VIVA! Porto - março 2018

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Revista gratuita trimestral, março 2018

PORTO

Saiba tudo sobre a taxa turística

MÚSICA O melódico ano de 1998

Valente de Oliveira

“ O importante é não parar”


E D I T O R I A L

Um provedor para a solidão

consigo com segurança: Alterar o limite do cartão de crédito e consultar os movimentos Repartir o pagamento das compras de maior montante Bloquear/desbloquear o cartão de crédito para compras online e no estrangeiro … e ainda muito mais

Mais simples, mais digital.

Ainda a propósito da recente decisão da Câmara Municipal do Porto de acabar com a Provedoria da Deficiência, incluindo-a na Provedoria do Munícipe agora criada, queria levantar aqui um outro problema, com a mesma gravidade e acuidade social, que é o caso das pessoas, maioritariamente idosas, que vivem em completa solidão e que, não obstante os apoios que recebem da segurança social e da autarquia, têm uma existência indigna aguardando o fim da sua vida em lamentáveis condições sociais que nos envergonham. Claro que este problema não se esgota nas cidades do Porto, Matosinhos ou Gaia, abrange toda a área metropolitana e replica-se, inevitavelmente, por todo o país. É já considerada como a nova epidemia das sociedades modernas e, além dos idosos, pode também afetar crianças, jovens e outros adultos, sobretudo nas grandes cidades. Os efeitos negativos da solidão na saúde há muito que são conhecidos, mas só agora o assunto começa a despertar maior atenção por parte dos especialistas, devido à dimensão que atinge nas grandes cidades mundiais. Um novo estudo, apresentado recentemente no congresso anual da Associação Americana de Psicologia, conclui mesmo que a solidão pode ser um risco para a saúde. Na realidade, uma pessoa que está sozinha geralmente mostra-se mais angustiada, deprimida e hostil. Na maioria dos casos, dificilmente realiza atividades físicas e potencia relações negativas com os outros e, de acordo com vários estudos, este sentimento pode ser contagioso. O estudo refere mesmo que ao sentir-se solitário, o isolamento social aumenta o risco de morte prematura em 50%, enquanto a convivência social pode prevenir o risco na mesma medida. Segundo um outro estudo, este da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, as pessoas solitárias são 50% mais propensas a terem uma morte precoce. “Para demasiadas pessoas a solidão é a triste realidade da vida moderna”, afirmou recentemente a primeira-ministra britânica quando anunciou, algo profundamente inovador, a implementação de um Ministério para a Solidão. “A verdade é que não se trata de um problema singular. Afeta pessoas de todas as idades, com e sem deficiência, recém-mamãs, refugiados, quem tem família chegada e quem não tem e quem não tem uma solução simples”, acrescentou.O sentimento de solidão é exacerbado pelo mundo cada vez mais rápido em que vivemos, no qual não há tempo para sentir saudades ou para nos encontrarmos cara a cara. E o recurso aos meios digitais, nomeadamente a Internet, cada vez nos isola mais do mundo... e da família (quando a há...). Para a maior parte desta gente a televisão, (ou os inevitáveis gatos), é a única companhia de que dispõe... Com o tempo, e o facto de viver sempre sozinho, a solidão deixa de ser ausência e passa a ser companhia...Todos têm de ser chamados para este premente problema que nos envergonha enquanto sociedade democrática: Governo, autarquias, empresas, instituições de solidariedade social e de caridade e muitos outros parceiros que, no prazo de uma geração, têm de reverter este problema. A solidão é, às vezes, um bom lugar para se visitar mas não para lá morar...

José Alberto Magalhães Diretor de Informação

informe-se em santandertotta.pt


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PORTO

LOURINHÃ LISBOA

FARO


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S U M Á R I O

ÍNDICE Revista gratuita trimestral, março 2017

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PERFIL VALENTE DE OLIVEIRA

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FC PORTO DRACO

003 EDITORIAL 026 G Á S N AT U R A L 032 TA X A T U R Í S T I C A 040 MOMENTOS 044 O T R O TA M U N D O S

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R EQ UA L I F I CAÇÃO A BRASILEIRA

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EXCELÊNCIA ACRO CLUBE DA MAIA

048 COMES & BEBES 060 PORTO CANAL 0 62 MÚSICA 078 P O R T O D E S A PA R E C I D O 083

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BASTIDORES OS AZEITONAS

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MISERICÓRDIA DO PORTO HOSPITAL DA PRELADA

PORTOFÓLIO 084 Á G U A S D O D O U R O E P A I VA 086 LOJAS HISTÓRICAS 092 M E T R O P O L I S – M AT O S I N H O S 096 M E T R O P O L I S – PA R A N H O S 098

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EMPREENDEDORISMO LE BEARD

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HUMOR

FICHA TÉCNICA Propriedade de: ADVICE - Comunicação e Imagem Unipessoal, Lda. Sede de redação: Rua do Almada, 152 - 2.º - 4050-031 Porto NIPC: 504245732 Tel: 22 339 47 50 - Fax: 22 339 47 54 advice@viva-porto.pt adviceredacao@viva-porto.pt www.viva-porto.pt Diretor Eduardo Pinto Diretor de Informação José Alberto Magalhães Redação Irene Mónica Leite Fotografia Carolina Barbot Sérgio Magalhães Marketing e Publicidade Eduardo João Pinto advicecomercial@viva-porto.pt Célia Teixeira Produção Gráfica Diogo Oliveira Impressão, Acabamentos e Embalagem Multiponto, S.A. R.D. João IV, 691-700 4000-299 Porto Distribuição Mediapost Tiragem Global 120.000 exemplares Registado no ICS com o nº 124969 Depósito Legal nº 250158/06 Direitos reservados Estatuto editorial disponível em www.viva-porto.pt Lei 78/2015

M ÁQ U I N A D O T E M P O TRADIÇÕES DA PÁSCOA

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alente de Oliveira, 80 anos, histórico social-democrata, acumula no seu currÍculo funções de excelência. Com efeito, exerceu diversos cargos governativos: ministro da Educação e Investigação Científica entre 1978 e 1979; ministro do Planeamento e da Administração do Território entre 1985 e 1995; ministro das Obras Públicas, Transportes e Habitação em 2002 e 2003. É presidente do Conselho de Fundadores da Casa da Música, presta apoio à Fundação AEP e é presidente do Conselho Geral da Universidade do Minho. “O importante é não parar”, disse-nos.

“O importante é não parar” Com a cidade no Porto bem presente na sua vida, assim como as suas causas, Valente de Oliveira é inequívoco: “Há uma tendência patológica para o centralismo”. Por outro lado, sustenta que a cidade invicta “está muito preparada para enfrentar o futuro”, beneficiando das sinergias entre universidades. O histórico social-democrata alertou ainda para os perigos de uma economia centrada no turismo porque este, a seu ver, é um setor vulnerável, “muito sujeito a modas”. Texto: Irene Mónica Leite Fotos: Carolina Barbot

Que ameaças e vantagens encontra neste Porto do século XXI? O Porto é uma cidade que está muito preparada para enfrentar o futuro. Porque sempre foi cosmopolita. Sempre olhou para fora. E sempre acolheu a novidade como se fosse normal. Não é só a parte das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), são outras mudanças. Há muita gente nova que foi para fora e que acabará por regressar ou influenciar os parentes que cá ficaram. E isso vai traduzir-se numa aceleração da mudança. A cidade do Porto passou por uma crise em 2008. Há uma certa resiliência porque continuou a ‘remar contra a corrente’. O turismo constitui uma forma de ‘fintar’ essas dificuldades? O turismo é um setor muito interessante porque repercutem-se os seus efeitos rapidamente. Mas

é preciso ter cuidado que o turismo também é um setor vulnerável, muito sujeito a modas. Com efeito, um atentado, um acidente, ou mesmo um terramoto, ou um incêndio podem fazer suscitar mudanças: “Porquê ir para lá se posso ir para outro lado?”. A economia, como defende, não pode ficar centrada numa única atividade… Todas as economias que assentam só num setor, são frágeis. Mesmo quando esse setor é o petróleo. Quando o petróleo sobe é sinal de prosperidade, quando o petróleo desce, é crise. E nós sabemos isso bem.

“O Porto é chique, atraente e está na moda” Voltando à cidade do Porto, referimos que tem uma certa resiliência, portanto considera que esta capacidade contínua de enfrentar os obstáculos faz da invicta uma cidade criativa? Faz, pois assenta no recurso permanente: as pessoas e a sua preparação. Quanto mais robusta for a formação das pessoas, mais elas estarão aptas a

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tomar iniciativas, a iniciar os seus próprios negócios e complementar as suas próprias ideias. Isso significa que há capacidade internamente. A diversificação confere riqueza e solidez. Qual foi a melhor fase do Porto ao longo da sua vida? A minha adolescência, seguramente. Como caracteriza o Porto nessa altura? Era uma cidade que todos os dias via nascer novos negócios. Ir ao centro do Porto era uma experiência única. Era uma azáfama, portanto. Era a toda a hora. Ainda não havia Tv. De maneira que, depois do jantar, as pessoas saíam para o café e para dar a volta das montras. Durante a tarde a função do Porto, como cidade, era comércio de apoio à sua área metropolitana. De manhã era a atividade tradicional: os bancos, o comércio… A Rua do Almada, a título de exemplo, que hoje é pacata, apresentava uma atividade enorme, porque era a rua do ferro. A Rua Mouzinho da Silveira era algo semelhante, mas ligada a produtos agrícolas. A Rua 31 de Janeiro, por sua vez, estava ligada a um comércio mais elegante, mais caro. E havia efetivamente uma atividade febril na cidade que era admirável. Que imagem o Porto projeta atualmente no país e no estrangeiro? O Porto projeta no país alma tradicional. Gente aplicada, ativa,


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“Há uma tendência patológica para o centralismo” empreendedora. No exterior, as pessoas que nos visitam dirão: gente afável, com uma boa gastronomia, diversidade grande de atividades, desde Serralves até à Casa da Música, passando pelo desporto, gente com características próprias. O Porto hoje é chique, atraente e está na moda. O surpreendente para mim não é que eles [turistas] visitem uma vez… É que eles venham mais vezes e que a partir do Porto façam excursões mais ambiciosas para Braga, o Douro, isto porque se sentiram bem na estreia. O clima é muito razoável. Para quem vem da neve, do frio, chuva, é um contraste enorme. Há um aspeto muito importante que é a segurança. A imagem projetada é de uma cidade civilizada, tranquila, onde se está bem. Numa entrevista à VIVA!, Manuel Serrão disse que havia a cultura do centralismo no país. Referiu ainda que quan-

do os políticos se dirigem para a capital passam a usar uns óculos de sul. Concorda com essa afirmação? Alguns, talvez (risos). Estive lá muitas vezes e olhei com os olhos do país. Em primeiro lugar porque conheço muito bem Portugal e nunca me deixei seduzir pela sereia lisboeta. Lisboa é uma cidade lindíssima. Gosto muito de lá estar e de usufruir dos seus muitos motivos de atração. Mas há lugar para todos. E o país é rico, diverso e muito diversificado. Mas o Manuel Serrão tem razão. Há uma tendência patológica para o centralismo. E considera que o Porto tem condições para “rivalizar” com Lisboa? Não gosto do termo rivalizar. Para complementar sim, fazendo muitas coisas e sendo uma alternativa válida a muitas das coisas que podem não ficar em Lisboa. Eu acho que há outras cidades do país que estão em

condições de albergar atividades que escusam de estar na capital. O que acha da anunciada transferência do Infarmed para o Porto? Penso que é uma ideia despropositada. Não sei como é que surgiu. Ninguém sabe. Aparece de repente. Infelizmente surgiu na sequência de um fracasso de uma questão também ligada aos medicamentos [EMA]. Dá ideia que foi algo meio ‘atamancado’. Não sei se foi ou não.

Não estou a afirmar. Mas de todas as formas o momento de anunciar foi muito infeliz. Mas note, o raciocínio deve ser este: se há algo novo para o país, que não tenha de se deslocar unicamente para Lisboa, se não tiver de o ser, obviamente. Se tal acontecer, já é positivo. Considera que o Porto vibrante de outrora começou a perder força quando a banca foi para Lisboa em meados dos anos 60?

Evidente. Foi uma machadada muito grande. Começou a haver um movimento negativo. Os bancos não foram à procura de clientes para Lisboa. Foram para estar perto do poder político. A razão e os efeitos foram negativos. Como evoluiu o ensino universitário desde a sua altura até à atualidade? Há muitas diferenças pois há muito mais gente no ensino superior. Depois também há

muita variedade. Antes havia meia dúzia de faculdades. Hoje a maior parte das instituições internacionalizou-se e, portanto, os seus docentes adquiriram graus académicos lá fora. Mantêm colaborações com projetos que estão noutras cidades, noutros países. Participam em redes que são internacionais. Há interdisciplinaridade, mais dinamismo, há redes e cruzamento de colaborações. É um histórico social-demoREVISTAVIVA, MARÇO 2018


5 ANOS DE CONFIANÇA.

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“O Porto é uma cidade que está muito preparada para enfrentar o futuro”

BPI é Marca de Confiança BPI na Banca pelo 5º ano 2018 consecutivo. O BPI foi reconhecido, pelo 5º ano consecutivo, como a marca bancária de maior confiança em Portugal, de acordo com o estudo Marcas de Confiança que as Selecções do Reader’s Digest organizam há 18 anos em 15 países. 53% dos inquiridos considera que o BPI é o Banco de Confiança. O BPI agradece mais uma vez o voto de confiança e tudo fará para continuar a ser merecedor deste reconhecimento. crata. Porquê esta desvinculação do PSD? Disse isso na ocasião… há quatro anos e meio, o PSD propôs uma alternativa para a liderança da cidade que a maioria de nós não aceitava.

Apareceu um candidato alternativo [Rui Moreira] que eu apoiei sendo que nessa ocasião levantaram-me um processo. Colocou-se a hipótese de me expulsarem do partido. Não fui eu que atentei contra o PSD. Foi o partido que

não procurou genuinamente um candidato que fosse aceitável. Desta vez pôs-se novamente a questão de apoiar ou não o atual presidente da Câmara. É evidente que apoiei. Não coloquei o partido em si-

Este prémio é da exclusiva responsabilidade da entidade que o atribuiu.

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53%

37%

2017 2º BANCO

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“Nunca me deixei seduzir pela sereia lisboeta” Considera que o Porto atravessa um período de efervescência cultural? Com efeito temos dois ex-líbris: Casa da Música e Serralves… Eu acho que a vida cultural do Porto nunca esteve tão dinâmica como está hoje. Muito graças a esses dois elementos: as artes visuais, as artes plásticas, através de Serralves, e a música, com a sua “casa”. Não gostaria muito de julgar em causa própria a música. Mas dá-me uma satisfação enorme assistir, semana após semana, à casa cheia para uma enorme variedade de música. Seja a música de uma orquestra sinfónica, de uma orquestra barroca, de um coro, música erudita contemporânea, os novos talentos. Por outro lado, não é só a Casa da Música. O Coliseu do Porto mantém uma programação animada. Há muita atividade aqui à volta. Matosinhos tem um quarteto e uma orquestra de jazz. Há academias de música em freguesias do concelho de Gaia.

tuação delicada, de ter de haver um processo contra mim. Antes que eu seja incómodo, retiro-me. Ninguém deu por nada, ninguém fez comentários. E porquê este apoio a Rui Moreira? Porque ele tinha uma ideia sobre o Porto arejada, moderna, sabendo verbalizá-la. Tanto

que os portuenses lhe concederam dois mandatos, o segundo dos quais com maioria absoluta. É sinal de que está a agir bem. Pode dizer: ‘ele está a ter sorte com a maré do turismo e com a conjuntura internacional’. Está, certo. Mas a verdade é que está a aproveitar e a capitalizar. A cidade está bem.

Se colocasse a hipótese de viver noutra cidade, qual seria? É uma pergunta difícil (risos). Estudei e vivi em Londres e gostei muito de lá estar, pois não me sinto fora de casa. Mas também gosto de estar em Paris. Seguramente não numa pequena cidade europeia. Mas essa pergunta conduz ao embaraço da escolha.


