem só um ponto forte, ele próprio é o ponto forte... O Palácio da Bolsa é magnífico, todos o deviam visitar e sentir a magia do salão oval, que nos leva para um mundo árabe. Não mudava nada e aprovo tudo no Porto. O Porto é muito animado, forte, e tem muita história”, sustentou. Há um top três para Luciana na cidade Invicta: - O café Majestic, “que tem uma decoração art déco muito sofisticada, com o seu mármore indiano e o piano. São características muito interessantes”; - O já referido Palácio da Bolsa, “com as magníficas coleções de arte dos séculos XIX e XX, e salão oval que nos leva ao mundo árabe”; - Por fim, a Ribeira, ”onde podemos almoçar ou jantar num clima romântico e descontraído”.


SEJA RESPONSÁVEL. BEBA COM MODERAÇÃO. SEJA RESPONSÁVEL. BEBA COM MODERAÇÃO.


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E L E V I S Ã O

O que escondia a caixa mágica em 1998 Há 20 anos, quando a VIVA! foi pela primeira vez editada, a televisão em Portugal estava pujante com três canais - RTP, SIC e TVI – a “bombar” em força. Relembre alguns desses programas, naturalmente acompanhados por uma saudável nostalgia. Texto: Irene Mónica Leite

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televisão portuguesa mudou assim tanto em 20 anos?, perguntará o leitor. Sim. Agora, de facto, há cada vez mais resposta pelo cabo, youtube (o termo youtuber diz-lhe alguma coisa?), com uma panóplia de canais para nichos, muitos deles bem sucedidos. No fim dos anos 90 ainda se comunicava em força para massas. Mas há coisas que não mudaram: o protagonismo das novelas (sabia que a novela “Anjo Mau” foi o programa mais visto em 1998?) e… o futebol. Foi em 1998 que se realizou o Mundial de França, o que ajudou a ‘alimentar’ as televisões. A SIC brilhava nas audiências, seguindo-se a RTP, a tímida TVI (quem diria?) e RTP2. Deixamos-lhe de seguida memória de alguns programas emblemáticos do ano em que a VIVA! “nasceu”.

Herman Enciclopédia “Let´s look at the trailer”

Destaque, nesse ano de 1998, para mais um programa de Herman José, o “Herman Enciclopédia” que, a exemplo de outros projetos do popular humorista (quem não se recorda de “O Tal Canal”?), foi um sucesso na RTP, hoje considerado por muitos como o melhor programa de humor da história da televisão portuguesa. Tratava-se de um programa de sketches, em que alguns eram precedidos de um “indicativo” alusivo ao nome do programa, fazendo-o lembrar uma entrada de uma enciclopédia multimédia, visto que na altura estava muito na moda as enciclopédias em CD-ROM (Encarta, Verbo, Universal e a Diciopédia). Os sketches eram formados pelos atores residentes, nomeadamente José Pedro Gomes, Maria Rueff,


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O programa que fez correr tinta em Portugal

Joaquim Monchique, Miguel Guilherme, Lídia Franco, Cristina Cavalinhos, Vítor de Sousa e António Feio. Usava várias personagens já criadas pelo Herman noutros programas da RTP, o Nelito (o destruidor), Lauro Dérmio (o famoso crítico de cinema) e adicionou outras: o conservador e muito católico Diácono Remédios, que estava constantemente a interromper os sketches quando achava que estes ultrapassavam o nível de moralidade aceitável; a sexóloga liberal Rute Remédios, mãe de Diácono, e o seu total oposto; o quarteto do “Nuorte” (empresários da EXPO97, do Tripanário e do Pinto Rei); o espaço MELGASHOP (Melga e Mike); a Super Tia e a Tia Maravilha, alter-egos da Tia Batata e de Robinha, figuras da alta burguesia de Cascais; e o baladeiro comunista Epifânio. Resumindo, “não havia necessidade”…

Estreado em outubro de 1992, o espaço desportivo das noites de sexta-feira da estação de Carnaxide celebrizou-se pela “animação” dos seus debates em estúdio, mas houve também investigações jornalísticas que marcaram a agenda desportiva durante muito tempo, sempre com frontalidade e choque com o “sistema” do futebol português. Por lá passaram dirigentes e ex-dirigentes desportivos, como foram os casos de Pinto da Costa, presidente do FC Porto, Sousa Cintra, ex-presidente do Sporting, Gaspar Ramos, ex-vice-presidente do Benfica - estes três logo no primeiro painel de comentadores em 1992 -, Cunha Leal, ex-vice-presidente do Benfica, Santana Lopes, ex-presidente do Sporting, e Pôncio Monteiro, exvice-presidente do FC Porto; jornalistas consagrados da nossa praça, como Aurélio Márcio, Alfredo Farinha ou Leonor Pinhão e António Tavares Teles; treinadores de futebol, como Pedro Gomes, Eurico Gomes, Humberto Coelho e Octávio Machado. Não faltaram mesmo os representantes do adepto “comum”, como foram os casos de António Pedro Vasconcelos (Benfica), António Taveira (FC Porto), Eduardo Barroso (Sporting) ou Manuel Serrão (FC Porto). REVISTAVIVA, DEZEMBRO 2018


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E L E V I S Ã O

Agora ou Nunca Ponha, ponha, ponha!

Se apresenta fobias, saiba que já passou pela televisão portuguesa um programa que ensinava de uma forma “direta” a resolvê-las: o “Agora ou Nunca”, com apresentação de um promissor Jorge Gabriel, hoje bem solidificado na RTP. “Agora ou Nunca” foi um programa português transmitido na SIC, exibido entre os anos de 1996 e 1998, e tinha como objetivo desafiar as fobias dos concorrentes através de um prémio monetário a quem as superasse. Uma curiosidade obrigatória: este programa ficou celebrizado pela expressão de “ponha, ponha, ponha”, proferida por um concorrente quando estava a ser colocada uma iguana na sua cabeça, um bicho ao qual o mesmo tinha fobia…

Médico de Família Uma família à maneira!

“Médico de Família” foi uma série portuguesa, produzida pela Endemol e transmitida pela SIC entre 27 de janeiro de 1998 e 29 de agosto de 2000, protagonizada por Fernando Luis, que retratava a vida de um médico, num centro de saúde e em casa com a família. Foi adaptada da série original transmitida em Espanha pela Telecinco através da produtora Globomedia. Com uma abordagem a temas sérios e atuais, situações reais com as quais todos nos identificamos, os problemas familiares e financeiros, a droga, o aborto, a sida, etc. Com direito a humor, com a ajuda deliciosa da empregada doméstica Lucinda (Maria João Abreu).


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Batatoon “Ba! Bata! Batatoon!

Para os mais pequenos seria imperdoável não falarmos no “Batatoon” que juntava os palhaços Batatinha e Companhia. Estes dois companheiros fizeram a alegria de muitas crianças na TVI. O sucesso do “Batatoon” criou um elevado volume de vendas de merchandising (megasketchers; bóias; estojos; colchões de praia; babetes; bonés; lancheiras; barcos; revista Batatoon; CD’s de música infantil; entre outros). Muitos adultos de hoje certamente não esqueceram as horas coladas ao ecrã, à espera que o Batatinha enviasse os presentes pelo televisor…

Camilo na Prisão Camilo dos Anjos Libertino…

Camilo dos Anjos Libertino, após ter roubado um camião com uma carga de cinco toneladas, e ter destruído várias propriedades durante a tentativa de fuga, foi condenado a cinco anos de prisão, num estabelecimento prisional situado na Pampilhosa, a Colónia Penal do Centro. Tratava-se, supostamente, de uma prisão-modelo onde tratariam os presos como se não o estivessem, isto para facilitar a sua integração social. Mas apenas supostamente, pois era afinal uma prisão quase de alta segurança que Camilo irá tentar controlar e de todas as tentativas sairá frustrado, vivendo imensas peripécias.

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ENOTECA Um convite para beber os melhores vinhos A equipa da Enoteca está permanentemente atenta às colheitas que interessam aos consumidores mais exigentes. Das amostras que chegam periodicamente, seleciona aqueles vinhos que se destacam pela boa relação qualidade-preço. Aqui reconhece-se que “a seleção de um vinho não é fácil, pois existem mais de 5.000 marcas registadas. A que se podem juntar as diferentes colheitas de uma mesma marca, presentes no mercado”, disse à VIVA! José Serôdio, administrador da empresa. A Enoteca, com a triagem do seu painel de provadores, Álvaro Van Zeller, Anselmo Mendes, João Silva e Sousa e Manuel Vieira, confirmanos a qualidade dos vinhos e, sobretudo, a relação correta com o preço praticado. “É a única estrutura que assume sistematicamente este procedimento em Portugal”, salienta José Serôdio.


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U L T U R A

Cultura ganha nova vida na

Universidade

do Porto Fruto da estratégia delineada pela nova equipa reitoral, liderada por António de Sousa Pereira, a Universidade do Porto (U.Porto) caminha para um novo paradigma cultural, no qual a Reitoria ganha o papel de pólo agregador de toda a comunidade. Há, pela primeira vez, uma Vice-Reitora exclusiva para a área da Cultura. Fátima Vieira dá conta à VIVA! destas grandes novidades. Texto: Irene Mónica Leite Fotos: Francisca Siza

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de março de 2019. Aponte esta data na agenda, pois simboliza o formalizar de um novo paradigma na U.Porto. No dia em que a Universidade do Porto celebrar o seu 108.º aniversário, a Reitoria passa a funcionar como espaço agregador de toda a comunidade cultural e artística, através da produção de eventos multidisciplinares, tornando-se um verdadeiro pólo dinamizador da cidade e da região. “A cultura é, também, um motor de desenvolvimento económico”, reiterou Fátima Vieira, docente da Faculdade de Letras da Universidade do Porto

(FLUP), e agora a primeira Vice-Reitora da U.Porto exclusivamente dedicada à Cultura, num cargo por si só histórico. A responsável acrescentou que o que se pretende também “é tornar muito evidente a relação quase umbilical que existe entre algumas instituições da cidade e os equipamentos culturais da U.Porto. Refiro-me por exemplo à Casa Museu Abel Salazar, à Fundação Instituto Marques da Silva, à Galeria da Biodiversidade ou aos próprios museus das faculdades. Tudo integrado numa verdadeira dinâmica cultural”.


U. P ORTO

Para além de grandes eixos temáticos, sustentou que há uma programação mais transversal, como por exemplo as iniciativas “Porto Liberal” ou “Figura Eminente” (ver Caixa). Fátima Vieira revelou, nitidamente entusiasmada, que pretende superar as parcerias regionais, nacionais e internacionais. “Isto vai crescer”, assegura, sempre com “caráter dinamizador e transformador de e para a cidade”.

Os eventos: principais destaques

A U.Porto ambiciona uma programação regular,

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mas que envolva uma série de agentes, nomeadamente a comunidade académica (estudantes, alumni, docentes e funcionários) e, também, os parceiros da instituição que são, no fundo, os agentes culturais da cidade, como a Câmara Municipal do Porto, os diferentes teatros e as fundações. Todos agentes incontornáveis. Uma das iniciativas calendarizadas é o ‘À quarta na Reitoria’. “Trata-se de uma programação que é da responsabilidade do Gabinete de Cultura, no qual vamos acolher propostas que surgem de toda a comunidade, podendo vir também dos parceiros da U.Porto. Essas propostas serão avaliadas por uma comissão criada para o efeito. Queremos ter a certeza de apresentar propostas de grande qualidade”, frisou. Adiantou que “se pretende garantir que os portuenses saibam que vale a pena marcar presença à quarta-feira na Reitoria, a casa-comum de todas as faculdades, a todos os centros de investigação”. Referiu que pode ser uma performance, um concerto ou um debate, além das exposições, que serão sempre permanentes. À sexta-feira, a programação vai ser da responsabilidade da comunidade estudantil. “Vamos criar bolsas de apoio à programação cultural e estamos à espera das iniciativas para um conjunto de oito semanas, concedendo um apoio financeiro aos estudantes. As sextas-feiras de abril e maio já foram REVISTAVIVA, DEZEMBRO 2018


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U L T U R A

confiadas ao Teatro Universitário do Porto (TUP). Estamos com grandes expectativas”, disse. Também o primeiro sábado de cada mês será importante. “Teremos uma bolsa de apoio à programação cultural, na qual poderão participar os funcionários docentes e não docentes”. Esta estratégia de programação cultural regular - às quartas, sextas e sábados - é uma forma da Reitoria alargar ainda mais o seu eixo de atividade, com um investimento em dois novos espaços físicos. “Logo à entrada vamos ter uma sala de receção, uma sala multiusos, equipada para cinema, mas que vai funcionar, também, em formato café-concerto, e aberta à cidade. Há outro espaço para exposições cujo plano para 2019 já se encontra fechado. Há, no entanto, uma outra novidade. A última parte dessa sala será equipada para que tenhamos vídeo-instalações, possibilitando a videoarte. Não há na cidade do Porto nada semelhante, exceto em Serralves, sendo uma importante mais-valia”, frisou. Fátima Vieira revelou ainda que se vão efetuar visitas guiadas concebidas por professores da universidade que vão ser conduzidas pelos estudantes da U.Porto, sejam de Arquitetura ou História de Arte. A ideia é que sejam capazes de mobilizar todos os conhecimentos que têm para uma visita, por exemplo, ao ‘Porto Medieval’ ou ao ‘Porto de Marques da Silva’. De facto, grande parte da nova estratégia para a Cultura da U.Porto tem como propósito abrir a universidade à cidade, à região e às suas instituições culturais e

artísticas, afirmando a Reitoria como o novo espaço cultural da Baixa do Porto. A título de exemplo, Fátima Vieira revela que foram já discutidas parcerias com o Teatro Nacional S. João e o Teatro Municipal do Porto em que “teremos na Reitoria sessões de pré-apresentação dos espetáculos que estarão depois em cena nessas estruturas, estimulando o pensamento crítico da audiência”, acrescentou.

Outras novidades

Outra das grandes novidades que também ‘entrará em ação’ no dia 22 de março de 2019 é a app “Acontece na U.Porto”, que vai permitir a qualquer pessoa olhar para o telemóvel ou tablet e ver na app ao que pode assistir e participar nesse dia em tempo real na instituição.

Assim, todos terão acesso à informação sobre aquilo que vai acontecer nos mais variados espaços da universidade e organizado pelos mais variados promotores. Esta agenda em tempo real “será um importante instrumento de agregação da informação e que vai dar uma visão daquilo que a universidade faz”, revelou. Um instrumento que estará disponível não só à comunidade académica, mas a todos os públicos, incluindo os antigos estudantes da U.Porto. Este é, aliás, um público prioritário para a Universidade, que pretende aproximar-se dos seus alumni. “Estamos a tentar tornar mais óbvias as vantagens de ser antigo aluno da U.Porto, que têm um forte sentimento de pertença à universidade. E a U.Porto quer, também, muito acolher os antigos alunos”, assegura Fátima Vieira.


U. P ORTO

Paulo Cunha e Silva como Figura Eminente Paulo Cunha Silva, o vereador da Cultura da Câmara Municipal do Porto e docente da Faculdade de Desporto falecido em 2015, será o homenageado do próximo ano do ciclo “Figura Eminente da U.Porto”. “Estamos a construir um programa que vai ser muito em breve anunciado, mas que pretende dar a conhecer o outro Paulo Cunha e Silva que não foi tão exposto aquando da homenagem da Câmara do Porto”, disse-nos Fátima Vieira. “Pretende-se, acima de tudo, falar do pensamento do Paulo Cunha e Silva, nomeadamente através da edição de um volume de textos dispersos deste visionário pela editora da U.Porto. Teremos testemunhos dos seus orientadores e de pessoas para quem Paulo Cunha e Silva foi importante em termos de orientação científica. Iremos em breve solicitar propostas para eventos associados. Dada a dimensão desta figura eminente, prevemos que entidades coletivas ou individuais queiram contribuir”, referiu.

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E Q U A L I F I C A Ç Ã O

Um novo espaço verde para os gaienses O projeto de consolidação da escarpa da Serra do Pilar prevê a criação de uma área verde visitável e com ligação pedonal do mosteiro ao passadiço fluvial. Texto: Irene Mónica Leite Fotos: Cedidas por CM Gaia

A obra de requalificação da escarpa da Serra do Pilar - que deverá arrancar em breve - tem um custo total de 4,3 milhões de euros, com uma comparticipação de 3 milhões de euros pelo Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (PO-SEUR); o restante investimento cabe à Câmara Municipal de Gaia e à administração central. O prazo de

execução da obra é de 240 dias. “Trata-se de uma obra de consolidação da escarpa, que de acordo com vários relatórios do LNEC [Laboratório Nacional de Engenharia Civil] apresenta sinais de instabilidade. Neste sentido, os trabalhos que serão realizados têm como objetivo central tornar mais segura e estável a escarpa da Serra do Pilar, onde estão


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instalados equipamentos como o Mosteiro e o Quartel da Serra do Pilar”, garantiu o presidente gaiense, Eduardo Vítor Rodrigues. “A consequência prática desta obra será o fundamental reforço da segurança desta zona, o que implica que toda a construção desapareça, sendo outro dos grandes objetivos a renaturalização da zona. Além disso, o projeto prevê a construção de dois passadiços pedonais que ligarão a cota alta à cota baixa, a zona do Quartel da Serra do Pilar ao passadiço da beira-rio, o Cais de Gaia ao areinho de Oliveira do Douro. No fundo, o que se pretende após a consolidação da escarpa é tornar esta zona um espaço verde que possa ser desfrutado pela população”, frisou o autarca. Refira-se que a obra foi adjudicada em 2016 à empresa Soares da Costa. No entanto, atrasos na entrada de documentação e caução levaram a que o empreendimento fosse entregue ao segundo classificado do concurso, a construtora Huíla – Irmãos Neves, de Marco de Canaveses. “O tribunal mostrou a legalidade e a transparência do concurso(…).Vamos avançar finalmente. Já estávamos em vias de perder o financiamento comunitário. Esta litigância já levava dois anos

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e estávamos a ter uma enorme pressão para assinarmos o contrato, o que não podíamos fazer enquanto estivesse em contencioso”, salientou Eduardo Vítor Rodrigues. Recorde-se que, em fevereiro de 2016, o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, classificou a área da escarpa da Serra do Pilar como “uma das quatro maiores zonas de risco de derrocada do país”.

Mitigando outros pontos negativos

O impacto negativo causado por velhas ruínas de antigas unidades fabris e o abandono da Capela do Senhor d´Além são problemas que exigem solução urgente. A capela está sem culto e entaipada. A velha fábrica, por sua vez, está cada vez mais em ruínas e o baixo casario desabitado. De acordo com Eduardo Vítor Rodrigues, o empresário Mário Ferreira continua interessado em construir na antiga fábrica o “Wine Lodge”, o primeiro hotel em Portugal com uma entrada pela água ao estilo de Veneza. Como contrapartida, recupera a capela, que pertence ao Episcopado do Porto. O projeto está inserido na Zona de Proteção Especial do REVISTAVIVA, DEZEMBRO 2018


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Mosteiro da Serra do Pilar, classificado pela UNESCO. Refira-se que neste momento o projeto, um investimento na ordem dos 15 milhões de euros, está parado, aguardando aprovação por parte da Direção Regional de Cultura do Norte da segunda versão do ‘desenho’, já que o documento inicial teve de sofrer alguns ajustes tendo em conta que se enquadra na Zona de Proteção Especial do Mosteiro da Serra do Pilar.

Sabia que...

A Capela do Senhor d’ Além situa-se em plena encosta, na Rua Cabo Simão. Foi construída em 1877, no local onde antes existia uma outra capela e um hospício de frades carmelitas criado no século XVI. A imagem primitiva está na Sé do Porto. Consta que em dias de romaria, a procissão fazia-se em barcos no rio. O interior da atual capela foi nos últimos anos praticamente saqueado e ali chegaram mesmo a viver alguns sem-abrigo. A história deste local é assaz curiosa. Reza a história que no ano de 1140, o Bispo do Porto, D. Pedro Rebaldio, mandou construir no local onde atualmente existe o Mosteiro da Serra do

Pilar, um convento de monjas de invocação ao santo São Nicolau. Durante essa construção foi achada uma imagem do Senhor Crucificado e para recolher essa imagem foi edificada uma ermida no sítio onde atualmente existe a Capela do Senhor d’ Além. Já em 1738, foi também construído naquele mesmo local um hospício, o Hospício das Carmelitas, que ficou situado em frente à referida ermida. No ano seguinte, mais precisamente a 05 de março de 1739, cinco frades Carmelitas Calçados tomaram conta desse hospício que funcionou até ao ano de 1832. Passados dois anos, esse hospício foi vendido dando lugar a uma fábrica de louça, a Fábrica de Louça do Senhor de Além. No ano de 1877, no local onde existia a ermida, foi então construída a Capela do Senhor d’ Além, evocando-se naturalmente o Senhor de Além, ficando, contudo, esta capela sob a administração do Episcopado do Porto. Mais tarde, quando os monges de Grijó conseguiram construir o atual Mosteiro da Serra do Pilar, o Bispo D. Baltazar Limpo ordenou que as imagens de S. Nicolau, S. Bartolomeu e do Senhor Crucificado fossem recolhidas na Capela do Senhor d’ Além.


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A cidade do Porto está repleta de estabelecimentos que, pela sua antiguidade e autenticidade, são considerados “lojas históricas”. Por isso, usufruem de uma série de benefícios, nomeadamente ao nível das rendas. Continuando o nosso périplo por este tipo de estabelecimentos, mostramos nesta edição duas pérolas do património portuense: o café Piolho e a Confeitaria do Bolhão.

Café Piolho

Chama-se “Âncora D`Ouro”, mas é por “Piolho” que é conhecido e apadrinhado por milhares de portuenses, na maioria estudantes, com especial relevo para os alunos de Medicina. ”Porquê Piolho?”, perguntamos a Edgar Gonçalves, que se encontra ao comando do estabelecimento há já 40 anos, repletos de grandes memórias. “É uma boa pergunta, pois há várias teorias, agora qual a certa… (risos)”. Não existe, efetivamente, uma versão oficial. “Havia muitas faculdades aqui próximas e os estudantes frequentavam muito este espaço. As pessoas que viviam perto do café ou que passavam aqui regularmente começaram a dizer que os estudantes que vinham para aqui estudar eram os piolhos e que todo aquele ajuntamento era uma piolhice”. Mas não se ficam por aqui as explicações para o histórico nome Piolho. Havia na altura todo um contexto político de repressão. “Além de ser um café académico, era um café político. Naquela altura [Estado Novo] não se podia falar à vontade. Como o café tem espelhos por todo o lado, era possível ver de vários ângulos quem entrava e saía. Por isso, sempre que viam através do espelho que estava alguém estranho à porta, coçavam a cabeça para avisar os restantes membros do grupo. E quem coça a cabeça tem piolhos”, acrescentou o responsável.


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Há ainda quem diga que o nome Piolho foi criado pelos próprios estudantes, “que comentavam que o espaço era demasiado pequeno para a quantidade de gente que recebia”. Mas há mais marcas diferenciadoras do histórico estabelecimento: foi o primeiro café, em 1913, a ter luz elétrica, e também o primeiro a ter televisão. Foi neste estabelecimento que nasceu o termo “cimbalino”, o equivalente à bica lisboeta. A marca da máquina italiana era “La Cimbali”, daí o nome ‘cimbalino’. Muitas histórias marcantes do café Piolho ocorreram durante o Estado Novo. Consta que um cavalo da GNR entrou lá dentro atrás de uma pessoa que se opunha ao regime. Hoje em dia o “Piolho” continua com esse carimbo político, mas de uma forma diferente: “Rui Moreira fez campanha aqui, a título de exemplo”. Outro facto curioso e inegável é que quem entra no Piolho não consegue desviar os olhos das dezenas de placas espalhadas pelas paredes. Estas foram ali colocadas pelos estudantes formados nas faculdades do Porto como homenagem ao espaço que tão calorosamente os acolheu ao longo dos anos de estudo. O hábito de estudar remete logo para a gerência de Reis Lima. Tudo mudaria quando este vendeu o espaço à nova sociedade – Silva, Azevedo e Moreira. “Os proprietários daquela altura achavam que os jovens só vinham para aqui estudar e não consumiam”. Foi, deste modo, proibido o estudo dentro do Piolho. Após a entrada da atual gerência, em 1979, “retiramos dos espelhos todos os papeis que diziam ‘Proibido estudar’ e tentámos cativar os novos alunos da Universidade do Porto”, disse-nos o responsável. O Piolho, em pleno século XXI, continua ligado à vida académica portuense e já faz parte das praxes académicas. A história continua. “Não podia deixar de terminar sem um voto de saudades ao sócio do Piolho que faleceu há três anos e que me acompanhou nos bons e maus momentos deste estabelecimento, o José Martins”, rematou Edgar Gonçalves. REVISTAVIVA, DEZEMBRO 2018


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Confeitaria do Bolhão Trata-se de uma casa centenária, fundada em 1896, situando-se na Rua Formosa, na baixa portuense, mesmo em frente à porta sul de entrada no Mercado do Bolhão. Hoje é possível encontrar ali uma padaria e pastelaria com fabrico próprio e com fornadas frequentes durante todo o dia. O ambiente agradável, a diversidade e qualidade dos produtos oferecidos, assim como o atendimento personalizado, e sempre simpático, tornam este um espaço único na cidade do Porto. “Vim para aqui em 1998. Andava à procura de um estabelecimento na baixa do Porto. Ia a passar aqui. Isto na altura estava fechado, tinha falido. Disseramme que era uma casa centenária, que tinha sido muito chique. Consta que muitos vinham aqui com motorista. As senhoras vinham cá tomar o chá… Mas a gerência da altura não fez um bom trabalho. Tinha falido. Compramos em leilão e aqui estamos”, começa por nos explicar José Rodriguez, atual responsável pelo estabelecimento. “Naquela altura ainda demoramos algum tempo a recuperar as características originárias do espaço.


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Tentamos, na verdade, recuperar ao máximo a beleza da confeitaria oitocentista. Encontramos cadeiras mais clássicas, a condizer com a história da casa. Mas confesso que ao princípio não tinha bem a noção do que era isto. Com os anos é que começamos a ver a importância que tem o nome do espaço e a sua carga histórica. Acho, nesse sentido, muito importante o reconhecimento da Câmara no âmbito do programa Porto de Tradição. A cidade é bela pelo antigo, pela história que carrega”, revelou. Há outro dado curioso: “Os meus pais são portugueses. Mas eu nasci na Venezuela, porque o meu pai emigrou para lá. Há sempre essa fusão saudável, ainda para mais agora com esta situação delicada na Venezuela. Temos algumas pessoas que emigraram para aqui. Mas é um valor mínimo tendo em conta a oferta. Temos muita doçaria tipicamente portuguesa”, assegurou. O pão Jámon, venezuelano, convive, por exemplo, saudavelmente com a doçaria nacional. E acrescentou: “sempre nos destacamos pelo nosso bolo-rei e pão de ló. Desde há uns anos decidimos criar um novo doce, e como estamos mesmo em frente ao Mercado do Bolhão decidimos intitulá-lo de ‘Tigelinha do Bolhão’. Como é muito boa, acho que está cada vez mais popular”. Futuramente vão aprimorar cada vez mais a restauração do estabelecimento. “A atual iluminação não condiz com a beleza da casa”, observou. REVISTAVIVA, DEZEMBRO 2018


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N O V A Ç Ã O

PORTGÁS INOVA E CRIA

Porto Smart Gas Grid O setor da energia vive uma fase de profunda mudança e a distribuição de gás natural assume um papel relevante na transformação do setor. O Porto Smart Gas Grid é um projeto-piloto de Inovação integrado na estratégia de IDI (Investigação, Desenvolvimento e Inovação) da Portgás, ao nível das redes inteligentes de gás natural. Numa primeira fase, foram instalados dois smart regulation systems e 90 contadores inteligentes num edifício da cidade.