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Hotel histórico em plena baixa portuense Em março abriu portas o emblemático Café “A Brasileira”, no mesmo lugar que acompanhou toda a sua história. O restaurante mantém-se fiel ao desenho original do arquiteto Januário Godinho e a cafetaria regressa com o mesmo carimbo: “O melhor café é o da Brasileira”. E traz também um hotel de luxo consigo... Texto: Irene Mónica Leite

om restaurante, cafetaria e hotel de luxo, o histórico edifício de “A Brasileira” devolve à cidade do Porto o charme e a animação que o caracterizaram durante mais de um século. O projeto de reabilitação e transformação daquele edifício foi desenvolvido pela “APEL- Arquitetura, Engenharia e Planeamento, SA”, do conhecido arquiteto Ginestal Machado, autor de vários edifícios de referência na cidade. A apenas quatro minutos da mediática Avenida dos Aliados e a 12 minutos da zona da Ribeira, este novo hotel histórico foi construído mantendo os seus traços originais. Recorde-se que o futuro “Pestana Porto” é a sétima unidade com a marca Pestana Collection Hotels. Nesta complexa reabilitação foram integralmente preservados todos os elementos de interesse cultural e arquitetónico do edifício, nomeadamente, e entre outras delícias, a sua impressionante fachada de azulejos, a característica pala de vidro de entrada, e o restaurante e cafetaria que durante muitas décadas atraíram as elites culturais, políticas, económicas, sociais e desportivas da cidade invicta. Este hotel transpira história. O empreendimento resulta da reabilitação do edifício que há mais de um século foi construído para acolher a célebre cafetaria portuense “A Brasileira”. A unidade hoteleira conta com 90 quartos e suites distribuídos por seis pisos temáticos, relacionados com as especiarias importadas, nos séculos XV e XVI, durante a expansão marítima portuguesa, nomeadamente: café, canela, chá, chocolate, anis e pimenta rosa. Com capacidade para mais de uma centena de pessoas, o restaurante mantém-se fiel ao desenho original do arquiteto Januário Godinho. Será liderado pelo conceituado chef Rui Martins e carateriza-se pela inspiração na gastronomia tradicional portuguesa, mas com uma vertente contemporânea. O investimento na reabilitação do Café “A Brasileira” e de todo o edifício que o envolve rondou os 12 milhões de euros. O imóvel, no gaveto da rua de Sá da Bandeira e rua do Bonjardim, renasce, assim, e ganha nova vida e novas valências. O hotel de luxo resulta de uma parceria entre o empresário António Oliveira, promotor e investidor único do projeto, e o grupo de Dionísio Pestana. REVISTAVIVA, MARÇO 2018


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O melhor café é o da Brasileira

A Brasileira manteve portas abertas durante mais de um século, entre 1903 e 2013, tendo sido encerrada nesse ano, para que se desse início à intervenção de restauro e modernização de todo o edifício, ganhando assim uma nova vida e novas valências adaptadas à contemporaneidade da cidade do Porto e ao extraordinário desenvolvimento que o surto do turismo lhe trouxe. Uma resposta de grande qualidade para a cidade e para a grande procura vinda do estrangeiro.

Com mais de 115 anos de história, a cafetaria mantém a traça original e reabre com uma esplanada para acolher os visitantes e fazer justiça ao velho mas nunca fora de moda slogan, “o melhor café é o da Brasileira”, já que esta foi a primeira cafetaria a servir café em chávena, no início do século XX. Estará disponível um “all day dinning menu”, com refeições ligeiras e uma coleção de cafés com sabores únicos que prometem repor a Brasileira no roteiro dos cafés mais emblemáticos do país.

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Uma história que começou a ser desenhada em 1903 O edifício, situado no gaveto da Rua do Bonjardim com a Rua Sá da Bandeira, ainda segreda histórias de literatos, jornalistas, políticos e gente do teatro dos anos 50 e 60 do século XX que o frequentaram. O histórico e emblemático café foi fundado em 1903, em plena baixa portuense, por Adriano Teles, antigo farmacêutico, emigrado em Minas Gerais, Brasil, que decidiu regressar à cidade invicta para criar uma marca própria de café. Não havia na cidade, por essa altura, o hábito de tomar café em estabelecimentos públicos. O proprietário da loja introduziu, também, uma particularidade na sua estratégia de venda, oferecendo a cada cliente uma chávena de café e uma brochura que ensinava a preparar a bebida. O sucesso de vendas foi tão evidente que Adriano Teles se viu obrigado a ampliar o espaço, apostando em mais uma novidade para a época: a criação de uma sala de café, que rapidamente se transformou num local de passagem obrigatória para a elite portuense. Entretanto, de forma a separar as duas zonas, optou por comprar um prédio contíguo à loja, adquirindo, mais tarde, os restantes edifícios existentes entre as ruas de Sá da Bandeira e do Bonjardim. Numa visão do que, hoje, poderíamos chamar de marketing, Adriano Teles mandou pintar, em várias paredes da cidade, o slogan que se tornaria famoso: “O melhor café é o d’ A Brasileira.” Com efeito, na década de 20, depois de profundas obras de remodelação no conjunto dos edifícios, “A Brasileira” reabriu as portas, com uma luxuosa decoração, transformando-se no café icónico da vida cultural, cívica e política da cidade do Porto. Na década de 90, o estabelecimento encerrou, ficando a degradar-se durante mais de uma dezena de anos. Em 2003 voltou a ver “a luz do dia”, como café e restaurante, apenas com uma sala, explorada pela multinacional Caffé Di Roma. Dez anos depois, apagaram-se, uma vez mais, as luzes do emblemático local, reclamado pelo BPI devido a uma dívida do proprietário. No final de 2013, António Oliveira, ex-jogador do FC Porto, selecionador nacional de futebol e notável internacional português, procedeu, então, à compra do edifício, aceitando o desafio de brindar a cidade com o regresso do seu “melhor café”. REVISTAVIVA, MARÇO 2018


Nováqua HD Tinta para exterior da CIN

DE: PINTADO DE FRESCO

Nováqua HD, da CIN, é uma inovadora tinta para exterior, disponível em centenas de cores, com qualidade reconhecida com os prémios: Produto do Ano em 2014, Prémio Escolha do Profissional 2016, 2017 e 2018, e Prémio Escolha do Consumidor 2017 e 2018. É 100% acrílica e foi desenvolvida para resistir às mais adversas condições atmosféricas, condensações noturnas, fungos e algas, transformando-se numa tinta insuperável, como comprovam os vários testes a que foi submetida. Fácil de aplicar, esta tinta lisa mate apresenta uma elevada e comprovada performance, durabilidade e cumpre os mais altos padrões de exigência para uma tinta de fachadas. HD significa High Durability, ou seja Alta Durabilidade, e simboliza a promessa de alta performance que está associada a Nováqua HD. Nestas duas letras estão, assim,

condensados anos de investigação e desenvolvimento que permitiram colocar à disposição do mercado a máxima segurança na pintura de fachadas. A tinta Nováqua HD apresenta uma alargada gama de cores, estando disponível nos 165 tons do Catálogo de Exteriores da CIN e em centenas de outras cores. A seleção de cores de Exteriores da CIN resulta igualmente de um rigoroso estudo de composição de pigmentos realizados pelo seu Centro de Investigação e Desenvolvimento, de forma a oferecer uma gama diversificada de cores e, em simultâneo, uma elevada resistência em exterior. Esta oferta dá resposta às mais exigentes solicitações de escolha de cor por parte dos consumidores, sejam elas de cariz moderno e vanguardista, de pendor mais histórico ou patrimonial ou simplesmente de utilidade para manutenção.

PARA: PINTADO HÁ 7 ANOS ATRÁS


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E a setlist é planificada? “Nos Azeitonas a setllist é feita na hora de jantar (risos). Há músicos e bandas que têm a mesma setlist a tournée inteira. O Miguel Araújo, por exemplo, fazia os alinhamentos muito mais parecidos. Eu à hora do jantar ainda ando a chateá-los. ‘Preciso do alinhamento…’, repito-lhes. Quanto aos encores com os Azeitonas… eles escrevem uma coisa e depois sai sempre ao contrário. Estas situações estão também relacionadas com o público. Uma pessoa pode prever fazer dois

“Por vezes perde-se dinheiro”

encores. Mas se o público não estiver a gostar, não vale a pena. Há muitos sítios em que se planeia fazer um encore e faz-se dois ou três. E com o público a pedir constantemente canções, eles não têm coragem de ficar no camarim.” O icónico autocarro “Nós viajamos para os concertos de autocarro. Quando se deu o boom da banda, houve uma altura em que tínhamos concertos muitos dias seguidos. Uma parte chata de andar na estrada reside precisamente nas

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viagens… andar nas carrinhas, todos encostados uns nos outros. E realmente, não traz conforto nenhum. Na estrada somos 22 pessoas. Tinha que alugar três carrinhas, mais uma para o equipamento. Isso tudo, juntamente com o gasóleo e portagens, tornava-se muito dispendioso. Fizemos contas e pedimos orçamentos para alugar um autocarro. E vimos que ficava ainda mais barato. Fomos nessa primeira semana e nunca mais deixamos este meio de transporte que tem camas, salão de jogos, sala de festas, playstations e internet.

“Os Azeitonas são pessoas muito simples e muito tranquilas. São sim muito exigentes com o nível técnico, que é o mais importante, pois está ligado à qualidade do concerto.”

Certamente já foi a muitos concertos, delirou com as músicas dos seus artistas favoritos e ficou com muitas histórias para contar. Uma curiosidade: nunca se questionou sobre a experiência dos artistas pré-concerto? Se sim, temos boas notícias para si! Com a ajuda de Miguel Sarmento, road manager do grupo Os Azeitonas, fazemos contas à vida e revisitamos algumas das aventuras nos bastidores do ainda curto mas bem promissor e sólido percurso desta banda portuense. Texto: Irene Mónica Leite Como tudo funciona? “Somos contratados. Enviamos uma lista com as necessidades técnicas, do hotel, do camarim. Depois há uma entidade externa, nomeadamente uma produtora ou uma autarquia, que trata de reunir esses requisitos. Posteriormente temos pessoas do nosso lado que fiscalizam e que

vão verificar se tudo está correto e de acordo com o solicitado. Por vezes perde-se dinheiro. Essa parte da fiscalização da parte técnica e de exigir certas coisas traz consequências a nível financeiro. Mas essas exigências não são um capricho. São necessidades que por vezes criam alguns problemas ou até mesmo situações

caricatas.” Por falar em exigências… “Os Azeitonas são pessoas muito simples e muito tranquilas nesse aspeto. São sim muito exigentes com o nível técnico, que é o mais importante, pois está ligado à qualidade do concerto.” REVISTAVIVA,MARÇO 2018


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Uma verdadeira experiência pré-concerto” (risos). Tanto que na banda criou-se uma união diferente da que existe em quase todas as outras. É que existe muito a questão de separar os técnicos dos músicos. Ou seja, os técnicos vão às 08h00, montam tudo e a banda chega às 16h00 ou 17h00. Toca e vai embora para o hotel. Nos Azeitonas vamos todos às 08h00 no autocarro. Já chegamos a sair às 18h00. Como andamos sempre todos juntos, criamos ali uma família.

Acabou-se mesmo por optar pela compra de um autocarro.” Algum nervosismo antes da atuação? “Não. Apenas no primeiro concerto após a saída do Miguel Araújo. Mas foi apenas dois minutinhos e passou.” As histórias caricatas ‘Anda comigo para o concerto…’ “Recordo-me que, à ida para um concerto numa Queima das Fitas, levávamos o autocarro

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cheio de gente. Parávamos em todas as esquinas e dizíamos: ‘querem boleia?‘ O pessoal nem queria acreditar… Eles estavam a dirigir-se para o concerto de receção ao caloiro. Alguns concertos começam às duas da manhã. As bandas cabeças de cartaz tocam muito tarde. Por isso, entre as 20h00 e as 02h00, há espaço para uns copinhos. Vamos para os concertos todos alegres (risos). Penso que dessa vez era em Bragança e nós parávamos em

todos os grupos que víamos. Eles ficavam a olhar e diziam: ‘são mesmo Os Azeitonas’. Chegávamos ao backstage e era só gente a sair do autocarro. São coisas que normalmente as bandas não fazem.” O senhor com chapéu de cozinheiro “Houve uma vez em que fomos tocar a Cinfães. A certa altura estávamos no palco a ensaiar e entra um senhor com um boné de cozinheiro. ‘Você é o responsável, senhor

Miguel?‘ ‘Sim’, disse. ‘Vocês vêm jantar ao meu restaurante! ‘ E eu: ‘está bem. Onde é, para eu ir lá ver?‘. Na verdade, fiquei um pouco de pé atrás. Assim, quando acabou o soundcheck, fui a correr para o tal estabelecimento. Perguntei-lhe: ’Tem esplanada?’. Acenou que sim. Na altura fiquei mais descansado. Mas quando cheguei lá (risos), tudo era uma perfeita confusão. Com um aspeto tenebroso. Já

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era muito em cima da hora. Hoje em dia controla-se muito estas coisas. Mas na altura éramos bastante inexperientes. Hoje nem podemos autorizar que se almoce em sítios duvidosos. Sei que chegamos lá e o homem era uma ‘peça’. Jantou-se lindamente. Ficaram todos a delirar com a comida (risos). Depois, durante o concerto, o senhor foi chamado e dirigiu-se para o palco. Era gente tão simpática que acabamos por ficar lá a tocar pela festa. Ficamos lá até às tantas.” REVISTAVIVA, MARÇO 2018


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GÁS NATURAL U MA EN ERG IA C OM F UTURO O gás natural é um produto que apresenta inúmeras vantagens. É económico, ecológico e seguro. É também uma alternativa viável a outras fontes de energia primárias e finais, contribuindo para a eficiência na produção e consumo de energia, para a descarbonização da economia pela substituição de fontes mais poluentes, contribuindo de forma decisiva para atingir as metas ambientais assumidas por Portugal. O gás natural trouxe maior flexibilidade à matriz energética em Portugal, aumentando a competitividade da economia. A sua introdução constituiu um projeto de sucesso, mesmo quando comparado com outros países com maior tradição de utilização de gás natural. Sendo um vetor energético com futuro, não só na sua componente tradicional “origem convencional”, como também da sua produção através de fonte não convencional, como é o caso do biometano e do gás natural sintético (metano obtido a partir da metanização do hidrogénio), incluindo o potencial da biomassa resultado da limpeza das florestas. Devido aos avanços tecnológicos associados à limpeza do biogás, é possível atualmente obter biogás com a mesma qualidade do gás natural convencional (exemplo do biometano) e desta forma injetá-lo nas infraestruturas existentes, fechando um ciclo completo de Economia Circular ao capitalizar os resíduos da atividade humana para a distribuição de energia, evitando emissões de gases para a atmosfera. AS ORIGENS A atividade da distribuição de gás, “gás de cidade”, em Portugal ocorreu no século XIX, quando se iniciou o abastecimento de gás para efeitos de iluminação pública em Lisboa. No início dos anos 90, do século XX, foram realizados os primeiros estudos para a introdução do gás natural em Portugal, o que aconteceu em 1997, precisamente na zona de concessão da Portgás. Deu-se assim início a um projeto de elevado sucesso para a região, e para o país. Hoje cerca de 1,4 milhões de habitações, terciários e indústrias estão ligados à rede de distribuição, a nível nacional. Em 2008 surgiu

a liberalização para os clientes de grande consumo, sendo posteriormente alargada a todos os tipos de clientes. A Portgás é uma empresa de serviço público de distribuição de gás natural e centra a sua atividade no desenvolvimento e exploração da rede pública de distribuição nos distritos de Porto, Braga e Viana do Castelo, num total de 29 municípios. Em termos demográficos, a zona de concessão corresponde a cerca de 25% da população residente em Portugal, com uma área aproximada de 5% do território nacional. O grau de desenvolvimento da infraestrutura é distinto por concelho, mas a título de exemplo, podemos referenciar que 44% das habitações do concelho da Maia dispõem de gás natural, sendo que este valor é de 35% em Vila Nova de Gaia e 24% no Porto. Este serviço foi concessionado em 1993, tendo sido assinado com o Estado português, em 2008, um novo contrato de concessão que vigorará até 2048. UMA EMPRESA AMIGA DO AMBIENTE A Portgás distribui anualmente cerca de 7,1 TWh, correspondendo a 28% do país. A introdução do gás natural na zona da Portgás – e correspondente substituição de outras fontes de energia - permitiu poupar cerca de 430 toneladas de CO2 em 2017, o que corresponde às emissões de cerca de 260 mil viaturas. Por outro lado, a Portgás está certificada nos Sistemas de Gestão Ambiental, desde 2006, em Quali-

dade, desde 2012, e em Segurança, desde 2013. Na sua política de sustentabilidade estão consagrados princípios como a gestão dos riscos ambientais e de segurança, tendo como objetivo zero acidentes, a promoção da eficiência energética, a utilização racional de energia e o assegurar de elevados níveis de segurança no abastecimento e de qualidade de serviço. AS VANTAGENS DO GÁS NATURAL O gás natural é a fonte de energia mais limpa e ecológica no universo das energias fósseis/convencionais (até 25% de redução de CO2 no aquecimento ambiente), contribuindo para a redução dos gases de efeito de estufa (GEE) e para uma melhoria da qualidade do ar, quando substitui outras fontes de energia mais poluentes. No caso dos transportes, a simples substituição de combustível, por exemplo o diesel, por gás natural, permite uma significativa redução das emissões (os veículos a gás natural têm baixas emissões de substâncias tóxicas, quase emissões zero de partículas, reduzidas emissões de NOx (óxidos de azoto), especialmente o NO2 (dióxido de azoto) e uma forte redução (superior a 20%) de CO2 (dióxido de carbono) por km percorrido. Outro aspeto, que não é despiciente, ocorre nomeadamente em determinados contextos - por exemplo a recolha de Resíduos Sólidos Urbanos - normalmente efetuada à noite, e na redução de ruído de 4 dB (-50% da perceção de ruído face ao Diesel). REVISTAVIVA, MARÇO 2018


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Os produtos resultantes da queima de gás natural são inodoros, isentos de óxido de enxofre e a emissão de partículas é residual. O processo de transporte e distribuição é eficiente pelo facto de não sofrer transformações e de as

perdas no seu transporte serem mínimas, chegando ao local de utilização praticamente na forma em que é encontrado na natureza. Para além das vantagens ambientais, o gás natural apresenta-se como a fonte de energia com a

tarifa mais baixa, quando comparado com a eletricidade e os combustíveis mais comuns em Portugal (até sete vezes mais barato que o propano e até três vezes mais económico que a eletricidade).