A sociedade caminha para uma lógica mais inteligente e as utilities (empresas que operam infraestruturas de serviços como o gás ou a eletricidade) devem disponibilizar informação e serviços aos clientes através de uma visão ‘smart’, que potencie a melhoria da qualidade de serviço. Por outro lado, os desafios da transição energética e as exigentes metas ambientais têm impulsionado a inovação tecnológica no setor, através das smart grids, do desenvolvimento de equipamentos mais eficientes e da implementação de soluções de purificação de gás produzido a partir de recursos renováveis (como o biometano), aumentando o seu potencial de contribuição para mitigar as alterações climáticas. Tendo presentes estes desafios e potenciando a gestão de redes de gás natural, a Portgás – concessionária da rede de distribuição de gás natural na região litoral norte (29 concelhos dos distritos de Porto, Braga e Viana do Castelo) – identificou diferentes vetores tecnológicos que constituem uma visão da Smart Gas Grid e criou um roadmap que tem como primeira fase a implementação de um projeto-piloto designado Porto Smart Gas Grid.


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Centro de Supervisão e Telecontrolo da Portgás

Esta iniciativa - em perfeita sintonia com a certificação da Portgás em IDI (Investigação, Desenvolvimento e Inovação), até ao final deste ano - tem como objetivo materializar um projeto pioneiro em Portugal ao nível das redes inteligentes de gás natural para testar dois vetores: smart meters, ou contadores inteligentes, que permitem a comunicação para operações remotas e recolha de leituras; smart regulation, que permite a operação remota de postos de regulação e medida da rede de distribuição de gás natural. Numa primeira etapa, concluída em outubro, foram instalados dois smart regulation systems e 90 contadores inteligentes, em clientes domésticos e do pequeno terciário, num edifício da cidade do Porto. O projetopiloto Porto Smart Gas Grid envolve parceiros institucionais, fornecedores e clientes e prevê um investimento total de 100 mil euros até 2020. “Estamos, assim, perante uma mudança C

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de paradigma”, afirma o diretor técnico da Portgás, Pedro Ávila, indicando vantagens para a gestão da infraestrutura – como a sensorização e operação remota em caso de necessidade de alteração de parâmetros de funcionamento na rede – e para o cliente: “com os contadores inteligentes estamos a potenciar o cliente com informação mais detalhada dos seus consumos”.

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O gás natural na rota da descarbonização e da eficiência energética

O gás natural, como combustível fóssil de baixo carbono, está no centro da transição energética e será o principal impulsionador da redução global de emissões, por substituição de outras fontes de energia mais poluentes. Apresenta também um binómio custo-eficiência muito relevante para atingir uma economia mais amiga do ambiente. REVISTAVIVA, DEZEMBRO 2018


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Contador Inteligente

Portugal dispõe de infraestruturas gasistas modernas, eficientes e muito resilientes, garantindo excelentes padrões de segurança, qualidade e continuidade de abastecimento e apresentando índices de interruptibilidade muito inferiores a outras utilities. Os desafios da transição energética têm, por outro lado, potenciado a implementação de soluções de purificação de gás produzido a partir de recursos renováveis, aumentando a relevância do contributo do gás natural para mitigar as alterações climáticas. A título de exemplo, o biometano (gás natural renovável) apresenta um enorme potencial para Portugal: é um recurso renovável, endógeno, previsível do ponto de vista da produção, eliminando uma das principais dificuldades da utilização de energia a partir de fontes renováveis, pois permite a reutilização e a valorização económica dos recursos, reduzindo a fatura e a dependência energética do país. No processo de purificação são gerados também fertilizantes de elevado valor económico no processo e constitui um excelente projeto de economia circular. Por outro lado, as infraestruturas têm também capacidade para acolher diferentes tipos de gás renovável, como o biometano e o hidrogénio (em determinadas percentagens), pelo que este deve ser reconhecido como um veículo-chave no cumprimento das políticas de descarbonização. Em diversos países europeus estão já a ser

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Arlindo Santos e Carlos Pinto, gestores do projeto Porto Smart Gas Grid

A Portgás é o operador de redes que mais investe no sistema nacional de gás natural: “Representamos cerca de 50% de todo o investimento ao nível dos operadores de rede de distribuição, o nosso parque de clientes continua a crescer cerca de 4% ao ano, com a ligação de 15 mil clientes e a construção de 170 km de rede, o que corresponde a um investimento de cerca de 130 M€ no período 2019-2023”, afirma o Diretor Técnico da Portgás, Pedro Ávila.

desenvolvidos projetos de biometano (gás natural obtido através de resíduos de distintas proveniências), a partir de matérias renováveis. “Estamos muito próximo de começar a injetar nas nossas redes gás natural renovável, o biometano. Trata-se de um projeto de economia circular. A decomposição da matéria orgânica gerada nos aterros pelo ciclo de degradação normal dá origem ao metano; este é, por sua vez, purificado e injetado nas redes, transformando paulatinamente este vetor energético em mais uma fonte renovável de que o país dispõe”, explica Pedro Ávila. REVISTAVIVA, DEZEMBRO 2018


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O NOVO

ROSTO

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orridente, começou por colocar logo tudo em cima da mesa. “Sabe, eu não gosto de dar entrevistas, porque sou muito sincera”. Numa primeira “confissão”, admite que o seu trabalho é aliciante e divertido. “Às vezes ficamos em êxtase. Como o trabalho de televisão é feito em equipa, se esta tiver qualidade, como felizmente tem acontecido comigo, faz-se um bom programa”, reconheceu. Sobre a sua carreira, enfatizou que as pessoas não devem desistir dos seus sonhos. “Às vezes demora é muitos anos. E nem sempre há dinheiro e disponibilidade para esperar pela oportunidade, o que pode obrigar a que se enverede por outros caminhos”, admitiu. Mãe de um “pimpolho” recentemente nascido, Débora sustenta que a maternidade constitui uma nova fase da sua vida. Por isso, Débora sente-se hoje uma “mulher totalmente diferente”. No que ao futuro diz respeito, mostra-se cautelosa e afirma não querer afunilar muito o caminho. “Isto dá muitas voltas”, admitiu. Recentemente convidada para substituir Maria Cerqueira Gomes no principal

Débora Sá é o novo rosto das tardes do Porto Canal. Autêntica e sorridente, numa aberta conversa com a VIVA!, estabeleceu um balanço do seu sólido percurso profissional, não esquecendo a sua amizade com Cristina Ferreira e a ligação ao FC Porto, o clube do seu coração. Textos: Irene Mónica Leite / Fotos: Inez Cortez


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características. Mas no jornalismo também não me saía mal.

Já fez entretenimento no ‘Grandes Manhãs’ aqui no Porto Canal. Também fez o ‘Consultório’. De que maneira essa experiência anterior vai influenciar o novo desafio?

Tudo acaba por nos enriquecer, embora às vezes não consigamos estabelecer uma relação direta. É quase como com os miúdos. ‘Não sei porque é que estudo matemática, se não uso matemática no meu dia a dia’. Mas na verdade tudo acaba por nos enriquecer. Por isso, no entretenimento, é preciso uma alma enorme. Na informação também, para além da competência gigante. Acho que tudo se complementa. Tanto o ‘Grandes Manhãs’ como o ‘Consultório’, como bagagem, vão ajudar a que dê o meu melhor.

programa das tardes do Porto Canal, o “Olá Maria”, Débora Sá revelou que entrou num projeto que já tem uma identidade, num programa que já está criado. Mas alertou: “numa emissão que é em direto, e com tantos conteúdos, temos, naturalmente, que nos reinventar.Vamos ter novas ideias e bons conteúdos”, revelou.

O que gosta mais de fazer? Informação pura e dura ou entretenimento? Entretenimento.

Como é que começou isto da comunicação? Houve influência de alguém em particular?

Não, de todo. Acho que foi algo que nasceu comigo e, na altura de optar o que ia estudar na universidade, não tive grandes dúvidas. Sabia muito bem o que queria. Licenciei-me em Jornalismo porque achei que era o mais próximo possível da televisão. Claro que depois comecei com os estágios a perceber como é que funciona esta área e percebi que gostava de entretenimento. Tem muito a ver com as minhas REVISTAVIVA, JUNHO 2018


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E primeira experiência televisiva marcante?

Foi no ‘Viva Melhor’, na TVI, que foi onde comecei, em Lisboa. Fui contratada e estive lá três, quatro anos, a trabalhar para uma empresa de publicidade. Fazia espaços publicitários em todos os canais de tv. Lembro-me da primeira vez que o fiz. Já não sei se foi com o Goucha ou com a Cristina Ferreira. Eles são umas pessoas muito queridas e nunca me deixariam cair. E correu bem. Só me lembro de eles dizerem: ‘Não fiques nervosa’. ‘Mas eu não estou nervosa’, dizia. ‘Mas tens que ser natural’. ‘Mas eu sou natural’, acrescentava. Quando as pessoas se preparam e sabem o preço da responsabilidade, nada pode correr mal.

É uma figura muito querida do Porto Canal, sendo caracterizada pela sua autenticidade. É isso que faz a diferença?

Eu acho que, no meu caso, talvez sim. Penso que tenho outro trunfo que talvez o público veja. Preparo-me extremamente bem para tudo o que faço, sou exaustiva para tudo, nem que seja para o mais pequeno trabalho. Com o passar do tempo, achamos que ninguém repara em nós. E depois quando as coisas surgem, percebo que nos dão valor, porque entendem que nunca baixamos a guarda. E é isso que


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Mantém a amizade com Cristina Ferreira?

Mantenho. Somos amigas há muitos anos, desde a altura em que estive a trabalhar em Lisboa. Claro que ela já era uma figura super conhecida, mas não havia aquele boom como acontece agora. Na altura ainda conseguíamos jantar ou ir para a praia sem um arrastão atrás dela. Naturalmente, quando vim para o Porto passamos por uma fase diferente: eu concentrada na minha vida. Ela, na dela. Mas depois retomamos. Não são 300 km que vão derrubar uma amizade. (Débora Sá vestida por Marques Soares, Helsar e Sopro Jewellery)

tento fazer desde o dia um. Desde os estágios e os trabalhos não remunerados, tento ser boa em tudo o que faço.

Portanto, muito profissional. Tento ser.

É do FC Porto? Sim.

Desde sempre?

Desde que me lembro.

Vai ao futebol?

Vou muito ao futebol, aqui no estádio [Dragão]. Agora com um bebé pequeno, vou menos. Mas a ultima vez que estive lá [Estádio do Dragão], estava bem grávida. Fui ao relvado, o Draco abençoou-me a criança (risos). REVISTAVIVA, DEZEMBRO 2018


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ainda é uma miragem O boom do rock português foi uma passagem emblemática da história da música em Portugal. Há bandas e artistas inesquecíveis desse tempo, caso dos Jafumega. A propósito dos 40 anos da formação deste grupo, conversamos com Mário Barreiros, guitarrista, e Luís Portugal, vocalista. O resultado apreende-se de imediato: a ponte (ainda) é uma miragem…. Textos: Irene Mónica Leite / Imagens: Inez Cortez e arquivo

O refrão “A ponte é uma passagem prá outra margem” diz-lhe alguma coisa? Pergunta retórica. Ainda para mais se é um portuense de gema… Torna-se impossível esquecer o tema “Ribeira” dos Jafumega, projeto que apresentou uma curta mas marcante existência. “Nós saímos daquela caixa do pop/rock português. Fizemos sempre essa diferença”, começou por nos revelar o vocalista da banda, Luís Portugal. “Tenho muitas saudades dessa época. As bandas agora apresentam uma pequena dimen-


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JA FU M EGA

são. É impressionante”, desabafou o guitarrista Mário Barreiros. Em 2013, quando completavam 35 anos de carreira, regressaram aos palcos para dois concertos em Lisboa e Porto. “O regresso foi uma ideia de grupo. Era uma coisa que já tínhamos pensado há algum tempo. Já podia ter acontecido há uns anos antes. Mas não se concretizou. A partir do momento em que sentimos que essa estrutura estava de pé e que havia vontade não só nossa como dos fãs, seguimos em frente. Os concertos nos coliseus foram um grande êxito, que levou a que de certa forma não parássemos até hoje, embora que de uma forma bastante intermitente. Tem a ver com a vida pessoal e profissional de cada um e, realmente, temos pouco tempo disponível. Mas permite-nos, por outro lado, escolher os locais onde vamos tocar. Subir ao palco é uma coisa que nos agrada também bastante”, confessou-nos Luís Portugal. Com apenas três álbuns na bagagem, os Jafumega são um nome incontornável do cancioneiro nacional, adotando influências muito

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diversas que vão do jazz-rock à pop, ao funk e ao reggae. Mas vamos à história. Tudo começou em 1978 com a reunião de vários músicos do Porto, oriundos de alguns dos mais conceituados grupos da altura. Pedro, Mário e Eugénio vinham dos Mini-Pop, banda jovem com grande sucesso. “O meu pai transmitiu-nos desde logo a paixão pela música. Rapidamente ficamos contagiados. Teria os meus oito, dez anos”, disse-nos Mário Barreiros, entre risos. José Nogueira tocava há vários anos com António Pinho Vargas em várias formações que se encontravam entre as mais importantes do jazz em Portugal. Álvaro Marques integrava, por sua vez, os Psico, uma banda histórica na vertente do rock progressivo. Assim, todos os músicos dos futuros Jafumega já apresentavam uma longa e diversificada experiência, bem como grande rigor técnico. Durante o primeiro ano de vida do grupo dedicaram-se a explorar em conjunto uma grande diversidade de estilos musicais. Esta forma de

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trabalhar as músicas seria determinante para moldar o som da banda, inesquecível e autêntico. Até à gravação do primeiro álbum, “Estamos aí”, em 1980, os Jafumega recrutaram Luís Portugal, singular vocalista, com uma voz muito característica e hoje muito familiar. O registo, gravado antes do boom do rock português e cantado em inglês, despertou a atenção de alguma imprensa e ofereceu à banda a possibilidade de dar concertos pelo país. Mas é em 1985, em pleno boom do rock português, que os Jafumega dão o grande salto com “Ribeira”, que ocupou o primeiro lugar dos tops durante semanas. A canção como lado B do single “Dá-me Lume” tornou-se um grande sucesso de

rádio, permitindo à banda um contrato com a editora multinacional Polygram. O Carlos Tê também foi importante em todo este percurso de sucesso. “Foi de facto importante em termos líricos na viragem para o registo em português. É, com efeito, uma pessoa que escreve muito bem, descreve ainda melhor a cidade do Porto, que era algo que nos interessava também”, disse-nos Luís Portugal. “Depois ficou com menos tempo para trabalhar connosco, tendo ficado muito ligado ao projeto do Rui [Veloso]. Mas apresentou-nos o José Soares Martins, ao qual se devem belíssimos textos. Mas o Carlos [Tê] foi obviamente o grande obreiro do rock em português”, acrescentou.



Uma divertida história com os U2… sem direito a encore! No primeiro disco par a a Po lyg r a m , “ Ja f u m e ga” d e 1982, integraram novos temas de grande impacto como “Latin´America”, “Kasbah”, e “Nó Cego”. Nesse ano o grupo também participou no festival Vilar de Mouros, atuando antes dos U2 (ver Caixa). Em 1983 chegaria o registo “Recados”, terceiro e último álbum de originais, no qual a banda explorou a aproximação com o universo da música tradicional portuguesa, e do qual foi retirado o single “La Dolce Vita/Romaria”. O grupo decidiu terminar em 1984. Quanto a planos futuros, Luís Portugal vai direto ao assunto. “O Mário [Barreiros] tem um trabalho em mãos. Nós há três anos fizemos um concer to que

nos deu imenso gosto com a Orquestra Filarmonia das Beiras. Foi um concerto único, registado em áudio e em vídeo. Estamos a trabalhar lentamente para que este registo veja a luz do dia. Porque é um trabalho realmente diferente, que nos deu imenso prazer. E acho que pode ser uma ótima peça de coleção para os fãs e para quem nos está a descobrir agora”.

Luís Portugal recorda bem esse episódio. “Fizemos a primeira parte dos U2, para largos milhares de pessoas. Tínhamos um timing de atuação. As coisas correram muito bem, o público, com grande adesão, pediu mais. E nós, obviamente, com todo o nosso contentamento, voltamos a subir ao palco para um encore. A meio desse encore (risos), tivemos um impedimento pelos técnicos dos U2 que começaram a tirar todo o backline, porque estava na hora. O manager não permitiu. Mas no que toca à banda U2, eles não tiveram nada a ver com isto (risos). Foram, inclusive, bastante simpáticos connosco. E estavam a assistir até à nossa prestação”.



Boas festas com a

Wera Store! Quer decorar a sua casa a preceito mas dava-lhe jeito ter mais imaginação? Passe pela Wera Store e resolve o problema. “Afinal, está tudo aqui”. Aproxima-se a quadra festiva do ano e a Wera Store não falta à chamada. Os artigos disponíveis são bem diversificados (o difícil é mesmo escolher) e a pensar na sua bolsa, com uma relação preço-qualidade muito convidativa. Neste estabelecimento, marcado pela qualidade e simpatia no atendimento, os clientes sentemse bem! O ambiente é acolhedor, decididamente para toda a família. Aqui poderá encontrar árvores de Natal, muitos

senhores de respeitosa barba branca (o Pai Natal, pois), muita iluminação e brinquedos na hora de se inspirar para oferecer prendas a miúdos e graúdos. Para entrar em 2019 com o pé direito, há acessórios e vestidos de gala para todos os gostos. Não falhe na indumentária, nem na maquilhagem, até porque na Wera Store tem muito por onde escolher. Não poderiam também faltar, claro, os confetis. Há, ainda, entre muitos artigos de vestuário, casacos bem quentes para a estação fria que se inicia.


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Localizada na Rua António da Silva Marinho, nº 120, Porto, a loja está aberta todos os dias das 9h00 às 21h00! Ao lado da Maxmat Porto. Parque de estacionamento grátis facebook.com/LojaWeraStore/


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Comes & Bebes

Um percurso gastronómico pela cidade do Porto Textos: Irene Mónica Leite Fotos: Inez Cortez

CASA DE LÓ Uma casa com boa comida e (boa) música! Tv. de Cedofeita 20A Telefone 917616921 Reza a história que neste espaço se vendia pão de ló, doçaria muito cobiçada pelos portuenses. A Casa de Ló (o nome permaneceu para assinalar o legado) atravessou diferentes gerências até que a atual, com Mónica Borges ao leme, fez uma autêntica remodelação e atualização relativamente à movida da cidade do Porto, aliando a ementa gastronómica à música ao vivo. Em termos gastronómicos, a oferta é eclética e pautada pela qualidade e rigor. “Temos tapas e pratos principais, com produtos portugueses, mas com algo diferenciador. Fazemos, a título de exemplo, o hambúrguer de alheira. Acho que é um produto tipicamente português, a que conseguimos dar-lhe um ‘twist’”. “Temos tripas à moda do Porto, mas em modo tapa, algo mais pequeno e por conseguinte leve. Menção ainda para os rolinhos de salmão com courgette e massa com gambas”. Por outro lado, “somos um restaurante em que as pessoas podem acabar por ficar para desfrutarem de um concerto ao vivo. Uma forma de divulgar e projetar novos talentos. Dar-lhes espaço”. Esta nova gerência começou há pouco mais de seis meses mas ainda assim o balanço é muito positivo. “Estamos sempre a limar arestas, até porque este estabelecimento é um diamante por polir”. Quanto a planos futuros, “estamos a tentar atrair outros nomes mais conhecidos no leque de artistas dentro da casa para que esta se torne de culto e de renome. É esse o nosso caminho”, concluiu Mónica Borges. De segunda a quinta das 19h30 às 02h00. Sexta e sábado das 19h30 às 04h00. Aos domingos está fechado.

O reveillon aproxima-se a passos largos e pede (para além das 12 passas e do champanhe) pratos elaborados com muita pompa e circunstância. Apresentamos-lhe oito restaurantes da cidade do Porto onde a oferta gastronómica é irresistível, ainda para mais com o selo de qualidade Recheio. Sirva-se!


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TRAÇA

Informal e familiar Largo São Domingos 88 Telefone 222081065/934133021 Este estabelecimento nasceu em 2010. “Éramos sócios de outro restaurante, um franchising. Mas gostávamos de ter um restaurante com mais identidade. Andamos alguns anos a estudar esse conceito e avançamos”, começou por nos explicar Catarina Mendes, responsável pelo estabelecimento. A nível gastronómico, o destaque vai, sem dúvida, para as carnes: Costeletão charolês; Lombo de veado grelhado com foie fresco; Risotto cremoso de morcela; Paletilla de cordeiro no forno. Quanto à estética, pode dizer-se que é “informal e familiar. Quisemo-nos basear em móveis antigos, num ambiente acolhedor e que nos faz lembrar as casas antigas aqui do Porto. E viemos também para esta zona [Largo São Domingos] numa aposta hoje ganha”. O balanço é muito positivo. “Agora, sendo a zona cada vez mais turística, temos benefício redobrado. Mas não trabalhamos apenas com esta fatia de clientes”, revelou-nos. No inverno, naturalmente, há uma quebra, a este respeito. “Temos, no entanto, já muitos clientes portuenses familiarizados”. De segunda a quinta das 12h00 às 15h30 e das 19h00 às 24h00. Sexta das 12h00 às 15h30 e das 19h30 às 02h00. Sábado das 12h30 às 16h30 e das 19h30 às 02h00. Domingo das 12h30 às 16h00 e das 19h00 às 23h30.


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TIA ORLANDA

Pratos trabalhados e com garantias Rua das Taipas 113 Telefone 222085710/914622823 O estabelecimento nasceu na Baixa do Porto, há seis anos. Antes estava numa associação, onde permaneceu por dois anos e meio. “Abrir um restaurante era um sonho que tinha de criança”, explica-nos a ‘Tia Orlanda’, como carinhosamente é conhecida. “É uma forma de trazer a cultura moçambicana para aqui. Em termos gastronómicos as atenções recaem para o caril… de gambas, de caranguejo ou de vitela. Mas há pratos de outros países como a muamba que é um prato angolano, ou a cachupa que é cabo verdiana”, explicou-nos Orlanda Barbosa, responsável pelo estabelecimento. “Na comida moçambicana a base é o caril, pois temos ascendência indiana na nossa terra. Mas também, harmonizando, podemos utilizar o coco ou o amendoim, e assim o caril não fica tão intenso. A minha comida tem os picantes à parte. O tempero é meu”, vincou. Quanto a pontos diferenciadores do estabelecimento, Orlanda Barbosa é perentória: “tem um caráter familiar, tentando ter os clientes como amigos. Não tenho muitos turistas, até porque o meu público é mesmo o português, com muito ‘passa-a-palavra’ à mistura”, disse-nos a responsável. A decoração, por sua vez, também está harmonizada com a cultura moçambicana. Tem, a título de exemplo, as capulanas e quadros feitos em Moçambique. “Eu gosto que, quando as pessoas entram aqui, sintam o ambiente africano”. O balanço só poderia ser descrito como “positivo. A fórmula também passa por não inventar muito e fazer bem. São poucos pratos, mas trabalhados e com garantias”, rematou Orlanda Barbosa. Segunda, quarta, quinta e domingo, das 12h00 às 15h00 e das 19h30 às 23h00. Sexta e sábado das 12h00 às 15h00 e das 19h30 às 24h00. Às terças está fechado.


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SOMOS Restaurant & Lounge Um estabelecimento aberto à cidade Av. da Boavista 1466 Telefone 226072552 A marca “SOMOS Restaurante” nasceu em fevereiro deste ano, com o objetivo de passar de comida de hotel e virá-lo mais para a cidade, e para o público em geral. “Beneficiamos de estar na extremidade do hotel, o que nos permite ter uma entrada diretamente do exterior. E cada vez mais tentar mostrar às pessoas locais, que podem almoçar num restaurante de hotel, com uma comida nossa, com uma tendência muito ‘casa’”, explicou-nos Mário Carvalho, da Food & Beverage. O conceito do espaço é “rústico, cru, com madeiras, ferro, com inclusive azulejos portugueses, apelando à nossa identidade”. Na comida, o grande objetivo passa por “não complicar”, com uma gastronomia mediterrânica. A título de exemplo, no que concerne aos pratos quentes, não faltam ingredientes bem portugueses, como o bacalhau, as lulas ou as amêijoas. Assim, a carta dispõe de iguarias como Lascas de bacalhau com puré de grão de bico e ovo a baixa temperatura, Lulas grelhadas com linguine de limão e cebolinho e Amêijoas à Bulhão Pato. Os pratos podem ser acompanhados com guarnições à escolha: Ratatouille, Cebola frita, Arroz basmati, Tempura de cogumelos com cebolinho… o difícil vai ser mesmo escolher. A nova carta do SOMOS Restaurant & Lounge propõe ainda opções de grelhados, que inclui Bife de lombo com molho de tomilho, Coxa de pato com citrinos, Bacalhau à Lagareiro, Polvo assado com tomate, cebola e salsa, entre outras propostas. E porque uma boa refeição tem de terminar, claro, com sobremesa, na carta encontramos tentações como Tarte de amêndoa, Arroz doce, Leite creme tradicional ou Cheesecake americano. De mencionar que há música ao vivo aos sábados. De segunda a domingo das 12h30 às 15h00 e das 19h30 às 22h30.


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PATEO DA MARIQUINHAS Continuar o caminho da qualidade Rua de Alexandre Herculano 81 Telefone 915426203 O estabelecimento nasceu em dezembro de 2017, com o nome de “Retiro da Mariquinhas”, tendo sido alterado para o nome atual em maio. “Achamos que o nome era mais apelativo. E realmente resultou”, explicou-nos Jorge Couto. “A Casa da Mariquinhas já existe, tem 50 anos. O ‘Pateo’, como é recente, trouxe consigo esta analogia com a ‘Casa da Mariquinhas’. A ideia passou por colocar um nome que ligasse as duas casas, até porque este espaço nasceu no mesmo contexto da Casa da Mariquinhas”. Com efeito, em ambas as casas há fado e comida portuguesa, minimamente típica. Dependendo do chef, há sempre um toque diferente. Em termos gastronómicos, o ecletismo domina. “Temos sempre a francesinha à mariquinhas. A nossa é diferente, pois é feita com massa folhada e não com pão de forma tradicional. Temos o nosso bacalhau à mariquinhas, com uma apresentação diferente, pois leva um molho tradicional português. O tradicional arroz de feijão vermelho com pataniscas de bacalhau. Temos ainda a opção vegetariana: a nossa francesinha vegetariana e a lasanha vegetariana, que constituem opções que os clientes normalmente apreciam”. O objetivo futuro passa por continuar nos mesmos moldes para que as pessoas quando passarem por cá, não sintam dificuldades. Quarta e quinta das 20h00 às 00h30. Sexta e sábado das 20h00 às 01h00.


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UM NATAL RECHEADO DE SABOR VENHA VISITAR-NOS www.recheio.pt


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PORTO DOURO “Menos quantidade, mais qualidade”

Rua de Santa Catarina 155 Telefone 220116293/938095200 Nasceu em finais de 2014. “Porquê? Não faço ideia”, disse-nos Rui Maia, gerente do estabelecimento. “Nasceu, porventura, pela falta de um restaurante na Rua de Santa Catarina. Nesta zona existe o Majestic, confeitarias, gelatarias e não um restaurante de raiz. O Porto Douro acaba por nascer um pouco nessa perspetiva, tirando também proveito com o crescimento do turismo na cidade”. Em termos gastronómicos, “as ementas foram feitas a pensar no nosso tipo de cliente. Temos desde a francesinha, passando pelo bacalhau, sardinhas ou bife. Os japoneses, a título de exemplo, procuram muito o arroz de marisco, bacalhau e francesinha. Os brasileiros procuram muito o bacalhau…” E acrescentou: “O nosso carácter diferenciador é que estamos na Rua de Santa Catarina, no nº 155, onde há pouca restauração”. O futuro passa por melhorar cada vez mais a qualidade. “Menos quantidade, mais qualidade”, revelou-nos Rui Maia. De segunda a domingo das 08h00 às 23h00.