Sabia que? O gás natural é extraído de jazidas naturais subterrâneas, muitas vezes associadas a jazidas de petróleo. O seu transporte, desde as jazidas aos centros de distribuição, faz-se por gasoduto ou por via marítima. Em Portugal, por terra, chega através de um gasoduto com origem na Argélia, passando por Marrocos, Estreito de Gibraltar e Badajoz e, finalmente, a Portugal, em Campo Maior. A partir daí entra no gasoduto nacional. O gás natural pode também chegar por via marítima, através do Terminal de Sines, mas nesse caso sob a forma líquida (GNL), sendo que tem proveniência de distintos países como a Nigéria, o Qatar, a Guiné Equatorial ou Trinidad e Tobago, em navios metaneiros. Também pode ser produzido a partir de fontes renováveis, pelo aproveitamento de recursos endógenos, biomassa diversa normalmente com base em resíduos de natureza orgânica, de várias proveniências. Este gás, designado por biogás, é depois sujeito a um processo de valorização, que se traduz num processo de limpeza do gás para separação de impurezas e CO2 com o correspondente enriquecimento em metano, dando assim origem ao biometano, que tem características idênticas ao gás natural convencional. Apresenta contudo a grande vantagem de ser produzido a partir de fontes 100% renováveis e pode ser introduzido na atuais redes de distribuição. Em muitos países da Europa (por exemplo, França, Inglaterra, Alemanha, etc.) esta produção tem vindo a ser estimulada e fortemente incrementada.

Instalação de produção e armazenamento de biometano REVISTAVIVA,MARÇO 2018


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ECOLÓGICO

ECONÓMICO

SEGURO

• Redução de 25% nas emissões de CO2 no aquecimento ambiente e até 81‰ na geração elétrica; • Redução de 64‰ nas emissões CO no aquecimento ambiente; • Eliminação quase completa de emissão de partículas inaláveis.

• Combustível de origem convencional mais económico do mercado; • Até 7 vezes mais barato que o propano; • Até 3 vezes mais barato que a eletricidade; • Equipamentos fiáveis com baixa manutenção.

• Mais leve que o ar; • Infraestruturas resilientes; • Sem necessidade de armazenagem.

PREOCUPAÇÃO COM A SUSTENTABILIDADE A Portgás atua em conformidade com as normas e as boas práticas internacionais. A título de exemplo, investe continuamente em programas de gestão ambiental ao longo do ciclo de gestão da obra, garantindo, a limpeza e organização dos espaços intervencionados, a redução dos impactos no ambiente e a deposição dos resíduos sobrantes em locais devidamente autorizados para o efeito. Os parceiros da Portgás recebem formação no início e durante todo o processo, conseguindo-se, assim, uma melhor qualificação profissional e consciencialização ambiental, para além de permitir que as boas práticas sejam incorporadas no quotidiano destes prestadores de serviços. TEMPO DE RESPOSTA EXCELENTE Quando existem ruturas na infraestrutura, habitualmente provocadas por terceiros, a equipa

É seguro, também: o facto de o gás natural ser mais leve do que o ar faz com que, em caso de fuga, se dissipe rapidamente na atmosfera. Por outro lado, no projeto, na construção, na exploração e manutenção das infraestruturas são observados as mais exigentes regras da boa arte de modo a garantir um continuidade e qualidade de serviço de excelência. A Portgás dispõe de um serviço de

emergência gás 24/24h, 365 dias por ano, e no seu Centro de Supervisão e Telecontrolo existem diversos sistemas que permitem controlar os parâmetros da infraestrutura e assegurar a análise e tratamento da informação, nomeadamente o SCADA – Sistema de Supervisão e Aquisição de Dados, o Sistema de Gestão de Emergências, Sistema de Telemedição, etc.

da Portgás intervém num tempo de resposta adequado de forma a minimizar potenciais riscos. A infraestrutura é muito resiliente, sendo menos afetada por intempéries, nomeadamente pelo facto de os seus ativos estarem no subsolo ao contrário de outras infraestruturas aéreas. UM CONTRIBUTO PARA A DESCARBONIZAÇÃO DA ECONOMIA A médio e longo prazo as mudanças climáticas deverão ocasionar várias outras dificuldades ao planeta, como resultado dos fenómenos climáticos intensos. O gás natural é um elemento fundamental para a descarbonização da economia que vai substituir energias muito mais poluentes, como o carvão ou o diesel. Nos transportes pesados terrestres, por exemplo a STCP teve a maior frota da Europa de veículos a gás natural, o gás é uma excelente opção, bem como no transporte marítimo e fluvial.

A conversão consiste em preparar um edifício sem infraestrutura para receber o gás natural, construindo as redes necessárias. Com a campanha em vigor, o cliente paga cerca de 40 euros, por uma obra que custa mais de 1000 euros. “É um investimento que fazemos para o cliente poder beneficiar do gás natural, que é realmente uma energia mais económica, mais ecológica e que não tem interrupções. Mesmo com mau tempo, é disponibilizada ininterruptamente”.

Gasodomésticos, conhece? Muitas pessoas não fazem ideia da diversidade da aplicação do gás natural. Para além dos veículos movidos a gás natural, há diversos equipamentos que funcionam com esta energia, designadamente os gasodomésticos, o CHP (Combined Heat and Power), sistema de ar condicionado a gás natural, máquinas de lavar roupa e lareiras.

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Taxa turística vai render 6milhoes de euros

Desde o passado dia 1 de março que é cobrada taxa turística a todos os visitantes que pernoitem na cidade. São dois euros por dormida, sendo aplicada apenas a hóspedes maiores de 13 anos. A Câmara do Porto vai destinar a verba obtida em 2018, cerca de seis milhões de euros, para a mitigação da pegada turística na cidade, nomeadamente na recuperação de habitações degradadas, mobilidade e limpeza. Texto: Irene Mónica Leite Fotos: Porto

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na recolha de lixo. Em declarações à VIVA!, o vereador do Pelouro da Economia, Turismo e Comércio, Ricardo Valente, referiu que a “implementação da taxa turística enquadra-se no novo paradigma de gestão política por parte do Executivo do Município: a garantia de Porto mais sustentável. Nessa medida, a sua aplicação tem como principal desiderato a mitigação da pegada turística na cidade, nunca servindo de suporte a investimentos no setor”. Tendo como pano de fundo o sucesso do Porto enquanto destino de referência, “a Câmara do Porto elegeu a habitação, a mobilidade e a limpeza como os três eixos privilegiados. Em causa está uma receita do Município (estimada em cerca de seis milhões por ano), não se podendo, contudo, fazer a sua distribuição parcelar por cada uma das três áreas previamente mencionadas”, acrescentou Ricardo Valente.

A aplicação de uma taxa turística na cidade do Porto teve luz verde, com a abstenção da CDU. O valor a cobrar é de dois euros, o dobro de Lisboa, até a um máximo de sete noites, representando em 2018 uma receita de seis milhões de euros, conforme o orçamento para este ano já aprovado pela Assembleia Municipal do Porto. Ficam isentos todos os visitantes que pernoitem na cidade por razões de saúde e ainda hóspedes com incapacidades iguais ou superiores a 60%. Os dois euros fixados por dormida foram contestados pela CDU, que defendeu que o valor a cobrar fosse apenas de um euro, tal como acontece em Lisboa, e aplicada apenas a hóspedes com idade superior a 18 anos. A vereadora do PS, Odete Patrício, reivindicou a cobrança da taxa só para maiores de idade, mas sem êxito, considerando que “a perda de receita potencial não seria significativa”. A deputada do BE, Susana Constante Pereira, sugeriu a criação de um observatório municipal para analisar a aplicação do dinheiro proveniente dessa taxa. Já o vereador do PSD, Álvaro Almeida, considerou ser este “um bom regulamento com uma taxa bem definida”, alertando, contudo, para a necessidade de a autarquia ser solidária com os portuenses, “aliviando os residentes de custos”, nomeadamente

E os alojamentos portuenses, o que pensam? A VIVA! foi auscultar alguns alojamentos da cidade e as opiniões dividem-se. “Concordo”, disse-nos Ioli Georgila. A responsável pela Casa Carolina (Rua de Cedofeita) reconheceu que de facto há um aumento de pressão nas infraestruturas da cidade (transportes, acima de tudo), tornando-se, disse, “justo contribuir para continuar a usufruir da cidade Invicta com qualidade de vida”. A recolha de lixo, reconheceu, “é uma das maiores falhas, com o aumento da pegada turística. Acar-

reta, como é óbvio custos, sendo a taxa turística também bem canalizada nesse âmbito”, rematou. Carlos Pinheiro, do Travel & Live Porto Hostel (Rua de Santa Catarina), considera esta medida levada a cabo pela autarquia, “positiva”. “Trabalho neste hostel há quatro anos, vejo trabalho no sentido de se obter ruas limpas, obras em desenvolvimento. Se o dinheiro da taxa turística for usado para este trabalho, acho que está bem empregue”, disse. Quanto ao valor da taxa turística, talvez fosse melhor começar por “um valor mais baixo”, reconheceu, tal como em Madrid ou até mesmo REVISTAVIVA, MARÇO 2018


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Lisboa, reforçou. Agora, no que à aplicação da taxa turística diz respeito, Carlos Pinheiro defende que se devia investir nas infraestruturas como transportes e saneamento, de forma a “melhorar a qualidade de vida. É que a cidade está muito bem preparada, sendo sempre importante investir cada vez mais na marca Porto.”, rematou. Já José Castanho, do Gallery Hostel, na Rua Miguel Bombarda, apresenta outra perspetiva. “Eu já paguei taxas noutros países que visitei e não deixei de passar por lá por isso”, revelou, considerando ainda que o dinheiro das taxas poderia ser aplicado na reabilitação de alguns monumentos, de forma a tornar esta cidade cada vez mais “lindíssima”, disse. Quanto à poluição na cidade Invicta, referiu, “não foram só os turistas que fizeram isso”. Há toda uma série de questões relacionadas com o “civismo das pessoas” na sua globalidade. A Associação de Hotelaria de Portugal (AHP) manifestou, em agosto de 2017, algumas reticências quanto à proposta da Câmara do Porto à altura, com o objetivo de criar uma taxa turística destinada

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comercial deve ser objeto de licenciamento, de forma a que se lute com as mesmas armas legais em termos de fiscalização”. Quanto ao destino da taxa turística, Manuel Proença é inequívoco: para não se cair na ilegalidade, uma vez que se trata de uma taxa e não um imposto, esta devia de ser aplicada no âmbito do turismo, capitalizando cada vez mais o setor. “A solução encontrada pela Câmara de Lisboa parece-nos aceitável dado que construíram um grupo que envolve os privados e que faz a gestão dos fundos arrecadados com a taxa”.

a “compra de património para arrendamento”, defendendo, por sua vez, “a aplicação da verba no desenvolvimento e promoção turística”. Para Manuel Proença, do Hotel da Música (Bom Sucesso), “não vemos qualquer problema na aplicação da taxa. Entendemos, contudo, que esta devia ser escalonada, ou seja, variar consoante a classificação do empreendimento hoteleiro. O turismo trouxe efetivamente despesas acrescidas à cidade nomeadamente na limpeza. Entendemos que se justifique nesse ponto”, referiu. Por outro lado, também é certo que o turismo trouxe inconvenientes: a sobrelotação em determinadas zonas. “Não temos nada contra o alojamento local. No entanto, consideramos que esta atividade

Tarefa facilitada para os alojamentos locais A plataforma Airbnb vai cobrar a taxa turística das reservas por si intermediadas no Porto e entregar esse valor à autarquia. Assim, quando os hóspedes pagarem o alojamento através daquele “site”, também lhes será cobrada a respetiva taxa de dormida, libertando os proprietários dos alojamentos locais dessa tarefa. A Câmara Municipal recorda ainda que cerca de 90% do alojamento local oferece os seus produtos através de plataformas eletrónicas e que a Airbnb tem no seu “site” cerca de 4700 dos 4969 operadores presentes no Porto a 10 de janeiro. Por isso, tal como em Paris, Amsterdão e Lisboa, justifica a proposta, a autarquia decidiu acordar com a Airbnb um protocolo para “agilizar todo o processo de cobrança e entrega da taxa municipal turística, na modalidade de dormida”. REVISTAVIVA, MARÇO 2018


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HOMENS DECIDIDOS E VERSÁ TEIS

Em Cedofeita há uma barbearia bem vanguardista, com toque vintage, que recupera o antigo hábito das tesouras, das toalhas quentes e do aftershave perfumado. Referimo-nos à Men´s Cave, integrada na marca Le Beard. Falamos com Joel Rocha, responsável pelo estabelecimento que caminha a passos largos para a solidificação. Textos: Irene Mónica Leite | Fotos: Carolina Barbot

Texto: Irene Mónica Leite Fotos: Carolina Barbot

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loja “Le B eard” nasceu a partir da necessidade de cuidar da barba com produtos adequados. Mas a ideia surgiu anteriormente, conforme nos explicou Joel Rocha, responsável pelo estabelecimento e pela marca. Chegaram a recorrer ao crowdfunding, mas a experiência não surtiu o efeito desejado. Não baixaram os braços e com capitais próprios construíram este projeto que, apesar de ainda ser muito recente, caminha a passos largos para a solidificação. “Combatemos a incerteza com a confiança que sempre tivemos de que seriamos capazes de criar uma marca com uma imagem forte e distinta que oferecesse produtos de alta qualidade”. “Procuramos um espaço e decidimos que este era o ideal, aliando aos produtos a componente de barbearia e bar”, disse-nos.

Quando o projeto nasceu, sob a marca Le Beard, havia poucos produtos em Portugal para a barba. “Agora vão aparecendo”, reconheceu à VIVA! o responsável pelo estabelecimento. Na altura, recordou, era mais cara a compra destes produtos para a barba, pois tinham de ser importados. Então a equipa Le Beard pôs mãos à obra e numa “aposta artesanal” desenvolveu a sua linha de produtos. Desde óleos e pomadas a pentes, bálsamos e muitas outras coisas. Com efeito, a solução mais óbvia foi desenvolver pelas próprias mãos produtos que permitissem hidratar, limpar e domar as barbas e bigodes de todas as formas e personalidades. Posteriormente foi criada a Men´s Cave, barbearia no Porto, onde é possível desfrutar de todos os produtos, apoiada por um bar. O espaço, de decoração vintage, é dividido em três áreas diferentes: barbearia, bar e loja. REVISTAVIVA, MARÇO 2018


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“Apostamos essencialmente nas pessoas, na sua imagem, experiências e necessidades”

A marca distingue-se pela variedade que oferece. Houve reutilização de objetos vintage, que foram ‘transportados’ e adaptados para o século XXI, em jeito de fusão entre vintage e vanguarda. Sem esquecer que o cliente, enquanto espera pela sua vez, tem a oportunidade de relaxar no bar que “está sempre pronto a servi-lo”. A ideia é precisamente a de criar a melhor “experiência” ao cliente,

para que num ambiente descontraído possam ter conversas de “homens”. “Apostamos essencialmente nas pessoas, na sua imagem, experiências e necessidades”, referiu. O que motivou Joel Rocha neste projeto foi precisamente o sentido de oportunidade encontrado. Não só pela falta de produtos para a barba, mas também porque as “barbearias eram todas iguais”. “E nós apresentamos simulta-

neamente um conceito e forma de estar diferentes”. Juntamos uma necessidade (tratar da barba) ao lazer, com direito a “minis, gins, whisky, dependendo do cliente”, revelou. E balanços? Nesta fase ainda é difícil fazer, mas o saldo, revelou, é claramente “positivo”. De uma geração mais recente, Le Beard preocupa-se, acima de tudo, com o bem-estar dos seus clientes onde quer que eles estejam, ao ponto de te-

rem uma loja online recheada de produtos que realçarão o melhor do seu look. E A VOZ DOS CLIENTES? As redes sociais hoje em dia podem ser o certificado de qualidade de uma marca ou o seu livro de reclamações. No caso da Le Beard nota-se, claramente, por parte dos clientes uma grande advogacia da marca. Caso para dizer: ‘missão cumprida’. Carlos Silva refere, assim, que

a Le Beard proporciona um “excelente atendimento e um serviço ‘cinco estrelas’ em todos os sentidos. Ambiente top e a decoração está muito boa. Muito satisfeito com o resultado final e com o produto que trouxe da barba. Recomendo vivamente”, disse. Pedro Ferreira refere, por sua vez, que há um “serviço personalizado e atencioso, com disponibilidade para esclarecer todas as dúvidas sobre pro-

dutos e mesmo para sugestões para cortes de cabelo e barba. Têm também um atendimento pessoal o que deixa qualquer pessoa com mais à vontade enquanto se descobre e escolhe os produtos indicados para cada um”. “Fantástico é a palavra que melhor descreve a opinião com que fiquei. Um espaço super acolhedor, onde te sentes à vontade. Ganharam um cliente”, revelou Aníbal Ferreira. REVISTAVIVA, MARÇO 2018


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Clube de Bridge A Associação Regional de Bridge do Norte homenageou a sua competidora mais antiga, Alzira Rios de Sousa, no dia 21 de janeiro, data em que comemorou 100 anos. A homenagem, que decorreu no Clube de Bridge do Porto, teve a participação de inúmeras figuras do meio social portuense.

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As noites da Foz voltam a ter a luz do Twins19.74 Conhecida como o local de eleição de muitos portuenses para passarem longas noites ao som dos melhores hits da época, a cobiçada discoteca Twins19.74 reabriu as suas portas no passado dia 24 de fevereiro, prometendo ser o espaço escolhido para serem revividos os tempos áureos da época de ouro da Rua do Passeio Alegre, 1000, na Foz. Foram dadas as boas-vindas com um jantar privado pensado e preparado para os amigos mais chegados deste espaço tão mediático. A tão aguardada abertura contou com a presença de várias figuras públicas e convidados como Cláudia Jacques, Fernando Póvoas, Fernanda Miranda, Gio Rodrigues, Deco, Luís Onofre, Eugénio de Campos, entre outros. As portas da discoteca estão agora abertas a todos os portuenses que queiram voltar ao passado e reviver os momentos mais épicos celebrando a noite na pista de dança, criando, assim, renovadas memórias.


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“As pessoas têm que estar preparadas para o imprevisto” Está-lhe no sangue: é jornalista e um apaixonado por viagens. Desde há 20 anos que cultiva curiosas histórias, de preferência nos países complicados! Rui Barbosa Batista, 47 anos, já ultrapassou os 100 países no passaporte e promete continuar a quebrar barreiras, sempre em busca de grandes aventuras e culturas, que relata no seu Born Freee.

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“O IRÃO SUPERA TUDO AQUILO QUE SE POSSA IMAGINAR. É UM POVO CULTO, INTERESSADO, SUPER AMIGO, SUPER HOSPITALEIRO...

Texto: Irene Mónica Leite

“Eu sempre tive curiosidade pelas coisas diferentes, em todas as áreas da vida. Mas sempre gostei muito de história e geografia”, começa por explicar Rui Barbosa Batista. E continua: “a minha primeira grande viagem foi uma volta à Europa, em 2000, de carro com dois amigos, em que partimos por um período de um mês. Fizemos um circuito por cerca de 10 países. Correu tão bem e foi tão estimulante que fizemos isso cinco anos consecutivos, até achar que estava na altura de explorar outros continentes”. No seu horizonte estão normalmente destinos “menos ortodoxos, preferencialmente distantes e com cultura diferente”, a melhor forma de lidar com as rotinas diárias. “Agora quando estou a trabalhar e sinto algum stress, para relaxar eu pesquiso voos. Mesmo que seja para uma viagem que ainda não está no horizonte”. Há algum povo favorito?, perguntamos. “Todos são muito diferentes daquilo que imagi-

namos. Durante alguns anos nutria um carinho muito especial pelos colombianos. Ouvia dizer: ‘é um perigo e tal… e as drogas?‘”. Mas isso, reiterou, “é a imagem que tínhamos da tv. Mas, entretanto, o país mudou. Foi o povo mais acolhedor que eu tinha encontrado no planeta em mais de 100 países até há dois, três anos, quando fui ao Irão”. “O Irão supera tudo aquilo que se possa imaginar. É um povo culto, interessado, super amigo, super hospitaleiro. E nós aqui, em Portugal, quando se pensa em Irão, achamos que são todos um bando de terroristas. Para fechar um top três, acrescento o Sudão. O povo foi do melhor que encontrei. Por isso, é preciso ir, para descobrir e sentir tudo na pele”, desafia. E desistir em alguma viagem num tal país complicado… já aconteceu? “Para mim, quanto pior melhor… Isto porque depois tenho uma excelente história para contar. Quando estou em sofrimento, penso logo: ‘como é que vou contar isto?‘”. A primeira viagem de 2018 foi para o Sudão. “Ninguém vai para o Sudão [risos]. Isto porque são

destinos menos turísticos, menos conhecidos e onde há mais mitos. Porque as pessoas habitualmente têm medo do desconhecido. E não faz sentido nenhum”, disse-nos Rui Barbosa Batista, já a preparar a mochila para o Uzbequistão. O jornalista que não sabe estar parado deixa um conselho a quem tem receio de viagens menos ortodoxas: “Entreguem-se aos prazeres do imprevisto e apreciem a recompensa!”. Quanto ao futuro, Rui Barbosa Batista é perentório: “Não me vejo parado. Se estou dois meses seguidos em Portugal parece que fico com urticária. Só de ouvir outra língua e ter outra gastronomia parece que fico mais sereno. É estilo um calmante (risos). Pretendo reformar-me antes do previsto e saborear intensamente este Mundo, de forma mais consis-

tente e ambiental e socialmente responsável. Com calma”, confessou. “O que me move? A paixão pelas pessoas. E todas as diferenças que nos unem”, rematou Rui Barbosa Batista E ESCREVER UM LIVRO COM AS MEMÓRIAS? “Esse livro já existe e ultrapassou as 100 páginas. Mas eu tenho uma vida tão intensa e ocupada que dificulta o processo.Escrever para um livro de viagens implica tempo e alguma paz de espírito, para nos focarmos na mensagem. Estou a ver se reúno cerca de 40 histórias. Mas num registo diferente. São experiências de viagem, nunca um REVISTAVIVA, MARÇO 2018


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guia”, garantiu. “Falo de gente inspiradora que conheci, de situações complicadas em fronteiras, de lugares remotos e incríveis, de inesquecíveis viagens de autocarro e outros transportes improvisados. Todas as peripécias que nos podem acontecer em viagem”, esclareceu. E aponta inclusive o ano de 2018 para conclusão da obra. “Boa parte do material já lá está”. A PLATAFORMA BORN FREEE O Born Freee (sim, com três ‘eee’) nasceu um bocadinho por preguiça, por incrível que pareça. As palavras são

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do jornalista. O facto é que toda a vez que Rui Barbosa Batista partia, choviam emails com pedidos de relatos da experiência que vivia. Tudo mudaria em 2009, com a criação de um blogue relacionado com uma experiência da descida de África. Seguiram-se outros blogues, deambulando pela Austrália, Nova Zelândia, Índia e Nepal. “Até que os meus amigos se perderam [risos]. Foi daí que nasceu o site www.bornfreee. com para agregar todo um vasto conjunto de experiências”. “Faço reportagens de lugares que me marcaram no Mundo, mas também tem uma secção para artigos sobre Portugal, que vai muito devagarinho, pois não tenho muito tempo livre cá”, avançou. A plataforma apresenta outra secção com notícias, abordando novas rotas ou distinções internacionais de Portugal e suas regiões/cidades. “Como o planeta pode ser absorvido de várias formas, tenho uma outra de gastronomia, com receitas do Mundo. Por outro lado, como a poesia diz muito da história de um povo, essa vertente não é esquecida neste site”, conta-nos. Resumidamente, “é um projeto que tem

um pouco de tudo à volta de viagens com ligação ao meu Instagram (instagram.com/_bornfreee_). Procuro que seja algo equilibrado”, revela. AS VIAGENS EM GRUPO Rui Barbosa Batista também organiza viagens em grupo. “Faço isso de forma amadora, após persistentes desafios de amigos para viagens. Tanto insistiram que decidi organizar uma. Pus um post no Facebook e esgotei a viagem no próprio dia, o que me deixou entusiasmado, mas também a pensar: ‘o que é isto?‘”.

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Outra curiosidade: 99% das viagens que Rui Barbosa Batista organiza e lidera são para sítios que desconhece. Assim, “também vou à aventura. Sou responsável por tudo: programa, estadia, transportes… só que as pessoas vão todas num registo de descoberta. E a verdade é que esse registo tem funcionado muito bem. Tenho sempre os projetos esgotados e lista de espera”, revela-nos. Para quem pensa que é fácil, o jornalista avisa: “Há muitas horas de pesquisa, inúmeros contactos e obstáculos a ultrapassar. Há países sem motores de busca de hotéis, em outros não aceitam cartões de crédito. Programar transportes e experiências à distância é um verdadeiro repto”. “É um desafio para mim, mas também é um ato de coragem para as pessoas que me acompanham, que confiam na minha vasta experiência de viagem. Aprecio a atitude de quem se entrega a uma aventura dessas”, conclui o jornalista, que dos seus vários projetos para 2018 destaca a presença na Rússia para cobrir Portugal no Mundial de futebol, experiência que relatará também em www. bornfreee.com. REVISTAVIVA, MARÇO 2018


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Um percurso gastronómico pela cidade do Porto Textos: Irene Mónica Leite Fotos: Carolina Barbot

Sabor da Fazenda Uma casa portuguesa

Rua de Clemente Meneres 44 Telefone 934 535 958 “Eu e o meu marido ficamos desempregados. O meu marido era pasteleiro e eu trabalhei sempre em balcão de padaria. Portanto, não era bem esta área”, começou por nos explicar Rosa Costa, responsável pelo estabelecimento. Mas da crise, nasceu a oportunidade. “E, cá estamos, com um balanço francamente positivo, com tendência a melhorar. Agora, é continuar o trabalho”, disse, orgulhosa. Quanto aos pratos, “temos de tudo um pouco. Desde as tripas à moda do Porto, feijoada à transmontana, carne à alentejana, rojões à moda do Minho. Também outras delícias como bacalhau à Braga, isto porque os turistas pedem muito bacalhau (risos). Seja também bacalhau cozido com legumes ou à lagareiro. Temos de tudo um pouco”, revelou. E o caráter diferenciador? Precisamente a “relação familiar com os clientes, muitos que vêm aqui todos os dias. Nós já sabemos o que eles querem, o que bebem, o que gostam. Uma pessoa vai-se afeiçoando”, explicou Rosa Costa. E acrescentou: “Temos os clientes já habituais. Temos os curiosos, que vêm de passagem. E sim, também recebemos bastantes turistas. Quando entram é em grandes grupos”. A decoração do espaço é acolhedora e familiar, com sofás confortáveis. “Damos atenção e preocupamo-nos com os clientes”, rematou. De segunda a domingo das 07h00 às 22h00.

Entramos em 2018 com o pé direito e em cada mão equipados com os talheres para passar a degustar grandes propostas gastronómicas, e todas marcadas pela qualidade dos produtos Recheio. Para olhares gulosos. Atreva-se!

Pátio do Duque Entre a tradição e a modernidade Av. de Rodrigues de Freitas 411 Lj I Telefone 910 241 451 Fotos: Pátio do Duque

Trata-se de um estabelecimento acolhedor, íntimo e familiar. “Este sonho acaba por ser a influência da minha família com quem tenho uma relação muito forte, e da sua forma de vida, já que o meu avô teve um tasco onde passei parte da minha infância, e cresci de volta das saias da minha avó e da minha mãe, na cozinha”, começou por revelar Mónica Santos. “As especialidades da casa são os Duques (folhado de alheira acompanhado com puré de maçã) e as Duquesas (pãezinhos de massa choux recheados com queijo da serra e de cabra, regados com mel e polvilhados com sésamo). Também podem encontrar moelas, rojõezinhos, arrozinho malandro e pataniscas de bacalhau, alheira à Duque e uma excelente seleção de queijos, enchidos e vinhos nacionais, entre outros petiscos. Não esquecer as nossas ‘Desgraças’, nomeadamente a mousse de chocolate, com toque especial da casa, e a mousse de lima, muito apreciadas”, explicou-nos Mónica Santos. “A nossa decoração tem claramente influência da nossa cultura e cada objeto tem uma história… a título de exemplo posso partilhar que os pratos e travessas que temos expostos pertenceram à minha bisavó, avó e mãe, contudo, quisemos garantir alguma contemporaneidade, sendo aqui fundamental o papel do designer Bruno Tavares, que captou claramente a imagem que queríamos transmitir e que é um parceiro permanente na manutenção desta”, disse. O balanço é claramente “positivo”, pretendendo-se “continuar a garantir uma boa relação de qualidade-preço na nossa oferta, contribuir ativamente para a perpetuação da nossa tradição gastronómica e de bem receber, promover um espaço de tertúlia e prazer à mesa onde a partilha é a palavra chave”, rematou Mónica Santos. De terça a quinta das 12h00 às 23h00. Sexta e sábado das 12h00 às 24h00. Aos domingos e segundas está fechado.

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RECHEAMOS O SEU NEGÓCIO DE SUCESSO No Recheio, o seu negócio é a nossa prioridade. É por isso que temos parcerias com os melhores produtores e fornecedores, aperfeiçoamos continuamente a nossa loja online, praticamos preços imbatíveis e temos a melhor selecção de frescos, vinhos, queijos, enchidos e muito outros produtos. As nossas marcas próprias Amanhecer, Masterchef e Gourmês foram criadas para satisfazer todas as necessidades dos nossos clientes. Tudo para podermos rechear o seu negócio de vantagens, frescura, oportunidades e, claro, de muito sucesso.

Porto-Ramalde

R. Manuel Pinto de Azevedo, 727, Ramalde, 4100-321 PORTO Geral: 226 159 300 | Frutaria: 226 159 329 | Peixaria: 226 159 328 | Talho: 226 159 327

Gaia

Rua de Serpa Pinto, 28, Gaia, 4400-307 VILA NOVA DE GAIA Geral: 227 667 720 | Frutaria: 227 667 726 | Peixaria: 227 667 727 | Talho: 227 667 728 | Padaria: 227 667 732

Porto-Mercado

Edifício Zona de Expansão, Rua Chaves de Oliveira, 181, 4350-104 PORTO Geral 225 193 010 / 225 193 018 | Peixaria: 225 193 014 | Talho: 225 193 015

Ermesinde

Rua Nossa Sr.ª da Mão Poderosa, 267, Formiga, 4445-522 ERMESINDE Geral: 229 783 100 | Frutaria: 229 783 102 | Peixaria: 229 783 103 | Talho: 229 783 101

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Sushisan Sabores japoneses invadem a Invicta

Doce Mundo “Concretizamos o que tínhamos idealizado” Rua da Constituição 613 Telefone 225 490 655 Este projeto nasceu no culminar de outros espaços/negócios, com o desejo de um dia ter um estabelecimento com estas características, começa por nos explicar António Águas, responsável pelo estabelecimento. “Estamos aqui há quatro anos. É agradável, trabalhoso, mas compensa: concretizamos o que tínhamos idealizado”, confidenciou-nos, orgulhoso. Há outros pratos mais usuais como os bifes de peru, grelhados, essencialmente. Em termos gastronómicos “servimos os chamados ‘pratos do dia’. Trabalhamos bem nas francesinhas, como qualquer bom portuense”, garantiu. “O que nos pode distanciar é o frango, que tem bastante procura”, revelou-nos António Águas. O atendimento é descrito como bastante “dinâmico”. “Estamos sempre em trabalho” e a relação com o cliente é “direta”, mencionou. Em termos de planos futuros, “não há muito por onde acrescentar. Basicamente é prosseguir o mesmo trabalho de rigor e entrega, melhorando progressivamente”. De segunda a domingo das 07h00 às 22h00.

Rua Santa Teresa, 28 Telefone 223 165 667 “Este estabelecimento das Galerias [de Paris] aqui na Baixa é muito recente”, começa por nos explicar Carlos Guerra, responsável pelo estabelecimento. “Abrimos a porta a 14 de dezembro de 2017. Já temos um espaço no Porto, mais propriamente na zona da Boavista, que já tem cerca de um ano e meio. Foi um projeto que já nasceu há algum tempo. Esta abertura nas Galerias estava prevista nesse projeto. Preferimos ser paulatinos”, justificou. Carlos Guerra mudou-se “de malas e bagagens” para a cidade Invicta para se dedicar a 100% a este projeto. Apaixonado por novos desafios e pela cozinha japonesa, afirma que “os olhos também comem, por isso a apresentação dos pratos tem de ser cuidada e a qualidade deve sempre corresponder a esta expectativa. Além disso, o tamanho das peças deve ser equilibrado para que o cliente consiga desfrutar ao máximo o sabor e textura de cada uma delas”. Com um espaço de dois andares, o ainda muito jovem Sushisan Porto mantém-se fiel à essência da marca, que visa conciliar, em toda a oferta gastronómica, a relação preço-qualidade. Recorde-se que o Sushisan é reconhecido pelo rodízio gourmet (all you can eat) incomparável, disponível ao almoço. A refeição inclui uma sopa miso e hot philadelphia rolls para começar, seguidos de repetições infinitas de pratos de sushi. No entanto, o restaurante japonês tem ainda propostas à carta – com pratos frios, quentes e diversas sugestões de combinados –, da qual fazem parte temakis, niguiri, makis, gunkan’s, sashimi, tempuras, yakisoba e muitas outras especialidades. De segunda a domingo das 12h00 às 15h00 e das 20h00 às 23h00.