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BB GOURMET MAIORCA

Diversidade num caminho de sucessos Rua de António Cardoso 301 Telefone 226092003 O BB Gourmet nasceu em 2007, abrindo para um caminho de sucessos. Já são cinco os estabelecimentos abertos. Em termos gastronómicos a principal característica talvez seja a diversidade. “Temos, com efeito, restaurante numa ótica tradicional, com refeições, almoços e jantares. Temos também pastelaria, o que faz com que funcione das 08h00 às 00h00, sempre com refeições, quer doces, salgadas, cafetaria e pastelaria”, revelou-nos Jorge Santos, responsável pelo estabelecimento. A característica comum de tudo é ser 100% artesanal. “Todos os produtos que proporcionamos aos nossos clientes são feitos de origem. Aliando a isso um preço convidativo. Há todo um cuidado estético nos cinco estabelecimentos abertos ao público.”É tudo pensado numa ótica de design, que permita bom ambiente, quer de decoração, ambiente em geral, e que proporcione bem-estar ao cliente”. “Fomos crescendo, não só com os cinco estabelecimentos, mas também com a Oporto Serviced Apartments. Pretendemos levar a cabo uma pequena fábrica artesanal que permita fornecer os estabelecimentos com marca BB Gourmet”, frisou. De segunda a quinta das 08h00 às 23h00. Sexta e sábado das 08h00 às 24h00. Domingo das 08h00 às 23h00.


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GALERIA DO LARGO

Aqui todos os produtos são destaque Largo São Domingos 45-55 Telefone 223402740 Há três anos abriu o A.S 1829 Hotel com a componente restaurante, nascendo nesse contexto a Galeria do Largo. “O restaurante é uma marca independente, com uma identidade própria e com uma forma de estar totalmente autónoma, que consegue perfeitamente estar dissociada do hotel e aberta à cidade”, começou por nos explicar Raquel Queirós, diretora do hotel A.S. Em termos gastronómicos, há uma clara vocação para a “comida regional, com uma roupagem mais moderna. No fundo, distribuímos os produtos no prato, de maneira diferente, mais aconchegante, e por esta altura com uma carta nova, correspondente ao outono/inverno”, disse-nos o chef Manuel Ferreira. “Usamos os produtos mais sazonais da altura. Aqui todos os produtos são destaque. Trabalhamos as cartas, de forma a chegar a todo o tipo de cliente, disponibilizando um pouco de tudo, seja com um bacalhau sempre de cura tradicional ou as tripas à moda do Porto. Há uma relação preço/qualidade em que o cliente sai satisfeito, com algo bem visível no prato. A quantidade está lá”, revelou. O balanço é crescente. “Iniciamos há três anos e sempre foi uma reta ascendente, com feedback muito positivo da qualidade do produto e serviço”, explicou Raquel Queirós. Em termos de planos futuros, “vamos apresentar o menu executivo todos os dias com enfoque nas leguminosas, desde a sopa de pedra, sopa de casulas, ao rancho, tripas, tudo muito regional”, rematou. De domingo a quinta-feira, das 12h30 às 15h30 e das 19h00 às 22h30. Sexta e sábado das 12h30 às 15h30 e das 19h00 às 23h00.



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“Corre Rosa, corre por Portugal” Há 30 anos, Portugal obteve a primeira medalha de ouro em atletas femininos, nos Jogos Olímpicos. Foi em Seul, Coreia do Sul, que a portuense Rosa Mota consagrou, ao mais alto nível, o nome de Portugal. “Corre Rosa, corre por Portugal”, gritava o comentador desportivo José Galvão, aos microfones da RTP. E a atleta respondeu a rigor, tendo a sua vitória levado o país ao rubro. Recordamos, agora, essa importante passagem na história do atletismo português. Texto: Irene Mónica Leite

Durante muitos anos as mulheres eram impedidas de ser maratonistas. Rosa foi uma das mulheres que ajudou a empurrar o preconceito… do Porto para o mundo. Seul, 23 de setembro de 1988. Após o Bronze conquistado nos Olímpicos de Los Angeles, em 1984, do Ouro nos Europeus de 1982 e 1986, em Atenas e Estugarda, depois do Ouro nos Mundiais de Roma

em 1987, todos os portugueses estavam ainda mais sedentos por uma vitória nos Jogos Olímpicos de Seul. E Rosa Mota não falhou. O país vibrou com a conquista da nossa primeira medalha de ouro feminina. Aos 38 quilómetros, José Pedrosa levantou bem a voz, isto quando seguia a prova num carro da televisão sulcoreana. “É agora ou nunca.”

Rosa Mota tinha, finalmente, ordem para lançar o ataque final. E, a partir daí até à meta, foi uma verdadeira luta contra a concorrência. Mas já ninguém tinha pernas e coragem para ir atrás da menina da Foz. O êxito organizativo e desportivo dos Jogos de Seul, os primeiros que contaram com americanos e soviéticos desde os boicotes trocados de Mosco-


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vo 1980 e Los Angeles 1984, tiveram um significado especial para a história sul-coreana. É que 1988 foi também o ano das primeiras eleições livres no país. Os Jogos também pareceram ainda muito marcados pelo espírito da Guerra Fria, com o despique entre os hinos soviético, alemão oriental e americano a dar o mote. Logo no ano seguinte caiu o Muro de Berlim, em 1990 desapareceu a RDA e em 1991 extinguiu-se a União Soviética. Uma época de mudanças políticas marcou a vitória de Rosa Mota em 1988. AS EMOÇÕES QUE ANTECIPARAM A VITÓRIA! Na véspera da grande conquista, Rosa não revelou nem uma pontinha do medo

que a assolava. Quem a conhecia bem, sabia que era sempre assim a menina de olhar amigo e vencedor da Foz, o grande orgulho dos pais e… do país. Na linha da partida certamente que muitos pensamentos envolviam a atleta portuense. “A primeira preocupação era que não me acontecesse nada: lesões, bolhas, azares, eu sei lá… Por isso, na cabeça era uma espécie de prece para que fosse só correr e não surgissem dificuldades”, contou à imprensa. O resto é história… O vento na altura em Seul preocupou José Pedrosa. “Fiquei preocupado e mais preocupado fiquei quando vi que só vínhamos a contar com a Greta Waitz e a Lisa Martin, mas havia mais com que nos

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preocuparmos, porque a Tatiana era mesmo de respeito se fosse até ao fim na frente. Quando só ficaram a Rosa, a Lisa e a Dorre, aí fiquei mais despreocupado, mas continuava a não ter muita certeza”. REVISTAVIVA, DEZEMBRO 2018


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A luta foi grande e angustiante para Rosa Mota (e José Pedrosa). Não foi fácil o caminho até Seul, mas o destino, já traçado, garantiu a vitória da maratonista. Chegou-se a ponto de a Federação Portuguesa de Atletismo (FPA) lhe querer impedir a inscrição nos Jogos Olímpicos. Em sua defesa estiveram Mário Soares, presidente da República, Cavaco Silva, o primeiro-ministro, e Roberto Carneiro, o ministro da Educação. De acordo com José Pedrosa, a Federação Portuguesa de Atletismo tudo fizera para não permitir a sua inscrição olímpica se Rosa Mota não se filiasse na FPA. Mas se tal acontecesse, já havia um plano B delineado: inscrever-se por Macau (continuava na mira a bandeira de Portugal). QUEM CORRE POR GOSTO NÃO CANSA! Rosa Mota começou a correr quando ainda frequentava o liceu. Começou no Futebol Clube da Foz, em 1974, onde esteve até 1977. Em 1978 mudou-se para o Futebol Clube do Porto onde ficou até 1980, tendo interrompido a carreira devido a um problema de saúde - asma. A partir de 1981 começou a competir pelo Centro de Atletismo do Porto, conhecido por CAP, onde esteve até ao final da sua carreira desportiva. Em 1977 conheceu o médico José Pedrosa, que viria a ser o seu treinador e companheiro. Pedrosa foi responsável

Alguns dados curiosos Rosa Mota continua ligada ao atletismo, sendo muito requisitada a apadrinhar diversas corridas, caminhadas, meias maratonas e maratonas, tanto em Portugal, como noutros países, com iniciativas solidárias e de incentivo à prática do desporto. Em 2004, a maratonista promoveu a maior corrida feminina em Portugal, com cerca de dez mil mulheres ajudando a arrecadar fundos para combater o cancro da mama. “Isto é mais que uma corrida, é uma caminhada para ajudar a combater o cancro da mama”, disse a maratonista. A corrida acontece anualmente em Lisboa, sempre com Rosa Mota como madrinha. A nossa Rosinha, como é carinhosamente apelidada por muitos portugueses, é uma das personalidades mais populares do desporto em Portugal no século XX, juntamente com Eusébio, Carlos Lopes e Luís Figo. No Brasil, a atleta portuense também desfruta de grande popularidade, já que é a maior vencedora feminina de todos os tempos da mais famosa corrida de rua do país, a Corrida de São Silvestre, disputada anualmente nas ruas de São Paulo, no último dia de cada ano. Rosa venceu a prova por seis vezes e de forma consecutiva, iniciando tal feito em 1981.


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pela sua recuperação clínica e, a partir de 1982, assumiu inteiramente a sua preparação desportiva até ao término da sua carreira. Antes a atleta era treinada por Pompílio Ferreira. A primeira maratona feminina que existiu em grandes campeonatos decorreu em Atenas, na Grécia, em 1982, durante o Campeonato Europeu de Atletismo. Esta foi também a primeira maratona em que Rosa Mota participou e embora não fizesse parte do lote das favoritas, Rosa bateu facilmente Ingrid Kristiansen e ganhou assim a sua primeira maratona.

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Vantagens para sócios

Consulta na Clínica

Consulta médica ao domicílio

Consulta médica ao domicílio

Sócio 30€ durante 24 horas

Não Sócio 95€ e 120€

Sócio – Clínica Geral/ Urgência 20€ durante 24 horas

Não Sócio Clínica Geral/ Urgência – 65€

Cada sócio pode ter mais 7 membros (familiares), no total de 8 pessoas, sem aumentar o valor da quota – 12€ mês.

Desconto em todos os serviços e especialidade da Clínica na ordem dos 20%.


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Clube de Bridge do Porto Um grupo de 16 jogadores de bridge franceses, do Club Champfleury de Reims (a região francesa do champanhe), no âmbito de um intercâmbio com o Clube de Bridge do Porto (CBP), visitou entre 17 e 24 de outubro a cidade invicta, conheceu os seus locais mais emblemáticos e disputou quatro torneios daquela modalidade nas instalações do clube. No fecho desta iniciativa, o CBP serviu a todos os participantes um jantar, seguido de um baile bem animado.


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Parque da Gândara Depois de em 2016 terem comemorado o 50º aniversário da sua constituição como conjunto “pop”, os KAPAS, em finais de outubro e acompanhados de vários convidados, “encheram” de música dos anos 80 o Parque da Gândara, fazendo vibrar e dançar as mais de 400 pessoas que assistiram a um excelente espetáculo.



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“Pessoas e histórias” A nova grelha do Porto Canal apresentou, em finais de outubro, um novo programa, o “Nas 4 Linhas Jornal”, uma análise do desporto português, no qual a equipa nuclear, composta por Humberto Ferreira, Rui Cerqueira e Cristiana Pereira, tenta trazer, também, novos conteúdos e rubricas nas quais os protagonistas são as pessoas e as histórias. Texto: Irene Mónica Leite Fotos: Inez Cortez

Humberto Ferreira, editor de desporto, disse à VIVA! que “Nas 4 Linhas” é um formato que o Porto Canal já apresenta. “No fundo, é complementar à emissão do programa/debate às quartas-feiras (“Nas 4

Linhas”), comigo normalmente a apresentar”. O “Nas 4 Linhas Jornal” é uma “síntese daquilo que fazemos para as redes sociais mas também no programa de debate à quarta-feira. Agora vamos tê-lo

durante meia-hora, de segunda a sexta-feira”, acrescentou. Ne s t a e m i s s ã o d i á r i a o s protagonistas são os homens do desporto, nas mais diversas modalidades. Rui Cerqueira explicou-nos que no Porto Canal há a ideia de que há espaço também para explorar em particular a zona norte. “Sim, somos um canal do Porto para o país. Mas a verdade é que temos a noção de que quem nos vê mais está a norte e, obviamente, muitos deles são adeptos do FC Porto”. “Aqui no Porto Canal funcionamos muito pelo feedback de proximidade que apresentamos. Este canal não é facil-


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pessoas bastante conectadas. Mas também temos que pensar que há outra fatia de telespectadores que ainda vivem muito da televisão tradicional e que, neste caso, às 19h30 estão à frente do televisor”, acrescentou. “Em termos de rubricas, a título de exemplo, pensamos em ´10 minutos nas 4 linhas`, que vai ser o seguinte: os entrevistados, homens do desporto, principalmente jogadores, a explicarem-nos o que a carreira deles teve de rico. A rubrica abarca tanto protagonistas dos anos 60, por

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exemplo, como os da atualidade. É como se entrasse no jogo e tivesse apenas 10 minutos para expressar o que foi a sua carreira. Este pequeno espaço vai apelar, assim, às principais histórias de cada pessoa, transmitindo as suas emoções. Creio que vai ser um desafio muito engraçado que vamos lançar a muitas personalidades do desporto. Vamos ter, também, uma rubrica com os movimentos nas diversas modalidades. Explicar a beleza de um ‘afundanço’ no basquetebol. Ou de uma ‘picadinha’ no hóquei em

mente mensurável em termos de audiências. É muito difícil ter os números corretos. Nós, que andamos na rua, sentimos muito esse feedback cara a cara. E é muito importante. Há muitas pessoas que nos dão sugestões e que nos dizem se gostaram ou não”, revelou. Quem vir agora o “Nas 4 Linhas Jornal” vai notar algumas diferenças. “Sabendo que até aqui fizemos um trabalho sobre a notícia pura e dura, do seu lado mais factual. Queremos, agora, dar um passo em frente, indo de encontro às histórias e às pessoas”, disse-nos Rui Cerqueira. “Temos a noção de que há REVISTAVIVA, DEZEMBRO 2018


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patins. Ter os protagonistas do antigamente que começaram a fazer isto pela primeira vez”. Fazia todo o sentido esta nova roupagem do formato de “Nas 4 Linhas”?, perguntamos a certo ponto. Rui Cerqueira foi perentório. “Sim. Acabam por ser marcas diferentes para um produto que pode ser olhado de uma forma mais ou menos uniforme. ‘Nas 4 Linhas’ é o produto do Porto Canal, que sim, é tutela do FC Porto, mas que apresenta uma programação generalista no que também ao desporto diz respeito. Se calhar, não fazia sentido dispersar e

ter um jornal apenas intitulado ‘Jornal de Desporto’. E por isso alteramos para esta nova roupagem”. Da mesma forma que o Universo Porto tem sub-marcas, aqui é exatamente a mesma coisa. “Foi isso que decidimos fazer: unificar. Creio que as pessoas ao verem ‘Nas 4 Linhas Jornal’ vão identificar quer o programa das quartas-feiras, quer as anteriores edições do formato dedicadas ao Euro ou ao Mundial. Julgo que o nome ‘atira’ muito bem para o que queremos fazer. Aqui nem é um espaço de crítica, é um espaço de análise e de

histórias. No Porto Canal, tudo se tem interligado bem. Cada vez mais tem-se percebido as linhas fundamentais do canal: que não chocam, antes se complementam”. Neste formato diversificar é o grande mote. “As três modalidades nucleares que o FC Porto pratica, obviamente que são uma linha importante. No essencial, vamos estar no andebol, no hóquei e no basquetebol como dinamizadores. Mas passamos por todas. Mesmo junto daquelas modalidades que estão a crescer junto das camadas mais jovens,


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como o automobilismo. O norte do país é muito forte nessa área, o que vamos potenciar também”, reforçou Rui Cerqueira. Quanto a expectativas, acima de tudo, “pretendemos começar seguros. Não vale a pena tentar dar um passo maior que a perna. A equipa tem vontade. Queremos no espaço de um, dois meses, ser uma referência neste âmbito. Fazer diferente. Aplicar os melhores modelos em conjunto e depois dar o nosso toque e… alma. Esta é uma equipa que tem uma alma muito própria”, notou o apresentador. De destacar que às sextasfeiras há sempre a antevisão das modalidades, ”através do olhar do Paulo Miguel Castro, alguém que é conhecido por todos os espectadores do Porto Canal pela sua postura isenta. Tudo isto faz com que

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os espectadores continuem fiéis, pois reconhecem precisamente essa análise com rigor e isenção, acima de tudo. Um olhar azul, mas crítico. Tudo isto transposto para o desporto generalista constitui um ponto diferenciador”. Para o futuro, “vamos tentar todas aquelas rivalidades de fim de semana, aqueles jogos, como um Vitória vs Braga, ou um Freamunde vs Passos de Ferreira, sempre com a perspetiva de rivalidade sadia”. Humberto Ferreira lança ainda um convite: “vamos ter um email associado: desporto@portocanal.pt. Para falar connosco e enviar sugestões. É importante pedir também às pessoas que interajam connosco, que mandem sugestões ou até vídeos para promover a equipa da sua terra. Porque há vídeos virais. Não podemos estar em todo o lado, naturalmente, mas podemos chegar com a ajuda dos telespectadores”.

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Residências para estudantes mais carenciados A Santa Casa da Misericórdia do Porto tem em curso obras para as residências Barão Nova Sintra, destinadas a estudantes com possibilidades financeiras mais reduzidas. Trata-se de mais uma importante iniciativa social, numa fase em que a especulação imobiliária é uma realidade. A instituição portuense prossegue a sólida reabilitação de edifícios, reforçando o seu papel social na comunidade.


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A Santa Casa da Misericórdia como entidade que está a dinamizar toda esta área de atuação vai em breve inaugurar um novo espaço para acolher estudantes intitulado Barão Nova Sintra, cuja capacidade abarca 34 estudantes, numa lotação de 34 camas, em tipologias de quartos single, quartos duplos e quartos triplos”, disse à VIVA! o diretor do Departamento de Gestão Administrativa e do Património da Misericórdia do Porto, André Sousa. “Esta nova residência está dimensionada mais ou menos como as Gallery House Residências. Têm áreas comuns como cozinha, uma sala polivalente,

com pátio exterior, que será uma mais valia, que de facto aqui [Gallery House Residências] não temos. Vamos também colocar uma pequena horta, um pequeno espaço de ervas aromáticas para também dar apoio aos estudantes, pois poderão usufruir desse ‘cantinho’ e dos produtos finais na cozinha. O espaço está, ainda, dimensionado com duas áreas de estudo para dar o máximo de condições aos estudantes”, acrescentou. No que concerne aos serviços disponibilizados, há internet e, no essencial, “todos os que são garantidos no universo das residências de

estudantes da Misericórdia do Porto vão ser mapeados para esta nova realidade”. Assim, com a abertura destas residências, a Misericórdia do Porto praticamente duplica a sua atuação e oferta neste segmento de mercado. O perfil sócio-demográfico dos estudantes que recorrem aos serviços da Misericórdia do Porto é bastante diversificado. “Pela experiência das Gallery House Residências e da Bento XVI, a maior parte dos estudantes são oriundos do Brasil e da Espanha. Em terceiro lugar também surgem os estudantes portugueses, que são provenientes de REVISTAVIVADEZEMBRO 2018


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outras localidades do país e vêm para aqui. Por incrível que pareça temos estudantes da Namíbia e da Tailândia. Por isso, o universo é bastante eclético, alargado”, revelou. Em termos de preços, “na Barão Nova Sintra serão mais reduzidos, tendo em conta o posicionamento da Santa Casa da Misericórdia do Porto como instituição de cariz social. Por isso, os valores rondarão entre os 175 euros e os 250 euros”. A Misericórdia do Porto, no âmbito do programa “Reabilitar para Arrendar”, tem levado a cabo várias obras de reabilitação na cidade que prosseguem a bom ritmo. “Continuam, efetivamente. A Misericórdia está a reabilitar todo o plano a que se propôs, começando mais pelos edifícios que se encontram na zona histórica. Candidatamo-nos ao IHRU [Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana], sendo alguns empreendimentos com capitais próprios”. Na Rua Chã, de Trás e das Flores, já é possível visionar esses progressos que se traduzem em melhoria das condições de vida para a população”, revelou-nos Carolina Oliveira, vogal da Comissão Executiva da Santa Casa da Misericórdia. “São custos acessíveis, todos baseados naquela fórmula do IHRU, conforme as possibilidades de cada pessoa. São rendas muito baratas”, observou. “O trabalho continua, começando agora a incidir sobre zonas mais periféricas, nomeadamente nas


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A voz aos estudantes

ruas do Bonfim e Santo Ildefonso”. Este projeto levado a cabo por Carolina Oliveira está bastante agilizado superando as expectativas de timings de concretização de alguns edifícios. “A Misericórdia do Porto foi dinamizadora, neste domínio, na cidade do Porto ao disponibilizar residências para os estudantes, ao chegar a todos e dar o seu contributo de forma equitativa”, dissenos Ilídio Lobão, vogal da Comissão Executiva da Misericórdia do Porto. De mencionar ainda que António Tavares, provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto, no ano passado anunciou que, até 2025, o programa da instituição portuense vai continuar com a reabilitação da Universidade Lusíada, transformando parte dela em residências para estudantes. Um ano depois, em 2018, é possível adiantar que é “um projeto que existe na própria universidade, e que passará pela sua renovação em termos de equipamentos, mas que também apresentará a componente alojamento. A Misericórdia do Porto, neste sentido, é fundamental”. “É um projeto que se mantém válido, pois estamos a trabalhar no sentido da sua concretização, compatibilizando com a direção da Lusíada. Este projeto está a andar com alguma calma, com vontade, mas com serenidade, para que os projetos sejam concretizados de forma sólida”, destacou Ilídio Lobão, membro da Comissão Executiva da Misericórdia do Porto.

Jordi, um estudante espanhol, explicou-nos que a Faculdade de Farmácia enviou-lhe uma lista de alojamentos, depois de a residência pública da Universidade do Porto lhe ter informado que “estava tudo preenchido”. “Depois vi o estado de alojamentos privados, tendose destacado as Gallery House Residências da Misericórdia do Porto. Aderi e estou satisfeito com o preço e a localização”, disse-nos. Jordi mencionou que esta resposta da Misericórdia do Porto é uma forma de combater esta fase complicada para os estudantes em encontrar alojamento. “Esta [Baixa do Porto] é uma zona muito complicada para encontrar alojamento e todos os meus colegas de Erasmus moram longe do centro. Assim morar aqui [Baixa] é uma situação excepcional. Só há apartamentos turísticos ou hostels”, disse. Bruna, brasileira, destacou o “serviço, com tudo muito novinho, proporcionando o maior conforto aos estudantes. É muito perto da minha faculdade. Estou a oito minutos a pé. Para sair de noite é incrível”, observou. “Acho ótimo esta oferta da Misericórdia do Porto nesta fase tão complicada para os estudantes. Não confio muito em alugar apartamentos pela internet. Tendo uma instituição de renome por trás, as coisas ficam mais fáceis. E acho que é muito mais seguro do que enfrentar um ‘golpe’ pela internet”, rematou. REVISTAVIVADEZEMBRO 2018


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“O teatro é para o povo” Márcia Lima é uma trota mundos. Nasceu em Oeiras, mas viveu no Norte, estudou no Porto e agora está sediada em Paris. Numa conversa franca, a atriz falou-nos das origens do seu percurso, das aspirações, mas também das concretizações e trabalhos que merecem reconhecimento, caso do projeto “Germinal”, da sua colega de profissão, Sara Barbosa. Texto: Irene Mónica Leite


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“La Tortue”, com a qual realizaram vários espetáculos. Atualmente está a criar uma nova companhia, “100 Contre Façon“, e é professora de Teatro para a Liga do Ensino (Ligue de l’Enseignement) de Paris. Em teatro e cinema destaque para os seus trabalhos com Afonso Fonseca, Richard Stourak, Rogério de Carvalho, Alan Richarson, Paulina Klimavtskaya, Marcel Marceau, Gil Galiot, Christian Philibert, Marina Trucchi, Pascal Luneau e Xavier Laurent. Como e quando nasceu a paixão pela representação? Não foi inato. Foi por volta dos 13, 14 anos. O meu professor de Filosofia, diretor de turma, viu que eu era uma aluna um pouco perdida na vida (risos). Mas que tinha capacidades. Ele tinha a seu cargo o grupo de teatro do liceu (Sá de Miranda, em Braga). E aconselhou-mo, o que acabei por integrar. Nunca mais larguei esta arte. O Afonso Fonseca (o professor de Filosofia), embora não tivesse formação nessa área, era e continua a ser um apaixonado de teatro. E isso contribuiu para que nos transmitisse essa paixão.

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Foto: Sara Robine

omporta na sua bagagem 20 anos de teatro. Teve como primeiros passos como atriz o grupo de teatro da Escola Sá de Miranda com o encenador Afonso Fonseca, que lhe transmitiu a paixão desta arte, participando, nesta altura, em várias peças, em Braga. Apresenta um bacharelato em Interpretação da Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo do Porto (ESMAE). Em 2001 foi para França como estudante estrangeira no Conservatório de Paris, até 2003. Nesse ano, com Sarah Mathon, criou a companhia

Nasceu em Oeiras, fez vida no Norte e rumou depois a Paris. Porquê? A primeira vez que contactei o Porto foi no dia dos meus 20 anos. Vim na altura para passear e apaixonei-me pela cidade e por cá fiquei. Depois, antes do último ano na ESMAE, decidi concorrer ao Conservatório de Paris. Foi uma vontade minha de me escapar a esta elite que gravita em torno do teatro, em Portugal. Não queria entrar no mundo do trabalho desta maneira. Naquela idade não tinha fronteiras. Quero que esta seja uma importante mensagem para os jovens: nunca renunciar aos sonhos. Tem que se ter sempre aquela força de ir até ao fim das vontades. A minha mãe disse-me apenas para eu me desenrascar. Ela não queria que eu me fosse embora. Mas eu tinha trabalhado num bar, e guardei algum dinheiro de lado. Três dias antes de apanhar o comboio enREVISTAVIVA, SETEMBRO 2018


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contrei um amigo que não via há algum tempo. Disse-lhe que ia para Paris, e ele ficou preocupado nas condições que ia, sem saber o local para onde iria dormir. ‘E para onde vais?‘, perguntou. ‘Não sei’, respondi. Não era essa a minha preocupação. Mas esse amigo ligou ao pai, que morava em Paris, e explicou a minha situação. Foi assim que tive um ‘poiso’, e segui para o Conservatório de Paris. Em Portugal temos muito o trabalho de corpo, personagem, a nível de atores. Em França trabalha-se muito o texto. A voz e o corpo são importantes, mas não tanto como em Portugal. Entretanto acabei por ficar a dar aulas. E descobri outra coisa. O facto de dar aulas aos outros permite estarmos sempre todos a aprender. Estou a crescer imenso. Dou aulas a crianças e adultos. Os adultos a quem dou aulas são juízes, advogados, médicos, professores, jornalistas, que veem o teatro como um hobby. Acaba-se por ter ali uma espécie de companhia amadora. Mas há aquele fator importante de todos serem autênticos, de estarem ali livres.

O seu teatro acaba por ter uma forte componente de intervenção social? A meu ver, só podes fazer teatro se for nesse objetivo. E o projeto “Germinal”, da minha colega Sara Barbosa, é disso exemplo. Porque o teatro não é para os atores. O teatro é para o povo. Tem em mãos o projeto de uma nova companhia… Essa companhia vai ser feita por pessoas que não são atores. Estamos neste momento a trabalhar no texto de Almada Negreiros, “A cena do ódio”. A nossa ideia é transformar este texto, que é um punho, uma revolta contra a sociedade burguesa, e colocá-lo na sociedade atual. Hoje vê-se o oito e o 80 nas pessoas. Traduzir este texto para francês, não foi tarefa fácil, pois contém palavras tipicamente portuguesas, de difícil tradução. Eu interpreto uma vagabunda, com uma casa em cartão, um bocado esquizofrénica. As pessoas têm que sair dali e pensar: “vamos olhar mais para os outros, dar a mão”. Este texto do Almada Negreiros é uma bomba atómica.