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Tapas & Destapas La Andaluza “O caminho faz-se caminhando” Rua de Santa Catarina 488 Telefone 967 330 804 O estabelecimento nasceu em outubro de 2016. “O nosso patrão Rafael é espanhol, teve conhecimento do franchising em Espanha e foi pioneiro cá em Portugal ao trazer esta marca para o Porto. O primeiro ano foi brutal. Depois abrandou um pouco e agora, com sucesso, estamos a tentar recuperar todo esse dinamismo”, referiu-nos Fábio Ferreira, responsável pelo estabelecimento. Em termos de oferta gastronómica “focamo-nos muito nas Tapas. 80% da carta é espanhola, sem dúvida. Temos cerca de dois pratos de fusão. O Rafael, inclusive, tentou juntar a ideia dos ovos rotos com alheira, que é, curiosamente, um prato com bastante saída”. Apesar de, para já, a ideia seja solidificar a oferta já existente, “estamos a pensar em fazer um pequeno menu de pratos de fusão”. No que à diferenciação em relação a outros estabelecimentos diz respeito, a “fusão diferencia em termos de ofertas gastronómicas. Também somos muito elogiados pelo nosso bacalhau ou pelo ‘entrecote’. São os pratos mais pedidos”. Já começam a ser idealizados alguns planos: “temos um salão lá em cima, interessante, que pretendemos alugar para empresas que queiram fazer, a título de exemplo, briefings. Cá em cima costumamos trabalhar para grupos, com dimensão mais alargada”, rematou. De segunda a quinta das 10h00 às 22h00. Sexta-feira das 10h00 às 23h00. Sábado das 10h00 às 22h00. Aos domingos está fechado.

Combinações deliciosas

Mercado Bom Sucesso, Praça do Bom Sucesso, Boavista Telefone 226 096 248 O espaço nasceu em 2013 ainda sobre o nome “Quinta das Lamelas”. “Já estávamos mais ou menos direcionados para estes produtos. Mas não afincadamente. Tinha um foco inicial para os vinhos”, contou-nos Jorge Moreira, responsável pelo estabelecimento. “Chegou uma altura em que quis diferenciar o produto. Quis colocar um pouco ao meu gosto, fazer algo diferente. Por isso quis ficar com o projeto e seguir sozinho. Não poderia estar mais satisfeito”, revelou. Quanto a propostas gastronómicas, o foco está nos “presuntos e enchidos ibéricos. Depois também trabalhamos muito bem com os queijos nacionais. O único queijo se calhar que tenho e que não é nacional é o ‘manchego’. Porque considero que tem uma ligação muito forte com o presunto. Dá um toque diferente”, explicou. “Também trabalhamos com alguns produtores de vinho. Só trabalhamos com os chamados vinhos de mesa, seja o Casa Amarela ou Soalheiro. De uma variedade assinalável. E é tudo criteriosamente escolhido. As tábuas levam um bocadinho de tudo o que vendemos na banca. Destaque também para as alcaparras de Trás-os-Montes. São coisas que nos caracterizam”, disse Jorge Moreira. O balanço não poderia ser mais positivo: ”Sinto que temos de dar o passo seguinte. A casa, só por si, está a funcionar bem. E acho que tem pernas para andar noutros lados. Porque, na realidade, não é só vender presunto. Tem uma história por trás. Tem uma cultura”, referiu. Em termos de planos futuros, passa por “expandir um bocadinho o negócio. Andamos a ver outros espaços no Porto”, rematou o responsável. De terça a quinta das 11h00 às 23h00. Sexta e sábado das 11h00 às 24h00. Domingo das 11h00 às 23h00.

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Sandinha

Uma francesinha para comer à mão

NY Sliders Uma ‘explosão’ de sabores Mercado Bom Sucesso, Praça do Bom Sucesso, Boavista Telefone 918 207 524 O projeto nasceu em junho de 2013, ao mesmo tempo em que abriu o Mercado Bom Sucesso. “O meu tio vive em Nova Iorque, cidade onde estive por seis meses. O estabelecimento nasce um pouco do conhecimento que tive dos ‘sliders’ na altura. Absorvi essa cultura americana”, disse-nos Alexandre Meireles, responsável pelo estabelecimento. Por outro lado, as circunstâncias ainda ajudaram mais a fundar este projeto. “O meu pai é chefe de cozinha profissional e ajudou-me a desenvolver os menus. O meu tio auxiliou-me a implementar o negócio”. E caráter diferenciador? “O que mais distingue o nosso conceito é o facto dos clientes no menu terem uma diferenciação de experiências e sabores. Podem ter três sliders diferentes, algo que nos distingue das tradicionais hamburguerias que vendem apenas um hambúrguer. A abordagem ao cliente, por sua vez, também é cuidada, acompanhada por uma explicação do conceito”. Quanto a planos futuros, a equipa encontra-se a preparar uma pequena mudança de menu, um “refresh” para a primavera. O balanço tem sido “bom”. “Crescemos de forma sustentada, com, também, a ajuda do turismo”, rematou Alexandre Meireles. De terça a quinta das 11h00 às 23h00. Sexta e sábado das 11h00 às 24h00. Domingo das 11h00 às 23h00.

Mercado Bom Sucesso, Praça do Bom Sucesso, Boavista Telefone 914 216 937 “Curiosamente a ideia original até partiu do meu sócio, André Regueiro, quando há uns anos a francesinha foi considerada uma das dez melhores sandwiches do mundo. Mas, na verdade, esta especialidade portuense não era servida em formato sandwiche. A ideia base partiu daí. Se a francesinha foi considerada uma das dez melhores sandwiches do mundo, vamos então transportá-la para esse formato”, referiu-nos Luís Brito. “Começamos com duas: a tradicional que reportamos à receita original da francesinha, com carne assada, e inclui fiambre, mortadela e linguiça. Tentamos também proporcionar uma oferta vegetariana. Criamos uma que é a ‘sandinha da horta’. Resolvemos também apresentar uma sandinha um bocadinho diferente: a ‘sandinha especial’, que leva ingredientes como o presunto. Mais recentemente criamos uma nova sandinha, com cebola roxa ou bacon. Temos ainda uma oferta para crianças que é a ‘sandinha kids’, mais ‘light’”. E o marco diferenciador deste projeto, nas palavras de Luís Brito, reside precisamente na “possibilidade de comer francesinha à mão”. Também com outra vantagem, dissenos: “a pessoa ter a sensação que comeu uma francesinha sem ficar demasiadamente enfartado”. O balanço é positivo. “Estamos quase a fazer três anos neste estabelecimento. Recentemente abrimos um novo espaço, que é um quiosque, no Mar Shopping. Pretendemos crescer mais, e alargar o negócio a outros pontos do país. Tínhamos algum interesse em ir para Lisboa. E colocar a nossa marca na Baixa do Porto”, rematou Luís Brito. De terça a quinta das 11h00 às 23h00. Sexta e sábado das 11h00 às 24h00. Domingo das 11h00 às 23h00.

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F C P O R T O

DRACO

Uma mascote para miúdos e graúdos!

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sido feito de forma harmoniosa. “No online conseguimos cada vez mais seguidores, interações com o Draco. Tentamos que o Draco seja alguém com personalidade e história: jovem, nasceu no Porto. No fundo é uma pessoa como nós. O Instragram é gerido pela mascote. É essa a imagem que queremos passar. Não é como uma empresa. Não é como trabalhar para uma marca pura e dura”, atestou. No offline também é cultivada essa atitude humana. Por exemplo, “está a dar uma música que ele gosta, então começa a dançar. No online vai avisando onde vai marcar presença. Depois mostra fotos dos locais por onde passa e dos próximos destinos. E no offline convida as pessoas a tirar fotos com ele. Está presente nos dias dos jogos, no estádio junto dos jogadores, no Dragon Force, no Dragão Caixa, nos jogos de todas as modalidades, no museu. Já andou inclusive pela cidade do Porto a tirar muitas fotos que vai publicando, claro, no Instagram”, rematou.

É uma mascote muito querida para o “mar azul”, deliciando miúdos e graúdos. Apesar de ser ainda muito recente (nasceu em 2016), já faz parte da família FC Porto. Motivo para a VIVA! conhecer um pouco mais sobre o Draco, desde as origens à sua dinâmica, online e offline. Textos: Irene Mónica Leite Fotos: FC Porto

“Nós tínhamos uma mascote que era o ‘Penta’, na altura em que nos sagramos penta campeões. Foi a primeira, que viveu alguns anos, mas nos últimos tempos foi caindo naturalmente, saindo de cenário”, explicou-nos Hélder Gomes, responsável de Branding do FC Porto. E continuou: “Decidimos, então, voltar novamente com uma mascote, optando por uma reformulação total. O desafio perante o departamento de branding era o seguinte: desenvolver um boneco amigável. Não é fácil trabalhar com um Dragão. Há outros animais bem mais fáceis e amigáveis por natureza”. “Fizemos vários desenhos, esboços… sobretudo para agradar o público infantil. A Dragon Force é uma fã incondicional do Draco”, referiu. “Tínhamos então que fazer algo que fosse agradável, simpático, amigável, ou seja, que tivesse uma série de características que não assustassem. E que fosse vestido à Porto… Chegamos então ao Draco. Vestimos a mascote com um traje à FC Porto, o mais intemporal possível. Assim está perfeitamente para durar”, constatou. A 6 de agosto de 2016, o Draco foi apresentado

no Estádio do Dragão. Neste dia aconteceu a apresentação da equipa e o FC Porto jogou um particular com o Villarreal CF. Depois, há todo um trabalho de comunicação e de ativação. “Tendo o boneco no mercado é necessário promovê-lo”, clarificou Hélder Gomes. Em termos de valores trabalhados na mascote, o que podemos encontrar? “Simpatia e ligação ao clube, essencialmente. Quanto ao animal a escolher para caraterizar ainda chegamos a ponderar outros cenários até que por fim concluímos: tinha de ser mesmo um dragão. O nosso receio era que as crianças fugissem ao início. Mas como aconteceu o contrário, tal é sinónimo de sucesso, de um trabalho bem feito”, revelou, orgulhoso. E os trabalhos de aperfeiçoamento nesta mascote prosseguem: “Vamos agora afinar algumas coisas, nomeadamente a mobilidade. Acho que podemos melhorar, mais ainda ao nível dos movimentos dos braços. Estamos a estudar nesse âmbito”, disse. A recetividade do público é “enorme. Um sucesso. Porque rapidamente se estendeu às lojas. As pessoas gostaram tanto que nós sentimos desde

logo necessidade de adiantar esse processo. Peluches, t-shirts… todo um merchandising. Têm-se esgotado os produtos do Draco”. Depois há toda uma ativação ao nível da comunicação desta mascote. “Não são apenas as crianças que adoram o Draco. Olhando para o mundo online, o Draco tem, por exemplo, uma conta de Instagram desde agosto. Em três meses ultrapassou os 20 mil seguidores. E está sempre a crescer. Também há muitos adultos, o que nós vemos através das estatísticas dos seguidores. Para miúdos e graúdos”, referiu João Victor do departamento de Marketing. O casamento das presenças offline e online tem REVISTAVIVA, MARÇO 2018


T V

“Tudo acontece no seu timing”

A passar por um momento profissional, mas também pessoal (maternidade), muito feliz, Débora Sá acolheu-nos no seu ‘consultório’ com a naturalidade e boa disposição que lhe são características. Aproveitamos o encontro para estabelecer o balanço do seu percurso no Porto Canal.

Texto: Irene Mónica Leite Foto: Carolina Barbot

O balanço é naturalmente positivo. “Eu, por mim, já estava aqui há mais tempo”, começou por nos dizer Débora Sá. Mas, como nos revelou, “tudo acontece no seu timing. E foi bom, porque entrei logo para um programa que adorava, o ‘Consultório’. Estive cerca de meio ano a desenvolver esse formato. Depois fiz durante um ano e meio o ‘Grandes Manhãs’, um programa de entretenimento, em direto e com a duração de três horas”. A autenticidade é uma das suas chaves para o sucesso. “O que vêem aqui, é o que encontram no dia a dia. É assim que gosto de ver tv quando estou em casa. É assim que tento fazer”, confessou-nos, sorridente.

PO RTO CAN AL

O ‘GRANDES MANHÃS’ Foi um desafio num registo diferente. “Eu acho que secretamente queria fazer entretenimento, Penso que tenho perfil. Mas é um capítulo para mim fechado. Estou bastante satisfeita com o ‘Consultório’, nesta fase [gravidez], sendo este um programa mais calmo”. Mas o ‘ Grandes Manhãs’ foi um programa que gostei muito de fazer. Desafiante todos os dias, todos os minutos, e bastante estimulante. Eu secretamente desejava o entretenimento. Via que aquele formato se encaixava em mim de alguma forma. Mas já estava a precisar de mudar outra vez”, revelou. As três horas em direto eram

bastante absorventes: “deixava a minha alma aqui”, disse-nos. O CONSULTÓRIO O ‘Consultório’ também é em direto. O programa é um consultório médico televisivo. De segunda a sexta-feira, Débora Sá fala com especialistas, fazem-se demonstrações e ouvem-se as dúvidas da audiência. O ‘Consultório’ está renovado, na primeira parte abordam-se temas pertinentes ligados à saúde com um especialista em estúdio, na segunda-parte põe-se a ‘mão na massa’ e demonstram-se várias técnicas que podem ser úteis e na terceira parte abre-se a emisão ao telespectador. “É o

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“Sempre que abordamos aqueles assuntos supostamente menos interessantes e assistimos a pessoas a ligar horas e a insistir, constatamos que é de facto serviço público. Não há muito quem o faça. E nós sentimos muito isso, principalmente pela adesão da audiência” programa mais antigo do Porto Canal. Passaram por aqui caras carismáticas. Estou muito confortável”, disse-nos Débora Sá. O facto de um programa apresentar essa vertente de participação da audiência em matéria de saúde reforça o seu serviço público?, perguntamos. “Sem-

pre que abordamos aqueles assuntos supostamente menos interessantes e assistimos a pessoas a ligar horas e a insistir, constatamos que é de facto serviço público. Não há muito quem o faça. E nós sentimos muito isso, principalmente pela adesão da audiência”.

“Considero também que a vertente humana é importante. É que às vezes ouvimos pessoas com problemas graves e que nós, sem lhes vermos a cara, saímos daqui a pensar nelas. Por isso a sensibilidade para com o outro é um fator que não se deve rejeitar”, concluiu. REVISTAVIVA, MARÇO 2018


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O melódico ano de 1998 A VIVA! celebra este ano um aniversário muito especial, com uma data bem redonda: os maduros 20 anos. Efeméride que assinalamos nas quatro edições de 2018, com uma retrospetiva cultural do já longínquo, mas saudoso ano de 1998. Bela colheita! Texto: Irene Mónica Leite

“You only get what you give”, diziam e propagavam contagiosamente os New Radicals em 1998… um single, ou melhor, “one hit wonder”, que continua inspirador volvidos 20 anos. Só para ir aquecendo e passando a bola, 1998 foi inclusivamente ano do Mundial de Futebol, com direito a música de Ricky Martin (que na altura deslizava nas rádios continuamente com sucessos como “Maria” ou “Livin la vida loca”). Referimo-nos a “La Copa de La Vida”. Anos 90 não foram só grunge, com Nirvana e Pearl Jam à cabeça (ver caixa), também tiveram eurodance: para mal de uns, bênção para outros. Lá andavam os Mercy (um hit

na vida anterior da Rádio Cidade) com “Baby Come Back”. A Madonna, longe de se encantar por terras lusas, celebrava… “Hollywood”! Também era a altura da febre italiana. Eros Ramazotti e Laura Pausini, dizem-vos alguma coisa? Não esquecer, claro, o grito de libertação de George Michael com “Outside”. E o hit dos Goo Goo Dolls (que vão ao Marés Vivas este ano) com “Íris”. 1998 é sinónimo de consolidação das boysbands. Nostalgia com Boyzone e, claro, os Backstreet Boys. “I want you back” foi o single de estreia dos N´Sync, com um promissor Justin Timberlake. A primeira música do grupo surpreendeu,

alcançando o 13º lugar do Hot 100 e vendendo mais de um milhão de cópias. Por outro lado, destaque para duas girlsbands: Spice Girls (obrigatório!) e Destiny´s Child. As segundas com Beyoncé tão pequenina com o single “No, no, no”. O s i n g l e d e e s t re i a d a s Destiny´s Child foi lançado em janeiro de 1998, com a participação de Wycleaf Jean. “No, no, no” chegou ao terceiro lugar da Billboard Hot 100 e trilhou o caminho deste grupo pop. Também foi ano do rock. Com Aerosmith (“I don´t want to miss a thing”) ou Green Day. Mas calma. Não poderíamos fechar o brilharete musical sem o fenómeno Silence 4, a bordo com o jovem David Fonseca a liderar. Ou a boysband Excesso. Sim, já passaram 20 anos, reiteramos. Ou o fenómeno brasileiro Daniela Mercury com o seu “Feijão com arroz”. REVISTAVIVA, MARÇO 2017


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DESTAQUES ASSUMIDAMENTE POP! “Never Ever” das All Saints foi lançado no final de 1997, mas constou em várias listas de 1998. Trata-se do maior sucesso do grupo britânico e chegou ao topo de vários países da Europa, tendo-se revelado um sucesso em muitos outros, como EUA e Austrália. Shania Twain por sua vez brilhava nesta altura, sendo a década de 90 a sua “fase de ouro”. “From this moment on”, lançado em março de 1998, foi o quarto single do terceiro registo discográfico de Shania Twain, intitulado “Come on Over”. Outra curiosidade: o sucesso desta cantora country era tão grande na época que Shania lançou 12(!) singles desse álbum. Obra. De um registo com 16 músicas, 12 tornaram-se singles!! Já para não mencionar a banda sonora do Titanic. Tantos corações que Celine Dion partiu em “My heart will go on”… A

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MAS O GALARDÃO DA MELHOR MÚSICA QUE ‘DESFILOU’ EM 1998 VAI PARA… The Verve com “Bitter Sweet Symphony”!! Em melhor sintonia seria impossível… música foi lançada primeiramente no álbum de Dion, “Let´s talk about love”, mas superou tudo e todos na banda sonora do filme. Mas falar na pop sem mencionar a Britney Spears seria um erro fatal. Temos de mencionar “Baby one more time”, o seu hit mais incontornável com cerca de 18 milhões de cópias vendidas. E os Savage Garden? Foi um verdadeiro fenómeno pop entre as adolescentes de finais dos anos 90. Esta banda pop rock australiana do final da década de 1990, composta pela dupla de músicos Darren Hayes e Daniel Jones, ficou conhecida sobretudo pelas canções “Truly Madly Deeply” e “I Knew I Loved You”, que atingiram o primeiro lugar no Hot 100 da Billboard. Ainda em 1997, a dupla assinou com a Sony Music e iniciou uma carreira bem respeitada a nível internacional, com uma série de singles à cabeça. Precisamente em 1998, o hit “Truly Madly Deeply” chegou ao topo da Billboard.

Não poderíamos falar de déca da de 90 sem grunge O início do movimento grunge agru pou-se em torno da editora inde pendente Sub Pop, de Seattle, no final da década de 1980 . O grunge tornou-se comercialmen te bem-sucedido na primeira metade da década de 1990 , devido principalmente aos lanç amentos de “Nevermind”, dos Nirvana, e “Ten”, dos Pearl Jam. O sucesso dessas bandas impulsio nou a popularidade do rock alter nativo e fez do grunge a forma mais popular de hard rock na época. No entanto, muitas band as grunge estavam desconfortáveis com tal popular idade. Apesar da maioria destas bandas ter-se separado ou desaparecido no final da déca da de 1990, a sua influência cont inua a afetar o rock

A melodia “estourou” nas rádios no ano de 1998, na época do Mundial de Futebol realizado na França. Também fez parte da banda sonora do filme “Segundas Intenções”, de 1999, o que fez aumentar a sua fama. É usado na música um sample da versão da Andrew Oldham Orchestra para a música dos Rolling Stones, “The Last Time”. Uma curiosidade: a ABKCO, propriedade de Allen Klein, e a Decca Records mais tarde abriram um processo contra os The Verve, sem o conhecimento de Mick Jagger e Keith Richards, alegando que estes usaram muito da música. Embora toda a letra de “Bitter Sweet Symphony“ tenha sido escrita pelo vocalista dos The Verve, os lucros vão para Mick Jagger e Keith Richards. REVISTAVIVA, DEZEMBRO 2017


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AC R O C LUB E DA M AIA

Uma escola de campeões Fundamentalmente conhecido pela ginástica acrobática, o Acro Clube da Maia tem diversificado bastante as atividades. Exemplo desta tendência é o projeto Salto, uma escola de artes circenses, com o apoio do famoso Cirque du Soleil. Textos: Irene Mónica Leite Fotos: Carolina Barbot

A história do Acro Clube da Maia (ACM) é curiosa. Começou num jardim público da Maia, no verão de 2004, “quando começamos a treinar fruto da vontade dos pais e de alguns ginastas. Felizmente não choveu nesse verão” (risos), contou-nos Lourenço França, treinador e membro da direção do ACM. “Se me dissessem que ao fim de 10,12 anos estaríamos aqui com 3000 metros quadrados de instalações, não acreditaria, pois simplesmente não era possível. Era impossível num percurso de uma década chegar a este ponto. Foi sim, um processo difícil. Teve altos e baixos. Mas felizmente

tivemos sempre um grupo de pais que é a força motora do grupo”, referiu. O Acro Club da Maia, antes de se solidificar nas atuais instalações, passou por diferentes espaços, nomeadamente na Escola Secundária da Maia, onde foi alugado um ginásio. ”Depois o clube começou a crescer muito e conseguimos encontrar estas instalações. Dois anos depois o espaço alargou”, disse Lourenço França, visivelmente orgulhoso. A evolução do Acro Clube da Maia é, assim, descrita como paulatina. “Não me lembro de termos dado um passo em falso”. O ponto forte do Acro Clube

da Maia está na organização de eventos. O primeiro grande evento foi em 2007 com o Maia International Acro Cup. “Temos melhorado essa prova ao longo dos anos, tanto que neste momento é o maior evento de ginástica acrobática no mundo”, disse-nos, satisfeito. “Há tantos países com mais história que nós nessa área que julgávamos que não ia ser possível ter uma prova com esta dimensão”. Refira-se que o Maia International Cup só se organiza porque os pais tiram férias. “As pessoas tiram menos dias de descanso no Algarve, no verão, para ajudar a organizar a prova. Sem os pais

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não há ginástica”, reiterou. “As crianças não aparecem sozinhas. São os encarregados de educação que as têm de trazer”, realçou. E o segredo do sucesso? pergunta a VIVA!: “é só trabalho”, confessou-nos Lourenço França. O balanço só poderia ser “surpreendentemente positivo. Começamos num jardim. Tinha tudo para correr mal. Bastava que tivesse chovido logo nos primeiros dias. As pessoas continuam mobilizadas. E já não são as mesmas”, esclareceu sobre esta “família”. As medalhas no historial do Acro Clube da Maia somam e seguem. A título de exemplo, em outubro de 2017, as juniores Joana Moreira, Rita Ferreira e Beatriz Carneiro conquistaram a sua terceira medalha de ouro nos Europeus de Ginástica Acrobática em Rzeszow, Polónia.

“A parceria com o Cirque du Soleil veio um pouco com o facto de NOS encontrar-MOS envolvidoS no plano internacional. ” Em março de 2017, os atletas pertencentes ao Acro Clube da Maia estiveram em competição no campeonato distrital Trampolim Individual e Trampolim Sincronizado, que decorreu em Vila do Conde. Mais uma participação de excelência para este clube, com vários atletas nos primeiros dez lugares e com seis atletas a ficarem mesmo no primeiro lugar. Já para não mencionar que, em 2016, os ginastas do Acro Clube da Maia que participaram no Campeonato do Mundo de Grupos REVISTAVIVAMARÇO 2018


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‘street’. Temos também zumba, yoga, ballet…”. Já o Acro Kids é um projeto em que o Acro Clube da Maia sai das suas instalações e vai aos colégios da Área Metropolitana do Porto, um pouco mediante o que o colégio quiser. De e para a comunidade. Os campos de férias são uma atividade que é desenvolvida sobretudo na Páscoa e nas férias grandes. “Paralelamente com o Acro Clube da Maia, criamos um Centro de Estudo que fica neste quarteirão, com mais de 50 crianças inscritas. Começou como um apoio para os ginastas mas neste momento temos mais ‘não ginastas’. de Idades de Ginástica Acrobática (CMGI2016) que decorreu em Putian (China), nos escalões 11-16 anos, 12-18 e 13-19, integrados na Seleção Nacional sobre a égide da Federação de Ginástica de Portugal, tiveram sortes diferentes. No escalão 12-18, o par feminino Rita Ferreira/Joana Moreira, após ter ficado em 2º lugar nas preliminares, na final obteve 27.750 pontos no esquema de Combinado, valendo-lhes o 1º lugar e a consequente Medalha de Ouro, arrecadando o título de Campeãs do Mundo, que se acrescenta ao título de Campeãs da Europa no escalão 11-16. No mesmo escalão, o grupo masculino Henrique Silva/Henrique Piqueiro/João Pereira/Miguel Silva, que havia passado à final na 4ª posição, no esquema de Combinado obteve 27.650 pontos, o que lhes valeu a terceira posição do pódio e a consequente Medalha de Bronze, ficando apenas a

0.1 pontos do 1º lugar e igualando o terceiro lugar obtido no Campeonato da Europa de 2015. No escalão 13-19, o trio feminino Francisca Maia/Joana Canada/ Beatriz Costa, apesar de terem realizado dois bons esquemas, não conseguiram apuramento para a final em que competiam, terminando num honroso 10º lugar.

A Salto A Salto é uma escola de circo e conta já com ano e meio de história. Nasceu com um grupo de pessoas que ao fim de um ano acabou por sair. Foi reformulada, por consequência, a sua estrutura. “A parceria com o Cirque du Soleil veio um pouco com o contexto do Acro Clube da Maia, o facto de este se encontrar envolvido no

E prosseguiu: a Jessica Correia, a primeira acrobata portuguesa a ir para o Cirque du Soleil, estabeleceu a ‘passagem’ pelo ‘canal’ da ginástica e não pelo do circo. Mais concretamente por ser atleta do Acro Clube da Maia e não por ser aluna da Salto”. A experiência é “excelente. É gente muito trabalhadora, tornando-se muito reconfortante vê-los a melhorar. Conseguimos, inclusive, numa semana montar um espetáculo curto do zero”, referiu.

plano internacional. As pessoas do meio conhecem o nosso trabalho e interessam-se por ele”, atestou.

As diversificadas atividades do Acro Clube da Maia “Na área da ginástica temos a acrobática, trampolins e artística. Iniciamos há dois anos o parkour, uma atividade mais

O que se segue? “Eu gostava de dizer que era férias (risos). Neste momento temos alguns projetos interessantes ainda na área dos eventos, de forma a tentar potenciar uma área que não é muito explorada ainda em Portugal. Vamos, assim, tentar fazer mais uma competição internacional. E, eventualmente, enveredar mesmo por uma estrutura de organização multidisciplinar de eventos, com concertos de música, e outras ideias, ligeiramente diferentes”. Torna-se também importante “potenciar ainda mais a Salto, aprofundando a parceria com o Cirque du Soleil. Temos um protocolo interessante com uma escola italiana. Porque é muito importante criar parcerias para que outros locais recebam os nossos alunos. Há toda uma troca de experiências bastante enriquecedora”, concluiu. REVISTAVIVAMARÇO 2018


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Unidade de Queimados teve uma taxa de ocupação acima do normal, atendendo ao elevado número de doentes queimados que necessitaram de internamento hospitalar. De acordo com Manuel Maia, diretor do serviço de Cirurgia Plástica do Hospital da Prelada, atualmente a “gravidade dos acidentes tem aumentado, mas o número tem diminuído”. “Nos anos de 2000 a 2004 tratávamos cerca de 200 doentes, anualmente. Chegámos a receber 240 doentes por ano. Em 2017 foram 54. Em média estamos a acolher entre 55 a 60 doentes por ano”, acrescentou. Este decréscimo nos números acontece devido a uma maior prevenção em relação aos acidentes de trabalho, no entanto, ainda existem muitos acidentes domésticos que provocam queimaduras graves e, por isso,

Excelência na UNIDADE DE QUEIMADOS O Hospital da Prelada, localizado na cidade do Porto, teve a sua inauguração em 1988 e nas três décadas seguintes deteve a primeira Unidade de Queimados da região Norte, sendo um verdadeiro caso de sucesso e com reconhecimento nacional e internacional. A VIVA! falou com a equipa desta Unidade de Queimados de referência.

O papel basilar da Santa Casa da Misericórdia do Porto

Textos: Irene Mónica Leite Fotos: Inês Cortez

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nserida no serviço de Cirurgia Plástica do Hospital da Prelada, a Unidade de Queimados funciona ininterruptamente, tendo como base o trabalho composto por uma equipa multidisciplinar. Esta Unidade foi a primeira estrutura a surgir na região Norte, tendo sido criada praticamente

após a abertura do hospital. “Trata-se de facto de uma unidade de referência do Hospital da Prelada a nível nacional, tendo sido até à abertura da Unidade de Queimados do Hospital de S. João a única da região Norte”, começou por explicar o diretor clínico do Hospital da Prelada, Varejão Pinto.

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Este espaço acolhe doentes queimados adultos, de todo o país, sempre em articulação com as restantes unidades do Serviço Nacional de Saúde, para além de receber doentes vítimas de acidentes de trabalho. No último ano, fruto dos incêndios que devastaram o país, a

Assegurar a existência de uma Unidade de Queimados é uma fatura dispendiosa. “A Santa Casa da Misericórdia do Porto mantém a unidade aberta, mais até no seu espírito de serviço público, de complementaridade com o Serviço Nacional de Saúde. Do ponto de vista económico não é, de facto, rentável. Tendo em conta o tipo de doentes que tem e a forma de pagamento, funcionamos só mesmo neste espírito de missão”, salientou Varejão Pinto. REVISTAVIVA, MARÇO 2018


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A satisfação com a prestação de cuidados pela Unidade de Queimados do Hospital da Prelada é unânime entre os doentes. É o caso de Armando Rodrigues, 47 anos, de Valença de Minho, que teve um acidente doméstico com uma cuba de plástico com resina. “Estava a lavar com água à pressão e aquilo rebentou”, contou-nos. O serviço foi “muito bom”. “Tratam o doente como um menino”, revelou.

são recebidos doentes ao longo de todo o ano. Neste momento, a Unidade dispõe de seis camas em quartos isolados, estando devidamente equipada para funcionar de modo autónomo. No entanto, e “correspondendo ao apelo da Comissão Nacional de Trauma, foi feito um estudo para podermos aumentar a nossa capacidade, colocando mais duas camas”, revelou-nos Varejão Pinto. “Ao longo dos anos temos tido a preocupação de melhorar as instalações da Unidade. No último ano conseguimos abrir uma sala para tratamentos cirúrgicos que permite uma autonomia da Unidade relativamente ao bloco central do hospital. Quando os doentes estão em condições clínicas, são então transferidos para o serviço de Cirurgia Plástica e continuam a sua recuperação”, salientou o diretor clínico do Hospital da Prelada. O balanço, com reconhecimento nacional, é sem dúvida mais do que positivo. “Equiparamo-nos aos centros de referência de tratamento”, referiu-nos Manuel Maia. Por outro lado, “há sempre melhorias técnicas,

Manuel Maia

Varejão Pinto

porque a Medicina está sempre a evoluir. Procuramos estar sempre atualizados na melhor prática, com a meta de melhorar continuamente. Nunca estamos satisfeitos”, disse à VIVA! Varejão Pinto. Também o caráter multidisciplinar do tratamento é um dos pontos mais fulcrais da Unidade de Queimados do Hospital da Prelada. “São

doentes muito específicos, que sofreram uma queimadura muito grave. Portanto, só tendo esse apoio multidisciplinar é que se consegue motivar o doente para uma melhor reintegração na sociedade”, destacou Varejão Pinto. Esta equipa multidisciplinar tem um médico residente que a coordena, sempre em articulação com a direção do serviço de Cirurgia Plástica. A equipa é composta por um médico de medicina interna e intensivista, um anestesista, um fisiatra, um nutricionista, um psiquiatra e um psicólogo. O diretor do serviço de Cirurgia Plástica do Hospital da Prelada, Manuel Maia, deixa, ainda, um alerta: “Todo o doente queimado deve ser observado primeiramente num serviço de urgência, nomeadamente na presença de um cirurgião plástico, que o avalie e o encaminhe, se tal for necessário”.