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Germinal - Da semente à arvore robusta A companhia cultural Cão Danado, depois de convocada para o efeito, “assentou arraiais” no Parque da Devesa, em Vila Nova de Famalicão, em setembro passado com o projeto “Germinal” e uma residência artística com Davis Freeman. A associação, criada em 2001, assumese como uma estrutura de criação e de produção de artes, tendo vindo a desenvolver o seu trabalho não só na área das artes performativas, mas também nas artes visuais, música, cinema e formação. A palavra Germinal remete-nos para “nascimento”, explicou-nos Pascal Luneau, que está na equipa do projeto desde o início. Germinal toca em todas as áreas do espetáculo, nomeadamente o teatro, a dança, o vídeo, a música, cinema. Um projeto interdisciplinar. O projeto foi iniciado por Sara Barbosa.

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Balanço a estabelecer destes 20 anos de amor à profissão… A vida é um ritmo. Penso que não se pode baixar os braços. Tens que dar sempre uma cor à tua vida. Como ao levantar da manhã e dizer: “vou viver este dia como se fosse o último”. Acho que com o avançar da idade consigo gerir melhor essas questões. Preocupo-me em mostrar a vida aos meus filhos. Lá está, o ‘germinal’, em que tudo vai crescendo, se vai amadurecendo… Pelo que já me mencionou do “Germinal”, é um projeto que vai até às entranhas… Vem precisamente de dentro. Por aquilo que eles viveram, que a Sara Barbosa viveu. Na incerteza de ter apoios. O projeto desta minha colega é mesmo aquela semente em que vamos fazer com calma crescer a árvore. REVISTAVIVA, DEZEMBRO 2018


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Celebrar o Natal é anterior ao aparecimento de Jesus

A história do Natal começou pelo menos sete mil anos antes do nascimento de Jesus. É tão antiga quanto a civilização e tinha um motivo bem prático: celebrar o solstício de Inverno, a noite mais longa do ano no hemisfério norte, que acontece no final de dezembro. Dessa madrugada em diante, o Sol fica cada vez mais tempo no céu, até ao auge do Verão. É o ponto de mudança das trevas para luz: o “renascimento” do Sol. Num tempo em que o homem deixava de ser um caçador errante e começava a dominar a agricultura, o regresso dos dias mais longos significava a certeza de colheitas no ano seguinte. E então era só festa, que celebrava Mitra, o deus da luz. Na Mesopotâmia, a celebração durava 12 dias. Já os gregos aproveitavam o solstício para celebrar Dionísio, o deus do vinho e da vida pacífica, enquanto os egípcios relembravam a


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passagem do deus Osíris para o mundo dos mortos. Na China, as homenagens eram (e ainda são) para o símbolo do yin-yang, que representa a harmonia da natureza. Até os povos antigos da Grã-Bretanha, mais primitivos que os seus contemporâneos do Oriente, comemoravam: a festa era em volta de Stonehenge, monumento que começou a ser erguido em 3100 a.C. para marcar a trajetória do Sol ao longo do ano. A comemoração em Roma era só mais um reflexo de tudo isso. Celebrar Mitra no 25 de dezembro era nada mais, nada menos, do que festejar o velho solstício de Inverno – pelo calendário atual, diferente do dos romanos, o fenómeno na verdade acontece no dia 20 ou 21, dependendo do ano. Seja como for, o culto a Mitra chegou à Europa por volta do século 4 a.C., quando Alexandre, o Grande, conquistou o Oriente Médio. Centenas de anos depois, os soldados romanos viraram devotos da divindade. E ela foi parar a Roma, no centro do Império. Mitra, então, ganhou uma celebração exclusiva: o Festival do Sol Invicto. Esse evento passou a fechar outra festa dedicada ao solstício. Era a Saturnália, que durava uma semana e servia para homenagear Saturno, senhor da agricultura. Os mais animados entregavam-se a orgias – mas isso os romanos faziam o tempo todo. Bom, enquanto isso, uma religião pouco expressiva crescia em Roma: o cristianismo.

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Solstício cristão As datas religiosas mais importantes para os primeiros seguidores de Jesus só tinham a ver com o martírio dele: a Sexta-Feira Santa (crucificação) e a Páscoa (ressurreição). O costume, afinal, era lembrar apenas a morte de personagens importantes. Os líderes da Igreja achavam que não fazia sentido comemorar o nascimento de um santo ou de um mártir – já que ele só se torna uma coisa ou outra depois de morrer. Sem esquecer que ninguém sabia a data em que Cristo veio ao mundo – o Novo Testamento não diz nada a esse respeito. Mas os fiéis cristãos de Roma queriam arranjar algo para fazer frente às comemorações pelo solstício. E colocar uma celebração cristã nessa época viria a calhar – principalmente para os chefes da Igreja, que teriam mais facilidade em amealhar novos fiéis. Assim, em 221 d.C., o historiador cristão Sextus Julius Africanus teve a grande ideia: colocou o aniversário de Jesus no dia 25 de dezembro, nascimento de Mitra. A Igreja aceitou a proposta e, a partir do século IV, quando o cristianismo se tornou a religião oficial do Império Romano, o Festival do Sol Invicto começou a mudar de homenageado. Não se sabe ao certo como foram os primeiros Natais cristãos, mas é um facto que hábitos como a troca de presentes e as refeições sumptuosas permaneceram. E a coisa não REVISTAVIVA, DEZEMBRO 2018


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ficou por aí. Ao longo da Idade Média, enquanto os missionários espalhavam o cristianismo pela Europa, costumes de outros povos foram entrando para a tradição natalícia. A que deixou um legado mais forte foi o Yule, a festa que os nórdicos faziam em homenagem ao solstício. O presunto da ceia, a decoração toda colorida das casas e a árvore de Natal vêm de lá. Só isso. Outra contribuição do norte foi a ideia de um ser sobrenatural que dá presentes para as criancinhas durante o Yule. Em algumas tradições escandinavas, era (e ainda é) um gnomo quem cumpre esse papel. Mas essa figura logo ganharia traços mais humanos. No séc. IV, na Ásia Menor, três raparigas da cidade de Myra (onde hoje fica a Turquia) estavam socialmente “encalhadas”. O pai delas não tinha meios de subsistência e elas só viam uma forma de sair da miséria: entrar para o ramo da prostituição. Foi então que, numa noite de Inverno, um homem misterioso atirou um saquinho cheio de ouro pela janela (alguns dizem que foi pela chaminé) e desapareceu. Na noite seguinte, atirou outro; depois, mais outro. Um para cada rapariga. Então elas usaram o ouro como dotes de casamento – não se conseguia arranjar um bom marido na época sem pagar por isso. E viveram felizes para sempre, sem o fantasma de entrar para a vida, digamos, “profissional”. Tudo graças ao homem dos saquinhos. O nome dele? Pai Natal. Bom, mais ou menos. O tal benfeitor era um homem de carne e osso conhecido como Nicolau de Myra, o bispo da cidade. E um século após a sua morte, o bispo foi canonizado pela Igreja Católica,

tornando-se São Nicolau. Era um santo multiuso: padroeiro das crianças, dos mercadores e dos marinheiros, que levaram a sua fama de bom para todos os cantos do Velho Continente. Na Rússia e na Grécia, Nicolau tornou-se o santo número um. No resto da Europa, a imagem benevolente do bispo de Myra fundiu-se com as tradições do Natal.



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E ele tornou-se o presenteador oficial da data. Na Grã-Bretanha, passaram a chamá-lo de Father Christmas (Pai Natal). Os franceses cunharam Pére Nöel. Na Holanda, o santo Nicolau teve o nome encurtado para Sinterklaas. E o povo dos Países Baixos levou essa versão para a colónia holandesa de Nova Amsterdão (atual Nova York) no século XVII – daí o Santa Claus que os norte-americanos adotariam depois. Assim o Natal que hoje conhecemos ia ganhando o mundo. Também em Londres, em 1846, no auge da Revolução Industrial, o rico Ebenezer Scrooge passava os seus Natais sozinho e queria que os pobres diminuíssem “para acabar com o crescimento da população”, dizia. Foi quando ele recebeu a visita de três espíritos que representavam o Natal, que lhe ensinaram que essa é a data para esquecer diferenças sociais, abrir o coração, compartilhar r i q u e z a s . E o av a r e n t o transformou-se num homem generoso. Este é o enredo de “Um Conto de Natal”, do britânico Charles Dickens. Depois, inúmeros escritores seguiram a mesma linha – o nome original do Tio Patinhas, por exemplo, é Uncle Scrooge, e a primeira história do pato avarento, feita em 1947, faz paródia a “Um Conto de Natal”. Tudo isso, no fim das contas, consolidou a imagem do “espírito natalício” que hoje enche a comunicação social. Quer dizer: quando começar o próximo especial de Natal na televisão, pode ter certeza de que o fantasma de Dickens vai estar ali. Outra contribuição da

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Revolução Industrial, bem mais óbvia, foi a produção em massa. Ela desenvolveu a indústria dos presentes, fez nascer a publicidade natalícia e acabou transformando o bispo Nicolau no símbolo mais requisitado do planeta. Até meados do século XIX, a imagem mais comum dele era a de um bispo mesmo, com manto vermelho e mitra – aquele chapéu comprido que as autoridades católicas usam. Para se enquadrar nos novos tempos, então, o homem passou por uma plástica. O cirurgião foi o desenhista americano Thomas Nast, que em 1862 tirou as referências religiosas, adicionou uns quilinhos a mais, remodelou o figurino vermelho e estabeleceu a residência dele no Pólo Norte – para que o velhinho não pertencesse a país nenhum. Nascia o Pai Natal de hoje. Mas a figura do bom velhinho só “explodiria” mesmo no mundo todo depois de 1931, quando ele se tornou a estrela de uma série de anúncios da Coca-Cola. A campanha foi sucesso imediato. Tão grande que, nas décadas seguintes, o simpático gorducho se tornou a coisa mais associada ao Natal. Mais até que o verdadeiro homenageado da comemoração. Ele mesmo: o Sol. (Baseado num texto de Alexandre Versignassi e Thiago Minami)



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O Porto tem alma de muralha Agustina Bessa-LuĂ­s


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“Queremos saúde de qualidade para todos” Textos: Irene Mónica Leite Fotos: Francisco Teixeira (CM Matosinhos)

O Plano Municipal de Saúde (PMS) de Matosinhos já foi apresentado e chegará ao terreno no início de 2019, nomeadamente com a criação da bolsa de cuidadores e com os rastreios de saúde oral e visual nas escolas. Conheça mais novidades.

A qualidade de vida e o bem-estar dos cidadãos estão no topo das prioridades da Câmara Municipal de Matosinhos. “Sendo um direito constitucional dos portugueses, e um dos direitos fundamentais consagrados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a saúde é também um elemento fundamental para a qualidade de vida de todos, e particularmente de todos os matosinhenses, relativamente aos quais temos responsabilidades acrescidas”, começou por nos explicar a presidente da Câmara de Matosinhos, Luísa Salgueiro. “Sabemos, por vários estudos realizados, que os cidadãos com menores rendimentos têm mais dificuldades em aceder a cuidados de saúde, especialmente a serviços como a saúde oral, a saúde mental e medicamentos. Os mais pobres, dizem-nos os mesmos estudos, têm de esperar mais por uma consulta, exame ou tratamento, e apresentam uma menor probabilidade de darem sequência aos tratamentos”, revelou a autarca.


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“E embora se saiba que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) português é aquele que consegue fazer tão bem ou melhor que a média dos países da União Europeia (UE) com menos orçamento público, os mesmos estudos independentes apontam para que quase 20% dos mais pobres tinha, em 2016, deixado de aceder a consultas ou tratamentos por dificuldades financeiras. O PMS visa, por isso, atuar de modo complementar ao SNS”, disse Luísa Salgueiro. O Plano Municipal de Saúde de Matosinhos estabelece os eixos estratégicos da futura intervenção e as medidas concretas a implementar com o objetivo de reduzir os fatores que contribuem para o desenvolvimento da doença e incrementar a equidade no acesso à saúde.

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“Reconhecendo, pois, a importância das políticas públicas de saúde para o bem-estar dos nossos munícipes, a CMM [Câmara Municipal de Matosinhos] tomou a decisão de conhecer o Perfil de Saúde de Matosinhos e de elaborar o Plano Municipal de Saúde, tendo em vista obter um retrato dos cuidados de saúde prestados e estabelecer um roteiro que permita maximizar os recursos existentes, tendo como vetores principais a cooperação entre os diversos atores e os princípios da equidade e da qualidade das respostas”, reiterou Luísa Salgueiro. Neste sentido, foi ainda aprovada recentemente a criação de uma bolsa de cuidadores que permita melhorar as condições daqueles que estão doentes e daqueles que deles cuidam. “O plano que agora apresentamos procura adotar REVISTAVIVA,DEZEMBRO 2018


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uma visão abrangente deste setor e visa não só procurar tirar o máximo partido dos recursos existentes, criando uma rede que efetivamente comunique, troque experiências e resolva problemas, mas também, e sobretudo, promover ações, hábitos e estilos de vida capazes de prevenir o aparecimento da doença. Em poucas palavras: queremos saúde de qualidade para todos”, rematou a autarca. Assim, pretende-se melhorar a saúde de toda a população do concelho de Matosinhos, reduzir as iniquidades em saúde e promover a liderança, a capacitação e a governação participativa em saúde.

“Saúde para todos”: eixos estratégicos

Os eixos estratégicos do PMS de Matosinhos apontam para o investimento na saúde ao longo de todo o percurso de vida, capacitar os indivíduos para a melhoria e manutenção da saúde, criar comunidades locais e ambientes

promotores de saúde mais resilientes, diminuir o impacto que os principais problemas de saúde têm sobre a população, e centrar o sistema de saúde nas pessoas e na sua qualidade de vida. O aumento da literacia em saúde, a garantia do acesso a serviços de apoio psicossocial, a promoção de projetos no âmbito da saúde sexual e planeamento familiar, a ampliação da oferta e da acessibilidade à atividade física e desportiva, a promoção da alimentação saudável ou a atenuação das consequências dos comportamentos aditivos são outros dos objetivos deste instrumento estratégico. Na proposta “Perfil de Saúde de Matosinhos e Plano Municipal da Saúde do Concelho de Matosinhos 2019-2021”, a autarquia assume como prioridade melhorar a saúde de toda a população do concelho, reduzindo as “iniquidades em saúde” e promovendo a liderança e a governação participativa da saúde, com base no conceito “saúde para todos”.