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A “Serração da Velha” e a “Queima do Judas”

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Nas cerimónias da Páscoa, muitas regiões de Portugal unem-se para celebrar a “Serração da Velha” e a “Queima do Judas”, dois rituais que, apesar de distintos, apresentam semelhanças. Renovação é o mote. Texto: Irene Mónica Leite Fotos: Comédias do Minho e Nuvem Voadora

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Serração da Velha refere-se a uma tradição muito antiga e de origem pagã, e que se realiza na noite de quarta-feira que precede o terceiro domingo da Quaresma. Esta tradição pretende renovar a vida. Grupos de jovens acercam-se das casas dos mais idosos, apontando-lhes os defeitos, reais ou imaginários, intimidando-os a deixarem os seus bens. Olhados como bodes expiatórios, os velhos são serrados para cederem lugar aos novos. Mas quem é a Velha? Certamente, uma representação da morte. Uma das várias que, no passado, à época da Quaresma, percorriam as ruas. Numa batalha simbólica contra a morte, os jovens celebravam o fim do inverno (em fevereiro, no hemisfério norte), o final da Quaresma e da esterilidade dos campos, homenageando a chegada do verão e da fecundidade, enfim, o poder da juventude. A inversão carnavalesca da poderosa morte, personificada numa frágil Velha serrada, era também

uma forma de meditar sobre a passagem do tempo, o envelhecimento e a morte. Refira-se que a Serração da Velha continua a ser celebrada, ainda que por vezes sob a forma cristianizada da “Queima do Judas”, como em algumas regiões é festejada. Um boneco de tamanho humano, feito de palha, jornais... é passeado pelas ruas, enforcado, e finalmente queimado. Oficialmente, simboliza a morte de Judas Iscariote, mas alguns factos mostram que não é essa a sua primeira significação. A passagem do inverno para a

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Nós vamos serrar a velha Na noite que nos é dado Serra-se a velha, serra-se a nova Serra-se a velha, a velha, a velha Serra-se a velha para o forro E a nova para o tabuado Serra-se a velha, serra-se a nova Serra-se a velha, a velha, a velha Quadras da Serrada da Velha em Paredes de Coura

primavera, da noite para o dia, era celebrada pelos povos primitivos com sacrifícios diversos. Essas cerimónias antigas foram absorvidas e depuradas pelo cristianismo. A atual Queima do Judas é o que resta dessas cerimónias que, evoluindo com o decorrer dos tempos, e por ingénua deformação, encabeçaram no Judas. A crença antiga unia a vida à morte num ciclo de perpétuo renascimento tal como ao inverno sucede a primavera. Assim, o Cristianismo haveria de fazer coincidir a Ressureição do Senhor com a celebração da primavera. Apesar de se tratarem de diferentes versões de uma mesma celebração, a Serração da Velha e a Queima do Judas apresentam grandes semelhanças, a mais importante das quais refere-se à leitura do respetivo testamento que, em ambos os casos, é invariavelmente utilizado como arma de crítica social aceite por todos. REVISTAVIVA,MARÇO 2018


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A tradição de Queimar o Judas – simbolizando a morte de Judas Iscariotes que, por 30 moedas de prata, entregou Jesus aos soldados romanos para ser crucificado – é um espetáculo comunitário que tem ganho cada vez maior dimensão. Em Vila do Conde, a título de exemplo, a associação cultural Nuvem Voadora reúne cerca de 250 voluntários (entre duas dezenas de associações). As inspirações são várias: seja, por exemplo, na obra literária e pictórica de Júlio Saúl-Dias, irmão do poeta José Régio. A Queima do Judas de Vila do Conde retomou também no ano

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de 2017 o formato itinerante e teve início no coreto dos jardins da Avenida Júlio Graça, seguindo, depois, em direção ao Tribunal, onde foi lido o testamento e queimado o Judas. Já em Vila Nova de Cerveira, a festa criada pelas Comédias do Minho pode aliar jogos populares como a pinhata, a corda ou a malhação a um espetáculo inspirado nos mostrengos dos quadros de Bosch [pintor holandês] que nos remetem para os homens com o peso dos vícios e dos pecados. No fundo, todo este ritual religioso e pagão é uma espécie de catarse que, ao mesmo tempo, nos diverte e (ou) nos dará uma lição de moral. REVISTAVIVA,MARÇO 2018


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Foto: Sivaluz

Mercado do Anjo (1839-1948) Em 1833, D. Pedro IV concedeu à Câmara Municipal do Porto o terreno e a cerca pertencentes ao extinto Recolhimento do Anjo, para naquela zona se construir um mercado público. No ano seguinte o Município encomendou ao arquiteto da cidade um projeto para o espaço. Em 1837, após a demolição do Recolhimento do Anjo iniciaram-se as obras de construção. O desenho da área do mercado tinha forma triangular, apresentando ao centro um chafariz para uso das vendedeiras. Os lugares de venda dispunham-se em redor do espaço envolvente com a frente voltada para o seu interior. O Mercado do Anjo abriu ao público em 9 de julho de 1839, sendo os lugares de venda arrendados pela Câmara. No início do século XX, houve necessidade de construir um

novo mercado por razões de ordem urbanística e higiénica. A Câmara propôs a renovação da praça do Mercado do Anjo e, em 1905, o projeto do novo edifício, da autoria do arquiteto José Marques da Silva, foi aprovado pelo município. Em 1936, a necessidade de melhorar do ponto de vista urbanístico esta zona da cidade, rica em património edificado, levou a Câmara a abrir concurso para a criação de um novo mercado. A transferência do Mercado do Anjo para instalações provisórias dá-se em 1948, no local onde funcionara o Mercado do Peixe, por sua vez deslocado para a Casa da Roda. Com a construção do Mercado do Bom Sucesso em 1952, os vendedores transferem as suas bancas para o novo edifício. Nos terrenos anteriormente ocupados pelo mercado, junto à Cordoaria, viria a ser construído o Palácio da Justiça.

Foto: Porto Desaparecido

Teatro Baquet (1858-1888) O Teatro Baquet, localizado na Rua de Santo António (atualmente Rua de 31 de janeiro) foi mandado construir por António Pereira, um alfaiate portuense que, muito novo, emigrara para Espanha. Quando regressou do país vizinho, trazia um pecúlio considerável - que lhe permitiu lançar-se na construção de um teatro -, uma mulher, e um enigmático sobrenome de origem francesa, precisamente “Baquet.” As obras de construção do teatro decorreram com apreciável rapidez. Iniciadas em 21 de fevereiro de 1858, ficaram concluídas menos de um ano depois, tendo o teatro sido inaugurado, com um baile de Carnaval, em 13 de fevereiro de 1859 - António Pereira Baquet era um empresário de vistas largas. Proprietário do primeiro pronto-a-vestir do Porto - o que, em parte, constituía um bom exemplo do seu espírito empresarial -, para além de

não se ter poupado a despesas na edificação do teatro e no seu embelezamento, também não pediu nenhum subsídio ao Estado para concretizar aquele seu empreendimento, não obstante o considerável investimento que o mesmo representava. Contudo, Pereira Baquet teve apenas uma década para usufruir do seu teatro, tendo falecido em 1869, sem descendência. Na noite de 20 para 21 de março de 1888, quando se representava a ópera cómica “Os Dragões de Villars”, com a lotação esgotada, perfazendo cerca de seis centenas de espectadores, deflagrou um violento incêndio nos bastidores e em menos de cinco minutos o fogo destruiu o teatro por completo. Nesse curto espaço de tempo, os espectadores, em pânico, precipitaram-se para as saídas e, inicialmente, pensou-se que não teria havido vítimas. Segundo as estatísticas oficiais, pereceram naquela tragédia 88 pessoas, mas, na realidade, terão morrido, carbonizadas, 120 pessoas. REVISTAVIVA MARÇO 2018


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Convento de Monchique (1533-1834) Este convento ainda existe. Situa-se em Miragaia, entre a Calçada de Monchique e a Rua de Sobre-o-Douro, um pouco a montante do Museu do Vinho do Porto: mal conhecido e num estado de ruína tal que aparenta tratar-se de uma ruína vulgar sem qualquer importância. É um tanto desolador constatar que um dos raros exemplos que ainda substituem da arquitetura manuelina na cidade do Porto continua a não passar de um conjunto inacessível de ruínas que, apesar do seu valor patrimonial, poderia contribuir em muito para alterar a paisagem do declive onde Miragaia se encontra com Massarelos. O Convento, eternizado através do célebre romance de Camilo Castelo Branco “Amor de Perdição”, foi erguido sobre uma antiga sinagoga posteriormente ocupada pela Casa de Monchique, que pertencera ao nobre Pêro Coutinho e que por não ter descendentes decidiu doar a sua propriedade a religiosas para ali erguerem um convento dedicado a S. Francisco, tendo para tal obtido autorização do Papa em 1535. É certo que já antes da bula com a autorização ter chegado a Portugal, já o paço de Pêro Coutinho estava a ser transformado numa casa conventual e parte do convento ficou concluída em 1538, quando se instalam as primeiras monjas. Durante o século XIX o convento acabou por ser desativado

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Foto: CMP, Arquivo Histórico Municipal

e dividido em dois lotes, vendidos em hasta pública. Uma parte foi adquirida por uma família inglesa enquanto o outro lote ficou em posse do negociante Clemente Meneres, que aproveitou para fazer um armazém de vinhos e uma fábrica de rolhas sem, contudo, ter destruído o corpo principal do edifício. Atualmente o Convento encontra-se abandonado e parcialmente arruinado. Também se previa reabilitá-lo para transformá-lo num hotel pela empresa agrícola que veio a tomar conta deste monumento, o que é provável que venha a acontecer, mas de momento encontra-se no triste estado em que o reconhecemos.

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AFTER PARTY

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Karetus KEVU

Café Rialto (1944-1972) Inaugurado em dezembro de 1944, no rés do chão do chamado “arranha-céus” projetado por Rogério de Azevedo, o café Rialto foi concebido por Artur Andrade, o arquiteto do cinema Batalha. Situado na esquina da praça de D. João I com a rua Foto: Pedro Santiago de Sá da Bandeira, contava com murais de Abel Salazar, Dordio Gomes e Guilherme Camarinha. Era frequentado por gente da cultura, da literatura e da arte. Nas décadas de 1950-60, foi local de reunião de uma geração de poetas contestatária do Estado Novo – António Rebordão Navarro, Egito Gonçalves, Daniel Filipe, José Augusto Seabra, Luís Veiga Leitão e Papiniano Carlos – responsável pela edição da revista de poesia “Notícias do Bloqueio”. Encerrado em 1972, o espaço do antigo café Rialto é atualmente ocupado por uma dependência bancária, no piso térreo, e por um clube de bancários, na cave. Ainda se conservam dois dos frescos que decoravam o antigo café.

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Se o Porto é uma cidade típica, o seu habitante também o é, como nenhum outro em Portugal. João Chagas

Velódromo Maria Amélia Em 1894, quando a bicicleta se transformava num fenómeno social urbano, D. Carlos autorizou o Real Velo Clube a construir nos quintais do seu Paço, hoje Museu Nacional de Soares dos Reis, uma pista para velocipedistas. Vestígios do velódromo podem ainda ser vistos no Palácio dos Carrancas, edifício onde o Museu Nacional de Soares dos Reis se encontra instalado desde 1940. Em 1893 foi fundado o Velo-Club do Porto, com sede no antigo Chalet do Palácio de Cristal. D. Carlos foi nomeado seu Presidente Honorário, passando a designar-se Real Velo Club do Porto. Na falta de um recinto para a prática da modalidade, em expansão em finais do séc. XIX pelas elites sociais na cidade, D. Carlos cedeu os terrenos

da quinta do Palácio Real para a construção do Velódromo Maria Amélia. O recinto era constituído por uma pista em macadame e ao centro albergava dois cortes de lawn-tennis. Considerado então o melhor do país, era completado por uma elegante bancada em madeira para cerca de 700 pessoas. O Velódromo Maria Amélia foi inaugurado em 29 de junho de 1894. Após a implantação da República, o velódromo esteve inativo. Em 1915 foi reativado pelo então designado Velo-Club do Porto e manteve a atividade no local até aos anos 30. Os anos de abandono do Palácio até à instalação do Museu Nacional de Soares dos Reis em 1940 terão ditado a destruição do antigo velódromo. As obras de reabilitação do edifício que terminaram em 2001 incluíram a recuperação da sua memória, com a construção dos dois semicírculos nos topos que fechavam a pista.

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EXCELÊNCIA E SEGURANÇA A água para o consumo humano tem um impacto enorme na saúde pública. É um elemento fundamental no bem-estar dos consumidores e da comunidade em geral.

A Águas do Douro e Paiva, S.A. (AdDP) é a entidade gestora responsável pela captação, tratamento e abastecimento de água para consumo público de 1,7 milhões de habitantes de 20 municípios da zona sul do Grande Porto, abrangendo uma área total de 2.715 km². Com efeito, a segurança da água e a continuidade do seu fornecimento constituem a preocupação central na AdDP, que dá permanente atenção à verificação da conformidade da água fornecida e à avaliação e gestão do risco em todas as fases do sistema de abastecimento, desde a origem até à

entrega, e que podem afetar a qualidade do produto ou serviço. Esta gestão do risco decorre da implementação, em 2006, de um Plano de Segurança da Água (PSA), seguindo as orientações da Organização Mundial de Saúde nesta matéria, e que constitui a forma mais eficaz de garantir o abastecimento seguro de água para consumo humano. Deste plano fazem parte procedimentos de controlo de rotina e de emergência que visam assegurar a qualidade da água e a continuidade do abastecimento, e que minimizam o risco da água chegar aos reservatórios municipais em

incumprimento dos parâmetros de qualidade legalmente estabelecidos. Programa de Controlo da Qualidade da Água Relativamente à água tratada, o Programa de Controlo da Qualidade da Água (PCQA) é anualmente aprovado pela ERSAR mas a monitorização da qualidade da água efetuada pela AdDP vai muito além do estritamente exigido por lei, quer em número de análises, quer no tipo de parâmetros pesquisados, abrangendo todas as fases dos processos, desde a captação, tratamento, reserva e

adução à entrega de água aos clientes. Nesta matéria, a comunicação com os clientes é encarada como um fator decisivo, quer ao nível da melhoria do sistema de gestão, quer ao nível da promoção de um clima de transparência e confiança com os municípios abastecidos. Prova do elevado nível de qualidade da água da AdDP são os resultados obtidos em 2017, cujo grau de conformidade da água distribuída foi praticamente de 100%, em todos os municípios. Os relatórios trimestrais da qualidade da água são também disponibilizadas ao público no site da AdDP (www. addp.pt) O controlo da água é efetuado no Laboratório da AdDP, em Lever, através de um processo de verificação sistemática da qualidade da água, transmitindo fiabilidade a todo o processo de produção e distribuição, de forma a satisfazer as exigências de qualidade e as expetativas do cliente, quer através da análise dos parâmetros obrigatórios previstos na legislação, quer através da realização de controlos complementares definidos pela própria empresa. Refira-se que em 2017 foram realizadas 59.884 determinações analíticas à água, das quais 54.153 foram efetuadas no Laboratório e 5.731 em outros laboratórios acreditados que são subcontratados. De mencionar ainda que, ao longo das várias etapas do tratamento e da rede de abastecimento, existe uma monitorização on-line da qualidade da água, a qual permite aferir de forma contínua a sua conformidade e detetar atempadamente eventuais anomalias,

ocasionais ou de tendência, e acionar de imediato as ações de correção e prevenção eficazes. Várias captações asseguram fornecimento A principal origem de água da AdDP é o rio Douro, onde a empresa tem três captações distintas localizadas em Lever e que garantem a fiabilidade do abastecimento: a captação superficial e as captações de Lever Montante e de Lever Jusante. A água captada é depois tratada na Estação de Tratamento de Água (ETA) de Lever, que iniciou a sua operação em março de 2000, utilizando as mais modernas tecnologias no processo de tratamento. Na ETA de Lever produzem-se em média 270 mil m3 de água por dia para abastecer as regiões do Grande Porto e parte do Vale do Sousa (nomeadamente os municípios de Arouca, Espinho, Gondomar, Maia, Matosinhos, Oliveira de Azeméis, Ovar, Paredes, Porto, Santa Maria da Feira, São João da Madeira, Valongo e Vila Nova de Gaia), garantindo o abastecimento de água nas quantidades necessárias, através de processos de produção eficientes

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e respeitadores dos valores sociais e ambientais mais elevados. Para fornecer água aos municípios de Amarante, Castelo de Paiva, Cinfães, Lousada, Felgueiras, Paredes e Paços de Ferreira, a empresa tem outras origens de água situadas nos rios Ferro e Vizela (ETA do Ferro), o rio Paiva (ETA de Castelo de Paiva), o rio Ferreira (ETA do Ferreira) e que constituem o Subsistema do Vale do Sousa. A AdDP é ainda responsável pelo abastecimento ao município de Baião, onde se localiza o subsistema Baixo Tâmega, com origem de água no rio Ovil e respetivo tratamento efetuado pela ETA de Pousada-Gôve. Máxima segurança A água fornecida pela AdDP é uma água natural, tratada, mineralizada e equilibrada, que contém sais dissolvidos em quantidades que são essenciais à saúde humana. Cumpre com todas as características e requisitos legais exigidos podendo ser consumida com a máxima segurança e sem qualquer tratamento adicional. A água da torneira tem um baixo custo por litro, o que faz dela a escolha mais económica. REVISTAVIVA,MARÇO 2018


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LOJAS HISTÓRICAS DO PORTO A VIVA!, ao longo das próximas edições, vai visitar e dar a conhecer alguns estabelecimentos históricos abrangidos pelo programa Porto de Tradição. Uma forma de conhecer a história da cidade invicta, que honra o passado, projetando-se no futuro. Textos: Irene Mónica Leite | Fotos: Carolina Barbot

A Câmara do Porto já protegeu 49 lojas históricas que passarão a integrar o programa “Porto de Tradição”. Motivo mais do que suficiente para ao longo das próximas edições revisitarmos a marca carimbada na cidade deixada por alguns desses estabelecimentos. Comecemos então o curioso périplo pela Lopo Xavier e Casa Soleiro.

Critérios para a categorização de loja histórica

Lopo Xavier A Lopo Xavier, situada nos números 17 e 18 da Praça Carlos Alberto, tornou-se ao longo da sua existência uma das lojas mais antigas e tradicionais da cidade do Porto. Para dar continuidade a este projeto, em 2014, celebrando os 80 anos do estabelecimento, e após o falecimento do sócio,

Bernardino Ribeiro da Silva, as suas filhas assumiram a sociedade com o intuito de perpetuar esta emblemática loja da cidade. “O meu pai era funcionário e sócio desta casa já há bastantes anos. Foi inaugurada por Lopo Xavier e o senhor Pacheco. O estabelecimento nasceu em 1934 e o meu pai entrou em 1940 como funcionário. Depois, foi sócio

da casa até 2012”, contou-nos Ana Alonso que, juntamente com a irmã, Maria João Alonso, assume agora as rédeas do histórico estabelecimento. Quanto às especialidades, trata-se essencialmente de “uma loja de retrosaria, tecidos e lãs”. Sempre comercializou tudo ligado à retrosaria. “Temos produção própria desde 1945

As escolhas para identificação e proteção das primeiras 49 lojas históricas do Porto resultam de um trabalho muito completo, no âmbito de um grupo de terreno que as avaliou a partir de critérios estabelecidos, nomeadamente o interesse histórico e cultural. Estas lojas passam a estar protegidas ao abrigo de uma nova lei que prevê benefícios no âmbito da lei das rendas, evitando que os proprietários as possam despejar com maior facilidade.

com vários tipos de lãs”, avançou Maria João Alonso. “Inicialmente, quando a loja abriu, nos anos 30, 40, 50 era um negócio com muito sucesso porque praticamente tudo era confecionado de uma forma doméstica. Nada se comprava a pronto. Era tudo feito à mão pelas costureiras da altura”, referiu. No entanto, a partir do 25 de Abril, começou-se a comprar tudo o que é confecionado e o negócio declinou um pouco. Mas “nos últimos anos as coisas estão a renascer. As pessoas têm mais tendência a reciclar, a tornar a fazer à mão”, disse, entusiasmada, Maria João Alonso. E as boas novidades não terminam por aqui: “Já existem três gerações a comprar na Lopo Xavier. Temos clientes com 100, 50 e 20 anos. O tricotar está um bocadinho na moda, há esse renovado prazer”, revelou-nos. E acrescentou: “temos também tentado diversificar os serviços. Temos pessoas que trabalham para a Lopo Xavier e que confecionam REVISTAVIVA, MARÇO 2018


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desde os enxovais de bebé personalizados. Além disso, temos toda a parte de confeção para adultos, que podem escolher os seus modelos. E nós mandamos confecionar de acordo com o que é pretendido, sempre com o nosso material”. “Também temos loja online e vendemos praticamente para todo o mundo. O próprio turismo já nos procura muito. Isso é extremamente importante, ainda que o mercado interno seja o que apresenta maior importância. Porque pretendemos manter as raízes cá em Portugal”, disse-nos. Quanto à integração no programa Porto de Tradição, as irmãs e sócias estão bastante satisfeitas. “É importante integrar o Porto de Tradição. Dar a conhecer à cidade o que é este estabelecimento, pois este é também património da cidade do Porto. Porque a traça histórica, a traça arquitetónica, a traça cultural do estabelecimento é muito forte”, rematou Ana Alonso.

Casa Soleiro Uma casa que fala por si! Bem portuguesa, com certeza. Mas o facto é que também não foge aos olhos dos turistas. Entram na Casa Soleiro encantados com uma espécie de viagem no tempo, assegurada nos números 104 e 106 da Rua Chã, na Sé, perto da Estação de São Bento. Por isso, quando esteve em vias de fechar, devido a uma ordem de despejo, as páginas de uma petição que afixou nas paredes - também escrita em inglês e francês - encheram-se rapidamente.

Henrique Alves Ferreira & Filho. Começa aqui a ser apresentado como um nome de família e também como uma loja onde são vendidos os produtos de maior qualidade, para reparador de calçado e marroquinaria. A Casa Soleiro era do “avô Henrique”, contou-nos Emílio Silva, o atual responsável pelo histórico estabelecimento. O “avô Henrique” tinha vários estabelecimentos pela cidade do Porto, tendo-os distribuído pelos filhos. Nesta pitoresca casa há de tudo: reparação de calçado, cintos,


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pintura de casacos de couro, conserto de carteiras, molas em casacos, agulhas… A Casa Soleiro sustenta o seu negócio no fornecimento de muitos sapateiros da cidade e nos trabalhos com fábricas de calçado. Aqui se encontram pomadas, cremes e tintas de sapateiro, cintos, atacadores e muito mais.

O público é fiel. “Há pessoas que vêm da Maia”, revelou, orgulhoso, Emílio Silva. Emílio Silva chegou à loja do avô ainda menino, com apenas 14 anos, a fugir da escola que não o conquistava. Admite que não encarou o negócio por paixão mas com mais de 40 anos de loja, habituou-se aquela roti-

na. E apelou: “Queria que isto continuasse”. Por isso, formar novos funcionários não está fora de planos. Quanto à integração no programa “Porto de Tradição”, Emílio Silva foi inequívoco: ”Se não tivéssemos essa proteção, provavelmente não estaríamos aqui. Foi uma boa ideia”, rematou.


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“Consideramos que este esforço deve constituir uma parte essencial da ação dos poderes públicos e que não pode ser adiado por mais tempo...”

Bairro inteligente e sustentável vai avançar em Matosinhos

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de Matosinhos. Em entrevista à VIVA!, Luísa Salgueiro referiu que “o ‘Living Lab’ pretende ajudar a mudar o mundo e a garantir que os nossos netos não viverão num planeta ameaçado pela poluição e pela falta de recursos. É, pois, um primeiro passo para alcançar o objetivo de reduzir as emissões de carbono e o consumo de energia, encontrando soluções que nos permitam circular na cidade de uma forma mais limpa e sustentável”. Considerou que “este esforço deve constituir uma parte essencial da ação dos poderes públicos e que não pode ser adiado por mais tempo. Só teremos um bom futuro enquanto comunidade se formos capazes de começar quanto antes, a preparar aquilo que há-de vir”. Importante mencionar ainda que as tecnologias testadas no âmbito

Já se imaginou a deambular por uma ‘smart city’, muito tecnológica e amiga do ambiente? Parece utópico. Mas não o é... Matosinhos já está a desenvolver a segunda fase (a da implementação) do projeto ‘Living Lab’, um bairro inteligente, com impacto em áreas como a mobilidade, a energia, o urbanismo e a conectividade. Textos: Irene Mónica Leite | Fotos: Francisco Teixeira | CM Matosinhos

Candeeiros que medem emissões de carbono. Pavimento que reduz a velocidade de circulação sem intervenção do condutor. Um sistema de partilha de bicicletas ligado ao sistema de transportes públicos. Contabilização em tempo real das emissões de CO2 poupadas com a mobilidade inteligente. Uma casa coberta de painéis solares que acompanham o movimento do sol e que armazenam energia. Estas são algumas das soluções tecnológicas a serem postas em prática no âmbito deste projeto amigo do ambiente. A execução do ‘Living Lab’, correspondente à segunda fase do programa Laboratórios Vivos para a Descarbonização, será parcialmente financiada pelo Fundo Ambiental, tendo Matosinhos ficado classificado no terceiro lugar do concurso

promovido pelo Ministério do Ambiente. Refira-se que o financiamento do Estado, de 500 mil euros, prevê um prazo de implementação e validação de soluções de até um ano. Mas os parceiros do ‘Living Lab’ concordaram em alargar a adoção destas soluções até três anos. A candidatura envolveu mais 18 parceiros, entre os quais o Porto de Leixões, a EFACEC, o Metro do Porto, a STCP e a Universidade do Porto. “Esperamos que as soluções tecnológicas que vão ser testadas neste espaço urbano restrito constituam, pois, apenas um primeiro passo que permita demonstrar a sua utilidade e eficiência, de modo a que possam depois ser alargadas ao resto da cidade, do país e, se possível, ao mundo todo”, revelou a presidente da Câmara REVISTAVIVA,MARÇO 2018


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sharing e bike parking em Matosinhos, considerando duas estações-piloto: uma na zona da Câmara Municipal e outra no Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões. “Este projeto tem a vantagem de passar das palavras aos atos. Queremos testar e desenvolver em Matosinhos, com a participação da comunidade, um conjunto de soluções tecnológicas que permitam reduzir o consumo de energia e as

do ‘Living Lab’ poderão ser alargadas ao restante espaço urbano. Os cidadãos serão envolvidos na criação e experimentação de tecnologias mais limpas e inteligentes, sendo ainda objetivo do projeto promover o empreendedorismo e a criação de negócios associados a soluções de baixo carbono. O cidadão ao beneficiar das funcionalidades deste bairro inteligente tem direito a incentivos. O exemplo vem de cima, isto porque a autarca de Matosinhos utilizou os créditos a que tem direito pela poupança de emissões poluentes na mobilidade para pagar o café ao Primeiro-Ministro António Costa, na abertura do Conselho de Ministros dedicado à temática do Conhecimento e da Inovação, que decorreu em fevereiro no Ceiia - Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto, localizado em Matosinhos e o primeiro local escolhido pelo Governo para apresentar o Roteiro do Conhecimento e Inovação.

A implementação De acrescentar que entre a tecnologia que será testada no bairro inteligente de Matosinhos, localizado na área entre a Rua de Goa e a Rua Conde Alto Mearim, conta-se o carregador rápido de veículos elétricos desenvolvido pela EFACEC, uma rede de cacifos eletrónicos para bicicletas, soluções de pagamento de estacionamento de suporte ao comércio local, informação em tempo real do tempo de espera dos transportes públicos, iluminação pública gerida por sensores ambientais, um pavimento gerador de energia, um robot aspirador de folhas, um sistema de inteligência artificial aplicado ao controlo e gestão dos edifícios ou um sistema de recompensa pela poupança nas emissões de carbono. Está ainda prevista a eletrificação dos veículos da frota municipal e dos veículos de serviços regulados pelo município (transportes públicos, táxis, veículos de turismo). Pretende-se também instalar um sistema de bike

Casas em Movimento premiada A Casas em Movimento também já está a funcionar, demonstrando as potencialidades do aproveitamento da energia solar. Produz cinco vezes mais energia do que aquela que consome. E já foi premiada. Devido ao caráter inovador e sustentável do projeto, o júri da 10.ª edição dos Green Project Awards distinguiu-o na categoria “Cidades e Mobilidades Sustentáveis”. Manuel Lopes, CEO da Casas em Movimento, considera esta vitória como “uma honra e uma importante validação

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emissões de carbono. O projeto é um laboratório tecnológico, mas também social, e esperamos que a demonstração da eficiência das tecnologias que vamos testar permita que outros espaços as adotem e que, nesse sentido, porções cada vez maiores do território contribuam para um mundo mais inteligente, mais eficiente, mais participado e mais amigo do ambiente”, apelou a presidente Luísa Salgueiro.

do trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pela Casas em Movimento e pela sua aplicabilidade no âmbito das smart cities”. Além deste galardão, a Casas em Movimento recebeu também o Prémio Born From Knowledge da Agência Nacional de Inovação. Manuel Lopes confessa que “esta distinção foi uma total surpresa que nos deixou a todos em êxtase e que veio reforçar que vale mesmo a pena apostar na investigação”. A Casas em Movimento refere-se a espaços dinâmicos, que se adaptam às necessidades dos utilizadores, e que podem ser controlados pelos mesmos através, por exemplo, de um smartphone.


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PARAN H OS

“Descentralização para todos” O presidente da Junta da Freguesia de Paranhos defende uma descentralização para todos. Em entrevista à VIVA!, o social-democrata Alberto Machado explica o porquê desta afirmação e da necessidade das freguesias do Porto não serem meros “encaminhadores” de reclamações. Texto: Irene Mónica Leite

Como olha para o facto de estarmos recorrentemente a falar na necessidade de descentralizar competências mas, verdadeiramente, ela nunca ter acontecido? Quando falamos em delegação de competências, temos de distinguir aquilo que são competências do Estado Central a delegar nas Áreas Metropolitanas/Comu-

nidades Intermunicipais, nas Câmaras Municipais ou nas Juntas de Freguesia, e aquilo que são as competências das Câmaras Municipais a delegar nas Juntas de Freguesia. Em ambos os casos, existe pouco trabalho realizado, porque ninguém quer perder “poder”, mas é ao nível da delegação de competências das Câmaras Municipais nas Juntas de Freguesia que a diferença territorial mais

se faz sentir. No primeiro caso, a regionalização podia ser uma solução ou, por outro lado, a descentralização podia ajudar a desconcentrar de Lisboa para o resto do país serviços que podiam melhorar e equilibrar as desigualdades existentes e a concentração excessiva de poder na capital. No segundo caso, o problema está na “vontade” de cada presidente de Câmara em dar ou

não dar competências às suas Juntas de Freguesia. E, em cada concelho, temos realidades diferentes e Juntas de Freguesia com competências delegadas diferentes. E qual tem sido a “vontade” da Câmara do Porto em face às competências delegadas nas suas Freguesias? Paradoxalmente, Lisboa é centralista ao nível do Governo Central mas é delegante ao nível das Freguesias. Já o Porto, é o inverso. A Câmara é centralista ao nível da transferência de competências para as Freguesias e reclamante de mais competências do Estado… Por isso, assumi que um dos desígnios deste mandato seria procurar congregar as restantes Juntas de Freguesia do Porto no sentido de uma maior e melhor delegação de competências. Todos sabemos que grande parte da ação de uma Junta de Freguesia depende das competências que a Câmara Municipal lhe delega. Estamos convictos de que só juntos, empenhados e com-

prometidos com este objetivo poderemos reclamar da Câmara Municipal uma efetiva delegação de competências. As Freguesias do Porto encontram-se, portanto, bastante limitadas… Sim. As Freguesias do Porto têm muito poucas competências. Sobretudo quando comparadas com as Freguesias de Lisboa. Costumo dar o exemplo da Freguesia de Campolide que tem cerca de metade da população de Paranhos e tem um orçamento que é mais do dobro. Porquê? Porque a Câmara Municipal de Lisboa delega nas suas Juntas de Freguesia competências de proximidade no âmbito da via pública, do ambiente, entre outras. Sempre defendi que as Juntas de freguesia são a entidade mais próxima dos cidadãos e a que pode mais rapidamente, com menos custos e mais eficácia, resolver os problemas de proximidade. Existem diversos estudos que o comprovam. As Juntas fazem mais, com menos

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e mais rápido! É preciso é que lhes deleguem essas responsabilidades. Que soluções propõe? Torna-se absolutamente necessário avançar com uma efetiva descentralização. E é com essa reforma que as Juntas de Freguesia devem ver reforçadas as suas competências próprias. A delegação de competências não pode ficar ao livre arbítrio das Câmaras Municipais, porque assim, as Juntas de Freguesia ficam dependentes da vontade dos presidentes de Câmara. O papel conferido às Freguesias não pode ser secundário. Proponho uma descentralização para todos e com todas as responsabilidades definidas. Uma descentralização que dê poder às Juntas de Freguesia para resolver o que em proximidade deve e pode ser resolvido, acompanhada dos meios humanos e financeiros necessários e suficientes para a execução das tarefas delegadas. Tenho a certeza que as populações ficarão melhor servidas. REVISTAVIVAMARÇO 2018


H U M O R

Carneiro

Touro

Gémeos

21/03 a 20/04

21/04 a 20/05

21/05 a 20/06

Siga os seus sonhos. Use mais o castanho. Os seus números da sorte são o 94, o 1051 e o 44771.

Gaste 50% do ordenado em mini-salsichas. Não deixe as suas relações passadas afetarem a atual. Telefone ao seu amigo Fábio.

No romance, uma conversa olhos nos olhos é o ideal para resolver a questão da cozinha. Use mais licras. Suba 30 escadas de olhos fechados enquanto bebe sumo de ameixa.

Caranguejo

Leão

Virgem

21/06 a 22/07

23/07 a 22/08

23/08 a 22/09

Vai ter muito trabalho pela frente. Compre 3 pacotes de fraldas tamanho 4 e use para dormir. A sua cor da sorte é o lilás. Adote um gafanhoto fêmea.

À noite a sua vontade de estudar o fundo do oceano estará no auge. Aproveite e leia muito enquanto come cereais de trigo integral sem glutén. Cuidado com as dores no antebraço.

O seu intenso magnetismo irá atrair todo o tipo de animais com dentes. Use botas de cano alto às quartas-feiras e apresente o seu irmão ao dono da pastelaria mais próxima.

Balança

Escorpião

Sagitário

23/09 a 22/10

23/10 a 21/11

22/11 a 21/12

Meta-se no metro e opine sobre tudo o que ouvir. Trabalhe a partir de casa com o seu computador ligado à tomada. Mascare- Faça ginástica com o seu animal de estimação usando se de Indiana Jones e ande aos saltos no smoking. Não recuse convites de amigos. Quem sabe não será numa dessas saídas que encontrará aquela corredor dos frescos no supermercado enquanto assobia o “malhão malhão”. promoção dos calções laranja que cobiça desde outubro.

Durma num hotel de duas estrelas. A sua cor da sorte é o cinzento. Vá ao circo e nem pense em comer arroz. A lua em quarto minguante vai trazer-lhe sorte. Aproveite e dance o cha cha cha.

Capricórnio

Aquário

22/12 1a 19/0

20/01 a 18/02

Peixes 19/02 a 20/03

As suas emoções estão ao rubro. Tente fazer a dieta do maracujá. Rape o cabelo do seu lado direito e aguarde que a vizinha lhe arrebate o coração!

Vá andar de cavalo. Coza ervilhas, grão de bico e feijão frade no maior tacho que encontrar. Veja o canal Panda durante 24 horas seguidas sem bocejar. Deixe crescer as unhas.

Tente agradar o seu par, é importante que ele não se esqueça de si. A cor da sorte é dourado. Faça rissóis e venda para fora. Experimente os de vitela e os de ouriço.



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