As atividades que compõem o plano resultam da compilação das ações que já se encontram a ser desenvolvidas, havendo, contudo, necessidade de desenhar novas iniciativas em parceria com as diversas entidades, nomeadamente faculdades, clubes desportivos e associações voluntárias de bombeiros, sustenta o documento. Recorde-se que em abril de 2017, a Câmara Municipal de Matosinhos integrou a Rede Portuguesa de Municípios Saudáveis (RPMS), assumindo como uma prioridade melhorar a saúde de toda a população do concelho. A RPMS é uma Associação de Municípios, criada em 1997, integrada na Rede de Cidades Europeias, dinamizada pela Organização Mundial de Saúde, que se assume como um fórum de partilha e de discussão de questões com impacto na saúde e qualidade de vida das pessoas.


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O serviço de apoio a cuidadores informais

A Bolsa de Cuidadores vai arrancar no início de 2019 com o objetivo de auxiliar logisticamente pessoas que dedicam a vida a cuidar de pessoas dependentes e apresentem sinais de fadiga mental e física. Trata-se, essencialmente, de mulheres com idade superior a 50 anos que, na sua maioria, cuidam de pessoas envelhecidas. Dadas as dificuldades deste tipo de trabalho, apresentam sinais de cansaço físico e psicológico e referem como principais necessidades o descanso e o apoio socioeconómico. Este é, de acordo com o estudo levado a cabo no final de 2017 pela Câmara Municipal de Matosinhos em conjunto com IPSS locais, o retrato dos cuidadores informais do concelho – foram auscultados

cerca de 400 (47% são ascendentes ou cônjuges). Deve-se entender por cuidadores informais “pessoas que, voluntariamente, cuidam de outras, numa situação de doença crónica, deficiência e/ou dependência, parcial ou total, de forma transitória ou definitiva, ou noutra condição de fragilidade e necessidade de cuidado, realizando-se este fora do âmbito profissional, ou formal”, que são “não remuneradas, com relação significativa (familiar, parceiro/a, amigo/a e/ou vizinho/a)” e assumem-se “como principais responsáveis

pela organização, assistência e/ou prestação de cuidados”. Refira-se que o serviço funcionará em parceria com entidades da rede solidária e entidades públicas. Farão parte deste grupo a autarquia, responsável pelo financiamento (cerca de 200 mil euros anuais), a ADEIMA – Associação para o Desenvolvimento Integrado de Matosinhos, Associação Cuidadores, Unidade Local de Saúde de Matosinhos, Centro de Emprego de Matosinhos e IPSS com respostas sociais para pessoas idosas e Instituto de Segurança Social, I.P.. REVISTAVIVA,DEZEMBRO 2018


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Santo Tirso, aqui é Natal!

Nesta quadra natalícia, há mais motivos para visitar Santo Tirso. O programa “Santo Tirso, Aqui é Natal” promete conquistar miúdos e graúdos durante a época mais mágica do ano. A pensar nos mais pequenos, o Parque do Ribeiro do Matadouro, um emblemático e surpreendente espaço verde, vai transformar-se numa verdadeira aldeia Natal, cheia de animação e propostas diversificadas. Dois espetáculos musicais, numa

conjugação harmoniosa de teatro e música, vão fazer as delícias de toda a família. Ao fim de semana, o espetáculo Terra do Nunca vai encantar com duas apresentações, às 15h00 e às 16h30; já durante a semana o Génio da Lâmpada anima as tardes, às 14h30 e às 16h00. Haverá ainda uma Praça de Talentos, espaço dedicado às artes, onde todos os dias decorrem diferentes atividades relacionadas com a música, a magia, o cinema e a literatura.

Lugar mágico e de encontro, por entre árvores e arbustos, a casa do Pai Natal tem a porta sempre aberta para todos os que o queiram visitar; pelo caminho podem deixar os votos para este Natal dentro de bolas decorativas na Ponte dos Desejos. Para os que se quiserem aventurar por atividades mais radicais há ainda lugar para o snowtubbing, uma rampa onde poderão deslizar com a ajuda de boias, uma parede de escalada que promete pôr à prova os mais corajosos, e ainda um slide para deslizar sobre o Parque. Para além destas propostas há ainda um circuito de mini golfe, uma estrutura de arvorismo implantada entre a vegetação onde os mais novos são desafiados a ultrapassar obstáculos, uma lagarta sorridente que irá transportar as crianças e, como não poderia faltar, insufláveis. Mas as propostas não ficam por aqui. Durante os fins de semana de dezembro, a Praça 25 de Abril


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NATAL NO PARQUE

Horários 8 e 9 dezembro 13 a 23 dezembro Segunda a sexta 14h00-18h00 Sábado e domingo 14h00-19h00 Bilheteira 1€ - Crianças (a partir dos 3 anos) 2€ - Adultos (M/12) Passe geral Crianças – 5€ Adultos - 8€

vai acolher, entre as 14h00 e as 19h00, o Mercado de Natal, onde produtores e artesãos locais estarão com ofertas diferenciadoras, pensadas para esta quadra festiva. Aceite o nosso convite e deixe-se também surpreender pelos vários momentos de animação e interação cultural, com o objetivo de tornar este mercado numa festa cheia de cor e alegria, pensado para toda a família. A árvore da Praça irá proporcionar o cenário perfeito para a recordação do Natal 2018. AF revista vivade 15cm x 5,8cm.pdf

Comboio

O comboio de Natal tem saídas regulares com destino ao Parque do Ribeiro do Matadouro. As saídas fazem-se junto à Câmara Municipal, a partir das 14h00, com passagem pelo centro da cidade. A viagem é gratuita.

Exposição Internacional de Presépios

Paralelamente à programação de Natal, até dia 3 de janeiro Santo Tirso volta a ser a capital dos presépios. A XII edição11:58 da Exposição 1 12/11/18

Internacional de Presépios está patente na Câmara Municipal com mais de cem peças raras de alguns dos principais artesãos portugueses. Júlia Ramalho, Mistério Filhos e Júlia Côta de Barcelos, Irmãs Flores e Jorge Conceição de Estremoz, Delfim Manuel de Santo Tirso são alguns dos artesãos em exposição. Os visitantes podem contar com presépios muito diversificados, em vários tipos de materiais como cerâmica, madeira, couro, azulejaria, granito ou vitral.


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Paranhos com atividades reforçadas para os mais jovens Paranhos apresenta um vasto conjunto de atividades para os mais jovens que vão para além do horário escolar. A pensar na segurança e com atenção à flexibilidade horária dos encarregados de educação, o autarca Alberto Machado organizou um conjunto de diversificados programas, como o projeto “Entrelaçar”, que procura estimular a relação familiar. Texto: Irene Mónica Leite

A Junta de Freguesia de Paranhos, pensando nos mais jovens e seus encarregados de educação, promove um conjunto de atividades que constituem, simultaneamente, um forte apoio às famílias. No mês de julho, a autarquia voltou a promover o programa “Férias Desportivas”, com atividades dirigidas a crianças e

jovens, entre os 8 aos 16 anos. Estas férias são sinónimo de alegria, divertimento, aventura, novas amizades e novas experiências. Nesse período de pausa letiva, a atividade traduz a importância que a Junta de Freguesia de Paranhos dá à componente de apoio à família, permitindo que os mais novos estejam bem entregues, ocu-

pando os seus tempos livres de forma ativa e saudável. Praia, trampolins, dança, basquetebol e bowling são algumas das atividades que fizeram parte do programa deste ano, no qual participaram cerca de 180 crianças e jovens. Os ATL, em funcionamento em muitas das escolas de primeiro ciclo da freguesia, funcionam em “pontas” durante os períodos letivos, permitindo atividade entre as 8h e as 9h e entre as 17h30 e as 19h30, e em atividade total durante os períodos de férias (das 8h às 19h30). A título de exemplo, durante estas férias de verão, a junta de freguesia promoveu diversas atividades para os mais novos nos seus ATL, desde culinária, idas à praia, a atividades desportivas. O ambiente foi, naturalmente, de muita diversão e convívio, tornando esses dias inesquecíveis para os mais novos. Em setembro voltou a funcionar


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o ATL “Regresso às Aulas”, com atividades lúdicas e pedagógicas, desportivas e socioculturais, nas quais as crianças têm a oportunidade de, para além de se divertirem, se ambientarem à nova escola que vão frequentar ao longo do ano e fazer novos amigos. Para a pausa letiva do Natal, a Junta de Freguesia de Paranhos está já a preparar um conjunto de atividades diversificadas.

PROJETO“ENTRELAÇAR” O Projeto “Entrelaçar” constitui já uma referência do Pelouro da Educação da Junta de Freguesia de Paranhos. Desde 2011 que tem como principal objetivo estreitar laços entre pais e filhos, através da participação conjunta em atividades lúdicas, pedagógicas e inovadoras, que fundem diversão e conhecimento. Refira-se que as atividades propostas para um sábado de cada mês são gratuitas, mas de inscrição obrigatória e limitadas em número. São direcionadas a meninos e meninas entre os 6 e os 10 anos que frequentem as escolas básicas da freguesia de Paranhos acompanhados dos respetivos pais e/ou avós. Depois de em outubro terem visitado o “Cantinho das Aromáticas”, em novembro foi a vez do Museu da Misericórdia. Para o mês de dezembro, a atividade proposta é uma visita ao Teatro Nacional São João. REVISTAVIVADEZEMBRO 2018


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CARNEIRO

TOURO

GÊMEOS

21/03 a 19/04

20/04 a 20/05

21/05 a 20/06

Não leia horóscopos. A sua cor da sorte é o azul turquesa. Toque gaita de foles. Experimente chá de leitão.

Use brincos dourados. Coma 10 bolachas de água e sal seguidas sem beber nada. Apanhe um esquilo e façalhe um penteado à moicano.

Vá trabalhar com rodelas de pepino no bolso. Faça colares de missangas em tons pastel e beba mais sumo de tangerina.

CARANGUEJO

LEÃO

VIRGEM

21/06 a 22/07

23/07 a 22/08

23/08 a 22/09

O seu número da sorte é o 45084. Beba muita água com gás fresca mas só de palhinha em forma de gato.

Rasgue todas as suas calças de ganga no joelho. Lembre-se da sua inspiração para os outros. Peça arroz basmati ao vizinho da frente e agradeça com um “és gordo”.

Ligue para o seu amigo Ricardo e tente convence-lo a irem nadar para o rio Lima todos nus. Cozinhe carne de porco à alentejana.

BALANÇA

ESCORPIÃO

SAGITÁRIO

23/9 a 22/10

23/10 a 21/11

22/11 a 21/12

Tenha uma discussão filosófica e leia um bom livro. Respire só pela boca da 17h00 às 18h00 durante 5 dias.

Aprenda código morse. Aprenda o alfabeto grego. Aprenda a tabuada do 73. Aprenda a tocar xilofone.

Esqueça o luxo e os bens materiais. Coma atum em conserva durante uma semana sem nunca esquecer de saltar à corda antes de se ir deitar.

CAPRICÓRNIO

AQUÁRIO

PEIXES

22/12 a 19/01

20/01 a 18/02

19/02 a 20/03

Coma menos fruta. Framboesas então nem pensar. Use mais o bege. Pinte os lábios com um tom esverdeado.

Sendo um signo da água, você é muito sensível. Coma mais queijo azul e tome banho no bidé.

Não use o comando da televisão. Compre 10 ventoínhas para oferecer no Natal. Use lápis de cera.


CRÉDITO HABITAÇÃO BPI TAXA FIXA. Para se proteger de imprevistos ao longo da sua vida e não se preocupar com as variações da prestação mensal do seu crédito habitação, no BPI pode escolher pagar sempre a mesma prestação durante todo o empréstimo. A 10, 15, 20, 25 ou 30 anos.

CRÉDITO HABITAÇÃO BPI TAXA FIXA A 30 ANOS

TAEG

4,8%

Sem vendas associadas

2,95%* TAEG 3,9% TAN FIXA Desde

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* PRESSUPÕE AS SEGUINTES CONDIÇÕES:

Domiciliação de 1 Ordenado Cartão de Crédito Seguro de Vida e Multirriscos - Allianz BPI Domiciliação de Pagamentos Proposta aprovada até 31.12.2018 e escritura até 31.03.2019 Exemplo de inanciamento com hipoteca de € 150.000 por 30 anos | Pressupõe 2 proponentes com 30 anos, com conta aberta há mais de 30 dias e com a melhor classe de risco da operação | Comissões e despesas iniciais de € 1.935. TAEG 4,8%: TAN 3,85%, 360 prestações mensais de € 703,21, prémio anual médio do seguro de vida e multirriscos de € 803, MTIC de € 279.169. TAEG 3,9% com vendas associadas: TAN 2,95%, 360 prestações mensais de € 628,37, prémio anual médio do seguro de vida e multirriscos de € 772, MTIC de € 251.303. Taxas válidas até 30/11/2018. Seguros da Companhia de Seguros Allianz Portugal, S.A., comercializados pelo Banco BPI, S.A., Sociedade Aberta, Rua Tenente Valadim, 284, Porto, na qualidade de Mediador de Seguros Ligado n.º 207232431 (registado junto da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões em 31/10/2007 - informações adicionais relativas ao registo disponíveis em www.asf.com.pt), autorizado a exercer atividade nos Ramos de Seguro Vida e Não Vida com as Seguradoras BPI Vida e Pensões - Companhia de Seguros Vida, S.A., Companhia de Seguros Allianz Portugal, S.A. e COSEC - Companhia de Seguro de Créditos, S.A. O Banco BPI, S.A. não está autorizado a receber prémios nem a celebrar contratos em nome das referidas entidades e, na sua qualidade de mediador de seguros, não assume qualquer responsabilidade na cobertura de riscos inerentes ao contrato de seguro. A presente informação tem natureza publicitária e não dispensa a leitura pré-contratual e contratual legalmente exigida, não constituindo uma proposta contratual. Contratação sujeita a aprovação prévia das entidades envolvidas e à avaliação da solvabilidade dos intervenientes na operação.

A VIDA MUDA. A TAXA NÃO. Toda a informação nos Balcões BPI ou em bancobpi.pt



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